Autor Tópico: A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado  (Lida 3102 vezes)

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Rhyan

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A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Online: 19 de Outubro de 2015, 22:45:57 »
A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
por Harry Browne, domingo, 18 de outubro de 2015


N. do T.: o artigo a seguir foi adaptado para a realidade brasileira

De todos os passos que foram dados rumo ao caminho da servidão, qual foi o pior?
Em minha opinião, foi o de permitir que o estado educasse nossos filhos, seja diretamente por meio de escolas públicas, seja indiretamente por meio de escolas privadas reguladas integralmente pelo Ministério da Educação.

Dado que a educação que nossos filhos recebem é toda controlada por funcionários públicos, que operam dentro das normas estabelecidas por um sistema estatal, não é surpresa nenhuma que nossos filhos cresçam acreditando que:

— o estado é um árbitro justo, imparcial, amoroso e caritativo, ao contrário de empreendedores privados, que agem somente em interesse próprio;

— programas governamentais realmente entregam aquilo que prometem e, sem eles, as pessoas estariam em situação muito pior;

— sem a saúde e a educação públicas, e sem programas de assistência social do governo, todos morreríamos doentes ainda muito jovens, seríamos analfabetos e as ruas estariam repletas de pessoas passando fome; e

— o estado é o país, e é nosso dever patriótico apoiar toda e qualquer política idiota que o governo decida implementar.

A educação é um desastre.  Se você não acredita em mim, pergunte aos próprios políticos.  Todo ano de eleição eles aparecem para nos contar como a educação está terrível — crianças que não conseguem ler em idade já avançada, violência nas salas de aula, professores incapacitados e mal pagos, infraestrutura precária e aos pedaços, drogas sendo vendidas dentro das escolas, salas de aula com excesso de alunos etc.

É claro que todos os políticos têm na ponta da língua soluções que irão sanar todos estes problemas.  Porém, mesmo depois de eleitos, e de implementarem suas soluções, eles sempre voltam nas eleições seguintes dizendo como a situação da educação continua terrível.

A política e as escolas públicas

A primeira coisa que precisa ser entendida a respeito das escolas públicas é que elas não são instituições educacionais.  Elas são agências políticas — logo, são controladas pelo grupo que tenha mais influência política.  E isto exclui você e eu.

Não é de se estranhar, portanto, que suas políticas de ensino e de funcionamento sejam ditadas pelos sindicatos dos professores e dos funcionários, bem como pelas fantasias utópicas das universidades nas quais esses professores se formaram.  Não existe um sistema de recompensas ou de incentivos para inovações.  Mesmo os professores mais bem intencionados não têm oportunidades para utilizar métodos originais, lógicos e sensatos para resolver problemas rotineiros.  Não há nenhuma chance de se recompensar aqueles que demonstram um desempenho superior.  É a burocracia quem comanda tudo, e a ela todos devem ser submissos.

Para piorar, as escolas públicas acabam ensinando muitas coisas que iriam deixar os pais apavorados — isto se os pais soubessem exatamente o que se passa nas escolas.  Orientação sexual e "kit-gay" são apenas a ponta do iceberg.  Os alunos são ensinados a atormentar seus pais para que eles reciclem lixo, para que fechem a torneira do chuveiro enquanto estiverem se ensaboando durante o banho, e para que adotem inúmeros outros rituais da nova religião ambientalista.  Literatura clássica quase nunca é mencionada.  Quando o é, é apenas para mostrar como as pessoas já foram ignorantes e insensíveis, e não para mostrar aos alunos a complexidade da vida e a riqueza do idioma.

Tempo e recursos parece haver de sobra para ensinar as crianças a se conformarem com a ideologia e o pensamento politicamente correto da moda.  Porém, se os pais reclamam que seus filhos não estão aprendendo ciências, português, história e matemática, os políticos respondem que está faltando dinheiro, os professores respondem que são mal pagos e vários "agentes sociais" dizem que a nova metodologia de ensino, com maior ênfase na 'consciência social do aluno', é bastante superior ao velho e reacionário método clássico de educação.  E, no final, todos se unem para concluir que o grande problema realmente é o governo, que destina pouco dinheiro para a educação — logo, novos impostos são necessários.

A questão é: teria como as coisas realmente serem diferentes?  Nesse atual arranjo, sem estarem submetidos a uma pressão competitiva, sem estarem sujeitos à concorrência, as pessoas que realmente estão no controle das escolas públicas — os burocratas sindicalizados — estão livres para saciar seus desejos mais indômitos de doutrinar as crianças para que elas sejam cidadãos exemplares da Nova Ordem.  Em um sistema como este, os bons professores não têm a menor chance — nem o estímulo — de fazer a diferença.

Público vs. Privado

O problema não são professores despreparados. O problema não é a falta de recursos ou a falta de participação dos pais.

O problema é que as escolas são administradas pelo governo.

Podemos ver isso claramente ao comparar a educação pública com a indústria de computadores — um dos ramos menos regulados em todo o mundo.

— A educação está sob o comando de políticos e burocratas, gente que jamais irá enfrentar pessoalmente as consequências de suas próprias medidas, por mais que arruínem a educação de nossos filhos.  E assim, os custos da educação vão ficando cada vez maiores, ano após ano, ao mesmo tempo em que a qualidade e a utilidade decrescem velozmente.

— A produção de computadores, notebooks e afins está sob o comando de empreendedores, pessoas que visam ao lucro e que, por isso mesmo, têm de estar sempre encontrando novas maneiras de nos satisfazer, produzindo cada vez mais com cada vez menos — caso contrário, perderão o que investiram e irão à falência.  E assim, computadores, notebooks e demais apetrechos tecnológicos vão ficando cada vez mais baratos, ano após ano (ou mês após mês), ao mesmo tempo em que sua qualidade e utilidade aumentam velozmente.

Ao contrário das empresas de tecnologia, as escolas públicas são organizações monopolistas isoladas da concorrência — e inteiramente sustentadas pela coerção do governo.  Um sistema de vouchers para as escolas privadas, nos moldes defendidos por alguns liberais genuínos, não tornaria as escolas públicas mais competitivas simplesmente porque as escolas do governo não precisam competir.  (Em nível universitário, já temos os exemplos práticos do ProUni e do Fies, que nada mais é do que uma variância desse esquema de vouchers.  O único resultado foi piorar a educação das universidades particulares que recebem esse subsídio, pois agora elas não mais têm de competir por novos alunos; o governo já garante a receita.)

Não importa quantos alunos as escolas públicas percam para as escolas privadas e para aqueles heróis que, à revelia do governo, praticam ensino doméstico; o fato é que as escolas públicas ainda obtêm seus recursos por meio da força — e quanto maiores os seus fracassos, mais eles são utilizados como desculpa para se exigir ainda mais recursos.

Dado que o governo possui livre acesso a um recurso que empresas privadas não têm — o dinheiro dos pagadores de impostos —, ele consegue oferecer seus serviços "gratuitamente".  Eles não são realmente gratuitos, é claro; no contexto estatal, "gratuito" significa que todas as pessoas pagam pelo serviço, queiram elas ou não.

Infelizmente, isso que irei dizer agora não é compreendido por todos, mas enquanto o governo puder tributar os cidadãos para lhes fornecer serviços educacionais a preço marginal zero, todo um serviço educacional privado que poderia existir jamais é criado.  Não deixa de ser irônico constatar essa contradição: ao mesmo tempo em que o governo vigilantemente pune empresas que praticam "concorrência predatória" (leia-se: fornecem produtos e serviços a preços baixos), ele próprio incorre nessa prática — só que de maneira totalmente coerciva, pois o faz com o dinheiro que confisca da população — no serviço educacional.

Inversão de papéis

Suponhamos que o governo tenha estatizado a indústria de computadores tão logo ela surgiu (tudo para o "bem do povo", claro).  Não é difícil imaginarmos como ela seria hoje:

— Um computador pessoal custaria alguns milhões de reais e seria maior que uma casa;

— Ele provavelmente seria capaz de realizar operações de soma e subtração, porém os funcionários públicos iriam nos explicar por que é cientificamente impossível uma máquina destas realizar multiplicações e divisões;

— O custo de um computador subiria continuamente, e cada modelo novo seria pior e mais caro que o do ano anterior;

— Haveria grupos de interesse organizados tentando fazer com que o governo produzisse computadores com DOS, e outros grupos exigindo interface gráfica.  Haveria intensos debates sobre se os computadores fornecidos pelo governo deveriam poder acessar sites religiosos ou não.

O lado positivo seria que todos os computadores viriam com um software que ensinaria às crianças como manusear uma camisinha.

Por outro lado...

Agora vamos supor o contrário, que a educação fosse organizada de acordo com a indústria de computadores — formada por empresas privadas concorrendo em um mercado sem barreiras à entrada, livres de todos os tipos de regulamentações, que não estivessem sujeitas a matérias obrigatórias ou a comissões políticas.  Em suma, por empresas que simplesmente tivessem de competir pela preferência dos pais.

Como as escolas seriam? Parece-me óbvio que:

— O custo da educação cairia ano após ano, com as empresas encontrando maneiras de fornecer educação de qualidade a custos cada vez menores.  E todo o dinheiro que você gasta hoje para pagar pelas escolas públicas por meio de impostos ficaria integralmente com você, para gastar como achar melhor.

— A concorrência faria com que as escolas tivessem de melhorar ano após ano.  Não dá para fazer previsões, mas é bem possível que as crianças precisassem passar apenas 3 horas por dia na escola para receber uma educação muito superior do que a obtida hoje nas escolas controladas pelo governo.

— As escolas seriam tão mais estimulantes, que as crianças poderiam perfeitamente querer passar várias horas por dia explorando o mundo da matemática, da história, da geografia, da literatura, da redação ou de qualquer outro tema que tenha despertado sua imaginação.

— Dado que não haveria nenhum Ministério da Educação impondo um determinado tipo de currículo para todo o país, não veríamos mais as brigas amargas sobre os conteúdos ministrados, sobre a necessidade ou não de se ensinar religião, "sensibilidade social" e educação sexual; não haveria problemas com a imposição estatal de "kit-gay" ou com a aceitação ou não de professores homossexuais.  Se uma escola quisesse se especializar exclusivamente em esportes, por exemplo, caberia aos pais decidir se querem ou não que seus filhos estudem ali.  A liberdade definiria as escolhas.  Não mais haveria as centenas de controvérsias que vemos na educação atual, completamente controlada pelos burocratas do Ministério da Educação.  Se você não gosta do que a escola do seu filho está ensinando, você simplesmente vai atrás de outra melhor — do mesmo jeito que vai atrás de um supermercado que tenha o que você quer.

— Haveria dezenas de opções disponíveis para você — escolas mais severas, escolas com disciplinas especiais, como música e cinema, escolas alternativas e até mesmo escolas que ofereçam um ensino completo sobre o funcionamento do livre mercado e do empreendedorismo, o que iria ajudar seu filho a obter uma vida mais confortável quando crescesse, além de poupar seu cérebro de infecções marxistas.  Algumas escolas poderiam perfeitamente criar um currículo personalizado baseando-se em suas expectativas e nas capacidades de seu filho, ao passo que outras ofereceriam uma educação mais simples a um custo menor para aqueles que precisam economizar.

Temos de agradecer aos céus pelo fato de que nossos computadores e demais aparelhos eletrônicos não são fornecidos pelo estado.  Mas também nunca podemos nos esquecer de como a educação poderia ser muito melhor, mais dinâmica e estimulante, se ela fosse tão livre do estado quanto é a indústria tecnológica.

Não há nada de específico na educação que nos faça duvidar de que o mercado poderia fornecê-la.  Assim como qualquer produto ou serviço, a educação é uma combinação de terra, trabalho e capital direcionados a um objetivo claro: a instrução de assuntos acadêmicos e relacionados, os quais são demandados por uma classe de consumidores, majoritariamente pais.
O argumento de que uma educação de alta qualidade seria intrinsecamente cara para uma fatia significativa da população não se sustenta.  Um livre mercado que consegue saturar a sociedade com telefones celulares, geladeiras, fornos microondas, televisões da alta definição, computadores, tablets e máquinas de lavar certamente pode produzir educação de alta qualidade para as massas.  O segredo é a liberdade de empreendimento.

Imagine um mundo em que os impostos para a educação deixassem de existir, em que a liberdade conduzisse a educação de seus filhos e você pudesse escolher uma escola para eles da mesma maneira que escolhe qual artefato eletrônico quer comprar.

Isso é querer demais?



Leia também: A obrigatoriedade do diploma — por que a liberdade assusta tanto?



Harry Browne , o falecido autor de Por que o Governo Não Funciona e de vários outros livros, foi candidato à presidência dos EUA pelo Partido Libertário nas eleições de 1996 e 2000.

Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque

Fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1072

Offline Pasteur

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #1 Online: 19 de Outubro de 2015, 23:19:14 »
Tá,  tá,  bonita, linda a teoria. Não sei se dá pra comparar a educação com uma mercadoria como um computador.

Gostaria de saber: qual a quantidade de estudantes nesse Brasil e qual o custo da educação pra cada um, grosseiramente por baixo, só pra ter uma idéia.  Seria uma boa ideia chutar números ainda que grosseiros e comparar com o orçamento público. Ou então ficará complicadissimo fazer comparações.

Offline Barata Tenno

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #2 Online: 20 de Outubro de 2015, 00:50:14 »
E os países com melhor educação, tem escolas públicas ou apenas privadas. Japão e China eu sei que são públicas, imagino que nos países escandinavos também....  Se não me engano eles estão no topo da lista de países com melhor educação...
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Rhyan

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #3 Online: 20 de Outubro de 2015, 06:27:48 »
A maioria desses países tem modelos baseados em vouchers, que como o próprio texto diz baseado na teoria econômica é mais ineficiente do que o modelo puramente de mercado.

Esse nível de empirismo exigido me lembra bastante o questionamento dos criacionistas sobre a evolução e outras coisas.

O mercado livre é um mercado sem barreiras de entradas. Mais oferta gera preços baixos e competição acirrada aumentado a qualidade, ninguém vai duvidar disse aqui, né?. O que o mercado de educação tem de mágico para ser inume às leis econômicas que regem todos os outros mercados? Nem a Escola de Chicago trabalha com um empirismo tão nonsense, trabalham com empirismo de modelos matemáticos que indicam a mesma coisa.

"Esse mecanismo de mercado funciona com computadores, mas com educação não está evidente."

Equivale a dizer:

"A gravidade funciona com pedras, mas como martelos ainda não foi testada."

"Vamos medir todos os triângulos planos para ver se realmente a soma dos ângulos têm 180º."

E por favor, sem aquela bobagem de que nesse modelo pobres não teriam acesso à educação:

<a href="https://www.youtube.com/v/797Kp2-1NXc" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/797Kp2-1NXc</a>

Offline Johnny Cash

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #4 Online: 20 de Outubro de 2015, 07:34:57 »
Talvez a grande pergunta sobre sistemas completamente privados de educação não seja sobre como garantir que todos tenham acesso a educação, mas sim como fazer com que todos tenham acesso ao mesmo Nível educacional.

Lançar mão da utilidade pública para cobrir isso, em lugares como Brasil, talvez a gente ja saiba que dê em doutrinação e educação igualmente manca para todos. Mas é difícil ver como um sistema totalmente privado poderia ser pragmaticamente implantado e levaria os padrões ao topo, dado que a oferta de mão de obra qualificada para constituir o sistema, integralmente, ainda seria basicamente a mesma de hoje e é conhecidamente deficiente.

É importante separar nessas discussões, se estamos discutindo modelos que agora nos parecem os mais eficientes no papel, ou se estamos argumentando sobre os sistemas a serem aplicados amanhã pra resolverem algum problema conhecido. Também, sempre que possível, esclarecendo como seriam feitas as mudanças e migrações necessárias.

O modelo 100% privado e livre me agrada, ideologicamente falando. Pragmaticamente eu ainda não vi como seria feito aqui no Brasil, sendo justo àqueles ja ferrados pelo sistemão, que inclui o estado e outras figuras imundas de poder.

Offline Jurubeba

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #5 Online: 20 de Outubro de 2015, 08:33:11 »
A educação está nas duas pontas de uma cadeia viciada. O estrago que políticos causam na educação, transformando-a nesse lamentável sistema que temos (ponta final), só é permitido porque, primeiramente, tais políticos foram eleitos. E só foram eleitos porque a maioria da população, prioritariamente, teve uma má educação (ponta inicial).

Claro que nessa cadeia existem outros pontos (talvez vários que eu nem sequer esteja cogitando), que vão desde a captura de comunidades inteiras por gângsters políticos até à tamanha desigualdade social do país. Isso sem falar no Leviatã que paira sobre nossas cabeças e não nos deixar agir em direção alguma.

Penso que uma mudança dessas na educação do Brasil é impraticável sem antes haver mudanças radicais em outros elementos da cadeia. A ideologia defendida hoje pelo governo brasileiro é o primeiro entrave a ser superado. Mas gosto muito da idéia exposta no artigo.

Saudações
« Última modificação: 20 de Outubro de 2015, 08:39:06 por Jurubeba »

Offline Pasteur

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #6 Online: 20 de Outubro de 2015, 10:13:59 »
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Escola privada no estado de Uttar Pradesh: salas de aula repletas de filhos das castas menos favorecidas

Algumas salas de aula não têm sequer telhado, os professores não são lá essas coisas e os diplomas não valem para o governo - mesmo assim, o ensino particular de baixo custo virou um fenômeno na Índia

Tatiana Gianini - Revista Exame – 12/08/2009

Por 150 rúpias mensais, o equivalente a pouco mais de 3 dólares, um indiano da cidade de Hyderabad, no centro do país, pode matricular seu filho em uma das 13 unidades da rede privada de escolas Rumi Schools of Excellence. Fundada em 2008, a Rumi oferece a 7 000 crianças e adolescentes ensino primário e secundário de qualidade. No estado de Uttar Pradesh, um dos mais populosos da Índia, a Nine Star School, num esquema semelhante, atende 80 estudantes que pagam cerca de 50 rúpias, o equivalente a 1 dólar, por uma vaga numa classe correspondente ao ensino médio no Brasil. A Rumi e a Nine Star são apenas dois exemplos de uma espécie de subversão educacional que toma conta da Índia. Nos últimos anos, milhares de estabelecimentos de ensino particular com mensalidades baixíssimas, em geral entre 1 e 6 dólares, proliferaram no país. Estima-se que a Índia já tenha cerca de 300 000 dessas escolas, reunindo quase 36 milhões de estudantes. "Elas são cada vez mais comuns e continuam se expandindo", disse a EXAME o indiano Gurcharan Das, ex-presidente da Procter&Gamble na Índia e autor do best-seller India Unbound - From Independence to the Global Information Age ("Índia sem fronteiras Da independência à era da informação global", ainda sem previsão de lançamento no Brasil).

Os estabelecimentos de ensino de baixo custo em nada lembram as escolas particulares tradicionais, voltadas para os filhos da privilegiada elite indiana, caso da The Doon School, na cidade de Dehra Dun, em Uttarakhand. Enquanto a Doon é uma das escolas mais caras da Índia e cobra cerca de 3 000 dólares ao ano, os colégios de poucos dólares são acessíveis aos filhos de pequenos agricultores e puxadores de riquixá, em geral de castas menos favorecidas e o gasto com mensalidade costuma equivaler a seus ganhos em dois dias de trabalho. Paga-se por instrução, algo ainda limitado e desejado na Índia -- não por infraestrutura. As instituições populares ficam em áreas pobres e contam apenas com salas de aula espartanas, com lousa e carteiras. Alguns alunos da Nine Star, por exemplo, assistem às aulas em casas de tijolos de barro cobertas com sapé. Muitas dessas instituições não são reconhecidas pelo governo, o que faz com que vários estudantes continuem matriculados em escolas públicas para garantir o recebimento dos certificados oficiais.



Por que pagar para estudar num colégio com instalações precárias e cujos diplomas não valem nada? Para muitas famílias indianas que sonham com uma descendência mais próspera, o investimento faz todo o sentido. No ensino público, só metade dos professores aparece para trabalhar e não há fiscalização eficiente. A cada dia que passa, as escolas do Estado perdem mais o prestígio e o respeito. O que falta nelas pode ser encontrado nas escolas particulares de baixo custo. Os professores estão sempre presentes e isso tem reflexo direto na atuação dos alunos. Especialista em educação da Newcastle University, na Inglaterra, o professor James Tooley fez um teste de conhecimentos com alunos de escolas públicas e particulares da cidade de Nova Délhi. Os resultados, publicados em seu recente livro The Beautiful Tree, sobre educação de baixo custo, mostraram que os estudantes da rede privada acertaram mais de 40% das questões de matemática, ante a média de 24,5% dos estudantes que frequentam as escolas do governo. Em inglês, a diferença foi de 50% ante 15%.


Além do ensino mais eficaz, conta ponto a favor das escolas privadas o uso do inglês nas salas de aula. Na cidade de Hyderabad, por exemplo, mais de 80% das escolas particulares ministram todas as aulas no idioma, considerado pelos indianos uma ferramenta para a inserção no mercado de trabalho mais sofisticado. Embora regulamentado como língua oficial da Índia em 1967, o inglês só é ensinado na maioria das escolas do governo a partir da 5a série. As aulas no ensino público costumam ser em hindi ou em uma das outras 21 línguas oficiais da Índia, como o urdu. "O desenvolvimento da economia da Índia nos últimos anos tornou possível a ascensão social dos pobres, que já não veem a pobreza como um destino que deve ser seguido por seus filhos", afirma Gurcharan Das.

Em geral, os estabelecimentos privados de baixo custo são fundados por ex-professores e pequenos empreendedores regionais, que perceberam a lacuna deixada pelo sistema de ensino do governo e vislumbraram aí uma chance de fazer dinheiro. As escolas são negócios pequenos. A média de mensalidade é 5 dólares e o salário dos professores varia de 10 a 20 dólares. Nas zonas rurais, abatidos os gastos básicos, o dono de uma escola com 600 alunos pode embolsar mais de 40 dólares mensais, um dinheiro nada desprezível quando se considera que a renda per capita na Índia rural é de aproximadamente 30 dólares por mês. O crescimento do negócio vem atraindo também a atenção de empresários estrangeiros. O fundo americano Gray Ghost, especializado em microcrédito, criou em janeiro a Indian School Finance Company, em Hyderabad, que oferece pequenos empréstimos a partir de 20 000 dólares às escolas de baixo custo locais. A quantia é usada para comprar equipamentos e móveis e para realizar reformas. Até o fim de junho, 87 escolas haviam sido beneficiadas com empréstimos.

O serviço educacional de baixo custo é inovador e tem feito sucesso, mas está longe de representar um modelo a ser copiado por outros países. Tampouco é a salvação para o sistema educacional indiano. As escolas baratas têm uma série de problemas, a começar por suas instalações. A maior parte dos colégios não tem infraestrutura básica, como banheiros e telhado. Os professores, apesar de presentes, têm baixa qualificação. Segundo a pesquisa de James Tooley, nas escolas privadas de baixo custo de Hyderabad, de 30% a 40% dos mestres não têm formação superior, ante 7% nas escolas do governo. "No geral, essas escolas oferecem um ensino de qualidade limitada", disse a EXAME o indiano Subir Shukla, um dos autores do livro Low-Cost Private Education, sobre o fenômeno da educação barata.

O ensino é um desafio da Índia desde sua independência da Grã-Bretanha, em 1947. Na época, o país herdou uma população em sua maioria analfabeta. Ainda hoje, apenas 61% dos indianos em idade adulta sabem ler e escrever (no Brasil, a taxa é de 89%). E, apesar dos esforços para incorporar todos ao sistema de educação, estima-se que 60 milhões de crianças entre 6 e 14 anos estejam fora da escola. Uma das razões para isso seria o fato de que, há tempos, o governo indiano dedica a maior parte da atenção e de recursos ao ensino superior. A política contribuiu para o desenvolvimento de setores como a tecnologia da informação, mas deixou às moscas a educação básica. A criação das escolas de baixo custo é uma reação da sociedade indiana a uma realidade que condena boa parte da população à ignorância e à miséria.

Fonte

Na Índia essas escolas privadas de baixo custo tem dado resultados positivos. Lá um professor, de acordo com o texto, ganha de 10 a 20 dólares por mês. Talvez consigam viver com esse valor  provavelmente porque esses poucos dólares tenham algum valor de compra.

E por que no Brasil não vemos essas escolas?
« Última modificação: 20 de Outubro de 2015, 10:18:05 por Pasteur »

Offline MarceliNNNN

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #7 Online: 20 de Outubro de 2015, 10:21:42 »
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Escola privada no estado de Uttar Pradesh: salas de aula repletas de filhos das castas menos favorecidas

Algumas salas de aula não têm sequer telhado, os professores não são lá essas coisas e os diplomas não valem para o governo - mesmo assim, o ensino particular de baixo custo virou um fenômeno na Índia

Tatiana Gianini - Revista Exame – 12/08/2009

Por 150 rúpias mensais, o equivalente a pouco mais de 3 dólares, um indiano da cidade de Hyderabad, no centro do país, pode matricular seu filho em uma das 13 unidades da rede privada de escolas Rumi Schools of Excellence. Fundada em 2008, a Rumi oferece a 7 000 crianças e adolescentes ensino primário e secundário de qualidade. No estado de Uttar Pradesh, um dos mais populosos da Índia, a Nine Star School, num esquema semelhante, atende 80 estudantes que pagam cerca de 50 rúpias, o equivalente a 1 dólar, por uma vaga numa classe correspondente ao ensino médio no Brasil. A Rumi e a Nine Star são apenas dois exemplos de uma espécie de subversão educacional que toma conta da Índia. Nos últimos anos, milhares de estabelecimentos de ensino particular com mensalidades baixíssimas, em geral entre 1 e 6 dólares, proliferaram no país. Estima-se que a Índia já tenha cerca de 300 000 dessas escolas, reunindo quase 36 milhões de estudantes. "Elas são cada vez mais comuns e continuam se expandindo", disse a EXAME o indiano Gurcharan Das, ex-presidente da Procter&Gamble na Índia e autor do best-seller India Unbound - From Independence to the Global Information Age ("Índia sem fronteiras Da independência à era da informação global", ainda sem previsão de lançamento no Brasil).

Os estabelecimentos de ensino de baixo custo em nada lembram as escolas particulares tradicionais, voltadas para os filhos da privilegiada elite indiana, caso da The Doon School, na cidade de Dehra Dun, em Uttarakhand. Enquanto a Doon é uma das escolas mais caras da Índia e cobra cerca de 3 000 dólares ao ano, os colégios de poucos dólares são acessíveis aos filhos de pequenos agricultores e puxadores de riquixá, em geral de castas menos favorecidas e o gasto com mensalidade costuma equivaler a seus ganhos em dois dias de trabalho. Paga-se por instrução, algo ainda limitado e desejado na Índia -- não por infraestrutura. As instituições populares ficam em áreas pobres e contam apenas com salas de aula espartanas, com lousa e carteiras. Alguns alunos da Nine Star, por exemplo, assistem às aulas em casas de tijolos de barro cobertas com sapé. Muitas dessas instituições não são reconhecidas pelo governo, o que faz com que vários estudantes continuem matriculados em escolas públicas para garantir o recebimento dos certificados oficiais.



Por que pagar para estudar num colégio com instalações precárias e cujos diplomas não valem nada? Para muitas famílias indianas que sonham com uma descendência mais próspera, o investimento faz todo o sentido. No ensino público, só metade dos professores aparece para trabalhar e não há fiscalização eficiente. A cada dia que passa, as escolas do Estado perdem mais o prestígio e o respeito. O que falta nelas pode ser encontrado nas escolas particulares de baixo custo. Os professores estão sempre presentes e isso tem reflexo direto na atuação dos alunos. Especialista em educação da Newcastle University, na Inglaterra, o professor James Tooley fez um teste de conhecimentos com alunos de escolas públicas e particulares da cidade de Nova Délhi. Os resultados, publicados em seu recente livro The Beautiful Tree, sobre educação de baixo custo, mostraram que os estudantes da rede privada acertaram mais de 40% das questões de matemática, ante a média de 24,5% dos estudantes que frequentam as escolas do governo. Em inglês, a diferença foi de 50% ante 15%.


Além do ensino mais eficaz, conta ponto a favor das escolas privadas o uso do inglês nas salas de aula. Na cidade de Hyderabad, por exemplo, mais de 80% das escolas particulares ministram todas as aulas no idioma, considerado pelos indianos uma ferramenta para a inserção no mercado de trabalho mais sofisticado. Embora regulamentado como língua oficial da Índia em 1967, o inglês só é ensinado na maioria das escolas do governo a partir da 5a série. As aulas no ensino público costumam ser em hindi ou em uma das outras 21 línguas oficiais da Índia, como o urdu. "O desenvolvimento da economia da Índia nos últimos anos tornou possível a ascensão social dos pobres, que já não veem a pobreza como um destino que deve ser seguido por seus filhos", afirma Gurcharan Das.

Em geral, os estabelecimentos privados de baixo custo são fundados por ex-professores e pequenos empreendedores regionais, que perceberam a lacuna deixada pelo sistema de ensino do governo e vislumbraram aí uma chance de fazer dinheiro. As escolas são negócios pequenos. A média de mensalidade é 5 dólares e o salário dos professores varia de 10 a 20 dólares. Nas zonas rurais, abatidos os gastos básicos, o dono de uma escola com 600 alunos pode embolsar mais de 40 dólares mensais, um dinheiro nada desprezível quando se considera que a renda per capita na Índia rural é de aproximadamente 30 dólares por mês. O crescimento do negócio vem atraindo também a atenção de empresários estrangeiros. O fundo americano Gray Ghost, especializado em microcrédito, criou em janeiro a Indian School Finance Company, em Hyderabad, que oferece pequenos empréstimos a partir de 20 000 dólares às escolas de baixo custo locais. A quantia é usada para comprar equipamentos e móveis e para realizar reformas. Até o fim de junho, 87 escolas haviam sido beneficiadas com empréstimos.

O serviço educacional de baixo custo é inovador e tem feito sucesso, mas está longe de representar um modelo a ser copiado por outros países. Tampouco é a salvação para o sistema educacional indiano. As escolas baratas têm uma série de problemas, a começar por suas instalações. A maior parte dos colégios não tem infraestrutura básica, como banheiros e telhado. Os professores, apesar de presentes, têm baixa qualificação. Segundo a pesquisa de James Tooley, nas escolas privadas de baixo custo de Hyderabad, de 30% a 40% dos mestres não têm formação superior, ante 7% nas escolas do governo. "No geral, essas escolas oferecem um ensino de qualidade limitada", disse a EXAME o indiano Subir Shukla, um dos autores do livro Low-Cost Private Education, sobre o fenômeno da educação barata.

O ensino é um desafio da Índia desde sua independência da Grã-Bretanha, em 1947. Na época, o país herdou uma população em sua maioria analfabeta. Ainda hoje, apenas 61% dos indianos em idade adulta sabem ler e escrever (no Brasil, a taxa é de 89%). E, apesar dos esforços para incorporar todos ao sistema de educação, estima-se que 60 milhões de crianças entre 6 e 14 anos estejam fora da escola. Uma das razões para isso seria o fato de que, há tempos, o governo indiano dedica a maior parte da atenção e de recursos ao ensino superior. A política contribuiu para o desenvolvimento de setores como a tecnologia da informação, mas deixou às moscas a educação básica. A criação das escolas de baixo custo é uma reação da sociedade indiana a uma realidade que condena boa parte da população à ignorância e à miséria.

Fonte

Na Índia essas escolas privadas de baixo custo tem dado resultados positivos. Lá um professor, de acordo com o texto, ganha de 10 a 20 dólares por mês. Talvez consigam viver com esse valor porque provavelmente porque esses poucos dólares tenham algum valor de compra.

E por que no Brasil não vemos essas escolas?
Talvez seja por que no Brasil temos um governo que impeça a entrada desse tipo de escolas. A educação é um setor altamente regulado, como a maioria dos outros setores brasileiros. Se qualquer pessoa pudesse abrir uma escola, com certeza veríamos um ensino de boa qualidade e acessível a todos.

Offline Jurubeba

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #8 Online: 20 de Outubro de 2015, 10:33:10 »
Talvez seja por que no Brasil temos um governo que impeça a entrada desse tipo de escolas. A educação é um setor altamente regulado, como a maioria dos outros setores brasileiros. Se qualquer pessoa pudesse abrir uma escola, com certeza veríamos um ensino de boa qualidade e acessível a todos.
Concordo. O nosso maior estorvo é o Estado e seu intervencionismo beirando à asfixia!

Qualquer iniciativa, empresa ou proposta logo é qualificada como ilegal, se for regulamentada. Se não for, imediatamente algum agente público identificará o novo nicho criado, o engessará e tratará de criar regulamentação, burocracia e, claro, taxas e impostos impeditivos, inviabilizando qualquer empreendimento de baixo custo.

Por isso sou anarquista: Estado é escravidão!

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Offline Johnny Cash

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #9 Online: 20 de Outubro de 2015, 10:35:44 »
Hipóteses para a inexistência dessas escolas, atualmente, no Brasil:

1 - Talvez não haja demanda popular (real) por educação de nível.

2 - Se há opção pública, mesmo capenga, para todos não há motivação de dispensar mais dinheiro para alguma escola qualquer.

3 - O investimento mínimo aqui talvez ainda seja considerável para aquele que não pode pagar.

4 - Falta de possibilidade de angariação de mão de obra para se utilizar nessas escolas.

5 - O governo barraria a existência de escolas privadas "irregulares", caso soubesse/pudesse.

6 - Falta de interesse "empreendedor" em mover essa iniciativa a frente.

Offline Jurubeba

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #10 Online: 20 de Outubro de 2015, 10:51:40 »
Hipóteses para a inexistência dessas escolas, atualmente, no Brasil:

1 - Talvez não haja demanda popular (real) por educação de nível.

2 - Se há opção pública, mesmo capenga, para todos não há motivação de dispensar mais dinheiro para alguma escola qualquer.

3 - O investimento mínimo aqui talvez ainda seja considerável para aquele que não pode pagar.

4 - Falta de possibilidade de angariação de mão de obra para se utilizar nessas escolas.

5 - O governo barraria a existência de escolas privadas "irregulares", caso soubesse/pudesse.

6 - Falta de interesse "empreendedor" em mover essa iniciativa a frente.
O item 5 se alinha ao que escrevi. O item 6 é o resultado do item 5.

Para um empreendedor, o que importa é i) a existência do nicho, ii) capacidade de implantação e iii) a simplicidade de execução/manutenção (óbvio que é uma simplificação). i existe (e muito) e ii é algo que o empreendedor avalia (quase sempre é possível). O que fode é o iii, porque esse é o ponto onde o Estado destrói tudo!

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Offline Johnny Cash

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #11 Online: 20 de Outubro de 2015, 10:55:57 »
Eu tendo a concordar com a vilanização do estado, do mesmo modo que você expõe, Jurubeba. Mas acho que não concordo tanto com a fé no indivíduo, principalmente o Brasileiro.

Offline Jurubeba

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #12 Online: 20 de Outubro de 2015, 11:05:53 »
Eu tendo a concordar com a vilanização do estado, do mesmo modo que você expõe, Jurubeba. Mas acho que não concordo tanto com a fé no indivíduo, principalmente o Brasileiro.
Veja se eu entendi o que você quis dizer com a frase em tom afrodescendente: você não identifica que o brasileiro, de forma geral, tenha interesse em educação de qualidade, ou em investir seu dinheiro em educação por existir a oferta pública. Entendi direito?

Se for isso, vou adiantar o comentário  :hihi: Pode ser que eu seja um sonhador, mas eu dou crédito ao homem e penso que, nesse caso específico, os resultados serão o fator de atração e adesão à esse tipo de idéia. Concordo que, no princípio, a demanda será reduzida, mesmo existindo o nicho. Mas o possível sucesso (considero quase inevitável) faria a sociedade lentamente (ou comunidade, dependendo da abrangência) se alinhar com a proposta.

Mas, como sempre, com esse Leviatã a nos sufocar e devorar, além dos asquerosos sindicatos e ajuntamento de classistas/corporativistas (financiados pelo Estado), devoraria, inviabilizaria e quebraria esses empreendimentos.

Para mudar a educação (e a saúde, a segurança, etc.) é preciso mudar o Estado. Ou acabar de vez com ele  :hihi:

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #13 Online: 20 de Outubro de 2015, 11:06:58 »
Hiper-resumo em português: o pesquisador James Tooley descobriu que pessoas bem pobres nos países em desenvolvimento estão cada vez mais descontentes com a educação fornecida pelo estado, e dando um jeito de resolver por si mesmos, pagando escolas particulares. Essas escolas são praticamente míticas, tem sua existência não-contabilizada nos números oficiais dos países, apesar de em alguns casos serem até onde a maioria dos alunos estudam. Aquelas que são admitidas como existentes, também são desdenhadas pelas autoridades como algo das elites, apenas para uma pose de status, mas a verdade é bem diferente.




Trecho de documentário da BBC (video):

<a href="http://www.cato.org/jwmediaplayer/player.swf?file=tooley-beautiful-tree.flv&amp;image=http%3A%2F%2Fwww.cato.org%2Ffeaturedvids%2Fcaptures%2Ftooley.png&amp;duration=786&amp;skin=http://www.cato.org/jwmediaplayer/nacht/nacht.swf&amp;type=rtmp&amp;streamer=rtmp%3A%2F%2Fflash.edgecastcdn.net%2F000873%2Farchive-2009" target="_blank" class="new_win">http://www.cato.org/jwmediaplayer/player.swf?file=tooley-beautiful-tree.flv&amp;image=http%3A%2F%2Fwww.cato.org%2Ffeaturedvids%2Fcaptures%2Ftooley.png&amp;duration=786&amp;skin=http://www.cato.org/jwmediaplayer/nacht/nacht.swf&amp;type=rtmp&amp;streamer=rtmp%3A%2F%2Fflash.edgecastcdn.net%2F000873%2Farchive-2009</a>



MP3 do CATO institute:

<a href="http://www.cato.org/jwmediaplayer44/player.swf?file=http%3A%2F%2Fne.edgecastcdn.net%2F000873%2Fdailypodcast%2Fjamestooley_thebeautifultree_20090416.mp3&amp;image=http%3A%2F%2Fwww.cato.org%2Fdailypodcast%2Fimages%2FCDP.jpg&amp;duration=546&amp;skin=http://www.cato.org/jwmediaplayer/nacht/nacht-nobutton.swf&amp;icons=false&amp;type=sound" target="_blank" class="new_win">http://www.cato.org/jwmediaplayer44/player.swf?file=http%3A%2F%2Fne.edgecastcdn.net%2F000873%2Fdailypodcast%2Fjamestooley_thebeautifultree_20090416.mp3&amp;image=http%3A%2F%2Fwww.cato.org%2Fdailypodcast%2Fimages%2FCDP.jpg&amp;duration=546&amp;skin=http://www.cato.org/jwmediaplayer/nacht/nacht-nobutton.swf&amp;icons=false&amp;type=sound</a>
http://ne.edgecastcdn.net/000873/dailypodcast/jamestooley_thebeautifultree_20090416.mp3


Trechos de um texto do CATO:

Like a 21st-century Indiana Jones, University of Newcastle professor James Tooley travels to the remotest regions on Earth researching something that many regard as mythical: private, parent-funded schools serving the Third World poor. Government officials from across Africa, India and China repeatedly tell him that such schools do not exist in their countries — often after he has already visited those schools and interviewed their students and teachers. [...]

Despite the repeated denials of government officials, Tooley, Dixon and their teams of researchers found that outright majorities of schoolchildren in the urban slums of the developing world already attend private, fee-charging schools. Even in small villages, half of all students are typically enrolled in private sector schools, though private sector enrollment is lower in the countryside. The poor have decided not to wait for promised reforms in government schooling, which is regarded as corrupt and educationally deficient even by its advocates.

But is the rapid growth of for-profit schools for the poor a good thing? Most government officials in these countries, along with the international development community, seem aghast at the thought. Consider the reaction of Mrs. Mary Taimo Ige Iji, head of the public school district that includes the shanty town of Makoko. As part of a BBC documentary, Tooley interviews her on the balcony of a public school just outside the slum. Standing at a railing overlooking her brand-new white Mercedes, Mrs. Ige Iji explains to the cameras why most poor families prefer to pay for private schooling rather than frequent the free government schools: "The most important point is 'fake status symbol,'" emphasizing "fake status symbol" in finger quotes. She elaborates that poor parents "want to be seen as rich and caring, but in choosing private schools she believes they are, in fact, "ignoramuses." These poor private schools are "ill-equipped," she tells Tooley, and they're instruction deficient because they lack the "fully qualified" teachers of their government sector counterparts.

Needless to say, the poor parents who are choosing fee-charging schools over the widely available — and often free — government alternative do not see their decisions in the same light as Mrs. Ige Iji. "We pass the public school many days and see the children outside all of the time, doing nothing," one Nigerian father tells Tooley, "but in the private schools, we see them everyday working hard. In the public school, children are abandoned." [...]

In every region he studied, private school students were outscoring their government-sector counterparts in both mathematics and English, a language recognized in these countries as a valuable economic asset. The effect was both statistically significant and large in real terms, and persisted even after controlling for student background characteristics and IQ. Private schools were doing this, he added, for a small fraction of the per-pupil expenditures in the public sector. Fees at the private schools he studied in Hyderabad hovered around $2 per month, and at least 18 percent of students in these schools attended for free or at discounted rates — the poor were subsidizing the truly destitute.

As the messenger of such shocking, anti-establishment findings, Tooley did what any good scientist would do: He requested the reanalysis of his data by a respected independent body — the British National Foundation for Education Research. After a thorough review of his Hyderabad data, using the latest statistical methods for assessing educational outcomes, NFER agreed with Tooley's findings — except that they found the private sector advantage to be even greater than his original estimate.

In cases such as this, where the intellectual and institutional status quo enjoys massive inertia, it is not uncommon for radical new findings to be ignored, regardless of their inherent persuasiveness. [...]



http://www.cato.org/pub_display.php?pub_id=8650

Offline Jurubeba

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #14 Online: 20 de Outubro de 2015, 11:11:23 »
Bucka, corrige os links dos vídeos.

Sabe o que eu estive pensado? Se parar para analisar esse modelo já existe: são as empresas particulares (ou pessoas mesmo) que fornecem serviços de reforço escolar! No meu tempo se chamava dar banca. Eu mesmo ganhei um trocadinho dando aulas de matemática e geometria para alunos com notas baixas nas escolas.

Claro que não se compara com o exposto na matéria, mas, de certa forma, funciona como.

Saudações

Offline Johnny Cash

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #15 Online: 20 de Outubro de 2015, 11:13:31 »
Eu tendo a concordar com a vilanização do estado, do mesmo modo que você expõe, Jurubeba. Mas acho que não concordo tanto com a fé no indivíduo, principalmente o Brasileiro.
Veja se eu entendi o que você quis dizer com a frase em tom afrodescendente: você não identifica que o brasileiro, de forma geral, tenha interesse em educação de qualidade, ou em investir seu dinheiro em educação por existir a oferta pública. Entendi direito?


Também, mas tomando a frase em específico: não acredito que removido o estado, os brasileiros começarão a empreender (onde já não empreendem) em educação, e ir la, aos montes, oferecer escola barata (a 1 real por mês), pros moradores de palafita.

Simplificando: não acredito que o indivíduo brasileiro seja o portador de todas as virtudes e nem que haja um vilão sozinho a ser apontado.


Offline Jurubeba

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #17 Online: 20 de Outubro de 2015, 11:48:41 »
Simplificando: não acredito que o indivíduo brasileiro seja o portador de todas as virtudes e nem que haja um vilão sozinho a ser apontado.
Concordo em parte. Mais especificamente com o destacado.

É um bom tema para desenvolver. Como estou de saída para o trabalho, ficará para depois. Espero que mais gente dê sua contribuição ao tema até eu retornar, à noite.

Saudações

Offline Barata Tenno

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #18 Online: 20 de Outubro de 2015, 14:13:49 »
Pesquisei e, Japão, China, Coréia do Sul, Suécia, Noruega, mais de 95% de suas escolas são públicas. Finlândia com 100% das escolas pagas pelo estado, seguindo o modelo estatal.
Singapura e Hong Kong tem muitas escolas privadas, mas educação é gratuita (paga com impostos) pra todos os residentes até o término do ensino fundamental e o governo controla o curriculo que deve ser ensinado.

O top da lista dos países com melhor educação do planeta tem em sua maioria escolas públicas e controle estatal rígido sobre o que é ensinado.

Ou seja, suas idéias não correspondem aos fatos.....
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Azazel

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #19 Online: 20 de Outubro de 2015, 15:10:12 »
Pesquisei e, Japão, China, Coréia do Sul, Suécia, Noruega, mais de 95% de suas escolas são públicas. Finlândia com 100% das escolas pagas pelo estado, seguindo o modelo estatal.
Singapura e Hong Kong tem muitas escolas privadas, mas educação é gratuita (paga com impostos) pra todos os residentes até o término do ensino fundamental e o governo controla o curriculo que deve ser ensinado.

O top da lista dos países com melhor educação do planeta tem em sua maioria escolas públicas e controle estatal rígido sobre o que é ensinado.

Ou seja, suas idéias não correspondem aos fatos.....


 Quase todos os países dão ênfase a alguma coisa utilizando o dinheiro público, como por exemplo a URSS para os esportes
 Olímpicos, Cuba idem...

 A discussão correta seria analisar se os custos para essa excelência de ensino estatal nesses países são menores para a população em geral do que seria com ensino privado e se em escolas particulares seria menos eficiente.

 Arrisco dizer que os custos seriam menores porque além de se gastar construindo as escolas, universidades... ainda há os custos com os próprios políticos, salários, viagens...
 
"Estou contigo", pareceu dizer-lhe O`Brien. "Sei exatamente o que sentes. Sei tudo de teu desprezo, teu ódio, teu nojo. Mas não te aflijas, estou a teu lado!" 1984 - George Orwell

Offline Fabrício

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #20 Online: 20 de Outubro de 2015, 15:24:50 »
Pesquisei e, Japão, China, Coréia do Sul, Suécia, Noruega, mais de 95% de suas escolas são públicas. Finlândia com 100% das escolas pagas pelo estado, seguindo o modelo estatal.
Singapura e Hong Kong tem muitas escolas privadas, mas educação é gratuita (paga com impostos) pra todos os residentes até o término do ensino fundamental e o governo controla o curriculo que deve ser ensinado.

O top da lista dos países com melhor educação do planeta tem em sua maioria escolas públicas e controle estatal rígido sobre o que é ensinado.

Ou seja, suas idéias não correspondem aos fatos.....


 Quase todos os países dão ênfase a alguma coisa utilizando o dinheiro público, como por exemplo a URSS para os esportes
 Olímpicos, Cuba idem...

 A discussão correta seria analisar se os custos para essa excelência de ensino estatal nesses países são menores para a população em geral do que seria com ensino privado e se em escolas particulares seria menos eficiente.

 Arrisco dizer que os custos seriam menores porque além de se gastar construindo as escolas, universidades... ainda há os custos com os próprios políticos, salários, viagens...
 

Se os países citados estão entre os top da educação, o custo pode ser alto, mas o benefício também é. Não há garantia nenhuma de que a relação custo/benefício seria melhor para eles no caso da educação ser totalmente privatizada.
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Offline Azazel

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #21 Online: 20 de Outubro de 2015, 15:39:46 »
Pesquisei e, Japão, China, Coréia do Sul, Suécia, Noruega, mais de 95% de suas escolas são públicas. Finlândia com 100% das escolas pagas pelo estado, seguindo o modelo estatal.
Singapura e Hong Kong tem muitas escolas privadas, mas educação é gratuita (paga com impostos) pra todos os residentes até o término do ensino fundamental e o governo controla o curriculo que deve ser ensinado.

O top da lista dos países com melhor educação do planeta tem em sua maioria escolas públicas e controle estatal rígido sobre o que é ensinado.

Ou seja, suas idéias não correspondem aos fatos.....


 Quase todos os países dão ênfase a alguma coisa utilizando o dinheiro público, como por exemplo a URSS para os esportes
 Olímpicos, Cuba idem...

 A discussão correta seria analisar se os custos para essa excelência de ensino estatal nesses países são menores para a população em geral do que seria com ensino privado e se em escolas particulares seria menos eficiente.

 Arrisco dizer que os custos seriam menores porque além de se gastar construindo as escolas, universidades... ainda há os custos com os próprios políticos, salários, viagens...
 

Se os países citados estão entre os top da educação, o custo pode ser alto, mas o benefício também é. Não há garantia nenhuma de que a relação custo/benefício seria melhor para eles no caso da educação ser totalmente privatizada.


  Há garantias de que haveria competição, busca por oferecer melhores serviços, a preço mais baixos, caso os empresários não buscassem isso iriam a falência, assim como ocorre com pizzas, celulares, carros...

 Além disso há toda a falta de liberdade para os pais e alunos responsáveis por si de escolher o método de ensino. Com concorrência você poderia escolher os métodos de ensino que lhe agradasse e não algo imposto por um ente que acha o que é melhor pra você.

 E você ser obrigado a pagar por qualquer coisa para você ou para terceiros é imoral. Educação não é direito e nem garante prosperidade. Há milhões de pessoas no mundo que não completaram o primário e nem desejam mas ainda assim são bem sucedidos e felizes.


 
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Skorpios

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #22 Online: 20 de Outubro de 2015, 16:08:34 »
Acho que cabe uma leitura desse artigo.

Offline Sergiomgbr

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #23 Online: 20 de Outubro de 2015, 16:27:46 »
Hipóteses para a inexistência dessas escolas, atualmente, no Brasil:

1 - Talvez não haja demanda popular (real) por educação de nível.

2 - Se há opção pública, mesmo capenga, para todos não há motivação de dispensar mais dinheiro para alguma escola qualquer.

3 - O investimento mínimo aqui talvez ainda seja considerável para aquele que não pode pagar.

4 - Falta de possibilidade de angariação de mão de obra para se utilizar nessas escolas.

5 - O governo barraria a existência de escolas privadas "irregulares", caso soubesse/pudesse.

6 - Falta de interesse "empreendedor" em mover essa iniciativa a frente.
Havia mais ou menos um modelo como esse de escola de ocorrência com um passado recente no Brasil. Há menos de 40 anos esse era um modelo algo franco no interior(talvez ainda ocorra), com "professorinhas" que as vezes sequer tinham diploma do fundamental, e que eram pagas pelos donos de fazendas, ou eram filhas ou parentes destes, para ensinarem seus próprios filhos e os dos colonos em salas de aula improvisadas.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Barata Tenno

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Re:A educação estatal - e como ela seria em um livre mercado
« Resposta #24 Online: 20 de Outubro de 2015, 16:30:33 »
O argumento base do tópico é de que o estado não é capaz de fornecer educação de qualidade. O argumento ja foi derrubado pelos fatos. Aguardo novos argumentos.
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