Geo, como é que não seria por tributos, se justamente é um serviço público?
Tributos que são o resultado de coerção estatal, em um sistema no qual a população não pode sequer limitar, quanto mais diminuir, os benefícios auferidos pelos "barnabés".
Aqui vamos ficar dando voltas em um argumento circular. Para tentar interromper isso, concordemos ao menos que todo estado moderno precisa de um corpo de servidores públicos e recursos advindos de tributos para manter este corpo e executar suas ações. Os tributos são impostos, de maneira coerciva, pelo estado, mas regulados, bem como os benefícios do funcionalismo, pela legislação que, em uma democracia representativa, é construída pelos representantes eleitos e com poderes delegados pelo povo.
Quanto a opinar sobre os salários de servidores, os eleitores não escolheram seus representantes?
Sim.
Acho que faz parte do sistema democrático representativo moderno o povo delegar para seus representantes essas decisões.
Sim.
Mas é uma tremenda ingenuidade esperar que os "representantes" da população se preocupem com a racionalidade financeira do estado ou que entrem em litígio com os "barnabés". O que mais se observa, é um conluio entre os "representantes" e os "barnabés", especialmente se aqueles forem de esquerda.
Mas enquanto não houver uma forma de viabilizar uma democracia direta em um estado-nação grande é o que temos de melhor. Cá comigo imagino que uma democracia direta se preocuparia ainda menos com a racionalidade financeira do estado (o que é uma opinião desprovida de quaisquer fundamentos científicos, apenas achismo). Algo mais próximo a isso seria um despotismo esclarecido de uma forma que seria um tanto idealizada. Na democracia representativa se observa um "conluio" entre o funcionalismo e os representantes porque o funcionalismo pode ser uma força política importante, e isso seria independente de ser esquerda ou direita, ligada mais diretamente à importância que o funcionalismo tem naquele tempo/lugar específico.
Além disso, em uma empresa de capital aberto, os acionistas são chamados para votar o valor a ser pago por cada empregado/categoria ou é uma decisão dos executivos?
Geralmente é uma decisão dos executivos.
No entanto sua analogia é completamente falha. No setor privado, especialmente em empresas de grande porte, os funcionários são cobrados continuamente por melhorias nos resultados e nas metas metas. Não há nada parecido com isto no setor público, a não ser pontualmente.
Em tempo. O valor do salário no setor privado é uma combinação de diversos fatores mas nenhum deles provem da espoliação dos impostos.
Não era para ser um exemplo perfeito. Apenas para mostrar que certas decisões podem e devem ser tomadas por um poder executovo, sem a necessidade de uma consulta constante. A ideia não era fazer um paralelo entre funcionários públicos e privados. O valor do salário não provem da espoliação dos impostos nem no privado nem no público. A espoliação dos impostos provê recursos para o pagamento desses salários, o que é uma coisa diferente. E esses recursos provenientes dos impostos podem servir não somente para pagar salários do funcionalismo público, como também do iniciativa privada, quando uma empresa presta serviço ao estado, seja direta ou indiretamente.
Impostos são a base para os serviços do estado,
Sim.
cujos funcionários devem ser pagos com o dinheiro desses mesmos impostos,
Sim.
Mas não devem ser de valores elevados e nem devem receber benesses corporativistas.
Mas valores elevados não são a regra, mas a exceção. Existe uma elite do funcionalismo que realmente recebe valores muito mais altos que o razoável, porém a maior parte do funcionalismo público (que se encontra no executivo dos municípios) deve receber algo similar ao da iniciativa privada (dependendo da categoria, acima ou abaixo dessa média). Agora, as benesses corporativas, hoje, quais seriam? Existe uma virtual estabilidade, já que processos administrativos que gerem demissão não são comuns, e uma aposentaria que, hoje, se aproxima ao que existe já no meio privado. Mas quais são as outras benesses corporativistas?
afinal o Estado não cria recursos do nada.
Não somente isto.
O estado é um sorvedouro de recursos e geralmente é um entrave ao setor produtivo privado.
Isso será verdade em qualquer Estado do mundo, a menos que já exista algum estado anarquista.
Sim.
Pode-se dizer que a carga tributária será maior ou menor dependendo do país, mas isso também depende do tipo de Estado dessa sociedade,
E principalmente da qualidade do seu povo e de seus políticos.
Qualidades essas que sofrem modificação com o tempo.
com maior ou menor estado de bem estar social.
O tamanho do bem estar social não é o determinante e sim a racionalidade financeira e a qualidade da população e dos seus representantes.
Claro que o estado de bem estar social é determinante. Não é o único determinate, como mostra os outros exemplos que você deu, mas (e aqui é outro achismo meu) o estado de bem estar social pode, com o tempo, gerar uma racionalidade financeira melhor (até para poder lidar com os problemas que este estado de bem estar social pode ocasionar), como uma qualidade melhor da população (mais educada e mais saudável - note que não estou dizendo que o Brasil atingiu esse nível ainda) e uma consequente melhoria de seus representantes.
Mas isso é (ou foi) uma decisão tomada pela sociedade em algum momento.
É mesmo?
Eu não lembro, em momento algum, ter permitido ou autorizado que "barnabés" ganhassem salários "astronômicos", aposentadoria integral, auxílios-"qualquer-coisa", licenças prêmios, entre outros absurdos.
Estava me referindo ao estado de bem estar social
A aposentadoria é outra coisa que vai variar muito de ente para ente, de órgão para órgão e poder para poder. E dentro desses mesmos há uma diferença entre os servidores. Muitos servidores são CLT e se aposentam pelo INSS como qualquer outro da iniciativa privada.
A maioria ganha muito mais do que o setor privado.
Porque a maioria entrou para o serviço público anteriormente às reformas da previdência, mas é algo que mudará com o tempo.
Existem ainda institutos de previdência cujos contribuintes ainda não se aposentaram, existem previdências complementares. Aposentadorias são diferentes até dependendo de que ano o servidor engressou no serviço, lembrando que o desconto para o INSS é sobre o teto da aposentadoria e para o servidor público é sobre os rendimentos integrais.
Não, o desconto não incide sobre o total dos proventos e sim apenas sobre a parte tributável.
Ainda assim, não é sobre o teto. Ou não era, pois imagino que na última reforma o desconto também ficou sobre o teto da aposentadoria.