Respondi sim, sua pergunta foi outra. A praxeologia não é científica e não é levada a sério por ninguém que pesquisa nessas ciências de verdade relacionadas ao comportamento, que poderão conflitar com "previsões" praxeológicas dos austríacos praxeologistas, na medida em que estas fizerem afirmações falseáveis (isso é significativas, que tenham algum valor) sobre a realidade. Se isso não ocorrem, elas se adaptam a qualquer realidade possível, e assim não valem absolutamente nada.
Agora você respondeu. Não ser levado à sério por quem pesquisa ciências "de verdade" relacionadas ao comportamento em nada invalida o uso do método para fins econômicos. Não é objetivo da praxeologia entrar no campo dessas ciências, trabalhar com um nível de redução maior ao que se propõe.
Quantas vezes vou ter que repetir isso? Não interessa ao economista tentar descobrir o que, ou como, o por que vias neurais, químicas, ou hipnose, ou sugestão o ser humano toma as suas decisões. O nível de reducionismo necessário é somente da ação em si, do uso de meios para atingimento de fins. O nível das afirmações da praxeologia não é o mesmo nível das afirmações dessa ciências. E sim, a praxeologia faz afirmações específicas sobre a realidade, através da economia.
O problema é que de "pura lógica" só se pode, "cientificamente", racionalmente, tirar conclusões bastante limtadas para o comportamento humano e economia.
É o princípio da coisa, simplesmente imaginar o que parece lógico, mas não acaba aí. Muito menos se consagra como "ciência" aí.
Como a afirmação "a evolução ocorre por mutação e seleção natural", se adapta a qualquer realidade possível, ela não vale absolutamente nada?
Não se adapta a qualquer realidade possível, já que você poderia verificar não existir mutação, nem seleção natural, ou mesmo que, apesar de ambas ocorrerem, elas não se acumulassem em "evolução".
O "axioma da ação" não entra em conflito com nenhuma ciência comportamental verdadeira porque é uma observação absurdamente trivial, que não diz absolutamente nada de não-óbvio.
É algo elementar e aceito sem necessitar dizer por defensores de qualquer escola econômica. Dele não se não derivam realmente apenas uma série inequívoca de "verdades", mas pode-se imaginar uma infinidade de possibilidades. Contanto que não sejam proposições paradoxais de ações ("ações de Schrodinger"), tudo é possível. Cabe simplesmente "qualquer coisa que pessoas façam". Literalmente, essa frase é um axioma, "as pessoas fazem qualquer coisa que venham a fazer".
É como o "axioma dos eventos"; que "coisas acontecem". Ou "cadeias de eventos são causalmente conexas". E pronto, se tem a universalogia/eventologia, uma fenomenologia expandida da economia e de tudo mais, que abarca todas as ciências relacionadas a eventos/coisas que acontecem. Expande a economia em questões como de geografia/recursos ou mesmo macroeconomia mais difícil de se chegar a partir de derivações individuais. Mas sem necessariamente se importar com o que estaria supostamente acontecendo "de verdade", já que a partir desse axioma só se pode chegar a verdade, por lógica, inevitável.
Isso. É uma observação extremamente trivial e esse é o componente básico, o bloco básico a partir do qual todas as leis econômicas são derivadas em conjunto com outros conceitos econômicos, como o de troca, escassez, valor, etc.
Economia não é um sistema aberto, é um sistema fechado, com possibilidades restritas de ação dos agentes econômicos (investir, poupar, realizar trocas voluntárias, usar determinado meio de troca, determinado sistema bancário, etc). Não existe essa questão de expansão fenomenológica (e não existe separação de marco e micro economia - Mises unificou ambas, se não me engano, com sua teoria do dinheiro e do crédito. Essa separação é uma abstração que, por sinal, tem nos levado a cair no canto Keynesiano) , de que qualquer coisa seja possível, como se, a partir do axioma da ação e de conceitos econômicos, fosse se chegar a inúmeras leis possíveis competindo para explicar uma mesma realidade, ou que se expanda para além da economia.
Essa "separação", se é que se pode chamar assim, é aceita pela maioria dos pesquisadores levados a sério, e faz sentido mesmo em outras áreas de pesquisa
real (em vez de mera "imaginação" como "ciência") do comportamento humano. Simplesmente tem coisas que são mais perceptíveis se observando os efeitos globais/gerais do que tentando prever a partir do reducionismo. Climatologia e meteorologia talvez sejam os melhores exemplos, e talvez bastante comparáveis a economia nesse aspecto, podendo se ignorar "micro causas" para modelar com algum sucesso fenômenos "macro".
Se chega a verdade pela lógica, pois temos o princípio da casualidade, aplicados à própria ação econômica humana propositada.
É meio como dizer "se chega a verdade pela lógica, termos o princípio das ações e reações que governam as moléculas de água, aplicados a própria ação das moléculas no clima terrestre."
Por mais que o "micro" possa informar, não acabam as coisas aí, especialmente se ficamos só na imaginação. Não dá para chamar de ciência, tanto que ninguém faz, senão os adeptos, como é o caso com toda pseudociência.
Como fazem proponentes de quaisquer outras escolas econômicas, pode-se inferir coisas válidas sobre a economia a partir da "noção" de que pessaos fazem coisas (e isso equivale sim ao axioma da ação, diferentes frases dizem a mesma coisa). Só que isso não necessita dessa pretensa cientificidade já nesse estágio preliminar, que não passa de um verniz. Verniz esse que talvez fosse até mais impressionante se formulassem as coisas através de "frases" em linguagem de lógica proposicional. Mas acho que se aproximaria demais da matemática à qual essa facção (mas não a totalidade dos austríacos) tem aversão.
A maior parte das coisas levadas a sério em economia (em última instância corretas ou não) foram concebidas assim, mesmo coisas a que praxeologistas tenham posteriormente adaptado a essa narrativa. O que eventualmente de fato tenha tido essa origem, não dá a isso uma validação geral maior do que alguém ter eventualmente primeiro concebido uma verdade rimando, a partir da teoria de que rimas têm maior probabilidade de gerar verdades.
Como assim, coisas que praxeologistas tenham adaptado posteriormente? A contribuição austríaca é precedente ao positivismo na Economia; bem precedente!
Me refiro a economia mainstream, não a "positivismo". Em alguns casos o que veio a ser mais largamente aceito vindo de austríacos pode ter partido de elaborações precedentes sem "fundamentos" praxeológicos, muito embora possam ser adaptados a essa narrativa, já que é só dar um jeito de falar como as pessoas logicamente fariam isso. Pode também ter se originado daí mesmo, não é surpreendente, muito embora isso não faça desse empreendimento algo científico. Os austríacos provavelmente não reinventaram a economia "do zero" a partir de uma rejeição categórica a todas as outras, "redescobrindo" através da praxeologia aquilo com o que concordam. Antes disso é um exercício de adaptação a essa linguagem daquilo que têm como verdade.
Among the theoretical contributions of the early years of the Austrian School are the subjective theory of value, marginalism in price theory, and the formulation of the economic calculation problem, each of which has become an accepted part of mainstream economics.[6]
Suspeito que todas essas coisas não sejam 100% originais/exclusivas dos austríacos, e podendo ser inferidas mesmo sem treinamento em praxeologia, apenas a partir de seus fundamentos obviamente triviais, "pessoas fazem coisas".
Como eu já disse, eu não ligo para que se falseie as teorias/leis derivadas do método austríaco. Todas elas passam no teste, apesar do empirismo ser impossível de ser aplicado à economia da mesma forma como se aplica às ciências naturais. Porém, as consequências das ações econômicas humanas são passíveis de serem deduzidas logicamente, por causa do princípio da casualidade, sem necessidade de experimentação (talvez voce esteja pensando que em algum momento termos mais de 3 caminhos possíveis de análise, para se formar uma determinada lei econômica. Porém, essas análises são realizadas mantendo-se tudo mais constante e fazendo somente a variável estudada sofrer alteração). Vc não vai deduzir, para uma mesma situação, resultados diferentes.
Por exemplo : ao se analisar pelo método austríaco a questão do salário mínimo, considerando-se tudo mais constante, não se chegará a outra conclusão que não - causará desemprego dos menos capacitados! Não se chega a outra conclusão que não essa!
Isso não difere de se ter uma fórmula matemática com as mesmas assunções (apesar da aversão a matemática), não é nenhuma exclusividade. E como em matemática, a fórmula só é tão boa quanto as assunções que faz corresponderem à proxidade da realidade do que se modela. Haver certeza matemática/lógica não quer dizer que haverá certeza real.
Os fatos podem divergir da análise. Se não universalmente, ocasionalmente/pontualmente, por fatores não levados em consideração apenas imaginando as coisas.
Você pode ter um algoritmo para imaginar as coisas, e ele pode parecer render bem, mas não é cientifico por isso, e muito menos porque segundo suas próprias fórmulas, ele está sempre certo.
A atitude correta é formular a melhor previsão possível hoje - independentemente do que você disse na semana passada, no mês passado ou no ano passado. Não tem qualquer importância o fato de que a economia não obedeça a leis fundamentais intrinsecamente passíveis de serem previstas e conhecidas. Sistemas econômicos são, por definição, sistemas dinâmicos, o que significa que o comportamento em um dado momento influencia seu comportamento futuro.
Isso significa que poder retroditivo não vale nada, não deve nem ser preocupação?
Nessas não acaba se abrindo muito espaço para hipóteses ad hoc que justificam falhas de modelos que no fim das contas não servem para nada?