Alquímio, uma de suas colocações não ficou clara, e introduziu outra variável ainda mais complexa.
Você é que não a compreendeu bem. Mas vamos resolver isso já.
Quando eu disse que o cético e o crente são igualmente racionais vc relacionou nomes de reconhecidos gênios, que tanto eram racionais quanto crentes, e concluiu que a questão da crença nada tem a ver com a razão, mas a um processo de auto-ilusão.
A maioria dos céticos afirma que a crença em Deus resulta de uma necessidade do homem, que prefere abandonar a realidade e procurar segurança, consolo e um paraíso após a morte nesta crença. Em síntese, parafraseando o "Anticristo" de Nietzsche, não foi Deus quem criou o homem, mas o homem criou Deus.
Os benefícios da crença, produto da auto-ilusão será deste modo o divisor de águas entre o cético e o crente? O primeiro opta por segurança, proteção, felicidade através de uma fragmentação da mente, a auto ilusão. O outro, melhor dotado naquele específico quesito, não se ilude.
Então voltamos ao ponto. O cético é mentalmente superior ao crente em algum ponto não claramente definido. O crente aceita se auto iludir e o cético, não. Por quê?
''O cético é mentalmente superior ao crente em algum ponto não claramente definido?''
Pouco importa ser mentalmente superior se não se conhecer as arapucas (sedutoras) da
arte do engodo. A mente humana não é perfeita e possui mil bugs que levam facilmente à autoilusão. Tende a criar sentido onde o sentido não existe. Mas exercícios e macetes para melhorar o desempenho mental existem aos montes, porém não é divulgado. Cabe a você decidir se quer ser o esperto ou o manipulado. Só que a maioria das pessoas nem sequer sabem que existe esta decisão porque as
ferramentas dos espertos são mantidas às escondidas, como um segredo muito bem guardado. E claro que eles não querem que você as descubram.
Nesse ponto ser cético é mais vantajoso. O cético, por colher informações, buscar fontes, pesquisar, QUESTIONAR e se aprofundar, está
mais preparado para enfrentar as armadilhas (sedutoras) do engodo. O cético busca esclarecimento, e o esclarecimento dissipa as nuvens cinzentas da superstição.
Já o mesmo não ocorre com os crentes. Estes aceitam a ''realidade'' ilusória (e sedutora) sem questionar. Não se armam das ferramentas e aptidões que os céticos (e os espertos) possuem.
Interessante que a Aposta de Pascal se baseia também nesta proposta. Vc "compra" a ideia da crença porque se estiver errado, nada muda; mas para o cético, se ele estiver errado vai ser um inferno.
Será que alguém confrontando, todos os dias, uma realidade dura e implacável conseguiria viver em calmaria com um ideia "comprada" do nada?
Não conheço nenhum crente que virou crente por ter ''comprado'' a Aposta de Pascal. A maioria nem sabe o que é isso.
A lógica está a dizer que isto não seria possível, refutando a auto-ilusão.
Evidente que sua ''lógica'' foi distorcida pela autoilusão.
Além do que, ao citar os mágicos, mentalistas e ilusionistas, não admita vc que os que pagam pelo show não sabem, ser tudo, fruto da habilidade do artista.
Spencer, meu querido ingênuo, os magos não estão apenas nos palco dos ''vaudevilles'' da vida. Estão por aí, em todos os lugares... Nas ruas, na TV, na política...
nas igrejas.
Nunca ouviu falar dos ''milagres'' geniais (e mecânicos) que Heron de Alexandria ''fabricava'' para os Templos de Alexandria (que engordaram muito os seus bolsos)??? E os ''fenômenos paranormais'' mais recentes de Uri Geller, Thomas Green Morton e Urandir??? Todos esses aí tinham conhecimentos de artes ilusionistas.
E os ''prodígios'' das mesas falantes e giratórias, instrumentos musicais que tocavam sozinhos, materializações e leituras de pensamento, tão comuns nas sessões espíritas do séc. XIX?
É tudo ilusionismo. Ilusionismo (espírita) que
seduziu um Conan Doyle, que criou o detetive mais racional de todos os tempos (viu só como não basta ser mentalmente superior), mas que ao mesmo tempo acreditava que Houdini se desmaterializava quando ''atravessava'' paredes... Ilusionismo que seduziu o ''racional'' Leon Hippolyte Denizard Rivail, que foi considerado um brilhante pedagogo. Enfim...
Se você não estiver preparado, certamente levará muitas tortas na cara, pois os mais espertos estão por aí... em toda parte. E eles estudam e estão ''armados''.
Conhecem as falhas da psicologia humana como ninguém.
Por isso é imprescindível que o cético tenha ao menos um conhecimento básico sobre a psicologia envolvida nas artes mágicas, do ilusionismo, do mentalismo, da leitura fria e da persuasão. Um bom começo seria as leituras:
''Truques da Mente - O Que a Mágica Revela Sobre o Nosso Cérebro'',
''Mentes Fantásticas'' de Alberto Dell'Isola, ''As 48 Leis do Poder'', ''O Príncipe'' de Maquiavel e ''O Conde de Monte Cristo'' de A. Dumas. (O filme
Magia ao Luar já supracitado também é recomendado.)
Não existe auto-ilusão.
hahahahahahaha Que boa alusão à uma (real) autoilusão. Né, Spencer?!
No entanto, mentes fracas e impressionáveis, pois em todos os lugares elas estão presentes, podem de fato se auto-iludirem.
Serão todos os crentes, mente fracas e impressionáveis?
Existem sim a manada dos fracos e impressionáveis, mas isso não basta, como já foi exposto, para explicar todos os crentes.
Ante à confrontação de uma existência miserável e sem sentido, é óbvio que a senda da ilusão é sempre o caminho mais tentador. É acessível, fácil de digerir, reconfortante e
socialmente aceitável.
Socialmente? Sim, taí outra chave para se compreender a crendice.
É muito mais prazeroso acatar o caminho da ilusão porque é muito mais fácil se relacionar assim. Sedutor, não?
Quem não gosta de fantasiar, de estórias fabulosas e dos contos de fada??? Se você vai a um jantar ou a uma festa, como acha que atrairia mais atenção??? Sendo o cético ''chato e estraga prazeres'' ou sendo o ''personagem das histórias fantásticas'', como um Marco Polo ou um Conde de Saint Germain???
(Quem não quer ser especial?) Basta olhar ao seu redor. As fantasias ilusórias estão por toda parte. E elas são bem mais rentáveis $$$. Difícil resistir à tentação, não???!!!
Ser cético não é fácil. Exige abrir mão dos amigos, dos familiares, dos jantares e dos tapinhas nas costas. E aí entra outra pista que pode sanar as suas dúvidas (e recobrar suas noites de sono). Alguns indivíduos são predispostos ao isolamento, ao pouco contato social. Outros não suportam essa ideia e só acham um ''sentido'' num bando, em um grupo... O que isso pode te dizer sobre os crentes e os céticos? Qual é mais ''vantajoso''?
Afinal, cabe a você decidir (e refletir) se quer ser o manipulado... ou o manipulador. O Rei ou o Peão. Entendeu???