DEveria ter sido postado no tópico de notícias supimpas. Cartão.
A vida é injusta. Bem vindo à realidade.
A vida é uma merda. Aceite isto.
Pode ser a realidade, mas isso não quer dizer que essa realidade não possa ser burlada.
Cartão por apologia a drogas alucinantes.
Mr. Banzai está numa fase de dupla identidade, passando-se por Moderador e ele não se contém.
Esse é o diagnóstico.
Vem distribuindo cartões descontroladamente, para a nossa diversão.
Eu morro de rir com essa esquizofrenia.
Thomas_Blum, meu caro, essa questão que você levanta é inquietante e todos nós passamos por ela.
Quando eu era pequeno, acho que nuns 10 anos, eu me defrontei com isso, mas logo meu questionamento se desviou um pouco e eu fui investigar o infinito. Primeiro veio a pergunta: "E depois que nós morremos?" Logo, veio a pergunta sobre o tempo infinito que se passaria então. E eu tentava compreender a questão: "E depois? E depois? Após um milhão de anos? E depois desse milhão? E depois dos trocentos trilhões de anos?" Onde eu estaria após tanto tempo, já que eu entendia a morte como um sono demorado? E depois?
Tive também a fase religiosa, mas ela logo se enfraqueceu com meus questionamentos de justiça. Tanta gente boa, honesta, esforçada e de bom coração tendo que passar dificuldades, sofrimentos, doenças terríveis em si ou na família, devota a Deus, atravessando problemas, sofrendo horrores, sendo impiedosamente infeliz, mas esperançosa que o Altíssimo tivesse compaixão e lhe aplacasse a dor...
Por outro lado, tanta gente ruim, vingativa, desonesta, maliciosa, esquecida dos deveres cristãos, mas, ao mesmo tempo, feliz, próspera, com filhos saudáveis, todos gozando de boa saúde, sem problemas de dinheiro, fazendo o mal e sorrindo em permanente estado de êxtase, aproveitando o máximo da vida enquanto espancava os mais fracos, traía e não guardava fidelidade ao cônjuge nem aos amigos...
Que descompasso!
Como consideramos que somos pó e o Universo se desdobra no seu próprio rumo ignorando-nos por completo, pode ser que o final da nossa curta estrada não leve a lugar nenhum.
E aí vem a sua justa indignação: "Para quê?"
Realmente, é muito frustrante chegar a esse beco sem saída. Tanta informação que acumulamos, tanta beleza em volta, tantas ligações belíssimas que fazemos ao longo da vida com esposa, filhos, amigos...
Uma bagagem enorme que acumulamos quanto mais vivemos, conhecimento, experiência, sabedoria...
A própria beleza da ciência, a maravilha da Matemática, a precisão e infalibilidade das Leis Naturais, o prazer de se defrontar com os mistérios ainda a serem desvendados, a Matéria Escura, o Modelo Padrão do Universo, a maravilhosa falta de senso comum da Física Quântica...
Os vínculos familiares, os pais, os filhos, os parentes, as brincadeiras de fim de ano com eles, os namoros, as emoções no estilo "primeiro beijo", os churrascos no fim-de-semana, as brincadeiras de adivinhar o filme, as festinhas de aniversário, os amigos-secretos, os
happy hours com muitas risadas e alegrias...
A escada profissional que galgamos, os avanços na carreira que conquistamos, os desafios enfrentados e vencidos, as metas propostas e alcançadas, as alegrias ao vencer uma concorrência ou licitação, depois de meses dormindo pouco para chegar a um bom termo na proposta, os convites que recebemos de outras empresas "fura-olhos" pela notícia da nossa competência ter se espalhado...
As viagens e aventuras que embarcamos, os lugares bonitos para fotos, os pores-de-sol indescritíveis não só pela beleza da paisagem como pelo momento especial de comunhão consigo próprio ou acompanhado de alguém especial, as cachoeiras, os passeios de barco, as trilhas, as pedaladas entre bosques, vales e picadas na mata, as culturas diferentes com as quais nos deparamos, com pessoas comendo escorpiões, as montanhas-russas alucinantes naqueles parques temáticos cheios de brinquedos Sputiniks...
As pequenas paixões a que nos dedicamos, como uma mania de colecionar o que quer que seja, desde moedas a modelos em miniaturas ou gibis raros, um time de futebol do coração, uma pequena oficina de eletrônica, versatilidade na cozinha, culinária
gourmet, pratos especiais e diferentes de tudo, estudo sobre mitologia antiga, investigação histórica associada a arqueologia amadora e caseira, marcenaria, trabalhos com MDF, reparo artesanal de móveis rústicos, construção de móveis com arquitetura incomum e diferenciada, um telescópio no quintal, um hobby qualquer...
Tem tanta coisa que vamos deixar para trás...
Tanta coisa bonita e prazerosa das quais seremos separados...
Mas é assim que são as coisas. É bom se resignar.
É uma pena, mas parece ser essa mesma a continuação da história: nós passaremos, o Universo ficará.
Sobre aquela ideia de deixar ou não um legado como uma forma de melhor se resignar, eu penso um pouco diferente.
Aquelas personalidades que nos deixaram a invenção da lâmpada, a descoberta das vacinas e as melhores formas de trazer mais conforto para as gerações posteriores, todas elas se destacaram em suas áreas porque tinham talento para o que se propuseram. Não fizeram o que fizeram pensando: "Vou descobrir essa vacina porque quero deixar um legado". Não. Eles gostavam do que faziam, eles tinham prazer naqueles estudos, pesquisas e empreendimentos. E, como consequência, chegaram às excelências de suas descobertas, ficando, então, um tal legado, quase que "sem querer".
É aqui que está a chave para interpretar isso: além de talentosíssimos, eles gostavam do que faziam e culminaram no óbvio, que foram os bons legados. Não precisa deixar legado para bem viver ou para responder a questão do propósito da vida.
Portanto, meu caro Thomas_Blum, gostar do que faz e viver o presente são as dicas. Não precisa deixar legado. Concentre-se no seu presente e procure ser feliz. Não temos futuro nem passado; temos apenas o presente. Vivendo bem esse presente, você responde o "pra quê" de sua pergunta. Pra que viver tudo isso que falei e depois perder tudo? Qual o sentido?
O sentido é VIVER O PRESENTE e SER FELIZ DA MELHOR FORMA QUE CONSEGUIR.
O importante é ser feliz. Ponto. Seja iludido dentro de uma religião, seja sendo cético e tentando entender o Universo.
Mesmo aquele alienado que paga dízimo e canta louvores todos os domingos no culto, se ele está sendo feliz assim, ele estará cumprindo aquele "pra quê" da sua pergunta. Ele não vai levar nada daqui, como o cético sabe-tudo-de-evolucionismo também nada levará. Se aquele crente que passou a vida toda com o pensamento alegre e em grande expectativa pela Morada Celestial foi feliz à sua maneira, mesmo enganado pelos engodos da Bíblia, ele cumpriu bem o propósito da vida dele. Foi muito feliz. Por outro lado, se o cético sabe-tudo viveu ranzinza e mal-humorado, mesmo sabendo de todas as refutações do Criacionismo e conhecendo os detalhes da Teoria da Relatividade, mas praguejava e vivia em insatisfação com o mundo ao seu redor, ele não cumpriu bem o propósito da sua vida. E foi pior pra ele.
Seria ótimo preservar a memória e poder voltar numa outra vida, ou evoluir numa escala de perfeição rumo à Luz Suprema.
Sabemos que o cérebro se desfaz. Não tem como preservar memória, pelo menos por enquanto. E é no cérebro que as coisas ficam registradas. Não tem jeito.
E a nossa identidade? Onde está localizada? Também no cérebro. Nós sabemos quem somos somente agora, quando existe um cérebro sendo irrigado por sangue com oxigênio. Depois que não tiver mais oxigênio, aquela identidade se evaporará. Babau, acabou-se o que era doce.
Como eu seu agnóstico, dou uma chance a estar errado e haver uma possibilidade de preservar minha identidade (e talvez também a memória) de uma forma que ainda não sabemos.
Dessa forma, eu aceito a possibilidade de termos uma chance de, depois de morrer, acordar em outro lugar, ainda sabendo quem sou. Mas reconheço que essa possibilidade é pequena e talvez seja apenas uma forma de me confortar frente à crueza do que pode realmente acontecer: nada.
Porque, se fosse assim, por que eu não soube quem era quando nasci?
Além de ser feliz como boa regra, a atenção ao presente também é importante. Nós não temos o passado; nós não temos o futuro. Só nos resta o presente. É o nosso único Universo. É onde nós devemos concentrar todo o esforço de vida e, se possível, uma vida feliz.
É assim que eu entendo essa questão. E é assim que eu tento passar meus dias, mesmo lamentando muito a montanha de coisas boas que ficarão depois que eu me for.