Enquete

A participação de transexuais nos esportes femininos preserva a igualdade de condições nas disputas?

Sim, uma vez que o nível de testosterona seja observado, as disputas continuam sendo justas
Não, porque quem nasceu homem tem musculatura, ossos, capacidade pulmonar e cardíaca de homem

Autor Tópico: Transexuais nos esportes femininos  (Lida 3731 vezes)

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Offline Gabarito

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Transexuais nos esportes femininos
« Online: 17 de Janeiro de 2018, 15:11:05 »
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Ana Paula manda carta aberta ao COI falando do absurdo da desvirtuação das competições femininas
Por Francine Galbier -
16 de Janeiro de 2018

SOCIEDADE — A jogadora de vôlei Ana Paula há muito está quebrando o silêncio sobre os absurdos que tomaram conta das competições femininas.

Estamos falando aqui sobre transexuais que passam, cada vez mais, a ocupar o espaço de mulheres em equipes e competições.

No Brasil, o caso mais famoso é o de Tiffany, que integra o time de Vôlei de Bauru e que, em apenas três partidas, já é quem mais marca pontos na Liga Feminina. Pois bem, Tiffany era antes Rodrigo, e jogava em um time masculino da Itália.

No campo do esporte não se trata de questões de identificação ou orientação de gênero. Se trata de biologia, hormônios, musculatura, estrutura corporal, força.

Só que em nome do politicamente correto, muitas mulheres que se sentem acuadas com a situação não se manifestam, pois temem acusações de homofobia. Ana Paula não é uma dessas.

Escreveu uma carta aberta, através do O Estadão, ao COI, Comitê Olímpico Internacional, o órgão responsável pela liberação de atletas transexuais em times femininos.

Leia na íntegra:

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Esta é uma carta aberta aos dirigentes do Comitê Olímpico Internacional (COI) e estendida aos dirigentes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) e da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), em defesa das modalidades femininas dos esportes profissionais.

Prezados,

Antes de tudo, quero agradecer ao COB e à CBV pela oportunidade de representar meu país em quatro Olimpíadas e inúmeros mundiais no vôlei de quadra e de praia. Foram anos de enorme sacrifício e prazer testemunhando diariamente os valorosos ideais do Barão de Coubertin, ideais que morarão para sempre em minha alma.

Poder representar meu país entre os melhores do mundo é a maior honra que qualquer atleta pode sonhar na carreira. Entre os títulos alcançados, certamente a confiança depositada em mim, de que eu representaria com respeito e dignidade o esporte brasileiro durante 24 anos da minha vida, está entre as mais importante conquistas da minha carreira.

É com respeito mas com grande preocupação que escrevo às entidades responsáveis pelo esporte sobre a ameaça de total desvirtuação das competições femininas que ocorre atualmente com a aceitação de atletas que nasceram homens, que desenvolveram musculatura, ossos, capacidade pulmonar e cardíaca como homens, em modalidades criadas e formatadas especificamente para mulheres. Se alguém tem que ir à público e pagar um preço em nome da verdade, do bom senso e dos fatos, estou disposta a arcar com as consequências. O espaço conquistado de maneira íntegra por mulheres no esporte está em jogo.

Tenho orgulho de ser herdeira dos valores que construíram a civilização ocidental, a mais livre, próspera, tolerante e plural da história da humanidade. Este legado sócio-cultural único permitiu que nós mulheres pudéssemos conquistar nosso espaço na sociedade, no mercado e nos esportes. Na celebração das diferenças é que nos tornamos ainda mais unidos, homens e mulheres, dentro e fora das quadras. E é apenas com esse legado que podemos olhar para cada indivíduo como um ser único e especial.

Num tempo em que a militância política condensa e resume o pensamento às pautas ideológicas para negar a realidade, não é difícil identificar a armadilha em que as entidades esportivas caíram e que podem levar junto todo o esporte feminino. Sabemos da força do esporte para elevar o espírito humano acima das guerras e conflitos, especialmente a cada quatro anos, quando durante três semanas mágicas testemunhamos o que há de melhor e mais nobre em todos nós. É esse legado que precisamos defender.

A verdade mais óbvia e respeitada por todos os envolvidos no esporte é a diferença biológica entre homens e mulheres. Se não houvesse, por que estabelecer categorias separadas entre os sexos? Por que colocar a rede de vôlei masculina a 2,43m de altura e a feminina com 2,24m? Basta uma análise superficial com um mínimo de bom senso no porte físico de jogadores de basquete masculino e feminino para entender que não são intercambiáveis.

A nadadora americana Allison Schmitt estabeleceu o recorde mundial dos 200 metros (livre) em 1:53.61, um feito admirável, mas quando comparado aos 1:42.96 de Michael Phelps na mesma prova só evidencia a óbvia diferença física entre homens e mulheres. Seleções de futebol feminino costumam treinar (e perder) de times masculinos sub-17. Os exemplos são infinitos de como não faz sentido misturar homens e mulheres em modalidades onde a força física faz diferença no resultado final.

É justo simplesmente fingir que estas inegáveis diferenças biológicas não existem em nome de uma agenda político-ideológica que servirá para cercear um espaço tão duramente conquistado pelas mulheres ao longo de séculos? Como aceitar homens “biológicos” em competições como lutas, batendo impiedosamente em mulheres e ainda ganhando dinheiro, fama e medalhas por isso? Será que todos enlouquecemos ao permitir tamanho descalabro?

Médicos já começam a se pronunciar sobre a evidente vantagem de atletas transexuais no esporte feminino e contestam a recomendação feita pelo COI de permitir atletas trans de competirem entre mulheres com apenas um ano com o nível de testosterona baixo. Inúmeros fisiologistas já atestaram que esse parâmetro estabelecido pelo COI não reverte os efeitos do hormônio masculino na já finalizada construção de ossos, tecidos, órgãos e músculos ao longo de décadas. Treinadores de voleibol no Brasil e na Itália já relatam que agentes esportivos estão oferecendo atletas trans que já podem competir no vôlei feminino, homens biológicos que ocuparão o lugar de mulheres nos times. Até quando vamos assistir calados a tudo isso? Eu me recuso.

Esportistas em geral e jogadoras de vôlei em particular estão sendo patrulhadas e cerceadas da sua liberdade de expressão. Muitas não expressam sua indignação pela total falta de proteção das entidades esportivas, coniventes com esse descalabro. “É uma diferença muito grande e nos sentimos impotentes”, relata Juliana Fillipeli, atleta do time de vôlei do Pinheiros, depois de assistir Tiffany Abreu, ex-Rodrigo, vencer seu time e ser, mais uma vez, recordista em pontos na partida. Tiffany, que jogou na Superliga Masculina no Brasil como Rodrigo, é hoje a maior pontuadora da Superliga Feminina em apenas poucos jogos, deixando para trás a campeã olímpica Tandara, uma das melhores atacantes do Brasil e do mundo.

Durante 24 anos dedicados ao voleibol, fui submetida ao mais rigoroso controle antidoping por todas as entidades esportivas, incluindo a Agência Mundial Antidoping (WADA). Fui testada dentro e fora das competições para provar que meu corpo não estava sendo construído em nenhum momento da minha vida com testosterona. De todos os testes, um dos mais importantes para mulheres é o que mede exatamente o nível do hormônio masculino, proibido de ser usado ou mesmo de ser naturalmente produzido, em qualquer fase da vida de uma atleta mulher além do permitido.

Em resumo, desde a adolescência preciso provar, cientificamente, que sou mulher para competir e depois manter minhas conquistas, títulos e medalhas. Quantas mulheres não perderam títulos ou foram banidas do esporte especificamente por conta deste hormônio que sobra num corpo masculino normal? Havia uma relação de confiança mútua entre atletas, entidades e confederações para garantir o jogo limpo, justo e honesto, sem atalhos ou trapaças. Esta relação está a um passo de ser quebrada.

O material colhido de anos atrás para testes antidoping de todos os atletas, como eu, continua guardado até hoje e pode ser novamente acessado e testado. Uma nova medição que constate níveis incompatíveis de testosterona num corpo feminino pode retirar títulos retroativamente, conquistas de anos ou décadas anteriores. Este nível de rigor foi totalmente abandonado para acomodar transexuais que até pouco tempo eram homens, alguns deles tendo competido profissionalmente como homens. O que uma amostra de anos atrás de atletas transexuais femininas acusaria? É simplesmente inaceitável.

O combate ao preconceito contra transexuais e homossexuais é uma discussão justa e pertinente. A inclusão de pessoas transexuais na sociedade deve ser respeitada, mas essa apressada e irrefletida decisão de incluir biologicamente um homem, nascido e construído com testosterona, com altura, força e capacidade aeróbica de homem, sai da esfera da tolerância e constrange, humilha e exclui mulheres.

Assistimos atualmente entidades esportivas fechando os olhos para a biologia humana na tentativa de ludibriar a ciência em nome de agendas político-ideológicas. Assistimos atualmente um grande deboche às mulheres e a cumplicidade dos responsáveis pelo esporte no mundo com a forma suprema de misoginia. Uma declaração de boas intenções das entidades encarregadas de proteger o esporte escrupuloso e correto não é suficiente para justificar tamanho absurdo.

O esporte sempre foi um grande e respeitado veículo de conquistas femininas, uma arma que sempre evidenciou o mérito das mulheres àqueles que tentaram impor limites aos sonhos de todas que lutaram e lutam para mostrar nosso verdadeiro valor, talento, capacidade de superação e mérito. Numa semana que celebramos Martin Luther King Jr., deixo aos dirigentes do esporte mundial uma de suas célebres frases: “nossas vidas começam a terminar no dia que nos silenciamos para as coisas que são realmente importantes.”.



Interessante ver nos anos de "empoderamento" feminino a invasão de homens numa seara, até agora, exclusivamente feminina.
Em breve, com a sempre presente luta pelas medalhas e melhores lugares no pódio, teremos times femininos formado quase que inteiramente de transexuais masculinos. As mulheres que nasceram mulheres serão sumariamente preteridas ou ficarão assistindo ao jogo no banco de reservas.

Aí eu trago uma pergunta que não quer calar:

Por que os transexuais masculinos não permanecem na mesma modalidade de antes de sua transformação em mulher?

Ou seja, por que Tifanny não compete na Superliga Masculina?
Por que ela não permanece onde sempre esteve, do lado masculino nas competições?
Por que será que ela ambiciona ir para a modalidade feminina do vôlei?

Também estou pra ver uma transexual que nasceu mulher e se tranformou em homem que queira mudar de modalidade e ir para a masculina.
Certamente, elas vão tentar ficar onde sempre estiveram, no lado feminino do esporte que abraçaram.

Aqui não vai nenhum preconceito contra eles, os transexuais, como até já pensaram.
Eu já disse várias vezes em outras ocasiões que sou amigo de alguns homossexuais e gosto muito dessas amizades.
Eles precisam transitar na sociedade sem nenhum preconceito ou deboche.
Também devem ser integralmente respeitado em seus esportes, profissões e atividades quaisquer.

O que se questiona é o grau de equidade que se obtém com a inclusão de transexuais masculinos nos esportes femininos.
Acho que o contrário nunca ocorrerá (quem nasceu mulher querer competir com os homens).


Offline Donatello

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #1 Online: 17 de Janeiro de 2018, 15:16:41 »
Gaba, na verdade já ví sim algumas lésbicas que passaram por tratamento para transexualismo pleiteando disputar a modalidade masculina. Não me lembro os esportes, mas já vi mais de uma.

No caso elas não podem disputar a modalidade feminina, pois usam testosterona.

Offline Gabarito

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #2 Online: 17 de Janeiro de 2018, 15:19:12 »
Gaba, na verdade já ví sim algumas lésbicas que passaram por tratamento para transexualismo pleiteando disputar a modalidade masculina. Não me lembro os esportes, mas já vi mais de uma.

No caso elas não podem disputar a modalidade feminina, pois usam testosterona.

Ôpa.
Bom saber.

Logo no começo do tópico essa sua correção vem mesmo muito oportuna.
Portanto, retiro meus comentários sobre elas quererem competir com eles.

 :ok:

Offline André Luiz

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #3 Online: 17 de Janeiro de 2018, 15:53:49 »
Time formados quase que inteiramente por transexuais?

Haja transexuais que tenham talento para um esporte de alto desempenho.

Acho que a Ana Paula forçou um pouco a barra.


Offline Gabarito

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #4 Online: 17 de Janeiro de 2018, 15:58:10 »
Hoje esse time não existe.
Com o passar do tempo, a pressão por medalhas e a brecha que se abriu para homens competirem com times femininos vai seduzir muita gente e, voilà, teremos o tal time trans.

Se Ana Paula forçou a barra, você não acha nada errado no fato de Tifanny já ao chegar já seja artilheira?
E as mulheres que nasceram mulheres e não receberam testosterona a vida inteira?
É justo com elas?

Offline Gabarito

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #5 Online: 17 de Janeiro de 2018, 16:08:48 »
O que acontece, e isso não há como negar, é que mulheres que nasceram mulheres vão ser preteridas e mais pessoas que nasceram homens vão tomar o lugar delas.
Fica esquisito o feminismo, logo ele que defende os direitos das mulheres, não se pronunciar sobre isso.  :hein:

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Transgêneros em times femininos: a polêmica que está dividindo o mundo do esporte
Por Francine Galbier -
21 de dezembro de 2017

SOCIEDADE — Em 1975, a tenista trans Renee Richards foi criticada por atletas no US Open. Protestaram na Federação de Tênis nos EUA para que ela não pudesse participar de competições.

Pediram, então, que Renee fizesse um teste de “sexo biológico”. Ela recusou e levou o caso aos tribunais. Ganhou na corte, e, em 1977 participou do WTA, uma associação de tênis feminino, onde permaneceu até 1981.
renee-richards-040615

Em janeiro de 2004 a Federação Internacional de Vôlei aboliu os testes de gênero, mas manteve a proibição de transexuais em quadra.

Mais tarde, em março, a participação de uma golfista transexual no Mundial Feminino gerou polêmica, pela segunda vez.

Já naquele tempo se abriu o questionamento – que havia sido esquecido – e sobretudo aqui no Brasil, agora ele está de volta: é justo que trans participem de times femininos?

Como explícito na pergunta, a polêmica se restringe a homens transformados em mulheres, pois esses levariam vantagem em relação às rivais. Fisiologia pura. Em situações contrárias, mulheres transformadas em homens não teriam o mesmo privilégio sobre os adversários.

“Como é uma circunstância ainda recente, faltam elementos para julgar. Isso ainda requer um certo tempo para se ter todas as necessidades atendidas para que esse tipo esse indivíduo não tenha vantagem”, disse o fisiologista Turíbio Leite, especialista no meio esportivo, há 13 anos atrás.

“Do ponto de vista social é muito válido que o transexual seja aceito na categoria de seu novo sexo. Mas para a competição talvez fosse necessário criar parâmetros especiais para aprovar ou não a participação”, disse, também naquela época, José Carlos Riechelmann, presidente nacional da Associação Médica Brasileira de Sexologia.

Os especialistas explicam que a mudança de sexo não altera por completo a estrutura corporal. E é aí que mora a polêmica.

Mesmo que uma mulher trans tenha feito a mudança de sexo, continua tendo hormônios masculinos. Além disso, pelo sexo masculino possuir maior número de glóbulos vermelhos, após a mudança a pessoa ainda terá mais resistência física para atividades de longa duração.

Com a terapia hormonal a pessoa pode desenvolver características do novo sexo, só que independente disso os especialistas continuam apontando problemas na questão esportiva.

“É natural perder muita massa muscular, mas mesmo assim não é uma relação idêntica à da mulher. Você pode conseguir deixar um homem com o corpo de mulher mesmo sem a retirada de órgãos”, diz Riechelmann.

“A resposta vai depender do efeito dessa terapia hormonal. E outra grande questão é: uma vez transformada, interessa para ela manter essa terapia hormonal? Vai ser cobrado algum tipo de controle?”, questiona Turíbio.
A Reunião

Ainda em 2004, houve uma reunião na Suécia, em outubro, com médicos do Comitê Olímpico Internacional, o COI. Eles acenaram para a possibilidade de admitir a participação de transgêneros já nos jogos Olímpicos que aconteceriam naquele ano, em Atenas. Só que no fim a entidade recuou e decidiu adiar a decisão para 2008, quando aconteceria a Olimpíada de Pequim.

“Até hoje existiam pessoas que faziam a cirurgia por motivos sem relação com o esporte. Mas, quando se trata de um esportista, existe a preocupação da possibilidade de pessoas quererem tirar vantagem”, disse Turíbio, que já previa a inclusão dos transexuais nos esportes num futuro próximo. “O futuro é vencer essas barreiras todas. Sempre vai existir a discussão em dois níveis: do preconceito, que deve ser considerado, e o outro, de evitar que alguns tenham vantagem.”

Turíbio tinha razão. Hoje, que o assunto voltou com força, os dois pontos são centrais nos debates: os defensores da inclusão dizem que os contrários são preconceituosos. Os contrários dizem que é injusto, pois as diferenças fisiológicas não podem ser ignoradas.

2013

A lutadora transexual Fallon Fox foi a protagonista da polêmica. Sua adversária, Ronda Rousey, se manifestou contra a sua participação em torneios. “Cada caso é um caso, você realmente tem que ficar atendo a isso, mas no caso da Fallon Fox, eu acho que ela tem uma vantagem injusta”, declarou ao TMZ. Depois disse que Fallon poderia “cortar o pau que a estrutura óssea seria a mesma”.

2016

No ano passado, o COI divulgou um relatório com diretrizes para a participação de atletas transexuais em competições esportivas, que já valeriam para os Jogos Olímpicos do Rio. Vejam só: desde 2004, quando recuaram no assunto, demoraram 12 anos para decidirem pela admissão.

Em uma “Reunião de Consenso sobre mudança de sexo e Hiperandrogenismo” do COI, o Comitê decidiu que “é preciso garantir que os atletas trans não sejam excluídos da oportunidade de participar de competições esportivas” e afirmou que, desde 2003, reconheciam a importância da autonomia da identidade de gênero na sociedade.
“O COI considera que as mudanças cirúrgicas de mudança de sexo (cirurgia de transgenitalização) não “são necessárias para garantir uma competição justa e podem ser inconsistentes com o desenvolvimento de leis e dos direitos humanos”.

Para a entidade, haveria restrições adequadas para garantir a competição leal e justa entre atletas, por isso estabeleceram as regras a serem seguidas.

“No caso de mudança de sexo biológico de masculino para o feminino, a atleta tem que ter declarado a identidade de gênero feminina e manter nível de testosterona, hormônio masculino, dentro do nível permitido para disputas: abaixo de 10 nmol/L durante os últimos 12 meses antes de sua primeira competição e manter este nível durante o período de competição. Já quando a mudança de sexo biológico for de feminino para o masculino não estão previstas restrições.” Quem descumprisse, teria 12 meses de suspensão.

Para a especialista em saúde transgênero, Joanna Harper, “as novas regulamentações do COI para pessoas transgênero resolvem quase todas as deficiências das regras antigas”.

“Esperamos que outras organizações esportivas adaptem-se rapidamente às novas recomendações do COI, e todas as regulamentações antiquadas quanto a pessoas transgênero sejam logo substituídas. O período de espera para mulheres trans deixa de ser dois anos depois da cirurgia de adequação de gênero para um ano depois do início da terapia hormonal. Isso vai de encontro com as regras da NCAA (liga universitária), e é excelente. O período de espera era, talvez, o item mais polêmico em nosso grupo, e um ano é um meio-termo razoável.”, disse.

2017

Aqui no Brasil, a contratação de Tiffany Abreu em um time feminino de Vôlei de Bauru abriu o debate.

Tiffany teve autorização da comissão médica da Confederação Brasileira de Vôlei, a CBV. Só que a sociedade não aceitou bem a novidade.

A ex-jogadora Ana Paula foi a primeira a se pronunciar contra a liberação e dizer que outras atletas também não concordam, mas não falam por medo da patrulha ideológica que existe hoje em dia, sendo que a defesa da inclusão de transexuais no esporte é, principalmente, do Movimento LGBT de correntes de esquerda, que tende a taxar todos que discordam de suas pautas de homofobia. E isso é exatamente o que está acontecendo.

Tiffany abriu o precedente

Carol Lissamara, 27 anos, é uma atleta transexual do Rio Grande do Sul que sonha em estar na elite do vôlei de praia nacional, e participar do Circuito Brasileiro da modalidade. Tiffany é sua inspiração e referência.

Além de Tiffany Abreu, ela também cita Isabelle Neris, trans que recebeu autorização para jogar em torneios ligados à Federação Paranaense de Vôlei. Carol usa os exames hormonais das duas como comparativo de seu nível de testosterona.

O presidente de um time de vôlei, Fillipo Vergano, não acha que a disputa seja justa: “É normal civilmente (ser mulher transexual e estar entre as mulheres cis), mas esportivamente não é normal. Porque ela é muito mais forte que as outras jogadoras”.

Não é preconceito, é fisiologia

Mulheres trans produzem ou já produziram testosterona em quantidade até 10 vezes superiores à de mulheres cis. Isso dá vantagem no esporte.

Os especialistas apontam que mesmo com o tratamento hormonal, ainda há desvantagem. As diretrizes do COI pedem, pelo menos, 12 meses tratamento. Não é obrigatório mudar de sexo, apenas que declarem o gênero feminino e “não mudem de ideia durante 4 anos”.

Os contrários argumentam que a estrutura óssea e os músculos não se alteram após a hormonoterapia. Os favoráveis dizem que após o tratamento se igualam as condições e que mulheres trans podem até ter desvantagens sobre as mulheres cis.

Uma estudiosa favorável a inclusão trans em times femininos, Joana Harper, defende que “carros menores com motores pequenos podem ultrapassar carros maiores com motores pequenos”.

O ILISP também tratou do assunto, leia um trecho:

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“Em março deste ano [2017] Laurel Hubbard, “mulher trans” de 39 anos, venceu uma competição de levantamento de peso feminino na Austrália. Laurel quebrou quatro recordes ao levantar 268 quilos, 19 quilos a mais do que a segunda colocada, na categoria para mulheres que pesam mais de 90 quilos. Oito meses depois, no Mundial de Halterofilismo, Laurel levantou 275 quilos e ganhou a medalha de prata. Laurel nasceu Gavin, competiu contra homens e chegou a bater o recorde júnior da Nova Zelândia (na categoria para atletas com mais de 105 quilos) levantando 300 quilos. Para não competir com Laurel, a melhor halterofilista neozelandesa, Tracey Lambrechs, perdeu 17 quilos a fim de competir na categoria até 90 quilos.”

E por ondem andam as feministas?

Dentro do movimento feminista, há uma divisão quanto a questão. As favoráveis são da vertente “transativas” e chamam as contrárias de “radicais trans excludentes e transfóbicas”. São essas mesmas que classificam como transfóbicos aqueles que dizem que mulheres menstruam, porque a afirmação excluiria as mulheres trans. (?)

Já a vertente que consideram que as mulheres trans continuam sendo homens – segundo a anatomia e a biologia – dizem que as feministas da vertente “transativistas” colocam os sentimentos de gênero de homens abusivos acima das mulheres reais e que isso cria um “Cavalo de Troia”, já que permite que homens ocupem espaços de mulheres.

O futuro

Mesmo causando polêmica e muitas divisões, a tendência é de que nos próximos anos mais transexuais participem de times femininos, e sejam destaque. É justo? Não, mas do jeito que as coisas caminham, é o que irá acontecer.


Offline Geotecton

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #6 Online: 17 de Janeiro de 2018, 16:33:12 »
Time formados quase que inteiramente por transexuais?

Haja transexuais que tenham talento para um esporte de alto desempenho.

Acho que a Ana Paula forçou um pouco a barra.

Agora não importa se existirão equipes somente de trans.

O que importa é a situação decorrente do caso concreto, comentado pela ex-jogadora, representado pela Tiffany/Rodrigo, em que é fácil constatar a enorme superioridade atlética dela/e sobre as demais jogadoras da sua própria e das outras equipes.

Se no vôlei esta discrepância já é significativa, no basquete então as mulheres não teriam a menor chance contra uma equipe com um ou dois trans.
Foto USGS

Offline Pedro Reis

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #7 Online: 17 de Janeiro de 2018, 17:24:54 »
Bom, eu sou totalmente a favor que todos os cidadãos tenham os mesmos direitos de cidadania. Que ninguém possa ser considerado menos ou mais cidadão que outro.

Isso significa que sou a favor de união civil entre pessoas do mesmo sexo e toda e qualquer medida para extinguir disparidades de deveres e direitos motivadas por raça, sexo, orientação sexual, religião, ou o que quer que seja.

Mas esse caso de trans no vôlei é muito específico. Há uma jogadora aí, ela se chama Érica e ainda atua na superliga, mas ela já deve estar com uns noventa anos... porque eu me lembro que há muito tempo, no começo da carreira, o COB ( ou o COI ) quase proibiu essa atleta de participar de competições oficiais porque o seu exame genético não teria sido conclusivo.

Na mesma época houve um caso idêntico com uma atleta do Judô, chamada Ednanci.

Por isso eu tô estranhando muito essa Tiffany poder agora estar inscrita na super liga. Porque no caso dela não se trata nem de um cromossomo X que não se formou de maneira bem definida como X. Não, ela tem é um cromossomo Y mesmo. Um X e um Y.

Então agora foi abolido o exame genético também para mulheres?

Porque seria uma contradição absurda: A Ednanci ser banida do judô e a Tifanny pegar a vaga dela na equipe.

Offline Pedro Reis

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #8 Online: 17 de Janeiro de 2018, 17:28:22 »
Mas alguma diferença, apesar do tratamento hormonal, parece existir.

Porque como homem Tiffany era um jogador desconhecido que atuava em equipes de quinto escalão. E agora a Tiffany já sonha em ser convocada pelo Zé Roberto para a seleção feminina.

Ou ela ficou muito mais talentosa depois da cirurgia, ou ter nascido homem talvez faça alguma diferença.

Offline Pedro Reis

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #9 Online: 17 de Janeiro de 2018, 17:50:56 »
Citar
Exames comprovam que a fundista sul-africana Caster Semenya é hermafrodita

Porta-voz da Iaaf garante que atleta não perderá ouro do Mundial de Berlim

Das agências internacionais
Austrália


Depois de o técnico da seleção sul-africana, Wilfred Daniels, pedir demissão por se sentir insultado e Caster Semenya considerar os questionamentos sobre seu sexo "apenas uma brincadeira", exames realizados durante o Mundial de Berlim, em agosto, comprovaram que a campeã dos 800m na competição é hermafrodita. De acordo com o jornal australiano "The Sidney Herald", a fundista não possui ovários, apesar de na aparência externa apresentar órgão sexual feminino, e tem testículos internos "escondidos", que produzem grande quantidade de testosterona.

- Testes realizados no Mundial de Atletismo no último mês, quando o sexo da atleta foi questionado após sua vitória nos 800m, revelaram uma evidência de que ela é hermafrodita, uma pessoa que tem órgãos masculino e feminino - disse o texto do jornal australiano publicado nesta quarta-feira.

Offline Pedro Reis

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #10 Online: 17 de Janeiro de 2018, 18:00:42 »
Mas em termos de cara de pau a medalha de ouro vai para Henrich Ratjen, um alemão que competiu no salto em altura como mulher nas Olimpíadas de 36 e ficou em quarto lugar.

Mas em 1938 ele voltou a competir como mulher no campeonato europeu e ficou com o ouro, batendo o recorde mundial ( feminino ).

Agora, dá uma olhada no figura e fica aí pensando como esse cara conseguiu enganar alguém...


Offline Gabarito

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #11 Online: 17 de Janeiro de 2018, 18:12:14 »

Na mesma época houve um caso idêntico com uma atleta do Judô, chamada Ednanci.

Por isso eu tô estranhando muito essa Tiffany poder agora estar inscrita na super liga. Porque no caso dela não se trata nem de um cromossomo X que não se formou de maneira bem definida como X. Não, ela tem é um cromossomo Y mesmo. Um X e um Y.


Bem lembrado, Pedro.
Eu me recordo, sim, de Ednanci.
Havia o debate sobre aquela dúvida de hermafroditismo.

No caso de Tifanny, como você já atestou, a barra é outra.
Ela foi homem por "apenas" 30 anos.
Todo o seu corpo se formou como homem, com as doses de testosterona normais aos homens, formando todo o seu corpo, sua musculatura, seus ossos, capacidade pulmonar, condicionamento físico, tudo.
Ele está nitidamente em ampla vantagem frente às mulheres que sempre foram mulheres e cujas doses de testosterona foram limitadas, sob risco de não passarem nos exames anti-dopping (isso tem hífen?).
E as mulheres vão ter que ceder a vaga para ela e para outras que apareçam e se mostrem mais fortes e com cortadas mais potentes.

Novamente: eu não tenho nada contra os transexuais, os gays, os cross dressers e toda a miríade de denominações LGBTXYZ.
Devem ter os mesmos direitos que qualquer outro cidadão.
Todos os outros direitos e nada neles deve ser subtraído pelo simples fato de serem quem são.
Isso não é uma opção, uma escolha consciente. É uma imposição genética, assim como existem pessoas altas e baixas.
Assim eu vejo.

Mas no esporte, que é dividido por força muscular, altura, capacidade física e em jogo estão exatamente esses atributos, aí não!
Porque a constituição física das mulheres é INEGAVELMENTE diferente e mais frágil.
Elas precisam competir entre si e nunca medir força com "grangazás" só porque cortaram fora seu apêndice da virilidade.
Doses de testosterona depois não são suficientes para equiparar novamente os organismos.

Offline Gabarito

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #12 Online: 17 de Janeiro de 2018, 18:25:24 »
Tudo muito bem explicado por um médico, Paulo Zogaib, professor de medicina esportiva da Unifesp, coordenador da medicina esportiva do Esporte Clube Pinheiros:

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Caso Tifanny: ‘Só controle de testosterona não tira a vantagem’
O médico Paulo Zogaib analisa a situação da trans Tifanny na Superliga feminina de vôlei e aponta aspectos que lhe dariam vantagem sobre outras jogadoras
Por Marcelo Laguna
4 jan 2018, 20h47

A presença de Tifanny Abreu, ponteira do Vôlei Bauru e primeira trans a atuar na Superliga Feminina de vôlei, continua causando debates acalorados. No final do ano passado, a ex-jogadora da seleção brasileira, Ana Paula Henkel, posicionou-se em sua rede social contra a liberação de Tifanny pela CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). Esta semana, o técnico e comentarista de vôlei Cacá Bizzochi escreveu um artigo em seu blog, levantando outros pontos que deveriam ser discutidos a respeito da jogadora de 33 anos, que vem obtendo uma impressionante média de pontos na Superliga. Em ambos os casos, a discussão foi grande nas redes sociais, deixando o lado técnico e se concentrando no ideológico. O médico Paulo Zogaib, professor de medicina esportiva da Unifesp, coordenador da medicina esportiva do Esporte Clube Pinheiros, médico da GO! Saúde e Performance, Centro de Avaliação em Medicina Esportiva e um dos colunistas do blog Letra de Médico, de VEJA, falou sobre o assunto.

O senhor tem acompanhado o caso da Tifanny? O que acha das críticas em relação a ela disputar a Superliga?
No caso dela, há um detalhe que faz um pouco de diferença, que é o fato dela ter feito a cirurgia já com 30 anos. Então, ela passou boa parte da vida com uma produção hormonal muito maior do que uma produção hormonal feminina. Isso acaba influenciando no tamanho dos órgãos, coração, pulmões, a parte óssea, ou seja, as alavancas do aparelho locomotor. Então, isso cria diferenças em relação às mulheres e faz com que ela tenha um desempenho melhor. Não é pura e simplesmente o controle de testosterona na circulação. Claro que isso é importante, mas ela passou 30 anos desenvolvendo o corpo de uma forma diferente de uma mulher. Ao fazer a operação e a terapia hormonal, ela vai reduzir, evidentemente, a concentração de testosterona e isso vai diminuir o poder anabólico. O rendimento diminuí, mas o fato é que ela já teve essa vantagem durante estes 30 anos. Não quero entrar em aspecto ético, moral, politicamente correto ou incorreto, de inclusão ou não, não é este o caso. Só que fisiologicamente isso é um fato.

O nível de testosterona não seria o único fator determinante para indicar algum tipo de vantagem de um atleta trans no esporte?
Sim. Houve um outro caso, de uma menina no interior de São Paulo, que  também fez a operação, mas tinha 14 ou 15 anos. Nesse caso, não tem essa diferença tão grande, primeiro porque talvez ainda estivesse no meio da puberdade, ainda não tivesse definida a maturação sexual. É claro que esse menina não teve todas as vantagens que falei antes. O coração de um homem é maior que o coração de uma mulher. A quantidade de sangue que o homem tem é maior do que a da mulher.    Isso é biológico. A Tifanny completou toda a maturação sexual, todos os órgãos dela se maturaram. Ela tem uma capacidade de transporte de oxigênio muito maior do que uma mulher, porque ela tem um coração maior e tem mais sangue do que uma mulher. Os pulmões são maiores, a própria estrutura do aparelho locomotor é diferente, a largura dos quadris, o tamanho dos ossos. Isso é o que diferencia um homem de uma mulher e por isso o desempenho físico do homem é maior do que o da mulher. Não é somente pela concentração de testosterona. Claro que com concentração maior o desempenho é maior. Por isso muitos se dopam e tomam anabolizantes – ou testosterona ou um esteroide anabólico – e melhora o desempenho. Mas não é só isso que determina o desempenho.

Poderia dar um exemplo?
Vamos imaginar o Usain Bolt (jamaicano tricampeão olímpico nos 100 e 200 metros). Ele tem 1,95 m, tem todo o seu corpo desenvolvido. Se for tomar anabolizante, o desempenho dele vai ser muito melhor. Se não tomar, será inferior ao com doping, mas ele já tem um desenvolvimento natural. O fato de a Tifanny controlar a dosagem de testosterona diminui o desempenho dela, mas o coração vai continuar do mesmo tamanho, o pulmão também, os músculos, e assim por diante. Não se sei o COI levou em consideração essas coisas.

O que o senhor pensa sobre a regulamentação médica do COI para a liberação dos atletas trans?
Um aspecto é importante, o da inclusão, de ter reconhecimento, poder exercer uma profissão que a pessoa queira, é a questão do livre arbítrio. Mas quando se trata de fatores biológicos, talvez a regulamentação tenha de ser revista, ser um pouco mais criteriosa. Um garoto que ainda não entrou na maturação sexual, na puberdade, tem pouca diferença para uma menina. Neste caso, não haveria vantagem sobre as mulheres. Em indivíduos mais velhos, em que já houve a maturação sexual completa, há vantagem sobre as meninas. Não sei exatamente como tratar disso, talvez limitar a idade para fazer a cirurgia, por exemplo, ou avaliar caso a caso. Quando se tem definido que o indivíduo é XY, um homem, ou é XX, uma mulher, nos dá uma definição maior. Mas há indivíduos XY que podem ter uma série de síndromes, uma série de alterações genéticas em que os receptores da testosterona têm uma sensibilidade muito pequena. Ele produz testosterona, mas não faz o mesmo efeito que faria num indivíduo que não tivesse essa síndrome. Pode ter até uma vagina com fundo falso, ter testículos no abdômen, uma série de fatores que interferem neste quadro. Não é tão simples falar que um homem virou mulher e pode competir. É preciso analisar o que aconteceu com este organismo ao longo do tempo. É uma questão bem complicada.

As estatísticas da Tifanny já mostram que só em três jogos da Superliga a média de pontos dela é a melhor do torneio. Isso já sinaliza que fisiologicamente ela leva vantagem sobre as outras atletas?
Acho que é bastante evidente, nem precisaria de estatística. Se tivesse os dados fisiológicos dela, ver qual o seu consumo máximo de oxigênio, qual a potência anaeróbica, qual a impulsão vertical, etc., veríamos dados compatíveis com os parâmetros masculinos. Ela jogava na liga italiana masculina e se a compararmos a um ano atrás veremos que está mais fraca. Mesmo assim, estes parâmetros continuam sendo masculinos, ruins, mas masculino. Não tem como  diminuir a massa cardíaca, a quantidade de sangue que ela tem, a capacidade de processamento do fígado. É inevitável. Parar de produzir testosterona ou inibir sua produção não vai desandar todo o organismo. A pessoa enfraquece, mas pouco. Do contrário, haveria até risco de morrer.

No que a comissão médica do COI se baseou para regulamentar a liberação?
Acho que a questão social foi levada em conta e isso foi importante. É preciso incluir estas pessoas no esporte. Os parâmetros biológicos talvez precisem ser um pouco melhor analisados. Este parâmetro é um deles, ter concentração de testosterona compatível com o sexo feminino. Então, ela faz um tratamento durante um ano, tomando estrógeno, bloqueando a produção de testosterona; ou, se for o caso, retirando testículo. Aí temos um parâmetro. Contudo, é preciso analisar os outros, não tenho esta resposta. Acho que teria de se discutir individualmente, caso a caso, para avaliar as implicações. Existem outros casos, como a da Caster Semenya, do atletismo, nos 800 metros. A moça é imbatível. Isso é legal, ela tem de  competir, está tudo certo. Mas e as outras atletas? Como fica a situação delas? (A sul-africana Caster Semenya, bicampeã olímpica nos 800 m, teve sua sexualidade questionada assim que apareceu no atletismo, em 2009. Chegou a ficar sem competir, mas foi liberada em 2010 pela Federação Internacional de Atletismo, que não divulgou os resultados).

A discussão sobre o caso da Tifanny acaba caindo em questões ideológicas. Falta embasamento científico?
Existe o embasamento científico, mas o problema é que sozinho não resolve a questão. Sempre há o parâmetro social, político ou ideológico em relação à inclusão de uma pessoa. Isso acaba se sobrepondo ao parâmetro científico. Acho que é uma questão quase insolúvel, nunca iremos chegar num ponto realmente justo, de satisfazer a inclusão da pessoa e ao mesmo tempo ela não ter vantagens sobre outras, que também têm os seus direitos. A questão ideológica passa por cima, não há como evitar.

A comissão médica da CBV, que aprovou a participação da Tiffany, disse que estaria repensando a participação dela entre as mulheres. A que se deve esta mudança?
Acho que tem a ver com o desempenho dela. É evidente que tem vantagem sobre as outras. Ao mesmo tempo em que queremos garantir seu direito para competir, de trabalhar, também temos de dar o direito às outras meninas que competem contra ela. É muito difícil achar um meio-termo. Aparentemente, a solução seria criar uma limitação de idade para que a pessoa faça a cirurgia e assim competir no feminino. Ainda assim, cria uma situação complicada, de preconceito, segregação, como resolver?


Acho que uma boa solução seria repensar a participação de transexuais como no caso Tifanny (que fez a cirurgia e a transformação já com o corpo adulto e bem formado) nas modalidades das quais já fazia parte.
Ou seja, a própria Tifanny pediria para jogar no masculino e seria autorizada a tomar testosterona (para compensar a atual ausência de testículos) numa dose que não ultrapassasse os níveis normais, sendo submetida a exames anti-dopping como todo os outros atletas.
Ela teria que voltar a jogar no masculino.
Qual o problema?
Ela já não jogava no masculino antes?

Offline Marcel

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #13 Online: 17 de Janeiro de 2018, 18:28:35 »
As mulheres gostam de pagar de moderninhas e aplaudem todo tipo de "lacração" moderninha na internet. Agora, que façam bom proveito do mundo moderno. E se quiserem ganhar medalhas, que se esforcem mais pra superar os mulherões trans.

Offline Gabarito

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #14 Online: 17 de Janeiro de 2018, 18:31:02 »

Ou seja, a própria Tifanny pediria para jogar no masculino e seria autorizada a tomar testosterona (para compensar a atual ausência de testículos) numa dose que não ultrapassasse os níveis normais, sendo submetida a exames anti-dopping como todo os outros atletas.
Ela teria que voltar a jogar no masculino.
Qual o problema?
Ela já não jogava no masculino antes?

Dessa forma, muitos problemas seriam resolvidos:
  • Ela não tomaria o lugar de mulher que nasceu mulher
  • Não haveria essa celeuma atual, não haveria a discussão sobre se é ou não justo e com igualdade de condições
  • Não haveria a corrida para formar um time imbatível para ganhar medalhas a qualquer custo, mesmo que fosse escalando muitos trans para um mesmo time
Problema resolvido.

Offline Gabarito

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #15 Online: 17 de Janeiro de 2018, 18:34:50 »
As mulheres gostam de pagar de moderninhas e aplaudem todo tipo de "lacração" moderninha na internet. Agora, que façam bom proveito do mundo moderno. E se quiserem ganhar medalhas, que se esforcem mais pra superar os mulherões trans.

É aí que aparece um enorme bug na cabeça das feministas, elas mesmas que estão defendendo a participação de trans nos esportes femininos.
Como é que cabe numa mesma cabeça defender isso e, ao mesmo tempo, falar em direitos para as mulheres, empoderamento e tals...
Quando as mulheres vão perder vagas nos times, perder contratos e até perder partidas, recordes e medalhas???


Offline André Luiz

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #16 Online: 17 de Janeiro de 2018, 18:50:36 »
Hoje esse time não existe.
Com o passar do tempo, a pressão por medalhas e a brecha que se abriu para homens competirem com times femininos vai seduzir muita gente e, voilà, teremos o tal time trans.

Se Ana Paula forçou a barra, você não acha nada errado no fato de Tifanny já ao chegar já seja artilheira?
E as mulheres que nasceram mulheres e não receberam testosterona a vida inteira?
É justo com elas?

Não acho justo, talvez criem regras que limitem o uso, seja em quantidade de atletas ou o tempo delas em quadra/campo/arena... sei lá mesmo

Mas não há o atrativo pra esse tipo de time nem atletas o suficiente. Ninguém vai se submeter a isso só por causa do mérito esportivo.

É como que, extrapolando muito, corredor sair por aí cortando as pernas porque as as paraolimpíadas esta pagando melhor ou é mais fácil. :hihi:




Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #17 Online: 17 de Janeiro de 2018, 19:34:43 »
Time formados quase que inteiramente por transexuais?

Haja transexuais que tenham talento para um esporte de alto desempenho.

Acho que a Ana Paula forçou um pouco a barra.



E se o time contrário resolver colocar seis bichas para enfrentar a Tiffani? Pode apostar que quando a desvantagem se voltar contra o time dele vai ter uma gritaria geral.

Offline Brienne of Tarth

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #18 Online: 17 de Janeiro de 2018, 19:45:11 »
Então, já que um homem trans pode tomar hormônios femininos e competir com mulheres cis, estas mulheres não poderiam tomar testosterona para, digamos, "equilibrar" as forças ao jogar contra esse homem?  :doutor:
GNOSE

Offline André Luiz

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #19 Online: 17 de Janeiro de 2018, 19:47:35 »
Time formados quase que inteiramente por transexuais?

Haja transexuais que tenham talento para um esporte de alto desempenho.

Acho que a Ana Paula forçou um pouco a barra.



E se o time contrário resolver colocar seis bichas para enfrentar a Tiffani? Pode apostar que quando a desvantagem se voltar contra o time dele vai ter uma gritaria geral.

O ideal seria criar uma liga LGBT, com muita musica e as bichas usando os nomes de guerra na camisa, seria no minimo engraçado  :hihi:

Offline Pedro Reis

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #20 Online: 17 de Janeiro de 2018, 19:51:55 »
Então, já que um homem trans pode tomar hormônios femininos e competir com mulheres cis, estas mulheres não poderiam tomar testosterona para, digamos, "equilibrar" as forças ao jogar contra esse homem?  :doutor:

Não, porque o nível de testosterona da Tifanny deve estar mais ou menos equiparado ao das outras jogadoras. Devido ao tratamento hormonal.

A queixa é outra: tem a ver com o que a testosterona fez ao corpo do trans antes do tratamento hormonal. Construindo características que, segundo alguns especialistas, ela não perde ao fazer a reorientação de gênero.

Mas pelo que eu vi em outros posts aqui, a mulher pode tomar testosterona se for trans, e será permitido atuar em um campeonato masculino.

No entanto não vimos casos assim, ainda.

Offline Gabarito

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #21 Online: 17 de Janeiro de 2018, 19:55:18 »
Então, já que um homem trans pode tomar hormônios femininos e competir com mulheres cis, estas mulheres não poderiam tomar testosterona para, digamos, "equilibrar" as forças ao jogar contra esse homem?  :doutor:

Ideia interessante.
A se pensar a respeito.


Veja o que já se está debatendo: acabar com as diferenças e competir todos contra todos, sem olhar se é homem ou mulher.   :stunned:

Citar
Especialista defende fim da divisão entre homens e mulheres no esporte
Roslyn Kerr propõe reprodução do modelo usado nos Jogos Paralímpicos

por O Globo
15/01/2018 15:45

No Brasil, o debate sobre questões de gênero no esporte eferveceu desde que Tifanny se tornou a primeira mulher trans a competir na Superliga de vôlei. Médicos e atletas questionam se é justo que ela dispute partidas no naipe feminino, enquanto a ciência ainda discute como mensurar a vantagem que um corpo de formação masculina levaria em casos como esse. Neste cenário, uma especialista em sociologia do esporte aparece com uma proposta: dar fim às divisões de gênero e reproduzir o modelo vigente nas competições paralímpicas.

Em um artigo publicado no site "The Conversation", Roslyn Kerr argumenta que, diferentemente do que ocorre em outras áreas, no esporte, não existe um movimento no sentido de reduzir as diferenças entre os gêneros. Ela relembra episódios nos quais mulheres foram suspensas por não serem femininas o suficiente para defender que outros critérios sejam usados para determinar quem deve competir contra quem.

"Mulheres não são o único grupo para o qual o esporte é um mau negócio. Embora existam, em algumas modalidades, divisão por peso, isso não acontece com a altura, por exemplo. O que significa que atletas baixos nunca têm chances no salto em altura, no vôlei ou no basquete", argumenta.

Da mesma maneira, a especialista questiona o fato de algumas características que efetivamente representariam vantagens sobre o adversário (como uma maior capacidade aeróbica) não obrigarem a uma subdivisão de categorias: "Não é considerado injusto que elas disputem com outras atletas, o que aconteceria se elas fossem muito pesadas ou homens, em vez de mulheres".

UMA SAÍDA

Para Roslyn, a inspiração para solucionar esse impasse está nos Jogos Paralímpicos, onde, desde os anos 1990, o sistema de divisão de categorias respeita as habilidades do corpo e não as condições médicas. "Em vez de os atletas serem rotulados a partir de sua situação clínica, eles são alocados de acordo com os movimentos que o seu corpo é capaz de fazer".

De modo prático, a socióloga propõe que sejam eliminadas a barreira entre o masculino e o feminino e que as divisões respeitem o potencial de cada corpo, de acordo com as necessidades de cada modalidade. Nos 100m rasos, por exemplo, seriam consideradas a massa muscular e a capacidade de contração das fibras musculares rápidas. Já no vôlei e no basquete, além da massa muscular, levaria-se em conta a altura.

"Dada a estrutura da nossa sociedade, essa ideia dificilmente seria aceita. Não estamos acostumados a ver homens competindo com mulheres. Entretanto, vários estudos mostram que, quanto mais os homens competem com mulheres, mais propensos eles estão a aceitar que elas podem ser boas atletas também", conclui.


Acho que a turma viajou muito.
Não tem como acabar com as divisões Masculino vs Feminino nos esportes.

Offline Gabarito

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #22 Online: 17 de Janeiro de 2018, 20:00:20 »
Então, já que um homem trans pode tomar hormônios femininos e competir com mulheres cis, estas mulheres não poderiam tomar testosterona para, digamos, "equilibrar" as forças ao jogar contra esse homem?  :doutor:

Entendi tardiamente o seu comentário.
Você se referiu a elas jogarem ainda no feminino.
Eu entendi que você sugeria uma atleta feminina tomar testosterona para ir lá competir no masculino.
Por exemplo, uma exímia lançadora de dardos, depois de ganhar todas no feminino, ir ao masculino para ganhar lá também depois de umas doses.

Aí foi que eu vim com a matéria sobre o fim da divisão Homem Mulher nos esportes.

Offline Pedro Reis

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #23 Online: 17 de Janeiro de 2018, 20:06:06 »
Ela é socióloga, não manja nada de esporte.

Imagine, se você for impor categorias no futebol, talvez o Messi, com seu apelido de "a pulga", não esteja habilitado para jogar no mesmo time do Júnior Baiano. O Garrincha certamente seria rankeado na categoria D3, dos muito aleijados, com suas duas pernas tortas e não poderia jogar entre os melhores: a saber, cavalos como o Júnior Baiano.

Seria ridículo. O que faz essa divisão é a própria competição. Se for para mulheres e homens competirem juntos, então que se acabe com qualquer restrição. Joga quem for bom pra jogar, e pronto.


Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Transexuais nos esportes femininos
« Resposta #24 Online: 17 de Janeiro de 2018, 20:13:58 »
Time formados quase que inteiramente por transexuais?

Haja transexuais que tenham talento para um esporte de alto desempenho.

Acho que a Ana Paula forçou um pouco a barra.



E se o time contrário resolver colocar seis bichas para enfrentar a Tiffani? Pode apostar que quando a desvantagem se voltar contra o time dele vai ter uma gritaria geral.

O ideal seria criar uma liga LGBT, com muita musica e as bichas usando os nomes de guerra na camisa, seria no minimo engraçado  :hihi:

Seria o certo.

E se sair briga vai ser engraçado ver um puxando a calcinha do outro enquanto é agarrado pelos cabelos.

 

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