Você faz colocações como se eu questionasse o uso popular/faccional de esquerda de direita "ser linguagem".
Místicos falando de "energias," "impurezas," "toxinas," "equilíbrio," ainda estão usando linguagem funcional. Não só funcional como provavelmente altamente eficiente em cultivar e promover suas superstições. Se é isso que é o interesse, então o uso dos termos é perfeito.
O que está acima confirma novamente a afirmação que eu fiz de que você está confundindo a precisão do termo com o objeto em si.
Não.
Existe uma vertente do esquerdismo caricato que chama o que entendemos como "não socialista" de "fascista". Isso pode até estar errado verbalisticamente, mas não quer dizer que o que ele imagina ser fascista não exista no mundo real, nos nossos termos (= não socialista). E também não quer dizer que ele não possa construir proposições verdadeiras com o termo, por exemplo, "A maioria da população ainda é fascista". Como sabemos, pelo contexto, pelo comportamento e pela arte social, o significado da última palavra da proposição, então a conversa pode seguir adiante. As ideias transmitidas têm uma importância maior do que a precisão do termo quando se tenta descobrir o conteúdo de verdade num conjunto de proposições.
Conforme disse antes, isso é perfeitamente adequado ao discurso de culto, mas se pretende ser algo mais abrangente (e coincidentemente mais compatível com a literatura acadêmica), então vai muito provavelmente esbarrar em "contra argumentos" como que "na verdade o socialismo e a esquerda que são fascistas", sendo que "fascista" agora tem outro significado, ao menos parcialmente, bem como esquerda. É receita para perda de tempo, ao menos se o interesse não é só lacração/mitação.
Muitas discussões sobre se o nazismo é de esquerda ou de direita têm viés verbalista. Muitas vezes, as pessoas negligenciam a questão sobre qual é a descrição política mais acurada do nazismo e focam na discussão sobre o rótulo.
Sim, começando pelo "argumento" pivotal ser que "nazismo" é uma abreviação de "nacional-
socialismo," socialismo = esquerdismo, e a partir daí defendendo em linhas gerais a noção sectária e academicamente falsa de que esquerdismo é autoritarismo. (A noção é academicamente falsa mesmo que seja tida como "verdadeira" entre os que compartilham esse uso, e assim ainda funcional como linguagem em algum grau, mesmo que a função principal não seja mais a comunicação relativa aos objetos "nazismo" ou "esquerdismo", mas sim demonstração de afiliação e virtude dentro do grupo "direitista" não-neoazista).
Algo um pouco como espíritas defendendo que espiritismo é ciência, não religião. Para eles é, isso é sua linguagem, funcional, não vocalizações a esmo desprovidas de significado, e nem mesmo logicamente inconsistente, de acordo com as premissas deles.