Tópico: A verdadeira face do aborto

[Nina]

São por essas e outras que até eu, que sou a favor da liberdade de escolha, fico incomodada com a idéia da possibilidade da banalização do aborto.

Pois eu não vejo problema algum em o aborto se tornar uma coisa banal.

Pra quê trocar medicina preventiva por um método tão invasivo para a mulher?

Eu tive que fazer um aborto seguido de curetagem por causa de uma gestação anembrionada. O método tem riscos, a mulher fica toda dolorida e muitas vezes depende de anestesia geral (como no meu caso).

Você acha que é como ir no salão de beleza cortar o cabelo? 

[Orbe]

Não digo que a medicina preventiva deva ser abandonada. Mas ela falha. E quando isso acontece, deve haver outras opções disponíveis.

E eu sei muito bem que um aborto não é simples como cortar o cabelo. Mas... e daí? Lipoaspiração também não é como ir ao salão de beleza e ainda assim é feita aos montes. Implante de silicone então... Ambos precisam de anestesia, ambos deixam o paciente dolorido, ambos tem riscos e ainda assim são frequentes.

Nada do que você disse é impedimento para que o aborto se torne algo comum.

[Eremita]

Uso de métodos preventivos, popularização, educação. Camisinha, anticoncepcional, pílula do dia seguinte, vasectomia, DIU... a lista é gigantesca. Claro, alguns deles são imediatos (camisinha), temporários (anticoncepcional) e outros permanentes (vasectomia). O que é interessante, já que permite que se use um método diferente de acordo com a finalidade.

Daí, quando fodeu (ambos os sentidos), e não preveniu... aborta. Como a Nina disse, não é como cortar o cabelo e ir ao salão de beleza. Mas deve ser uma alternativa disponível (mesmo porque acho que nenhuma mulher vai querer fazê-lo duas vezes).

[Orbe]

Conheço várias que já fizeram mais de 1 vez.

[Victor Pax]

Então devem ser masoquistas....

Olha, eu como biólogo defendo a vida, mas seria hipocrisia minha ser contrário a legalização de algo que é feito diariamente, muitas vezes em condições precárias de higiene (quando não com agulhas de tricô).

Não sei se o número de abortos iria aumentar tanto... a estrondosa maioria que irá fazer iria fazer ilegal ou não (e depois iria para os hospitais com as seqüelas).

[Lua]

Não sei se o número de abortos iria aumentar tanto... a estrondosa maioria que irá fazer iria fazer ilegal ou não (e depois iria para os hospitais com as seqüelas).

Não sei se haveria aumento, de fato. O que certamente ocorrerá é um aumento do número de mulheres que buscarão o serviço público no intuito de realizarem o aborto. Obviamente, isso implicará num aumento das estatísticas governamentais que tratam do número de abortos praticados no país.

O fato do aborto ser tipificado como crime não inibe, na grande maioria dos casos, que a mulher o pratique. Uma mulher que não quer um filho irá buscar uma forma de realizar um aborto, pouco importam as consequências legais que poderão resultar disso. Não creio que a tipificação da conduta como crime iniba uma mulher de colocar fim à uma gravidez indesejada - considerando que sobre ela recairá a manutenção, educação e amparo do futuro filho, ela toma a decisão por si mesma.

Daí, quando fodeu (ambos os sentidos), e não preveniu... aborta. Como a Nina disse, não é como cortar o cabelo e ir ao salão de beleza. Mas deve ser uma alternativa disponível (mesmo porque acho que nenhuma mulher vai querer fazê-lo duas vezes).

Se existem diversos meios, o ideal é evitar mesmo. Um aborto não é uma alternativa tão simples: requer coragem de assumir um risco que pode implicar numa série de consequências danosas à mãe. Se por um lado existem aquelas que convivem com o fato sem darem tanta importância, algumas passam o resto da vida se culpando...

[Eremita]

Então devem ser masoquistas....

Olha, eu como biólogo defendo a vida, mas seria hipocrisia minha ser contrário a legalização de algo que é feito diariamente, muitas vezes em condições precárias de higiene (quando não com agulhas de tricô).

Não sei se o número de abortos iria aumentar tanto... a estrondosa maioria que irá fazer iria fazer ilegal ou não (e depois iria para os hospitais com as seqüelas).

Victor, "vida" em si não representa muita coisa. Animais destróem vida para continuarem vivos, por assim dizer - já que plantas são vivas.

Acho que o número de abortos iria aumentar, sim. Isso porque aborto ilegal incorre em riscos de higiene e procedimento que um aborto legalizado não incorreria. Depois, iria estabilizar, e de acordo com políticas preventivas, diminuir gradualmente até chegar a um nível muito mais baixo.
Lua, claro que isso também exige uma mudança da mentalidade... não sei por que uma mulher que aborta conscientemente iria se importar mais com um embrião do que se importaria em retirar seu apêndice.

[Lua]

Acho que o número de abortos iria aumentar, sim. Isso porque aborto ilegal incorre em riscos de higiene e procedimento que um aborto legalizado não incorreria. Depois, iria estabilizar, e de acordo com políticas preventivas, diminuir gradualmente até chegar a um nível muito mais baixo.
Lua, claro que isso também exige uma mudança da mentalidade... não sei por que uma mulher que aborta conscientemente iria se importar mais com um embrião do que se importaria em retirar seu apêndice.

A legalização do aborto implica uma mudança de mentalidade por parte da sociedade e do legislativo. Quando isso ocorrer, uma mulher poderá recorrer à saúde pública buscando abortar uma gravidez indesejada. Penso que, quando ocorrer a legalização da conduta, muitas mulheres ainda se sentirão inibidas em razão do tabu social que representa interromper uma gravidez. No começo, os números serão tímidos, depois mais expressivos até atingir uma certa estabilidade.

No caso de uma possível legalização do aborto, caberia ao governo implantar uma política pública de prevenção de gravidezes indesejadas voltada para a não-prática de um aborto posterior. É a velha política de prevenir para evitar gastos maiores com tratamento. É aqui que entra a mudança de mentalidade: campanhas no intuito de evitar a ocorrência de uma gravidez indesejada e as consequências psicológicas e físicas decorrentes da realização de um aborto.

[Nina]

Acho que o número de abortos iria aumentar, sim. Isso porque aborto ilegal incorre em riscos de higiene e procedimento que um aborto legalizado não incorreria. Depois, iria estabilizar, e de acordo com políticas preventivas, diminuir gradualmente até chegar a um nível muito mais baixo.
Lua, claro que isso também exige uma mudança da mentalidade... não sei por que uma mulher que aborta conscientemente iria se importar mais com um embrião do que se importaria em retirar seu apêndice.

A legalização do aborto implica uma mudança de mentalidade por parte da sociedade e do legislativo. Quando isso ocorrer, uma mulher poderá recorrer à saúde pública buscando abortar uma gravidez indesejada. Penso que, quando ocorrer a legalização da conduta, muitas mulheres ainda se sentirão inibidas em razão do tabu social que representa interromper uma gravidez. No começo, os números serão tímidos, depois mais expressivos até atingir uma certa estabilidade.

No caso de uma possível legalização do aborto, caberia ao governo implantar uma política pública de prevenção de gravidezes indesejadas voltada para a não-prática de um aborto posterior. É a velha política de prevenir para evitar gastos maiores com tratamento. É aqui que entra a mudança de mentalidade: campanhas no intuito de evitar a ocorrência de uma gravidez indesejada e as consequências psicológicas e físicas decorrentes da realização de um aborto.

Disse tudo.

Não pensem os que acham muito simples fazer um aborto que não há consequêcias físicas e psicológicas para a mulher. Eu sou geneticista e fiquei grilada... imaginem como é para quem vê a embiologia humana como algo mágico...

É muito bonito ser liberal assim e dizer que tem que banalizar a coisa sem pensar nas sequelas físicas e psicológicas. "No dos outros, é refresco..." 

[Orbe]

Não pensem os que acham muito simples fazer um aborto que não há consequêcias físicas e psicológicas para a mulher. Eu sou geneticista e fiquei grilada... imaginem como é para quem vê a embriologia humana como algo mágico...

Quem vê embriões como algo mágico, não vai fazer aborto.

É muito bonito ser liberal assim e dizer que tem que banalizar a coisa sem pensar nas sequelas físicas e psicológicas. "No dos outros, é refresco..." 

E quem tem que pensar nas sequelas é a mulher que vai abortar. Ninguem vai ser obrigado a fazer. Faz se quiser e arque com as consequências. Se acha que vai passar o resto da vida tendo pesadelos com fetinhos zumbis é só não fazer.

[Lua]

É muito bonito ser liberal assim e dizer que tem que banalizar a coisa sem pensar nas sequelas físicas e psicológicas. "No dos outros, é refresco..." 

E quem tem que pensar nas sequelas é a mulher que vai abortar. Ninguem vai ser obrigado a fazer. Faz se quiser e arque com as consequências. Se acha que vai passar o resto da vida tendo pesadelos com fetinhos zumbis é só não fazer.

Orbe, nem toda mulher consegue prever o que virá depois de um aborto. Já me deparei com duas mulheres que eram extremamente independentes e revolucionárias, que jamais pensaram em ter um filho e que fizeram um aborto do qual nunca se recuperaram. As duas fazem terapia para tentar superar o trauma... Claro, existem aquelas que fazem aborto como quem extrai uma unha do pé: amiga minha casada abortou porque não queria 'deformar o corpo'.

Assim como a Nina, não sou contra o aborto. Penso apenas que a banalização deste é que é preocupante: mulheres que não se cuidam e buscam intervenção médica constante para colocar fim a todas as gravidezes que vierem a possuir...

[Orbe]

Orbe, nem toda mulher consegue prever o que virá depois de um aborto. Já me deparei com duas mulheres que eram extremamente independentes e revolucionárias, que jamais pensaram em ter um filho e que fizeram um aborto do qual nunca se recuperaram. As duas fazem terapia para tentar superar o trauma... Claro, existem aquelas que fazem aborto como quem extrai uma unha do pé: amiga minha casada abortou porque não queria 'deformar o corpo'.

Até aí nenhum problema. Ninguem prevê nada. Apenas vemos possibilidades e apostamos no que parece mais provável. As vezes acertamos, as vezes não. E temos que conviver com isso.

Assim como a Nina, não sou contra o aborto. Penso apenas que a banalização deste é que é preocupante: mulheres que não se cuidam e buscam intervenção médica constante para colocar fim a todas as gravidezes que vierem a possuir...

Gente irresponsável sempre vai existir. Não é transformando o aborto em um vilão de filme trash que vamos mudar isso.

Como eu já disse, não estou querendo o fim da medicina preventiva. Sou totalmente a favor de que haja campanhas para evitar uma gravidez indesejada. Mas se ela ocorre, o aborto tem que ser uma opção como qualquer outra. Sem essa aura sombria de coisa errada, perigosa, "do mal"... Algumas pessoas vão ter traumas e outras não. É como qualquer procedimento ou medicamento. Há riscos, há efeitos colaterais, mas nem por isso é as pessoas precisam ser amedrontadas.

E se eu tiver que decidir, prefiro uma mulher adulta traumatizada que uma criança passando fome ou sendo rejeitada.

[Spitfire]

Eu tenho uma bronca danada com esta expressão:

A verdadeira face do(a) _______________<coloque aqui tudo aquilo que antagoniza com suas idéias>.

[_tiago]

Sou contra, mas se houvesse um plebiscito votaria a favor!
Sim, contraditório, bizarrices pessoais de ordem prática...

[Lua]

Gente irresponsável sempre vai existir. Não é transformando o aborto em um vilão de filme trash que vamos mudar isso.

Como eu já disse, não estou querendo o fim da medicina preventiva. Sou totalmente a favor de que haja campanhas para evitar uma gravidez indesejada. Mas se ela ocorre, o aborto tem que ser uma opção como qualquer outra. Sem essa aura sombria de coisa errada, perigosa, "do mal"... Algumas pessoas vão ter traumas e outras não. É como qualquer procedimento ou medicamento. Há riscos, há efeitos colaterais, mas nem por isso é as pessoas precisam ser amedrontadas.

E se eu tiver que decidir, prefiro uma mulher adulta traumatizada que uma criança passando fome ou sendo rejeitada.

Não penso no aborto como algo "do mal", Orbe. Sou plenamente a favor da legalização do aborto há muito tempo. No entanto, penso que deve haver sim atuação do Poder Público no sentido de realizar campanhas de prevenção de gravidezes indesejadas, ou seja, incentivar o uso de preservativos e anticoncepcionais sob essa ótica e não apenas sob a ótica das dsts.

A grande questão é mesmo a conscientização: partindo dela, certamente o número de abortos a serem custeados pelo Estado será menor. Quanto à banalização, é um risco que se corre. A menos que o Estado limite o número de intervenções, o que acho bem complicado também.

[Lua]

Eu tenho uma bronca danada com esta expressão:

A verdadeira face do(a) _______________<coloque aqui tudo aquilo que antagoniza com suas idéias>.

Essa expressão sempre vai traduzir a opinião de alguma corrente, grupo ou pessoa... Se o aborto tivesse uma tal 'face verdadeira', não haveriam eternas discussões a respeito...

[Victor Pax]

Gente, quando me referi a masoquistas, me referia que o aborto é uma cirurgia.
Existe gente que adora fazer, mas são uma minoria.
Acho um pouquinho forçado colocar como argumento "desvios de padrão" como exemplo.

Quanto a aumentar ou diminuir, acho que vai é se ter o número de abortos.

Quanto a banalização... bem no caso ao invéz do usual (agulhas, murros ou alguém que nem vai olhar para sua cara antes de fazer) a mulher vai passar por um médico para uma avaliação (como em qualquer cirugia) e lá serão levantados todos os perigos e possibildades, acho que só isso já é uma diferença brutal na decisão.

Quanto a campanahs de prevenção.. bom caso o aborto seja ofializado com certeza vários grupos vão (agora) ter interesse em concientizar.
Aliás gostaria de ser como na Holanda, primeiro país europeu a legalizar o aborto e em que a cada ano o número de abortos diminui.

Nina, atualmente é exatamente isso que está ocorrendo ("No dos outros, é refresco..." ), o pessoal fica todo empolado defedendo a proibição, mas (no caso das mulheres) o fazem sem qualquer problema quando nescessário (claro que com todo a assistência que o dinheiro pode pagar).
E no caso dos homens (acho que a maior parte dos opositores), quando ele ou o filho/sobrinho/neto "precisam" recorrem a ele de imediato afinal literalmente "No dos outros, é refresco...".

Pessoalmente não sou favorável ao aborto, mas não posso extender minha decisão ao que terceiras vão fazer.

[Nina]

Pois é Victor... "no dos outros, é sempre refresco...". Isso vale para radicais de ambos os lados, tanto os que são contra porque são contra quanto para os que acham que deveria ser rotina, como fazer pedicure.

Eu vou pelo caminho da moderação, sempre. E o melhor jeito disso acontecer é com a conscientização dos jovens.

[Victor Pax]

Nina, só para deixar claro eu não acho que deva ser rotina.
Tanto que dei o exemplo da Holanda cujo número de abortos está diminuindo justamente pela conscientização.

Eu já acho que deva ser decisão da pessoa.

[Nina]

Desculpe se pareceu que disse para você. De forma alguma direcionei uma acusação!

Nem seu texto deu a entender isso, de forma alguma. Pra mim ficou muito clara sua posição.

[Eremita]

(Bom, citei retirada cirúrgica do apêndice por causa disso... ninguém vai retirar o apêndice por causa do humor, ou gosta de ter um apêndice retirado...)
EDIT, 6h: quem defende um embrião com um mês de vida e não defende proporcionalmente uma planta é um hipócrita.

[Victor Pax]

Relaxa Nina, estava apenas reafirmando minha posição.

Amigos.

Agora, infelismente conheço gente que não se importaria de fazer uma cirurgia (aborto, plástica, lipoescultura, se bobear apêndicite ).
Aliás anualmente fica roxa e mal consegue andar por "modelações" cirúrgicas.

Mas "trocar" de forma conciênte uma camisinha ou pírula ou diu ou diafragma por uma internação para cuteragem é o cúmulo da idiotice (e masoquismo).