Tópico: Alguem tem uma dica de filme?

[Price]

O bom de "Cidade dos Sonhos" é que desde o início você espera que partes (ou o filme todo) seja um sonho. E isso é uma boa dica para um filme que, em geral, você tem que assistir mais de 1 vez.

Eu não esperava isso, não entendi "sonhos" literalmente. E "tem que assistir mais de 1 vez" é só no caso de não perceber que é pura enrolação sem sentido na primeira e achar que se assistir de novo e de novo e pensar bastante vai "entender".

Comentário de quem não entendeu na primeira vez que assistiu.

[Buckaroo Banzai]

De quem entendeu que não há nada para se entender de primeira.

Era só mais "twin peaks", Lynch com seu lynchismo.

Todo esforço de interpretação é uma coisa do tipo "novas roupas do imperador" e outras coisas de pós-modernismo que algumas vezes argumentam que "requer" ser incompreensível/sem lógica, porque a lógica é arcaica e limitada e tals.

[Rocky Joe]

Não leiam quem ainda não viu o filme:






O filme todo tem "lógica", se você o interpreta como as duas primeiras horas sendo um sonho da personagem da Naomi Watts (e os 20 minutos finais a 'vida real', embora é contado fora de ordem cronológica: mas isso é fácil de perceber da forma como o Lynch mostra). É por isso que você tem que ver pela segunda vez: a história para entender o filme (os detalhes do sonho) só é dado nos últimos 20 minutos. E vendo pela segunda vez, fica mais claro que a primeira parte é um sonho.

Nem todos tem paciência para tudo isso, mas alguns tem.

[Dr. Manhattan]

Não leiam quem ainda não viu o filme:






O filme todo tem "lógica", se você o interpreta como as duas primeiras horas sendo um sonho da personagem da Naomi Watts (e os 20 minutos finais a 'vida real', embora é contado fora de ordem cronológica: mas isso é fácil de perceber da forma como o Lynch mostra). É por isso que você tem que ver pela segunda vez: a história para entender o filme (os detalhes do sonho) só é dado nos últimos 20 minutos. E vendo pela segunda vez, fica mais claro que a primeira parte é um sonho.

Nem todos tem paciência para tudo isso, mas alguns tem.

Na verdade, creio que o aspecto mais interessante do filme é a dicotomia entre os estado oníricos e a re...  ahh, quem estou querendo enganar? O aspecto mais interessante do filme é a cena das duas mulheres transando. O resto eu... bem, o resto eu não lembro direito.


A propósito: se você gostou desse filme, talvez você goste de "Naked Lunch".

[Südenbauer]

O próprio Lynch diz que fez o filme com o propósito de que fosse visto mais de uma vez. Acho meio cuzão o cara pensar assim, mas enfim...

Já comentei aqui isso sobre esse filme: da primeira vez que eu vi, acabou o filme e eu fiquei: "DA FAQ DID I JUST WATCHED?". Não sabia o que dizer do filme, não entendi a história, mas não foram momentos de tédio, gostei de assistir. Depois de mais de uma semana, as cenas do filme ainda estavam na minha imaginação, impossível de tirar, o que eu comentei como o "retrogosto" do filme. Acabou que depois de um tempo eu tava louco para revê-lo e, quem sabe, tentar entender a história. Continuei não entendendo (o Lynch jura que tem uma lógica, mas eu acho que ele tá fazendo todo mundo de bobo).

Acontece que eu acho que o filme é tri assim do jeito que ele é, com suas imagens oníricas, surrealistas, nonsense. Também já comentei isso: é algo mais para tu desligar a mente e te deixar ser imerso nas imagens do filme, senti-lo, não entendê-lo. Mesma lógica quando tu for assistir Eraserhead (nem sou fã de cinema surrealista, mas considero esse uma obra-prima).

[Rocky Joe]

Eu acho muito bacana a representação de "estado onírico" (copiando a expressão do Dr. Manhattan!) do filme. Por exemplo, é muito interessante como há no sonho tentativas de acordá-la, de mostrar que é um sonho. E isso é uma coisa que ocorre nos nossos "sonhos lúcidos". Acho que todos já devem ter sonhado algo tão bom, estar consciente de que é um sonho e não querer acordar de jeito nenhum, mas o sonho inevitavelmente vai se desmanchando...

Mas a cena das duas mulheres transando é realmente bela, bela...

Coloquei "Naked Lunch" na lista de filmes para ver. A sinopse dada pelo imdb é interessante. Eu tenho um gosto pelo bizarro, pelo surreal, pelo simbólico... Devo gostar.

[FZapp]

Naked Lunch é a tentativa de Cronenberg de escrever sobre o famoso livro de William Burroughs. É bizarro, nojento, encantador, mas longo, muito longo.

[Buckaroo Banzai]

O próprio Lynch diz que fez o filme com o propósito de que fosse visto mais de uma vez. Acho meio cuzão o cara pensar assim, mas enfim...

Se ele disse então deve ser verdade, porque se fosse só enrolação, ele admitiria abertamente, "ah, mas que roteiro o quê. É só fazer qualquer coisinha que cause um suspensinho, e então ir colocando elementos de mistério como no twin peaks, que a gente foi inventando à medida em que filmava -- por falar nisso, e aquele anão? Poderiam chamar o anão para fazer um papel? Ele dá um ar de mistério à coisa toda, as pessoas vêem algo de misterioso em anões por algum motivo. O gigante não, aí vai dar muito na cara. Em vez de gigante ponham, sei lá, um velho louco... ou um padre, ou um cowboy... é, um cowboy é bem inusitado. Mas enfim... a gente coloca esses elementos de mistério que nunca se resolvem e pronto. O final? Bem, pode ser tipo uma alucinação, um pouco como fizeram em '2001'. Um monte de gente engoliu aquilo também, ficaram só querendo interpretar. Muito mais fácil do que se dar ao trabalho de tentar escrever um final minimamente coerente. E para garantir a gente põe umas cenas lésbicas com umas gostosas, não só vai desviar a atenção como vamos dar a muitos a oportunidade de defenderem o filme como obra de arte e tal, e convencer a namorada e a amiga a assistirem, para ver se incentiva... e toda a confusão do 'roteiro' dá a chance de terem que dizer que precisam assistir de novo e de novo... claro que as cenas das lésbicas não tem nada a ver com isso, hahahah".

[Rocky Joe]

Os mistérios se resolvem. O filme é muito coerente, dificílimo de ser escrito. O cowboy era uma pessoa que ela conheceu pessoalmente*, e quando ela o vê pela segunda vez, na festa da ex-namorada dela, é a hora em que ela fez algo de errado: ela pagou alguém para matar a antiga amante.

A cena do sexo também tem uma função na história. O sonho é basicamente uma história paralela perfeita em que a ex-namorada dela é perdidamente apaixonada e dependente da protagonista (e se aproxima cada vez mais de ser igual a ela).

É um filme para quem tem tempo e cabeça livre, eu admito. Mas viva a variedade no cinema.

* Quero dizer, o cowboy no sonho é uma projeção do cowboy que ela conheceu 'de verdade'. 

[_tiago]

Assisti O Homem Aranha, bem divertido e Drive que me pareceu um western urbano. Preferi o segundo.

[Rocky Joe]

Drive é um dos melhores filmes que vi dos últimos tempos. Eu imagino que se tornará um clássico.

[Buckaroo Banzai]

Os mistérios se resolvem. O filme é muito coerente, dificílimo de ser escrito. O cowboy era uma pessoa que ela conheceu pessoalmente*, e quando ela o vê pela segunda vez, na festa da ex-namorada dela, é a hora em que ela fez algo de errado: ela pagou alguém para matar a antiga amante.

A cena do sexo também tem uma função na história. O sonho é basicamente uma história paralela perfeita em que a ex-namorada dela é perdidamente apaixonada e dependente da protagonista (e se aproxima cada vez mais de ser igual a ela).

É um filme para quem tem tempo e cabeça livre, eu admito. Mas viva a variedade no cinema.

* Quero dizer, o cowboy no sonho é uma projeção do cowboy que ela conheceu 'de verdade'. 

Acredito que devem haver variadas interpretações diametralmente diferentes do filme, cada um defendendo a sua, sem nenhum poder provar que é a "correta", e sem o Lynch ter qualquer registro anterior de qual seria a interpretação correta, caso tenha decidido corroborar alguma a posteriori.

[Price]

Que filmes se assemelham ao Mulholland Drive nessa não-linearidade no roteiro?

[Südenbauer]

Memento, o filme é de trás pra frente. (nesse também o diretor disse que fez para ser visto duas vezes, só que nesse caso tem uma lógica mesmo)

Tem também Irréversible, mas esse já não é assim tão fácil de agradar.

Inland Empire do Lynch também, é no mesmo estilo do Mulholand, só que bem mais surreal, bem menos lógico. Esse eu não curti.

[Rocky Joe]

A lista é enorme. O próprio Grave of The Fireflies citado nas últimas páginas começa com a morte do protagonista.

Pulp Fiction, em que a primeira cena do filme é a última.

Reparação, em que eu não posso contar, porque perde a graça.

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, que também inicia perto do final da história.

Um dos meus filmes prediletos, Amor À Flor da Pele.

Annie Hall, é claro. Cidadão Kane!

É o que consigo lembrar.

Edit: Eu gosto muito de um anime chamado "Baccano", em que a história a todo momento se alterna entre três anos, 1929, 1930 e 1931, e entre mais de dez personagens, e você fica catando os cacos para entender o que realmente está acontecendo. Adoro esse tipo de coisa.

[Rocky Joe]

Eu gosto de outra categoria que Mullolhand Drive faz parte: filmes em que você não sabe se determinadas cenas são "reais", se aconteceram no mundo do filme ou não.

[_tiago]

Drive é um dos melhores filmes que vi dos últimos tempos. Eu imagino que se tornará um clássico.

A trilha sonora também gostei.

[Price]

Procurarei os filmes indicados, obrigado pelas recomendações.

[Buckaroo Banzai]

Memento, o filme é de trás pra frente. (nesse também o diretor disse que fez para ser visto duas vezes, só que nesse caso tem uma lógica mesmo)

Só que tanto quanto me lembro, não só é desnecessário, como a coisa toda faz sentido e não há espaço para dezenas de "interpretações" do roteiro invisível.

[Rocky Joe]

Também gostei da trilha sonora do Drive.

Li em algum lugar - e me parece a melhor forma de ver o filme - que Drive é como a história de pinóquio (!): de como o protagonista se torna um homem de verdade, já que inicialmente ele parece uma máquina (só sabe ir de A a B, seguir suas regras, não questiona nada, sequer entende moral, como mostra a conversa dele com a criança). Mas independente de qualquer interpretação, o filme é muito bom.

Vou ver se encontro o filme na locadora. Já deve ter saído em DVD. Eu vi em péssima qualidade no PC...

Só que tanto quanto me lembro, não só é desnecessário, como a coisa toda faz sentido e não há espaço para dezenas de "interpretações" do roteiro invisível.

Até onde sei, só há uma interpretação que faz sentido do filme. E não é algo tirado da cartola. Há diversas dicas sobre as primeiras duras horas serem um sonho, e os vinte minutos finais não. (Por exemplo, quando a personagem da Naomi Watts liga para a casa em que ela acorda nos vinte minutos finais, ela diz: "É esquisito ligar para si mesma")

Mas mesmo que não fosse assim, eu ainda acho divertido a coisa toda.

[Buckaroo Banzai]

Eu até acho divertidas essas coisas de doideiras sem sentido, e a possibilidade de várias interpretações, o que eu acho que pode ser meio sacal (ainda que haja o lado divertido da coisa também) é o debate sobre "o que ele verdadeiramente quis dizer", qual é a interpretação correta, tudo permeado por uma interminável puxação de saco. Lynch é um troll digno de um dos mais elevados lugares no ranking dos trolls de toda a história.

[Südenbauer]

Nisso eu concordo.

[_tiago]

Vou ver se encontro o filme na locadora. Já deve ter saído em DVD. Eu vi em péssima qualidade no PC...

Opa! Tem sim. Inclusive Blue Ray.

[FZapp]

Eu gosto de outra categoria que Mullolhand Drive faz parte: filmes em que você não sabe se determinadas cenas são "reais", se aconteceram no mundo do filme ou não.

Me lembrei que quando vi M.Drive no cimena, havia um questionário 'proposto' para preencher. Queria ter guardado...

Muito bom filme !

[Lion]

Recentemente eu assisti "Following", gostei muito!

http://cinema10.com.br/filme/following