É, qualquer coisa que as pessoas não deêm crédito, tornam-se complexas demais.
Se um cara que nasceu "transexual", como dizem, for detectado no período ante-fala e levado para um lugar sem o contato com esses monte de conceitos tortuosos que inventam por ai, ele crescerá querendo mudar de sexo?
Eu pessoalmente acho que não, que não seja viável haver inatamente, uma expecativa de identidade genital embutida no cérebro.
O que de qualquer forma não torna a coisa "irreal"; um desejo ou obsessão qualquer não precisa ser inato para ser de verdade, e nem necessariamente, não na maioria das vezes, imagino, foi uma decisão consciente da pessoa, mas algo determinado pelos rumos da vida, seja de forma mais sutil ou mais evidente. São de qualquer forma comportamentos/sentimentos complexos e dificilmente vencidos pela lógica, por mais correta que seja. Talvez mais ou menos similares a um vício.
Em certo sentido, todo mundo tem algo assim, e pode até mesmo ser considerado algo saudável, dar um prazer "ilógico" em viver, em vez da pessoa se render à conclusão até defensavelmente lógica de que a vida não tem sentido e eventualmente vai acabar (especialmente de um ponto de vista materialista), então não havendo sentido algum em aproveitar.
Situações mais difícies podem acontecer se as pessoas acabarem se prendendo a objetivos mais platônicos, mais difíceis de serem alcançados (se puderem), coisas que ninguém conscientemente escolheu na maior parte do tempo, imagino, mas ao mesmo tempo a maior parte das pessoas também não deve ter parado para conscientemente optar que as coisas que o deixariam satisfeito seriam mais fáceis/comuns, apenas foi conduzido a isso quase sem se dar conta.
Sejam mundanos ou exóticos, os objetivos, ou melhor dizendo, paixões, são em muitos casos difíceis de descrever, e se referem muitas vezes a eles como complexos e até mesmo inatos, ainda que de modo geral, de forma mais banal ("eu nasci para isso"), sem pretensões mais profundas de uma afirmação realmente biológica, já que na em mutios dos outros casos mais comuns são coisas mais distantes da biologia, vistas como simplesmente questão de gosto (que não se discute), ou do coração ("nascemos um para o outro") e aceitas como tal sem grande polêmica em boa parte do tempo, ainda que em muitos casos podem também causar dramas pessoais (podendo até ser o próprio objetivo/destino assumido da vida o sofrimento, como no caso dumas donas portuguesas que lembro de terem deixado isso bem explícito num antigo episódio de "Brasil legal" ou outra coisa do tipo com a Regina Casé)
Para alguém, por exemplo, o objetivo da vida pode der pescar. A pessoa pode falar de ser pescador como se fosse a maior maravilha do mundo, e muita gente não conseguiria se identificar com isso. Só outros pescadores apaixonados ou, pessoas que por motivos difícieis de compreender se seduziram pela idéia e ter isso então como um sonho. Para a maioria das pessoas, pescar pode ser bobagem e ter outras coisas muito melhores a se fazer, sendo difícil dar crédito às narrativas do pescador ou dissuadir o encantado com a fantasia.
Ao menos é minha visão mais inclusiva sobre o assunto.