Sabem que está sendo muito legal advogar do outro lado? Libertador, de fato.
CONVERSA DE MENINAS:
Ah, eu acho que deveríamos ter a opção de escolha. Cada um, baseado na sua moral, que opte por abortar ou não. Legalizar o aborto não significa banalizá-lo.
Eu, por motivos ideológicos, não pretendo ter filhos. Caso eu engravide, será que vou ter que colocar um filho indesejado no mundo? Eu me previno, mas até mesmo os métodos com 99,9% de eficácia falham.
Um filho nesse mundo em que vivemos não vale a pena, além do que, eu reconheco que sou egoísta demais para ter um filho. Será que vou ter que esperar até os 20 e tantos anos para fazer laqueadura para me assegurar de que a minha vontade será feita?
Ademais, quem cuida do meu corpo sou eu. Sei das consequências tanto físicas quanto psicológicas de um aborto. Não é fácil. Mas pior seria cuidar de um filho indesejado. Não teria tanto sangue frio a ponto de abandonar a criança. Isso está totalmente fora de cogitação.
Não significa banalizá-lo? Prove!
Não é uma questão de escolha, Carol. A sério, se a gente for viver na base do "desejo" , melhor explodir Brasília e ir todo mundo morar no mato. Pra isso que serve o Estado. Todas as coisas têm riscos, se não quer corrê-los, que não faça (que não VIVA, a propósito). Se fuma, pode ter câncer; se bebe, pode ter doença no fígado; se mora em cidade grande, pode ter ataque cardíaco; se trepa pode ter doença. E pode ter filho. Fim de papo. Visto que os únicos casos de gravidez sem coito são míticos, a pessoa que não trepa se garante em 100%.
Não foi na época de vocês que a rede pública começou a fazer laqueadura, e no nordeste eles laqueavam todo mundo (foi quando começou a ter a restrição de idade/n.o de filhos, não tenho certeza agora). Menina da nossa idade, inclusive. Em que deu? MONTES de gente com DST, se fosse hoje em dia eram MONTES de gente também com aids. Se não mudar esta mentalidade de só buscar contracepção, o mundo vai abaixo.
Enfim. Além do fato de bebê não ser tripa, não ser SEU corpo, a partir do momento que fixa no útero, tá valendo, já não é mais teu, uma coisa me preocupa deveras: dar a criança em adoção é foda, mas matar é ok... Faça-me o favor, né? Que diferença faz, se está nascido ou não? Só proque tu viu a carinha, que bonitinho, fica com pena? Só porque feto não tem estatuto?
Eu igualmente pretendo, se engravidar, engravidar já doutora. E é por isso que, até lá, entro absolutamente em pânico e uso de TODOS os recursos disponíveis. Não pretendo deixar nada estragar a minha carreira, fim de papo. Agora, eu e a minha carreira são problemas MEUS, não de um eventual bebê, não do contribuinte.
Acho que descriminalizar totalmente o aborto é o MAIOR erro, é criação de uma cultura de irresponsabilidade, de uma
mentalidade "não é como eu, quero que se FODA e faço o que quiser". Cultura de morte mesmo.
Além do fato de ser medida paliativa, que facilita deveras a vida do governo. Já diziam antes de nós que o Estado serve pra centralizar a violência, de modo que aqueles dentro dele não se destruam mutuamente; tem que fazer isso valer. Mas isso a gente comenta em outro momento.
Tendo tudo isso em consideração, o que fica é o seguinte: cada um com seus problemas. Eu pago numa boa meu imposto que vai pagar AZT e bolsa escola alheios, porque é pra tentar manter a vida destas pessoas. Mas ai de nós se formos incentivar isso.
E tem também que acabar isso de estupro presumido que é a maior bobagem, 14 anos não é mais criança, como em 40 (?), e tem que estar na lei.