Pensando melhor sobre isso, a gente pode concluir que um dos melhores argumentos para a existência de um Jesus histórico está
numa inconsistência do relato da vida de Cristo: ele era um homem que se dizia o Messias e que iria libertar os fiéis. No entanto,
aparentemente foi executado pelos romanos. Portanto, ou ele estava mentindo ou era um lunático qualquer. Não faria sentido usar
essa história para angariar fiéis. Para remediar isso, basta forjar algumas passagens, reinterpretar outras e passamos a ter um
"Messias" que alegava que seu reino não era deste mundo e que, além disso, foi reiterpretado como sendo o "cordeiro de deus" que
veio ser sacrificado para expiar os pecados do homem (o que por si só já é uma interpretação bem estranha - os homens pecam,
mas é deus quem manda seu filho para ser sacrificado). Essa interpretação, embora ainda não faça muito sentido, é mais palatável
para os judeus da época. Talvez, se alguem quisesse inventar a história de Jesus desde o começo, poderia dar a ela um final
que fizesse mais sentido: "Jesus, depois de ensinar sua palavra por vários anos, retira-se para o deserto com alguns apóstolos
para levá-los ao seu reino, e eles nunca mais são vistos. The End [1]". Isso pode ser visto como um indício, bastante indireto, da
existência de um suposto suposto messias que foi executado no século I. Mas, como eu já disse antes, isso não é muito diferente
de ele não ter existido.
[1] Curiosamente, isso ficou parecido com o final de O Senhor dos Anéis!
