Autor Tópico: "Racismo"  (Lida 50559 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:"Racismo"
« Resposta #100 Online: 21 de Maio de 2015, 12:27:05 »
Um sistema eficiente não teria ladrões, eles seriam não-fabricados pela oportunidade de ser um membro produtivo da sociedade. Etc.

Quando uma coisa falha, você faz a próxima coisa aquém do ideal, ainda possível para minimizar os danos. Uma delas é policiamento, a polícia mostrar estar vigilante.

A abordagem "indiscriminada", ou preferencial aos perfis mais associados à prática de crimes pode não exigir o uso do cérebro -- essa é a intenção de heurística -- mas não significa que não seja inteligente mesmo assim, e funcional, por desencorajamento dos potenciais criminosos a atuarem nas redondezas.

Eu ficaria muito surpreso se uma pessoa, de qualquer raça, dona ou que trabalhe em um estabelecimento comercial, fosse preferir que acabassem as abordagens policiais próximas, mesmo que essas pessoas sejam das mesmas raças que mais cometem crimes na área e eventuamente passem por abordagens (tirando claro, a possibilidade de ter ou trabalhar em estabelecimento em área de criminalidade mínima mesmo sem policiamento -- ainda mais se lá também chovesse suco de maracujá). Ficaria muito surpreso se bandidos não preferissem atuar em locais onde vêem menos a polícia atuando.

Isso no entanto deve acontecer dissociado de racismo* e brutalidade policial. Algumas notícias sobre as UPPs eram bastante positivas quanto a isso, a opinião da população destoando completamente do que mais típicamente sai nos jornais, de mães e parentes de pessoas mortas pela polícia denunciando brutalidade e racismo, mas sendo altamente favoráveis à presença policial.



* onde eu ainda consideraria que uma desproporção em abordagens não é necessariamente o caso, da mesma forma que normalmente não se costuma considerar perseguição as desproporções numericamente "etaristas", "sexistas", e de acordo com um tipo de veículo, etc.





Citar
"o serviço de inteligência levantou a informação de que os crimes praticados nessa área são feitos por 2 indivíduos em uma moto de cor X, marca e modelo Y e capacetes Z".

Quando se tem esse padrão tão específico, ótimo. Não sei se sempre se tem, até porque comumente deve haver mais de dois caras praticando crimes numa "área", e provavelmente nem ficam sempre convenientemente com as mesmas motos ou roupas.

Acho que não raramente se terá uma série de ocorrências variadas numa região, muito provavelmente implicando haver mais de dois indivíduos criminosos, e sem tanta "precisão" quanto a marca de moto, capacetes (quando for o caso), etc. Acho que muito mais provavelmente em vez disso deverá ser comumente mais um perfil sexual, etário, étnico, e algumas vezes fisionômico, de um número indefinido de perpetradores.

Offline Sergiomgbr

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Re:"Racismo"
« Resposta #101 Online: 21 de Maio de 2015, 12:38:41 »
Está ficando complicado.

Está. A parte que a polícia é agressiva etc. é por sua conta, não tava no enunciado.

Mas isso é truculência, não racismo. Ou não?

Se ele não faz isso com um marrom, não.
'Ele' quem?
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Diegojaf

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Re:"Racismo"
« Resposta #102 Online: 21 de Maio de 2015, 13:32:09 »
Um sistema eficiente não teria ladrões, eles seriam não-fabricados pela oportunidade de ser um membro produtivo da sociedade. Etc.

Quando uma coisa falha, você faz a próxima coisa aquém do ideal, ainda possível para minimizar os danos. Uma delas é policiamento, a polícia mostrar estar vigilante.

A abordagem "indiscriminada", ou preferencial aos perfis mais associados à prática de crimes pode não exigir o uso do cérebro -- essa é a intenção de heurística -- mas não significa que não seja inteligente mesmo assim, e funcional, por desencorajamento dos potenciais criminosos a atuarem nas redondezas.

A questão é que a primeira coisa não falhou, ela sequer é aplicada. Trabalhar no sintoma com as abordagens e ignorar o problema é fácil, burro e barato (pro Estado).

Eu ficaria muito surpreso se uma pessoa, de qualquer raça, dona ou que trabalhe em um estabelecimento comercial, fosse preferir que acabassem as abordagens policiais próximas, mesmo que essas pessoas sejam das mesmas raças que mais cometem crimes na área e eventuamente passem por abordagens (tirando claro, a possibilidade de ter ou trabalhar em estabelecimento em área de criminalidade mínima mesmo sem policiamento -- ainda mais se lá também chovesse suco de maracujá). Ficaria muito surpreso se bandidos não preferissem atuar em locais onde vêem menos a polícia atuando.

Ninguém reclama de abordagem policial, até o momento em que é abordado e diz que está sendo constrangido, é embaraçoso e vergonhoso e que a polícia não prende bandido. Eu enxergo esse argumento da mesma maneira que vejo quem diz que no Brasil não existe preconceito, porque com ele não acontece.

Normalmente quem defende a atuação indiscriminada com o uso da busca pessoal é exatamente aquele que não tem o perfil de sofrer com ela.

Isso no entanto deve acontecer dissociado de racismo* e brutalidade policial. Algumas notícias sobre as UPPs eram bastante positivas quanto a isso, a opinião da população destoando completamente do que mais típicamente sai nos jornais, de mães e parentes de pessoas mortas pela polícia denunciando brutalidade e racismo, mas sendo altamente favoráveis à presença policial.

* onde eu ainda consideraria que uma desproporção em abordagens não é necessariamente o caso, da mesma forma que normalmente não se costuma considerar perseguição as desproporções numericamente "etaristas", "sexistas", e de acordo com um tipo de veículo, etc.

As UPP's foram lindas, até o momento em que o resto dos demais serviços que o Estado forneceria para tirar aquelas pessoas da margem do desenvolvimento foram abandonados e só deixaram containers com policiais vigiando a favela, mais ou menos como o cão de guarda que você deixa no limite do seu jardim pra ninguém entrar. Agora elas estão mergulhadas em denuncias de corrupção e até mesmo envolvimento com o tráfico.

Citar
"o serviço de inteligência levantou a informação de que os crimes praticados nessa área são feitos por 2 indivíduos em uma moto de cor X, marca e modelo Y e capacetes Z".

Quando se tem esse padrão tão específico, ótimo. Não sei se sempre se tem, até porque comumente deve haver mais de dois caras praticando crimes numa "área", e provavelmente nem ficam sempre convenientemente com as mesmas motos ou roupas.

Acho que não raramente se terá uma série de ocorrências variadas numa região, muito provavelmente implicando haver mais de dois indivíduos criminosos, e sem tanta "precisão" quanto a marca de moto, capacetes (quando for o caso), etc. Acho que muito mais provavelmente em vez disso deverá ser comumente mais um perfil sexual, etário, étnico, e algumas vezes fisionômico, de um número indefinido de perpetradores.

Você se surpreenderia.

Pelo seu ponto de vista, já que não é constrangedor "at all", que se institua um estado policial de vez, com fiscalização pesada e exames de raio-x a partir do momento em que sai de casa. O paradoxo Liberdade X Segurança estaria finalmente resolvido e todos estariam felizes.

Mas pelo seu ponto de vista, vale a pensa sacrificar a liberdade só daqueles que se encaixam em um perfil que eu imagino não seja o seu, certo?
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:"Racismo"
« Resposta #103 Online: 21 de Maio de 2015, 13:54:09 »
Não, tudo tinha que ser ideal, para todos.

Deveriam acabar com abordagens a motos, por exemplo. Não importa que mais de 60% dos crimes estejam ocorrendo de moto, ou qualquer perfil que seja. Ou se aborda a todas as pessoas, igualmente, ou ninguém. Etc.

E mesmo assim resolver todos os crimes, e prevenir toda a criminalidade e etc. Do jeito que for mais agradável a todas as pessoas, sem causar qualquer incômodo a quem quer que seja. Qualquer abordagem policial que houver a uma pessoa não-criminosa deve ser considerada CRIME e punida severamente. É um assédio, difamação, desmoralização, e traz efeitos para o resto da vida da pessoa. E o indivíduo não é obrigado a produzir prova contra si próprio, então nem deveria ter obrigação de colaborar com esses procedimentos ditatoriais, que só servem de abuso e coleta de propina.

Sempre deve-se respeitar aos direitos humanos, acima de tudo.


1 - prende-se todos os policiais corruptos

2 - previne-se todo o crime através de oportunidade e igualdade

3 - paz e harmonia social


Offline Diegojaf

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Re:"Racismo"
« Resposta #104 Online: 21 de Maio de 2015, 13:59:28 »
Não, tudo tinha que ser ideal, para todos.

Deveriam acabar com abordagens a motos, por exemplo. Não importa que mais de 60% dos crimes estejam ocorrendo de moto, ou qualquer perfil que seja. Ou se aborda a todas as pessoas, igualmente, ou ninguém. Etc.

E mesmo assim resolver todos os crimes, e prevenir toda a criminalidade e etc. Do jeito que for mais agradável a todas as pessoas, sem causar qualquer incômodo a quem quer que seja. Qualquer abordagem policial que houver a uma pessoa não-criminosa deve ser considerada CRIME e punida severamente. É um assédio, difamação, desmoralização, e traz efeitos para o resto da vida da pessoa. E o indivíduo não é obrigado a produzir prova contra si próprio, então nem deveria ter obrigação de colaborar com esses procedimentos ditatoriais, que só servem de abuso e coleta de propina.

Sempre deve-se respeitar aos direitos humanos, acima de tudo.


1 - prende-se todos os policiais corruptos

2 - previne-se todo o crime através de oportunidade e igualdade

3 - paz e harmonia social



Tradução: "Eu não sou alvo de nenhuma política discriminatória, então que se foda..."
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Pedro Reis

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Re:"Racismo"
« Resposta #105 Online: 21 de Maio de 2015, 14:52:03 »
Um sistema eficiente não teria ladrões, eles seriam não-fabricados pela oportunidade de ser um membro produtivo da sociedade. Etc.

Quando uma coisa falha, você faz a próxima coisa aquém do ideal, ainda possível para minimizar os danos. Uma delas é policiamento, a polícia mostrar estar vigilante.

A abordagem "indiscriminada", ou preferencial aos perfis mais associados à prática de crimes pode não exigir o uso do cérebro -- essa é a intenção de heurística -- mas não significa que não seja inteligente mesmo assim, e funcional, por desencorajamento dos potenciais criminosos a atuarem nas redondezas.

A questão é que a primeira coisa não falhou, ela sequer é aplicada. Trabalhar no sintoma com as abordagens e ignorar o problema é fácil, burro e barato (pro Estado).

Eu ficaria muito surpreso se uma pessoa, de qualquer raça, dona ou que trabalhe em um estabelecimento comercial, fosse preferir que acabassem as abordagens policiais próximas, mesmo que essas pessoas sejam das mesmas raças que mais cometem crimes na área e eventuamente passem por abordagens (tirando claro, a possibilidade de ter ou trabalhar em estabelecimento em área de criminalidade mínima mesmo sem policiamento -- ainda mais se lá também chovesse suco de maracujá). Ficaria muito surpreso se bandidos não preferissem atuar em locais onde vêem menos a polícia atuando.

Ninguém reclama de abordagem policial, até o momento em que é abordado e diz que está sendo constrangido, é embaraçoso e vergonhoso e que a polícia não prende bandido. Eu enxergo esse argumento da mesma maneira que vejo quem diz que no Brasil não existe preconceito, porque com ele não acontece.

Normalmente quem defende a atuação indiscriminada com o uso da busca pessoal é exatamente aquele que não tem o perfil de sofrer com ela.

Isso no entanto deve acontecer dissociado de racismo* e brutalidade policial. Algumas notícias sobre as UPPs eram bastante positivas quanto a isso, a opinião da população destoando completamente do que mais típicamente sai nos jornais, de mães e parentes de pessoas mortas pela polícia denunciando brutalidade e racismo, mas sendo altamente favoráveis à presença policial.

* onde eu ainda consideraria que uma desproporção em abordagens não é necessariamente o caso, da mesma forma que normalmente não se costuma considerar perseguição as desproporções numericamente "etaristas", "sexistas", e de acordo com um tipo de veículo, etc.

As UPP's foram lindas, até o momento em que o resto dos demais serviços que o Estado forneceria para tirar aquelas pessoas da margem do desenvolvimento foram abandonados e só deixaram containers com policiais vigiando a favela, mais ou menos como o cão de guarda que você deixa no limite do seu jardim pra ninguém entrar. Agora elas estão mergulhadas em denuncias de corrupção e até mesmo envolvimento com o tráfico.

Citar
"o serviço de inteligência levantou a informação de que os crimes praticados nessa área são feitos por 2 indivíduos em uma moto de cor X, marca e modelo Y e capacetes Z".

Quando se tem esse padrão tão específico, ótimo. Não sei se sempre se tem, até porque comumente deve haver mais de dois caras praticando crimes numa "área", e provavelmente nem ficam sempre convenientemente com as mesmas motos ou roupas.

Acho que não raramente se terá uma série de ocorrências variadas numa região, muito provavelmente implicando haver mais de dois indivíduos criminosos, e sem tanta "precisão" quanto a marca de moto, capacetes (quando for o caso), etc. Acho que muito mais provavelmente em vez disso deverá ser comumente mais um perfil sexual, etário, étnico, e algumas vezes fisionômico, de um número indefinido de perpetradores.

Você se surpreenderia.

Pelo seu ponto de vista, já que não é constrangedor "at all", que se institua um estado policial de vez, com fiscalização pesada e exames de raio-x a partir do momento em que sai de casa. O paradoxo Liberdade X Segurança estaria finalmente resolvido e todos estariam felizes.

Mas pelo seu ponto de vista, vale a pensa sacrificar a liberdade só daqueles que se encaixam em um perfil que eu imagino não seja o seu, certo?

Congratulations!

É esperançoso ver este discurso e esta consciência, e esta lucidez, vinda de um homem que trabalha na força policial. Certamente alguém que conhece mais sobre a realidade de que está falando do que a maioria dos palpiteiros teóricos aqui ( entre os quais me incluo ).

Dito isto, lamento sua ausência no debate sobre a pena de morte.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:"Racismo"
« Resposta #106 Online: 21 de Maio de 2015, 14:59:40 »
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3. Baculejo ilegal – Portanto, o baculejo será ilegal quando caracterizar-se como atividade estatal preventiva de delito. Como ocorre, por exemplo, no chamado bloqueio relâmpago ou blitz que realiza também a busca pessoal de maneira genérica – sem a fundada suspeita. Todos que forem parados no bloqueio são revistados. Essa atividade do Estado não tem previsão na ordem jurídica. Entenda-se bem. A blitz de trânsito, aquela que fiscaliza documentos e condições do veículo tem previsão legal no Código de Trânsito. Ilegal é o bloqueio policial que submete o cidadão ao baculejo como ação preventiva de delito. Ele não é suspeito de ocultar nada. Na verdade, é um azarado, estava no local errado na hora errada; por isso obrigado a descer do carro, mãos na cabeça, ser apalpado e o carro vasculhado, sob a mira de arma de fogo e aos olhos de todos.

Da mesma forma, o baculejo é ilegal quando o policial revista um cidadão que estava em local público (por exemplo, andando na rua ou em um bar) com base no ”kit-peba” (rapaz de casacão largo, chinelo e bermudão – Correio Brasiliense, 27/01/01). E vários outros exemplos que o leitor conhece por ouvir dizer, se for Profissional do Direito Penal, ou por ciência própria, se não for.

http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=929

De fato é tudo ilegal isso. Nem sabia.

Offline Diegojaf

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Re:"Racismo"
« Resposta #107 Online: 21 de Maio de 2015, 16:03:22 »
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3. Baculejo ilegal – Portanto, o baculejo será ilegal quando caracterizar-se como atividade estatal preventiva de delito. Como ocorre, por exemplo, no chamado bloqueio relâmpago ou blitz que realiza também a busca pessoal de maneira genérica – sem a fundada suspeita. Todos que forem parados no bloqueio são revistados. Essa atividade do Estado não tem previsão na ordem jurídica. Entenda-se bem. A blitz de trânsito, aquela que fiscaliza documentos e condições do veículo tem previsão legal no Código de Trânsito. Ilegal é o bloqueio policial que submete o cidadão ao baculejo como ação preventiva de delito. Ele não é suspeito de ocultar nada. Na verdade, é um azarado, estava no local errado na hora errada; por isso obrigado a descer do carro, mãos na cabeça, ser apalpado e o carro vasculhado, sob a mira de arma de fogo e aos olhos de todos.

Da mesma forma, o baculejo é ilegal quando o policial revista um cidadão que estava em local público (por exemplo, andando na rua ou em um bar) com base no ”kit-peba” (rapaz de casacão largo, chinelo e bermudão – Correio Brasiliense, 27/01/01). E vários outros exemplos que o leitor conhece por ouvir dizer, se for Profissional do Direito Penal, ou por ciência própria, se não for.

http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=929

De fato é tudo ilegal isso. Nem sabia.

Essas posições são novas. Nem de perto majoritárias, mas vem crescendo pontualmente, especialmente nos tribunais superiores.

Eu vejo isso como forma de forças o sistema de segurança pública a se especializar, se tornar técnico e consequentemente, mais eficiente. "Dar geral" é coisa do passado. Não gera benefícios a longo prazo e só possuem efeito local enquanto a polícia está ali. Policiamento Orientado para o Problema (POP) é hoje a maneira mais eficiente de trabalhar, não é nenhuma mágica e só não é utilizado porque força a polícia a pensar e ter que trabalhar em conjunto com outras instituições, o que é demais para o ego de alguns.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Diegojaf

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Re:"Racismo"
« Resposta #108 Online: 21 de Maio de 2015, 16:05:25 »
Dito isto, lamento sua ausência no debate sobre a pena de morte.

Eu participei.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:"Racismo"
« Resposta #109 Online: 21 de Maio de 2015, 18:31:24 »
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3. Baculejo ilegal – Portanto, o baculejo será ilegal quando caracterizar-se como atividade estatal preventiva de delito. Como ocorre, por exemplo, no chamado bloqueio relâmpago ou blitz que realiza também a busca pessoal de maneira genérica – sem a fundada suspeita. Todos que forem parados no bloqueio são revistados. Essa atividade do Estado não tem previsão na ordem jurídica. Entenda-se bem. A blitz de trânsito, aquela que fiscaliza documentos e condições do veículo tem previsão legal no Código de Trânsito. Ilegal é o bloqueio policial que submete o cidadão ao baculejo como ação preventiva de delito. Ele não é suspeito de ocultar nada. Na verdade, é um azarado, estava no local errado na hora errada; por isso obrigado a descer do carro, mãos na cabeça, ser apalpado e o carro vasculhado, sob a mira de arma de fogo e aos olhos de todos.

Da mesma forma, o baculejo é ilegal quando o policial revista um cidadão que estava em local público (por exemplo, andando na rua ou em um bar) com base no ”kit-peba” (rapaz de casacão largo, chinelo e bermudão – Correio Brasiliense, 27/01/01). E vários outros exemplos que o leitor conhece por ouvir dizer, se for Profissional do Direito Penal, ou por ciência própria, se não for.

http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=929

De fato é tudo ilegal isso. Nem sabia.

Essas posições são novas. Nem de perto majoritárias, mas vem crescendo pontualmente, especialmente nos tribunais superiores.

Eu vejo isso como forma de forças o sistema de segurança pública a se especializar, se tornar técnico e consequentemente, mais eficiente. "Dar geral" é coisa do passado. Não gera benefícios a longo prazo e só possuem efeito local enquanto a polícia está ali. Policiamento Orientado para o Problema (POP) é hoje a maneira mais eficiente de trabalhar, não é nenhuma mágica e só não é utilizado porque força a polícia a pensar e ter que trabalhar em conjunto com outras instituições, o que é demais para o ego de alguns.

Como "policiamento orientado para o problema" faz com que os criminosos sejam dissuadidos de agir quando a polícia não está onde há oportunidade de um crime?



http://en.wikipedia.org/wiki/Routine_activity_theory





Não só prender menores que tenham cometido crimes leves tem um efeito de aumentar a tendência a cometerem crimes mais graves, mas o stop-and-frisk dentro de alguma propensão acaba sendo encorajador a cometer crimes:

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The key finding is that with participants matched for propensity, those who had contact with the police at time two (compared with those who didn’t) said at time three that they’d feel less guilt if they committed various offences from theft to violence; they expressed more agreement with various “neutralisation” scenarios (e.g. it’s OK to lie to keep yourself out of trouble); they were more committed to their deviant peers (e.g. they planned to continue hanging out with friends who’d been arrested); and finally, they said they’d engaged in more offending behaviour, from skipping classes to taking drugs or being violent. This pattern of results differed little whether police contact involved being arrested or merely being stopped.

http://freakonomics.com/2013/08/02/how-does-stop-and-frisk-change-attitudes/


Offline DDV

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Re:"Racismo"
« Resposta #110 Online: 21 de Maio de 2015, 19:32:55 »
Como você explica a política de "tolerância zero" ao crime implementada em NY a partir dos anos 80, e a que vigora na Indonésia, produzirem resultados tão marcantes na redução da criminalidade?
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Barata Tenno

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Re:"Racismo"
« Resposta #111 Online: 21 de Maio de 2015, 19:35:21 »
Como você explica a política de "tolerância zero" ao crime implementada em NY a partir dos anos 80, e a que vigora na Indonésia, produzirem resultados tão marcantes na redução da criminalidade?

Tolerância zero prendia criminosos, não assediava pessoas com base na cor da pele.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Buckaroo Banzai

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Re:"Racismo"
« Resposta #112 Online: 21 de Maio de 2015, 20:06:47 »
Na verdade essa é uam das críticas feitas, junto a que, em outras regiões, resultados similares foram obtidos sem esse método e sem os efeitos prejudiciais resultantes.

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Zero Tolerance: A Case Study of Police Policies and Practices in New York City

    Judith A. Greene

Abstract

The police reforms introduced in New York City by William Bratton are now hailed by Mayor Rudy Giuliani as the epitome of “zero-tolerance” policing, and he credits them for winning dramatic reductions in the city's crime rate. But the number of citizen complaints filed before the Civilian Complaint Review Board has jumped skyward, as has the number of lawsuits alleging police misconduct and abuse offorce. Comparison of crime rates, arrest statistics, and citizen complaints in New York with those in San Diego—where a more problem-oriented community policing strategy has been implemented—gives strong evidence that effective crime control can be achieved while producing fewer negative impacts on urban neighborhoods.





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[...] The first time Riko Guzman was frisked by the NYPD was in front of his own home. He was sitting on his stoop in the Hunts Point neighborhood of the Bronx when a police car carrying three officers pulled up in front of him. As they exited the car, one of them shouted, "Freeze! Don't move!"

Circling him on the steps up to his front door, the police pulled Guzman up to a standing position and began patting him down. They dug into his pants pockets, lifted up his shirt, and made him take off his shoes. When Guzman protested that he was sitting in front of his own house, one of the officers responded that he didn't belong in the neighborhood. The police told him to put his shoes back on and then ordered him to leave the area. Guzman was 11 years old.

"It was very confusing to me," Guzman recently told me. "Before that incident I thought [the police] were heroes. When they violated me like that, it was like seeing Batman or Superman slap a baby."

[...]

http://www.theatlantic.com/national/archive/2013/01/stop-and-frisk-may-be-working-but-is-it-racist/267417/



Ainda sobre stop-and-frisk:


http://www.theatlantic.com/national/archive/2013/01/stop-and-frisk-may-be-working-but-is-it-racist/267417/


Offline Diegojaf

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Re:"Racismo"
« Resposta #113 Online: 21 de Maio de 2015, 20:09:23 »
Como você explica a política de "tolerância zero" ao crime implementada em NY a partir dos anos 80, e a que vigora na Indonésia, produzirem resultados tão marcantes na redução da criminalidade?

O próprio Freaknomics citado pelo Buckaroo questiona o Tolerância Zero em NY, e coloca na conta da legalização do aborto no estado de Nova York a redução do crime, dizendo que os criminosos que naquela época estariam começando a cometer crimes, jamais haviam nascido justamente por terem sido exatamente os grupos mais pobres (latinos católicos e negros) os que mais passaram a abortar, ajudando no planejamento familiar e consequentemente, evitando evasão escolar, aumentando a educação e melhorando a renda.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Diegojaf

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Re:"Racismo"
« Resposta #114 Online: 21 de Maio de 2015, 20:36:38 »
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3. Baculejo ilegal – Portanto, o baculejo será ilegal quando caracterizar-se como atividade estatal preventiva de delito. Como ocorre, por exemplo, no chamado bloqueio relâmpago ou blitz que realiza também a busca pessoal de maneira genérica – sem a fundada suspeita. Todos que forem parados no bloqueio são revistados. Essa atividade do Estado não tem previsão na ordem jurídica. Entenda-se bem. A blitz de trânsito, aquela que fiscaliza documentos e condições do veículo tem previsão legal no Código de Trânsito. Ilegal é o bloqueio policial que submete o cidadão ao baculejo como ação preventiva de delito. Ele não é suspeito de ocultar nada. Na verdade, é um azarado, estava no local errado na hora errada; por isso obrigado a descer do carro, mãos na cabeça, ser apalpado e o carro vasculhado, sob a mira de arma de fogo e aos olhos de todos.

Da mesma forma, o baculejo é ilegal quando o policial revista um cidadão que estava em local público (por exemplo, andando na rua ou em um bar) com base no ”kit-peba” (rapaz de casacão largo, chinelo e bermudão – Correio Brasiliense, 27/01/01). E vários outros exemplos que o leitor conhece por ouvir dizer, se for Profissional do Direito Penal, ou por ciência própria, se não for.

http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=929

De fato é tudo ilegal isso. Nem sabia.

Essas posições são novas. Nem de perto majoritárias, mas vem crescendo pontualmente, especialmente nos tribunais superiores.

Eu vejo isso como forma de forças o sistema de segurança pública a se especializar, se tornar técnico e consequentemente, mais eficiente. "Dar geral" é coisa do passado. Não gera benefícios a longo prazo e só possuem efeito local enquanto a polícia está ali. Policiamento Orientado para o Problema (POP) é hoje a maneira mais eficiente de trabalhar, não é nenhuma mágica e só não é utilizado porque força a polícia a pensar e ter que trabalhar em conjunto com outras instituições, o que é demais para o ego de alguns.

Como "policiamento orientado para o problema" faz com que os criminosos sejam dissuadidos de agir quando a polícia não está onde há oportunidade de um crime?

Trabalhando em medidas que vão surtir efeitos a longo prazo. Presença policial é a menos efetiva de todas as medidas de combate ao crime, porque os efeitos dela não se estendem pelo tempo e não alcançam a área além.

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http://en.wikipedia.org/wiki/Routine_activity_theory

Esse triângulo, que é apresentado na primeira aula de qualquer classe de sociologia do crime é um fetiche antigo de vitimologistas tem uma configuração diferente hoje:


E veja como ele se aplica e como os policiais estão preocupados com o cidadão de bem, e não com os vagabundos:

• Para o alvo/vítima, o controle é o guardião capaz da definição original da teoria da atividade rotineira – geralmente pessoas protegendo a si mesmas, os seus próprios pertences e os pertences dos membros da família, amigos e colegas de trabalho. Guardiães também incluem a polícia pública e a segurança privada.

• Para o infrator,o controle é o supervisor, alguém que conhece bem o infrator e que está na posição de exercer algum controle sobre as ações dele. Supervisores incluem os pais, irmãos, professores, amigos e cônjuges. Autoridades como guardas da condicional e os oficiais da justiça que acompanham infratores, que não foram colados na prisão, mas cumprem pena em liberdade frequentemente aumentam a eficiência dos supervisores comuns ou os substituem.

• Para o local, o controle é o gerente, o proprietário ou seu representante que tem alguma responsabilidade em controlar comportamentos em locais específicos, como por exemplo um motorista de ônibus ou um professor na escola, proprietários de bares que vendem bebidas alcoólicas, locatários, ou assistentes de vôo de aviões comerciais.
(Fonte: Ronald V. Clarke & John E. Eck)


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Não só prender menores que tenham cometido crimes leves tem um efeito de aumentar a tendência a cometerem crimes mais graves, mas o stop-and-frisk dentro de alguma propensão acaba sendo encorajador a cometer crimes:

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The key finding is that with participants matched for propensity, those who had contact with the police at time two (compared with those who didn’t) said at time three that they’d feel less guilt if they committed various offences from theft to violence; they expressed more agreement with various “neutralisation” scenarios (e.g. it’s OK to lie to keep yourself out of trouble); they were more committed to their deviant peers (e.g. they planned to continue hanging out with friends who’d been arrested); and finally, they said they’d engaged in more offending behaviour, from skipping classes to taking drugs or being violent. This pattern of results differed little whether police contact involved being arrested or merely being stopped.

http://freakonomics.com/2013/08/02/how-does-stop-and-frisk-change-attitudes/

Nesse mesmo livro do Clarke e do Eck, eles dizem que a aplicação da lei (esperar o crime para prender) por si só, é pouco eficiente para resolver o problema. No POP e em outros métodos (são vários utilizados juntos, SARA, Broken Windows, Policiamento Orientado pela inteligência (meu preferido), Compstat, etc...)
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Re:"Racismo"
« Resposta #116 Online: 22 de Maio de 2015, 09:05:31 »
Quais seriam as principais "medidas que vão surtir efeitos a longo prazo"?

Do livro:

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O modelo padrão é caracterizado pela sua dependência em relação à imposição da lei e falta de foco. Aqui nós encontramos patrulhamento geral para prender infratores, resposta rápida a uma grande variedade de chamadas para o serviço policial, atualização de investigações iniciais de crime, e outras atividades direcionadas para garantir o cumprimento da lei que fazem pouca distinção entre as características das pessoas, lugares, horas, ou situações. Confrontados com a demanda pública pela redução do crime, autoridades públicas e a imprensa que estão apegados ao modelo padrão irão solicitar mais policiais, diminuição no tempo de resposta policial, maior visibilidade da polícia, taxas mais altas de sucesso nas investigações, e mais detenções. (Já viu algo assim aqui?!?)Igualmente importante é o que a imprensa e as autoridades públicas não exigem – maior precisão sobre quem, o quê, quando, onde, por quê, e como os crimes acontecem, distinções entre tipos de crime, participação de outras instituições públicas e privadas na solução de crimes, ou a implementação de alternativas ao modelo padrão.

Algumas das primeiras pesquisas sobre eficiência policial abordaram aspectos do modelo padrão. Essas tem consistentemente falhado em descobrir que o modelo padrão não tem nenhum efeito perceptível sobre o crime, desordem, ou medo de crime. Patrulha aleatória, resposta rápida, atualização de investigações iniciais, e políticas de detenção podem ser muito benéficas para outros fins, mas não deveríamos esperar que nenhuma dessas práticas tenham um impacto sobre o crime ou a desordem. Tampouco existem provas sólidas que a inclusão de novos policiais para levar a cabo essas práticas afetará o crime.

[...]

O policiamento orientado-para-problema emprega ambos elementos – combina o uso de diversos modelos com ação focalizada. O quanto isso é eficiente? Existe um grande número de avaliação de evidências aqui empregando métodos de pesquisa de fraco-a-forte que consistentemente descobrem que essa combinação realmente reduz o crime e a desordem. Em primeiro lugar, muitos esforços de solução-de-problema têm sido empregados depois que os esforços concentrados na garantia do cumprimento da lei falharam na produção de efeitos duradouros no crime, então algo mais necessita ser feito. Num dos primeiros exemplos, a polícia de Newport News, Virginia, teve que lutar contra as taxas excepcionais de roubo nos apartamentos em Nova Briarfield por mais de uma década. Eles obtiveram alguns resultados de curto prazo a partir do emprego de vários métodos direcionados para garantir o cumprimento da lei, tais como as patrulhas a pé e os programas de distritos policiais menores. Mas, cada vez que a polícia não era empregada em Nova Briarfield, o aumento da taxa de ocorrências resurgia. Foi apenas após o emprego do modelo orientado-para-problema – envolvendo cidadãos, a autoridade de habitação pública, o departamento de bombeiros, o departamento de regulação de códigos da cidade, e o departamento de moradia e desenvolvimento urbano dos Estados Unidos – que a polícia foi capaz de reduzir substancialmente as ocorrências de roubos a edifícios. Em segundo lugar, David Weisburd e Lorraine Green descobriram, através de um experimento aleatório, que a solução-de-problemas teve um impacto muito maior quando o modelo orientado-para-problema em pontos quentes de drogas foi comparado ao modelo tradicional de garantir o cumprimento da lei em zonas quentes de tráfico de drogas na cidade de Jersey, New Jersey. Assim, apesar da estratégia focalizada de garantir o cumprimento
da lei ser mais eficaz do que a não focalizada, o método focalizado de solução-de-problema ainda é mais eficaz.

As lições durante um terço de um século de pesquisa são agora claras. O trabalho eficiente da polícia exige tanta atenção focalizada quanto o emprego de diversos métodos. O policiamento menos eficiente não usa nenhum desses elementos. A explicação para isto é igualmente clara. Se diversos métodos são utilizados sem foco, é mais difícil empregar o método adequado para os lugares e pessoas que mais necessitam dele. Se policiais estão centrados nas zonas quentes, mas apenas fazem cumprir a lei, eles limitam a eficiência do método. Uma agência de polícia inteiramente eficiente deve tirar vantagem dos detalhes das situações de crime para reduzir as oportunidades de crime. Analistas de crime têm papéis importantes no emprego de ambos elementos –focando com precisão através do uso de seus métodos analíticos, e ajudando a criar táticas policiais apropriadas que levem em conta os detalhes dos problemas que eles têm revelado. Isso torna o século 21 o século da análise de crime no policiamento

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Re:"Racismo"
« Resposta #117 Online: 22 de Maio de 2015, 13:14:37 »
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Foi apenas após o emprego do modelo orientado-para-problema – envolvendo cidadãos, a autoridade de habitação pública, o departamento de bombeiros, o departamento de regulação de códigos da cidade, e o departamento de moradia e desenvolvimento urbano dos Estados Unidos – que a polícia foi capaz de reduzir substancialmente as ocorrências de roubos a edifícios.

Todos esses passaram a andar em pequenos bandos, armados com tacapes?

Depois eu procuro mais para entender melhor o que exatamente é feito de diferente.

Offline Diegojaf

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Re:"Racismo"
« Resposta #118 Online: 22 de Maio de 2015, 13:38:26 »
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Foi apenas após o emprego do modelo orientado-para-problema – envolvendo cidadãos, a autoridade de habitação pública, o departamento de bombeiros, o departamento de regulação de códigos da cidade, e o departamento de moradia e desenvolvimento urbano dos Estados Unidos – que a polícia foi capaz de reduzir substancialmente as ocorrências de roubos a edifícios.

Todos esses passaram a andar em pequenos bandos, armados com tacapes?

Depois eu procuro mais para entender melhor o que exatamente é feito de diferente.

¬¬

Acho que você não está conseguindo entender que nem todos os problemas relacionados à violência são, necessariamente, oriundos de problemas policiais.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:"Racismo"
« Resposta #119 Online: 22 de Maio de 2015, 13:49:26 »
Não estou mesmo. O mais "óbvio" seria que esses edifícios tenham trancas melhores, e talvez vigias particulares para chamar a polícia em caso de atividade suspeita, talvez ao mesmo tempo em que estão mais cientes de "horários de pico" para esse tipo de crime. Difícil entender o que bombeiros e todo mundo mais colaboraria com isso, ou com qualquer outra coisa relacionada.

Imediatamente só me ocorre a imagem-cartum de bandidos tentando arrombar uma porta e sendo varridos por um jato d'água dos bombeiros.

Offline Diegojaf

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Re:"Racismo"
« Resposta #120 Online: 22 de Maio de 2015, 14:02:07 »
Não estou mesmo. O mais "óbvio" seria que esses edifícios tenham trancas melhores, e talvez vigias particulares para chamar a polícia em caso de atividade suspeita, talvez ao mesmo tempo em que estão mais cientes de "horários de pico" para esse tipo de crime. Difícil entender o que bombeiros e todo mundo mais colaboraria com isso, ou com qualquer outra coisa relacionada.

Imediatamente só me ocorre a imagem-cartum de bandidos tentando arrombar uma porta e sendo varridos por um jato d'água dos bombeiros.

Exemplos são vários. Pegue o triângulo que você postou. A "ausência de um guardião capaz" (o "local" do que postei em seguida) é o ambiente. Você tem bares, áreas condenadas, ocupações irregulares, etc. Todas elas não são problemas policiais, mas contribuem para o criminoso. A intervenção dos bombeiros pode fechar um comércio onde existe a receptação de materiais (shoppings populares, por exemplo). A prefeitura pode condenar, fazendo com que a polícia possa entrar neles sem mandado de busca ou até mesmo derrubar prédios abandonados que servem como local seguro para criminosos após a fuga. O ambiente e os aliados, ao serem reduzidos, eliminam a característica necessária para que o criminoso tenha maior segurança para agir.

Nos EUA, aqueles becos sem saída não são por acaso. São também formas de diminuir as rotas de fuga de criminosos. Engenharia no combate ao crime.

O modelo é aquele: Aumentar os riscos, reduzir as recompensas, reduzir as provocações e remover as desculpas. Só que a polícia e o judiciário não podem fazer isso sozinhos. Nem todos esses elementos são de responsabilidade das polícias e do judiciário.

EDIT: Um exemplo da área onde eu trabalho. Em 2011, tínhamos um problema grande com um tal "Bar do Índio", um daqueles traillers que funcionam 24h numa área já não muito amigável. Os ladrões fugiam para lá, havia tráfico de drogas, consumo de bebidas por menores, brigas, etc.

Nós dávamos 3 a 4 batidas no local, todos os dias, mas o problema não sumia. Foi só com um colega meu que viu que o alvará de funcionamento do sujeito era de 1900 e antigamente. Bastou uma denuncia para a prefeitura e em menos de 2 dias o bar fechou e os problemas que tínhamos ali foram eliminados.

No fim das contas, uma canetada da prefeitura resolveu o problema de forma eficiente e de longo prazo, sem ninguém ser preso.
« Última modificação: 22 de Maio de 2015, 14:09:40 por Diegojaf »
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Re:"Racismo"
« Resposta #121 Online: 22 de Maio de 2015, 15:49:45 »
Existiam políticas estatais racistas até esses dias, como o stop and frisk, que só foi terminada com ordem judicial federal afirmando se tratar de uma política racista. Não é preciso muita pesquisa pra perceber como o sistema policial e judiciário americano trata negros e brancos de maneira diferente

Não é nem questão da lei, mas sim de uma atitude muito mais previsível contra negros do que contra brancos. Talvez lá apareça mais nesses estados onde os policiais são em sua maioria brancos.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Re:"Racismo"
« Resposta #122 Online: 22 de Maio de 2015, 15:59:42 »
Bem, eu não estou dizendo que as pessoas tem que ser assediadas baseadas na cor da pele, então só vou finalizar dizendo que a polícia deveria fazer todas as melhores e mais eficientes táticas de prevenção e combate ao crime -- incluindo o crime de racismo. E para isso, deve sempre utilizar de métodos que não firam aos direitos dos inocentes. A polícia não deve ser vista como um incômodo ou ameaça pela população, mas sim como seus protetores, em quem podem sempre confiar. Com políticas igualitárias, que promovem a oportunidade e a igualdade, o ser humano deixa de ter motivo para se voltar contra o seu próximo. O resultado é um mundo com menos violência e injustiça. Isso só será obtido se o estado e a sociedade una esforços, agindo sempre para o bem comum.

:-)
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Re:"Racismo"
« Resposta #123 Online: 22 de Maio de 2015, 16:01:35 »
Existiam políticas estatais racistas até esses dias, como o stop and frisk, que só foi terminada com ordem judicial federal afirmando se tratar de uma política racista. Não é preciso muita pesquisa pra perceber como o sistema policial e judiciário americano trata negros e brancos de maneira diferente

Não é nem questão da lei, mas sim de uma atitude muito mais previsível contra negros do que contra brancos. Talvez lá apareça mais nesses estados onde os policiais são em sua maioria brancos.
Essa é a merda de ser minoria, os negros e latinos nunca são maioria no poder, mesmo em locais onde são maioria da população.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:"Racismo"
« Resposta #124 Online: 22 de Maio de 2015, 16:31:03 »
Não é necessária uma divisão racial/étnica dos poderes estatais. Pessoas de uma minoria ou maioria podem ocupar cargos onde se responsabilizam por coisas referentes a todo povo.

 

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