Ok. Irei agora apresentar as definições de "relativismo" e "positivismo" que, no meu entender, são as mais
corretas ou, na pior das hipóteses, mais próximas do que tais correntes científicas defenderam.
Positivismo.
O positivismo foi antes de tudo uma corrente epistemológica (as versões não-epistemológicas, como o "positivismo moral", não serão tratadas aqui), tal qual o é o racionalismo crítico de Popper. Ou seja, ele procurou fornecer critérios de cientificidade para que se possa através dos mesmos enquadrar teorias ou hipóteses como científicas ou não-científicas. Porém, ele foi mais além: não se contentou em classificar as hipóteses que não se adequavam ao seu critério apenas como "não-científicas" ou "metafísicas", mas também as classificou como "sem-sentido".
O termo "positivismo" vem de "positivo", que significa algo como "palpável", "testável", "evidente", "físico", "sensível" ou coisas do tipo. A tese central do positivismo é essa: um discurso ou enunciado só é dotado de sentido se o mesmo se referir direta ou indiretamente a coisas testáveis ou perceptíveis pelos sentidos. Assim, o critério de cientificidade ou de "ter sentido" do positivismo é a possibilidade de "tradução" de um enunciado ou termo em algo que seja perceptível pelos sentidos. Ex: o termo "corrente elétrica" poderia ser traduzido no seguinte termo: "movimento do ponteiro do amperímetro". Qualquer teoria ou enunciado que não fosse passível de "tradução" semelhante não seria dotada de "sentido" e, portanto, deveria ser erradicada da ciência ou de qualquer consideração filosófica.
Como já é possível perceber através do que foi exposto, o positivismo procurou aniquilar com toda a metafísica (religião inclusa). Por quê? Porque no entender dos seus "fundadores" e adeptos, a metafísica e a religião atravancavam o progresso do conhecimento científico. Eles tinham razão? Em parte sim; basta compararmos, por exemplo, o desenvolvimento da biologia com o do eletromagnetismo. Enquanto o eletromagnetismo (que não tinha nenhuma "sábia tradição" na área) se desenvolveu em uma velocidade vertiginosa desde os primeiros experimentos conduzidos por Coulomb até a teoria unificada de Maxwell (em torno de 100 anos), a biologia penou bastante no seu desenvolvimento, com suas "enteléquias" e "vitalismos", e seu desenvolvimento se arrastou desde a renascença até o século XX. Então, qual o problema do positivismo? O problema é que os caras exageraram! Sem contar o seu intento de aniquilar a metafísica e lhe atribuir falta de sentido, o que é no mínimo questionável (há exemplos de teorias científicas que começaram como especulações metafísicas), o seu critério de cientificidade, que é a possibilidade de tradução dos enunciados em conceitos observáveis, não era atendido na época por vários conceitos que foram surgindo na ciência e cuja cientificidade não era seriamente posta em dúvida por ninguém (moléculas, átomos e elétrons, por exemplo). Assim, para que fosse atendido esse critério de cientificidade do positivismo, tais entidades deveriam ser excluídas de todo o discurso científico.
O método, segundo o positivismo, pelo qual os cientistas alcançavam o conhecimento da natureza era a indução. (NOTA: o indutivismo é anterior ao positivismo, foi sistematizado inicialmente por Francis Bacon, se eu não me engano). A indução consistia inicialmente na observação dos fenômenos naturais (ou humanos) e a descrição de suas regularidades. A partir destas regularidades, eram formuladas as leis, e a partir das leis eram formuladas as teorias. A observação precedia a teoria. Quanto mais fenômenos observados ou experimentos realizados (exemplares do mesmo fenômeno ou experimento inclusos) fossem favoráveis à uma teoria, mais ela se tornava provável de ser verdadeira. A indução dava ênfase na verificação das teorias, e não na falseamento. Inicialmente os indutivistas defendiam que era possível se chegar a uma verdade conclusiva através da indução quando um grande número de casos favoráveis fosse observado. Por exemplo, através da observação em várias partes do mundo de uns 100 000 cisnes, todos brancos, poder-se-ia de forma segura afirmar que "todos os cisnes são brancos".
David Hume fez uma crítica ao indutivismo, que ficou conhecida como "Crítica de Hume" e foi alvo de várias tentativas de solução por vários filósofos através dos séculos XVIII, XIX e XX, destacando-se o próprio Hume, Kant e por fim Popper (que solucionou a questão, segundo a maioria dos filósofos da ciência).
A Crítica de Hume é a seguinte: a indução, apesar de parecer algo bastante óbvio e cuja validade como meio legítimo de se obter conhecimento não era contestada por ninguém, não tinha o apoio nem da lógica nem da experiência. Por exemplo: apesar da observação de dezenas de milhares de cisnes, sendo todos brancos, nos fornecer a convicção de que o próximo cisne será branco ou de que todos os cisnes são brancos, essa convicção não tem apoio da lógica dedutiva, pois a conclusão (todos os cisnes são brancos) afirmam mais do que as premissas permitem. Não tinha também o apoio da experiência, pois não foram observados todos os cisnes para que se possa afirmar que todos os cisnes são brancos. Como na época se considerava a indução como a base da ciência, logo a ciência tinha algo de irracional dentro de si, que lhe permitia fazer asserções sobre o futuro e o não-experimentado à margem da lógica e da experiência.
David Hume tentou justificar a indução de forma “naturalista” ou “psicológica”. Segundo ele, apesar dela não ter apoio lógico ou empírico, os seres humanos e os demais seres vivos desenvolveram esse hábito de correlacionar os fenômenos de forma causal, e a partir dessas relações, criarem expectativas sobre o futuro, sendo que tais expectativas são úteis para a sobrevivência dos mesmos. Portanto a indução seria um “psicologismo” útil e natural. Essa justificação não foi considerada satisfatória.
Houve quem tentasse justificar a indução através do sucesso da ciência: se a ciência se baseava na indução e se as teorias científicas funcionavam incrivelmente, logo a indução é válida. Essa justificação é circular, pois pretende justificar a indução de forma indutiva.
Kant tentou justificar a indução através da causalidade, que ele considerava um enunciado sintético a priori. Sintético porque não foi obtido dedutivamente a partir de outros enunciados, e a priori porque não foi obtido via experimentação. Segundo Kant, certos conceitos, como espaço, tempo e causalidade, são conceitos inatos e intrínsecos à mente racional, sem os quais não lhe seria possível entender e ordenar os fatos obtidos da experiência (a posteriori). O conceito de causalidade implicava que havia uma espécie de “linha” causal conectando as causas aos efeitos. Através dessa linha causal, que continuaria existindo sempre em um mesmo tipo de fenômeno, a indução teria subsídios para fazer afirmações para os casos ainda não vistos de um determinado tipo de fenômeno.
Também não foi considerada satisfatória para a maioria dos filósofos.
Os positivistas reformaram o indutivismo, afirmando que a quantidade de casos empíricos favoráveis a uma teoria não permitia considerá-la conclusiva, mais permitia considerá-la mais provável. Elaboram para isso uma “lógica indutiva”, que atribui às teorias mais probabilidades de serem verdadeiras à medida que mais quantidade de casos favoráveis à mesma são encontrados. Essa corrente ficou conhecida como positivismo lógico ou neopositivismo, e o grupo de filósofos que a fundaram e defendiam (Wittgenstein, Hempel, Carnap, etc) ficou conhecido como Círculo de Viena. É bastante provável que esse grupo tenha influenciado Bohr e Heisenberg na elaboração da Interpretação de Copenhaguen da Mecânica Quântica.
NOTA: Isso torna bastante estranha e curiosa a afirmação de muitas pessoas da área de humanidades de que a IC ou a MQ significaram contradições às “visões positivistas”).
Há ainda (penso) muitos filósofos da ciência e cientistas que seguem esta corrente e consideram a Crítica de Hume resolvida para o indutivismo na forma como essa corrente defende.
Em 1934, em seu livro “A Lógica da Pesquisa Científica”, Karl Popper resolveu a Crítica de Hume de uma forma bastante simples: negando que a ciência se baseia, dependa ou precisa da indução. Segundo Popper, a indução é um mito e a ciência não trabalha com indução, mas com algo como “tentativa e erro”. Ele percebeu que havia uma assimetria entre verificação e refutação experimental, por exemplo: no caso dos cisnes, por mais e mais cisnes que observemos, não temos nenhuma base lógica ou empírica para afirmarmos que todos os cisnes são brancos; porém, basta apenas 1 caso de um cisne não-branco encontrado para podermos afirmar de forma conclusiva que o enunciado “todos os cisnes são brancos” é falso. Ou seja, em nível lógico, a verificação de enunciados universais (como o são as teorias científicas) é inconclusiva, mas a refutação é conclusiva. Daí, Popper propõe que os cientistas procurem o máximo possível refutar as teorias ao invés de confirmá-las, pois nesse processo eles têm a lógica dedutiva a seu favor (evitando a Crítica de Hume), e quanto mais os cientistas se empenham em refutar as teorias, mais facilmente as teorias falsas serão eliminadas ou corrigidas, e consequentemente mais próximos da verdade chegam, elaborando teorias mais abrangentes e incorporando novos fenômenos ao conhecimento humano. Quando uma teoria passa em um teste, ela não foi confirmada, mas tão somente corroborada. O grau de corroboração de uma teoria não diz nada sobre o seu sucesso futuro, mas tão somente sobre o seu sucesso passado; ele informa apenas que uma determinada teoria é a melhor conseguida até o momento dentre todas as demais que existiram. O falsificacionismo de Popper considera, portanto, que qualquer teoria por mais corroborada que esteja, poderá ser amanhã refutada (assim como poderá nunca ser refutada). Esse caráter conjectural é uma concessão inevitável à Crítica de Hume.
Para o falsificacionismo, podemos nunca atingir a verdade final, e se chegarmos a atingi-la, não saberemos. Daí a ciência é um jogo contínuo. Quem a qualquer momento achar que já atingiu a verdade e que portanto não é necessário mais se empreenderem pesquisas em um determinado campo do conhecimento, deve retirar-se do jogo. Esse princípio do falsificacionismo, que manda os cientistas continuarem tentando pesquisar e entender as coisas, por mais difícil ou impossível que elas se mostrem de serem entendidas, eu costumo chamar de “princípio da não-desistência”. O suposto choque com esse princípio é uma das causas que fizeram Popper se opor à Interpretação de Copenhaguen da MQ.
Porém, para que se tente refutar uma teoria, é necessário que ela seja passível de refutação, ou seja, que ela seja falseável.
O mais próximo possível de uma “influência” (se é que se pode chamar assim) que a Teoria da Relatividade teve sobre as idéias de Popper foi uma comparação que ele fez entre a Relatividade Geral de Einstein e a Psicanálise de Freud (comparação essa que poderia ser feita com quaisquer outras teorias científicas e pseudocientíficas). Ele percebeu que enquanto a RG fazia previsões bastante específicas e se arriscava sobremaneira a ser refutada, a psicanálise não fazia nenhuma. A psicanálise era elaborada de uma forma tal que era impossível extrair alguma previsão da mesma, sendo que qualquer situação clínica imaginável de um paciente era explicável pela psicanálise. Essa capacidade de “explicar tudo” da psicanálise parecia fazer dela uma teoria cujo sucesso fazia inveja a qualquer físico! Popper percebeu então que essa qualidade de “explicar tudo” da psicanálise não era virtude e sim defeito, pois nenhuma informação empírica relevante uma teoria irrefutável trás: O paciente poderá se apresentar em qualquer forma imaginável e a teoria sempre estará “certa”. Ela não proibia nada.
Quanto ao positivismo, Popper mostrou que, à luz do seus critérios de cientificidade ou “sentido”, muitas teorias e conceitos científicos fecundos deveriam ser erradicados da ciência, ou seja, no afã de erradicarem toda a metafísica, acabaram levando de roldão conceitos científicos fecundos e com isso acabou o próprio positivismo se tornando um fator de limitação ao progresso científico. Popper propôs a falseabilidade como único critério de demarcação (ele não tinha a erradicação da metafísica como objetivo, mas tão somente um critério de demarcação que fosse útil na avaliação das teorias), Popper demonstrou que, na escolha a priori de teorias a serem “consideradas”, uma teoria será mais falseável quanto mais ampla, simples e precisa for. Daí que o objetivo da ciência (elaborar teorias que sejam as mais gerais, precisas e simples possível) pode ser atendido simplesmente ao se elaborarem teorias que sejam as mais falseáveis possíveis.
O falsificacionismo não exige que todos os conceitos sejam “traduzíveis” em enunciados observáveis, mas tão somente que produzam conseqüências que podem ser testadas e refutadas. Ele também não atribui nenhum valor à quantidade de experimentos de um mesmo tipo feitos que favorecem uma teoria (a não ser apenas como confirmação de que não houve erros no experimento), mas à variedade de experimentos conduzidos nas mais diferentes situações possíveis. E quanto maior o grau de falseabilidade e uma teoria, maior o grau de corroboração que ela adquirirá caso o resultado do experimento não a refute.
Confusões com o termo “positivismo”, com a TR e a MQ.
São bastante difundidas na área de humanidades (filosofia, sociologia, letras, etc) vários conceitos errôneos relacionados ao positivismo, à TR e à MQ. O principal é esse:
A Teoria da Relatividade e a Mecânica Quântica contradizeram várias “teses” ou “pressupostos” do “positivismo”.
Essa eu considero a mais engraçada e curiosa, e a única explicação que eu consigo conceber para tal é a falta de conhecimento do que realmente dizem a TR, MQ e do que seja o positivismo. (NOTA: Só por precaução: Eu não sou positivista e nem defendo o positivismo. Defendo o RC de Popper, que está no meu avatar).
Essa falta de conhecimento não é muito difícil de demonstrar: é relativamente fácil encontrar em livros escritos por “filósofos” ou outros acadêmicos da área de humanidades confusões e distorções graves da TR e MQ. O físico Alan Sokal lista vários exemplos no seu livro “Imposturas Intelectuais”. Mas eu mesmo já tive o desprazer de ver uma distorção dessas pessoalmente em um livro de Marilena Chauí (não sei se é filósofa ou socióloga, só sei que é marxista) intitulado “Convite à Filosofia”. O livro parecia bom, porém ao chegar à parte que fala da Ciência, a autora disse que a TR mostrou que “as teorias científicas são relativas” e que para uma pessoa localizada em Vênus ou Marte as leis da física seriam totalmente diferentes! Isso é justamente o oposto do que diz a TR! Imagine o impacto disso nos leigos! (provavelmente uns 95% dos leitores do livro).
Nas afirmações sobre a TR ou a MQ terem contradito teses positivistas, há uma confusão tanto sobre o que de fato dizem a TR e a MQ quanto ao que de fato diz o positivismo. A tese central do positivismo, conforme já exposto, é a de que apenas os enunciados sobre entidades observáveis são dotadas de sentido. Porém o conceito de “positivismo” que na área de humanidades predomina é bem mais amplo e diferente. Varia desde sinônimo de “mecanicismo”, “reducionismo”, “cartesianismo”, até “ideologia do colonialismo”! Há inclusive pessoas que pensam que positivismo seria uma espécie de “otimismo” dos cientistas do século XIX , como uma professora de economia minha que disse que Adam Smith tinha uma visão bastante “positivista” (otimista) do mercado! Enfim, para essas pessoas, o positivismo dita ou determina o conteúdo de teorias científicas (que devem ser mecanicistas, reducionistas, “certinhas”, “lineares, etc etc)
O erro mais importante destas pessoas é achar que o positivismo, assim como o falsificacionismo de Popper e qualquer outra filosofia da ciência, dite ou determine o conteúdo das teorias que os cientistas devem elaborar. Na verdade o conteúdo das teorias (se são “mecanicistas”, “reducionistas”, “lineares” ou “não-lineares”, deterministas ou não deterministas, etc) são produtos unicamente da cabeça dos cientistas (filtrados pela experiência), e não sofrem nenhum tipo de restrição por parte da corrente epistemológica do qual ele é adepto. A corrente epistemológica apenas fornece um critério para que as teorias sejam avaliadas e julgadas. Um exemplo: se fosse elaborada uma teoria que afirme que os curandeiros de uma tribo primitiva possuem o poder de curar doenças, e que esse poder provém de uma influência cósmica dos astros, etc tal teoria não teria nenhum problema e não sofreria nenhuma espécie de restrição por parte do positivismo se seus conceitos e enunciados se referirem a coisas observáveis.
Acho que deu para entender. Resumindo: a filosofia da ciência não dita ou determina conteúdo de teorias, mas apenas critérios de cientificidade e de avaliação das mesmas.
Para complicar a situação, a concepção da TR de Einstein obedece justamente a um preceito positivista! Na época, apesar de todas as tentativas fracassadas de se detectar o éter, que seria o referencial privilegiado e representaria o repouso absoluto, os cientistas tentavam explicar essa não detecção com base em hipóteses ad-hoc, como a de que os relógios se atrasariam e as réguas se contrairiam ao se moverem pelo éter. Einstein então afirmou que, se o éter não podia ser detectado e se, portanto, não é possível saber se estamos ou não em movimento em relação ao mesmo, logo a noção de éter era supérflua (lembram do que prescreve o positivismo?). Daí, Einstein sugeriu o abandono de éter e a colocação da invariância das leis físicas e da velocidade da luz como postulados.
NOTA: Einstein não era positivista, a exemplo de Popper.
Em relação à MQ, a situação é ainda pior: A Interpretação de Copenhaguen (a interpretação mais famosa e difundida da MQ) afirma que, se não podemos detectar com precisão a posição e o momento do elétron ao mesmo tempo, logo conceitos como posição, trajetória, velocidade, etc definidos do elétron não fazem sentido e portanto não devem ser considerados. A Física deve tratar tão somente do que é mensurável. Eu pergunto: o que seria mais “positivista” do que isso? E de que grupo filosófico Bohr e Heisenberg tiveram influência? O Círculo de Viena, que é positivista lógico.
Pergunto então: de onde diabos foi tirada essa idéia de que a TR e a MQ representaram refutações a “teses positivistas” , quando na verdade o proceder dos cientistas na elaboração destas teorias foi muito mais próximo do oposto?
Relativismo
Há vários tipos e graus de relativismo. Um exemplo é o “relativismo moral”, que afirma que a moral é algo relativo a cada cultura. Há o “relativismo axiológico” (dos valores), “relativismo estético” (da beleza) etc. As ciências humanas geralmente trabalham com objetos e entidades que são criações humanas, como o estados, nações, línguas, sistema bancário, instituições políticas e jurídicas, religiões, leis, valores morais, etc. Essas entidades não existiam antes do ser humano existir, e deixarão de existir quando o ser humano deixar de existir. Como são criações humanas, é natural que difiram entre as diferentes sociedades humanas que evoluíram separadamente. Por exemplo: uma tribo de pigmeus e um habitante de São Paulo terão diferentes noções e valores sobre estas diversas entidades que eu citei. Daí, é possível e inevitável um relativismo em relação aos objetos de estudo das ciências humanas.
Porém, há coisas que não são criações humana e independem dos humanos para existirem. Montanhas, rios, lagos, animais, plantas, planetas, galáxias, átomos, rochas, calor, luz, gravidade, leis naturais etc estão entre estas coisas, que são objetos de estudo das ciências naturais. Nesse caso, como não são criações humanas e suas existências, características, propriedades independem dos valores e origens dos diferentes seres humanos, é absurdo afirmar que tais coisas também possam ser “relativas”. O mau relativismo que está sendo criticado neste tópico é o relativismo que tenta se estender também para estas entidades, e os cientistas da área de humanas que tentam estender o relativismo que existe nos conceitos criados pelos seres humanos para as coisas que independem dos seres humanos são os relativistas pós-modernos dos quais esse tópico trata.