Autor Tópico: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno  (Lida 21195 vezes)

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Luz

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #125 Online: 26 de Março de 2007, 21:48:46 »
(...)ou ainda (e o que é pior em minha opinião) que "as leis e fenômenos físicos são relativas ao observador e dependem dele".

Isso simplesmente não é verdade.

Dbohr, antes de encerrar, queria deixar claro que nunca disse isso - apenas que o referencial modifica o resultado, assim como o ponto de vista modifica a conclusão.  ::)

Offline Dbohr

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #126 Online: 27 de Março de 2007, 06:34:48 »
O referencial não modifica o resultado... :roll:

Eu odeio analogias, mas aí vai uma: o que você está dizendo é equivalente a afirmar que 32° F é diferente de 0° C porque as marcações nos termômetros são diferentes. Não são! É a mesma temperatura!

Assim, na Relatividade, as marcações de réguas e relógios para diferentes referenciais são diferentes, mas apenas porque estão usando escalas de espaço-tempo diferentes. É isso que a grande maioria das pessoas (e alguns físicos, devo dizer) não entende.

Como se pode ver, é a semântica que está nos prejudicando aqui :hihi:

Luz

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #127 Online: 27 de Março de 2007, 11:42:16 »
O referencial não modifica o resultado… :roll:

Eu odeio analogias, mas aí vai uma: o que você está dizendo é equivalente a afirmar que 32° F é diferente de 0° C porque as marcações nos termômetros são diferentes. Não são! É a mesma temperatura!

Não, Dbohr. O que estou dizendo é que se seu referencial for o Rio de Janeiro, o ponto de ebulição da água será 100ºC, mas se for Belo Horizonte sérá 98ºC (a não ser, é claro, que isso esteja incorreto).

Citar
Assim, na Relatividade, as marcações de réguas e relógios para diferentes referenciais são diferentes, mas apenas porque estão usando escalas de espaço-tempo diferentes. É isso que a grande maioria das pessoas (e alguns físicos, devo dizer) não entende.

Se uma pessoa lança um bola para frente a 10km/h num trem em movimento a 90km/h qual será a velocidade da bola, 10 ou 100 km/k? Como você a define - em relação ao trem ou em relação a Terra? Sem um referencial absoluto não é possível atribuir a bola uma velocidade absoluta.

Nesse exemplo, o resultado que busco é a velocidade da bola. E os referenciais que proponho para sua medição são: 1) parado dentro do trem. 2) parado fora do trem. O resultado de 1 será diferente do resultado de 2, mas isso, é claro, não modifica as leis da Física, que se aplicam aos dois.

Offline Dbohr

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #128 Online: 27 de Março de 2007, 11:57:07 »
É por isso que eu não gosto de analogias :roll:

A quadrivelocidade da bola será a mesma se eu medir no trem ou na estação. Infelizmente, eu não disponho de uma "reg-lógio" 4-D para mostrar isso, embora possa postar a demonstração matemática.

Da mesma forma, a temperatura de um corpo é a mesma, não importa se um termômetro lê 0º C e outro 32º F. Isso é fundamentalmente diferente de dizer que a temperatura de ebulição da água é 98º C em BH -- eu não estava me referindo a pontos críticos, justamente porque eles dependem de outros fatores como a pressão atmosférica - e sim a valores de temperatura de um corpo.


Luz

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #129 Online: 27 de Março de 2007, 13:04:14 »
A quadrivelocidade da bola será a mesma se eu medir no trem ou na estação. Infelizmente, eu não disponho de uma "reg-lógio" 4-D para mostrar isso, embora possa postar a demonstração matemática.

Que interessante! Acho (tenho quase certeza) que não adiantaria a demonstração matemática, pelo menos para mim, mas sei lá, tipo, não quer tentar explicar como funciona? Qual seria, por exemplo, a velocidade da bola no exemplo que citei? Talvez eu consiga compreender. Estou aqui para mudar de opinião mesmo, meu interesse é aprender.  :)

Citar
Da mesma forma, a temperatura de um corpo é a mesma, não importa se um termômetro lê 0º C e outro 32º F. Isso é fundamentalmente diferente de dizer que a temperatura de ebulição da água é 98º C em BH -- eu não estava me referindo a pontos críticos, justamente porque eles dependem de outros fatores como a pressão atmosférica - e sim a valores de temperatura de um corpo.

Exatamente. É isso que estou tentando explicar. Parece que você interpreta que estou falando sobre a diferença de medida entre ºC e ºF, mas não, estou falando dos fatores que interferem na medida, seja ela em ºC ou ºF.

Offline Dr. Manhattan

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #130 Online: 27 de Março de 2007, 13:32:00 »
Luz, é preciso lembrar de um detalhe importante: medidas experimentais não são a mesma coisa que 'impressões', ou observações
corriqueiras. Em um laboratório, o pesquisador tem que levar em conta todos os fatores ambientais que podem interferir no seu resultado,
além de todas as possívei fontes de erros sistemáticos. Além disso, para que o seu resultado possa ser levado a sério, ele precisa ser
reprodutível, ou seja, outros laboratório precisam ser capazes de repetir a experiência, dentro das mesmas circunstâncias, e
obter o mesmo (ou muito próximo) resultado. Se isso não for possível, então existem duas possibilidades: ou o primeiro resultado
estava errado, devido a alguma fonte de erro sistemático ou fraude, ou existe algum outro fator ambiental que não foi levado em
conta na segunda experiência. [1] 
Essa analogia do ponto de ebulição na verdade ajuda a iluminar isso: numa medição do ponto de ebulição, o valor relatado seria a temperatura
e a pressão e a composição da solução estudada.

[1] Algo parecido com o que escrevi acima está ocorrendo no caso da Anomalia das sondas Pioneer. 
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Alan Watts

Offline Dbohr

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #131 Online: 27 de Março de 2007, 13:44:19 »
A quadrivelocidade da bola será a mesma se eu medir no trem ou na estação. Infelizmente, eu não disponho de uma "reg-lógio" 4-D para mostrar isso, embora possa postar a demonstração matemática.

Que interessante! Acho (tenho quase certeza) que não adiantaria a demonstração matemática, pelo menos para mim, mas sei lá, tipo, não quer tentar explicar como funciona? Qual seria, por exemplo, a velocidade da bola no exemplo que citei? Talvez eu consiga compreender. Estou aqui para mudar de opinião mesmo, meu interesse é aprender.  :)

Com números sempre é melhor. Mas vamos tentar mesmo assim...

Vou assumir que você entende o que é um vetor 3-D. O vetor posição de um grão de poeira flutuando na sua sala é dado pelas coordenadas x, y e z que descrevem a posição do grão de poeira. A posição x, y e z varia com o tempo, certo? Bem, se tomarmos a variação instantânea da posição do grão de poeira teremos a sua velocidade 3-D, dada pelo vetor u com componentes espaciais u1, u2 e u3.

Suponha agora que a esses componentes 3-D eu agora adiciono uma quarta coordenada, denotada por ct. Essa coordenada temporal, junto com as 3 dimensões espaciais vão dar as 4 coordenadas não mais de um ponto no espaço, mas de um evento no espaço-tempo.

Bem, agora que eu tenho as 4 coordenadas de um evento, interessa-me calcular a "velocidade 4-D". Mas o que é essa velocidade? É a taxa de mudança do quadrivetor posição com respeito ao tempo próprio do objeto. Tempo próprio é o análogo no Espaço de Minkowski do comprimento de arco da geometria euclidiana.

OK, então eu sento e calculo a quadrivelocidade de um objeto qualquer. E aí eu chego a um resultado interessantíssimo:

A norma, isto é, o "tamanho" do quadrivetor velocidade é constante para todos os objetos em todos os referenciais para todo e qualquer evento! E esse módulo é igual à velocidade da luz, c

Qual a interpretação disso?

Que um objeto em repouso (i.e., componentes espaciais zero) em relação a um determinado referencial na verdade se move na "direção temporal" com a velocidade da luz, e que em outro referencial ele tem uma componente temporal ligeiramente menor que c e componentes espaciais diferentes de zero. Mas independente do referencial adotado, a norma (o módulo, o tamanho) do quadrivetor velocidade sempre será igual a c!

Que tal isso? :-)

EDIT: Dr Manhattan, você tem alguma fonte sobre o caso da Pioneer? Eu estava acompanhando o caso desde que saiu, mas acabei perdendo o fio da meada...

Offline Dr. Manhattan

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #132 Online: 27 de Março de 2007, 13:58:56 »
Bem, o último artigo que li sobre a anomalia da Pioneer foi no Europhysics News de junho de 2006. Ou seja, a questão
ainda não está resolvida. O autor menciona a sonda New Horizons, que está indo para Plutão, dizendo que ela talvez ajude a
resolver a questão. Um grupo está analizando os arquivos de dados completos das missões Pioneer, para ver quando a anomalia
começou. Existem propostas também para se fazer uma sonda dedicada, chamada "Pioneer Anomaly Explorer", que ainda
está na faze conceitual. Ela seria bastante simétrica e giro-estabilizada, para evitar fontes de erro, e voaria em formação com esferas cobertas com refletores de canto, cuja distância seria monitorada com lasers. Calcula-se que isso permitiria medir a aceleração
com precisão aproximando 10^{-10} cm/s [1].

[1] gr-qc/0506139
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Luz

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #133 Online: 27 de Março de 2007, 14:01:26 »
Luz, é preciso lembrar de um detalhe importante: medidas experimentais não são a mesma coisa que 'impressões', ou observações corriqueiras.

Eu sei, Doutor, claro! Não estou comparando Ciência com Filosofia, muito menos o método. Acho que estão interpretando errado o que digo ou sou eu quem estou me expressando mal.

O que estou tentando dizer é que a liberdade do pensamento permite aceitar regras propostas por diversos campos do conhecimento. Quero dizer, dependendo do ponto de vista, o conhecimento científico é bastante válido para a construção da Filosofia.

Luz

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #134 Online: 27 de Março de 2007, 14:39:18 »
A quadrivelocidade da bola será a mesma se eu medir no trem ou na estação. Infelizmente, eu não disponho de uma "reg-lógio" 4-D para mostrar isso, embora possa postar a demonstração matemática.

Que interessante! Acho (tenho quase certeza) que não adiantaria a demonstração matemática, pelo menos para mim, mas sei lá, tipo, não quer tentar explicar como funciona? Qual seria, por exemplo, a velocidade da bola no exemplo que citei? Talvez eu consiga compreender. Estou aqui para mudar de opinião mesmo, meu interesse é aprender.  :)

Com números sempre é melhor. Mas vamos tentar mesmo assim…

Vou assumir que você entende o que é um vetor 3-D. O vetor posição de um grão de poeira flutuando na sua sala é dado pelas coordenadas x, y e z que descrevem a posição do grão de poeira. A posição x, y e z varia com o tempo, certo? Bem, se tomarmos a variação instantânea da posição do grão de poeira teremos a sua velocidade 3-D, dada pelo vetor u com componentes espaciais u1, u2 e u3.

Suponha agora que a esses componentes 3-D eu agora adiciono uma quarta coordenada, denotada por ct. Essa coordenada temporal, junto com as 3 dimensões espaciais vão dar as 4 coordenadas não mais de um ponto no espaço, mas de um evento no espaço-tempo.

Bem, agora que eu tenho as 4 coordenadas de um evento, interessa-me calcular a "velocidade 4-D". Mas o que é essa velocidade? É a taxa de mudança do quadrivetor posição com respeito ao tempo próprio do objeto. Tempo próprio é o análogo no Espaço de Minkowski do comprimento de arco da geometria euclidiana.

OK, então eu sento e calculo a quadrivelocidade de um objeto qualquer. E aí eu chego a um resultado interessantíssimo:

A norma, isto é, o "tamanho" do quadrivetor velocidade é constante para todos os objetos em todos os referenciais para todo e qualquer evento! E esse módulo é igual à velocidade da luz, c

Qual a interpretação disso?

Que um objeto em repouso (i.e., componentes espaciais zero) em relação a um determinado referencial na verdade se move na "direção temporal" com a velocidade da luz, e que em outro referencial ele tem uma componente temporal ligeiramente menor que c e componentes espaciais diferentes de zero. Mas independente do referencial adotado, a norma (o módulo, o tamanho) do quadrivetor velocidade sempre será igual a c!

Que tal isso? :-)

Hein?  :D  A primeira impressão que dá é que você está bravo comigo. :lol:  Mas estou tentando assimilar - de forma "criativa", é claro!  :hihi:

Então, vamos lá. Não estamos falando sobre as leis da Física, certo? Estamos falando de resultados e referenciais sujeitos a elas - digo, repetindo sua conclusão: em outro referencial ele tem uma componente temporal ligeiramente menor que "c" e componentes espaciais diferentes de zero.

Qual é a velocidade da minha bolinha? É possível determina-la sem uma escolha arbitrária de coordenadas?

Diabo, acho que tem um ponto "pegando" aqui. Por referencial eu entendo um ponto no espaço-tempo determinado por coordenadas. Isso está certo?

Luz

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #135 Online: 27 de Março de 2007, 14:58:47 »
Dbohr,

Não quero "encher o seu saco", digo, encher mais, né! Se o assunto estiver cansativo para você porque não tenho capacidade de compreender matematicamente o problema, vamos deixar para lá. Não é tão importante assim e não quero que isso se torne um problema.  :)

Offline Dbohr

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #136 Online: 27 de Março de 2007, 15:06:21 »
Não estou nada bravo contigo, claro :-D

Citar
Qual é a velocidade da minha bolinha? É possível determina-la sem uma escolha arbitrária de coordenadas?

A quadrivelocidade da bolinha é c. Sempre.

Mas a componente espacial da quadrivelocidade -- que é exatamente aquilo que nós mortais chamamos de "velocidade", a pura e simples velocidade 3-D -- é a projeção da quadrivelocidade nos eixos espaciais do nosso sistema de coordenadas.

Citar
Diabo, acho que tem um ponto "pegando" aqui. Por referencial eu entendo um ponto no espaço-tempo determinado por coordenadas. Isso está certo?

Não, um referencial não depende de sistema de coordenadas. Um referencial é simplesmente um "espaço" que se move em relação a outro "espaço". Você pode montar o seu referencial em cima de um vagão de trem, numa estação, num foguete, num elevador, etc.

Offline Dbohr

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #137 Online: 27 de Março de 2007, 15:12:23 »
Aliás, não estou de saco cheio :-)

O "que tal isso?" da outra mensagem é justamente para ressaltar o resultado notável do valor constante da quadrivelocidade. É meio contra-intuitivo à primeira vista, mas se pensarmos bem vamos ver que não tem outra possibilidade, se quisermos que a velocidade da luz seja constante!

Luz

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #138 Online: 27 de Março de 2007, 16:58:14 »
Dbohr,

Aqui, eu estou tentando pensar como um físico, mas não consigo - o mais perto que chego disso é pela imaginação, você pela matemática.   ::)

Então, você não gosta de analogias, mas entre a imaginação e a matemática - não vejo outra fórmula.   :?

Vou postar um trecho do livro do Halking que tenho aqui, tá?  :)

No capítulo "O Universo de Newton" ele diz o seguinte:

(…) As posições observadas dos eventos e as distâncias entre elas seriam diferentes para diferentes pontos de observação. Newton se recusou a aceitar a ausência de um espaço absoluto, porque isso não estava de acordo com suas noções de um Deus absoluto, mesmo sendo uma implicação de suas leis. Ele acreditava em tempo absoluto. Isso é, acreditava que era possível medir sem ambiguidade o intervalo de tempo entre dois eventos, quem quer que os medisse. Ao contrário do espaço absoluto, o tempo absoluto era compatível com as leis de Newton. Entretanto, no século XX, os físicos perceberam que tinham de mudar de idéia sobre o tempo e o espaço. Como veremos, eles descorbriram que o intervalo de tempo, assim como a distância entre os pontos, depende do observador.(…)

Só coloquei todo esse trecho para mostrar o contexto em que a última frase foi inserida. 

PS.: O referencial, é então, o "lugar" de onde se observa o fenômeno - que é justamente a analogia que eu faço com "ponto de vista". Completando meu post anterior - por referencial eu entendo um ponto no espaço-tempo determinado por coordenadas em relação ao fenômeno. Assim está correto?

Comente o texto antes, pois não sei se ele está correto, depois se couber, faço uma analogia para tentar explicar o que entendo por relativismo e porque acho que a RG tem relação com essa mudança de perpectiva. Ok?  ::)





« Última modificação: 27 de Março de 2007, 17:00:41 por Luz »

Offline Dbohr

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #139 Online: 27 de Março de 2007, 17:17:58 »
Você é desenhista de projetos, certo? Então deve saber o que é a projeção de um segmento sobre outro que forma um determinado ângulo com o primeiro.

OK, então imaginemos que eu tenho um segmento de comprimento fixo, mas que pode formar um ângulo qualquer com uma linha horizontal.

A analogia é a seguinte: se alguém estiver interessado apenas na projeção do segmento na horizontal -- a "sombra" que ele projeta -- vai medir um valor igual ou menor que o próprio tamanho do segmento, certo?

Com a quadrivelocidade é a mesma coisa. O "tamanho" da quadrivelocidade é sempre c, mas a "sombra" dela (ou seja, a velocidade 3-D) vai variar dependendo do nosso referencial.

Citar
Completando meu post anterior - por referencial eu entendo um ponto no espaço-tempo determinado por coordenadas em relação ao fenômeno. Assim está correto?

Não :-)

Esqueça as coordenadas. Referenciais não são definidos por coordenadas. Você define um referencial primeiro, e então faz as medidas tomando-o como referência (daí o nome referencial).

E um ponto no espaço-tempo é um evento, só para ser formal :-)

Luz

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #140 Online: 27 de Março de 2007, 17:45:25 »
Certo! Vou tentar ser formal. O referencial é a posição de onde se observa o evento, certo?

Acho que estamos falando da mesma coisa por diferentes "referenciais".  ::)

Tentando construir uma analogia: diferentes pontos de vista (referenciais) modificam a percepção (3-D) do mesmo evento (4-D). Seria algo semelhante?

Foi o que entendi da frase: Como veremos, eles descorbriram que o intervalo de tempo, assim como a distância entre os pontos, depende do observador. Dentro do contexto, claro.






« Última modificação: 27 de Março de 2007, 17:54:46 por Luz »

Offline Dbohr

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #141 Online: 27 de Março de 2007, 18:50:04 »
Mais ou menos isso, sim. :-)

Mas não vá levar a analogia tão longe e supor que o positivismo afirma que o fenômeno que se vê de um referencial é tudo o que se pode afirmar sobre ele enquanto o relativismo pede que se tente enxergar o fenômeno a partir de outros referenciais!

Luz

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #142 Online: 27 de Março de 2007, 19:28:50 »
Mais ou menos isso, sim. :-)

Mas não vá levar a analogia tão longe e supor que o positivismo afirma que o fenômeno que se vê de um referencial é tudo o que se pode afirmar sobre ele enquanto o relativismo pede que se tente enxergar o fenômeno a partir de outros referenciais!

Muito antes pelo contrário. A analogia que eu faço é bem outra. A partir do momento que tenho consciência que o meu "ponto de vista" é apenas uma interpretação do fato, procuro observá-lo por diferentes perpecitivas antes de chegar a uma conclusão.

Essa analogia que você critica, na minha opinião, está bem nítida no texto que deu origem ao tópico. Pois ele pressupõe que o relativismo pós-moderno se resume ao que o autor expõe, quando na verdade, esse é apenas o ponto de vista do autor. Compreende?

O que eu tenho proposto, desde a primeira crítica que fiz ao texto, é observar esse tal relativismo pós-moderno por outros ângulos, outras opiniões e conceitos para formularmos uma conclusão mais ampla. O que, por outro lado, esse movimento teria trazido de construtivo? Segundo tenho lido, por exemplo, a descentralização do cristianismo no pensamento ocidental - uma maior liberdade de pensamento, religião e espiritualidade ou ausência dessas a partir da década de cinquenta.


Offline Dbohr

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #143 Online: 27 de Março de 2007, 20:18:37 »
Corretíssimo!

Mas não é isso que eu estou criticando, e sim o mau uso do Relativismo. Como já disse reiteradas vezes, o Relativismo é uma boa idéia.

:-)

Offline Adriano

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #144 Online: 27 de Março de 2007, 21:35:11 »
Corretíssimo!

Mas não é isso que eu estou criticando, e sim o mau uso do Relativismo. Como já disse reiteradas vezes, o Relativismo é uma boa idéia.

:-)
O texto não se refere ao mau uso do relativismo, e sim ao relativismo pós-moderno. A única referência que temos do relativismo pós-moderno é o texto, e que o apresenta como um mal uso do relativismo. Também fico, assim como a Luz, em dúvida se o relativismo teria a sua vertente pós-mederna tão deturpada. Seria esse má uso realmente o relativismo pós-moderno?
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Dbohr

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #145 Online: 28 de Março de 2007, 03:46:06 »
Eu mesmo não gostei muito do texto do OP. Mas ao dar de cara com uma matéria na Scientific American Brasil (edição especial "Etnomatemática") em que o autor afirma que a Lei de Snell é uma para nós e outra para os índios, depois de conhecer o caso de Alan Sokal e as Guerras das Ciências, depois de ver a reação de dignitários da Filosofia como Marilena Chauí, só posso concluir que alguém precisa urgentemente salvar a Filosofia dela mesma.

Antes que ela perca toda a relevância e se torne uma paródia de si mesma.

EDIT:

Não removo uma letra da declaração acima, mas em retrospecto devo dizer que o atual sistema de publicação e peer review das Ciências Exatas está longe de ser perfeito. Isso invalida a discussão? Quero crer que não. Mas tampouco quero ser visto como mais um soldado nas Guerras das Ciências. Prefiro apontar as falhas nos métodos das Humanas e das Exatas e tentar construir pontes entre elas -- de preferência, sem a pretensão e a presunção de muitos de ambos os lados.
« Última modificação: 28 de Março de 2007, 04:11:00 por Dbohr »

Offline DDV

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #146 Online: 31 de Março de 2007, 14:28:40 »
Citação de: Dbohr
Dono da Verdade, vou salvar aquele seu texto grande lá atrás. Muito elucidativo.

Você poderia, por favor, apontar fontes para ele? E eu também gostaria de guardá-lo creditado a você, se preferir. Mande uma MP, se for o caso


Citação de: Dr Manhattan
Entrando só pra avisar que vou salvar o texto do Dono da Verdade também. Devidamente creditado.


Olá, Dbohr e Dr Manhattan. Que bom que tenham gostado do texto! Vindo de vocês eu me sinto bastante lisonjeado.  :D

Sobre as fontes, esse texto é baseado em muitas coisas que eu já li em muitos livros diferentes e não dá para lembrar de todos. Mas esses três que indico abaixo já servirá para vocês obterem diretamente, se não toda, pelo menos a maior parte do que lá estava escrito; e estes livros possuem em suas respectivas bibliografias uma enorme quantidade de fontes variando desde filósofos neopositivistas até relativistas radicais.

A Lógica da Pesquisa Científica  -  Karl Popper

Conjecturas e Refutações  -  Karl Popper

O que é o Método Científico  - Fernando Gewandznajder
  (Esse é bem "geral" e fala sobre praticamente tudo desde indutivismo até as filosofias relativistas (com suas refutações, claro!))





Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline DDV

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #147 Online: 31 de Março de 2007, 15:03:13 »
Dono da Verdade,

Diferente do Dbohr, achei seu post tendencioso. Pois, sobre o positivismo você faz um texto elaborado, explicativo, comparativo e evitando, como diz logo no início, tratar a perspectiva "moral" dessa corrente.

O que na minha opinião, não é fácil desassociar, pois, foi proposto justamente sob essa perspectiva em Comte.

E a respeito do relativismo você faz uma abordagem resumida, sem considerar os mesmos pontos.

Não seria mais crítico, imparcial, dar o mesmo espaço a ambos os temas e a mesma abordagem?

Por seu post, realmente, fica parecendo que o positivismo é tudo aquilo e o relativismo apenas isso. É essa a sua opinião?

Olá, Luz.

Eu escrevi mais sobre o positivismo por dois motivos:

 1- O meu objetivo primordial foi refutar a idéia disseminada na área de humanidades de que a TR e a MQ contradizeram "teses positivistas", que são devidas a distorções do que realmente dizem a TR, a MQ e o positivismo. Para isso, falar do relativismo não faria quase nenhuma diferença. Só falei um pouco do relativismo para deixar claro sobre qual o tipo e grau de relativismo que eu e os demais do tópico estamos contestando.

2- Relativismo é um conjunto bastante amplo de correntes e filosóficas; mas apesar disso, todas elas são   apenas variantes que diferem em menor ou maior grau do relativismo clássico dos sofistas da Grécia Antiga, a saber, o "ceticismo" acerca da possibilidade de se conseguir algum conhecimento objetivo ou verdadeiro acerca do mundo. E eu não conheço até o momento nenhuma justificativa plenamente razoável para o relativismo (excluindo o relativismo sobre valores) além dos ad hominens circunstanciais, apelos à ignorância e niilismos de sempre (que de forma interessante e inexplicada não são usados contra o próprio relativismo).


Luz, pelo que você postou nesse tópico, parece que você não é "relativista" no sentido que nós usamos e criticamos aqui, mas adepta do racionalismo crítico de Popper. Isso é muito bom! Quase tudo o que foi discutido aqui se deu por uma pequena confusão semântica. Acho que assim ficamos de acordo.


A propósito: distorção por distorção, confusão por confusão, há quem afirme que Karl Popper é positivista! Há alguns relativistas anti-ciência que dizem que Karl Popper "ainda não se desgarrou das garras ideológicas do positivismo" por que o mesmo "ainda"(?) considera a lógica e a experiência os únicos árbitros na escolha entre teorias.

Mas há uma que eu acho mais interessante, e foi devido a ela que eu por algum tempo pensei que Popper era positivista: na página 31 do livro "O Universo Numa Casca de Noz", de Stephen Hawking, está escrito assim:

"Uma teoria científica segura, seja do tempo ou de qualquer outro conceito, deve, na minha opinião, ser baseada na mais viável filosofia da ciência: a abordagem positivista formulada por Karl Popper e outros. Segundo essa maneira de pensar, uma teoria é um modelo matemático que descreve e codifica as observações que fazemos. (...)"
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Luis Dantas

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #148 Online: 31 de Março de 2007, 15:11:39 »
O texto é seu então, Dono da Verdade?  Parabéns!
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Luz

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Re: As conseqüências absurdas do relativismo pós-moderno
« Resposta #149 Online: 31 de Março de 2007, 16:23:23 »
Dono da Verdade,

Eu levei essa questão, inclusive, para fora do Clube Cético, porque a certa altura comecei a questionar o que eu mesma vinha dizendo. E para minha surpresa, o que venho notando, aqui no fórum e fora dele, em buscas pela internet, dicionários de conceitos, de idéias e opiniões é que o próprio relativismo é relativo.  ::)  Parece mesmo que cada um tem uma posição do que significa e no que implica. As fontes, inclusive.

Um ponto comum a maioria dos conceitos, no entanto, é a relação entre Relatividade e relativismo moderno e o fim do positivismo. É incrível como a idéia está incrustada.

Ontem, numa reunião de amigos, na casa de um amigo, ficamos debatendo o tema até às quatro da madrugada.  :lol:  Bom, como aqui, não chegamos num consenso - vários pontos de vista, defendendo idéias semelhantes e cada um entendendo uma coisa diferente. Dessa vez, no entanto, me posicionei de forma inversa, contra o relativismo e principalmente sua relação com Relatividade e oposição ao positivismo.

Não fui bem sucedida, mas sei que estou influenciada por meu próprio ponto de vista - pois quando se chega a questão do que teria levado a uma reformulação de conceitos tanto na Ciência quanto na Filosofia, caimos sempre na Relativdade como marco dessa mudança de perpectiva. E todos parecem ter argumentos convicentes a respeito. No papel de "falseadora" dessa "teoria" todos os pontos que levantei foram refuados.

A conclusão que cheguei momentaneamente é que essa não é uma questão simples e requer uma série de outros conhecimentos que ainda não possuo para chegar a uma conclusão.  :?

 

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