Minha cara amiga, vou utilizar meu direito de resposta...
SÓCRATES – Não se deve nunca cometer uma injustiça?
CRÍTON – Não, certamente.
SÓCRATES – Não se deve, pois, tampouco, responder à injustiça com a injustiça, uma vez que não é jamais permitido ser injusto?
CRÍTON – Claro que não.
SÓCRATES – E fazer o mal, Críton, deve-se ou não se deve?
CRÍTON – Certamente não, Sócrates.
SÓCRATES – E reagir ao mal com o mal, será isto justo, como frequentemente se diz, ou injusto?
CRÍTON – Não, isto não é justo.
SÓCRATES – Quer isto dizer que não há diferença alguma entre fazer mal aos outros e ser injusto, não é verdade?
CRÍTON – É verdade.
SÓCRATES – Não se deve, portanto responder à injustiça com a injustiça nem fazer mal a ninguém, qualquer que seja o mal que nos tenha sido feito.
SÓCRATES – Tome cuidado, Críton, para não reconhecer isto levianamente; pois sei que há e haverá, sempre, muito poucas pessoas convencidas dessa verdade.
Platão, Críton, X.
Tudo muito “moderno” e decente. Falta, porém, um simples pormenor: onde fica a ética social em tudo isso?
Ao meu parecer a lição final desse debate constrangedor nos foi dada por Sócrates há vinte e cinco séculos: pior do que viver num país sem leis é submeter-se aos mandamentos de um Estado sem ética.