A propósito do tópico, mas sendo bastante generalista (incluindo devidamente a ciência escolar):
Além das pressões sociais e ideológicas na formação dos currículos escolares, existe um efeito bastante conhecido e já devidamente estudado (embora não muito divulgado fora dos círculos educacionais) conhecido como Transposição Didática. Esta assume um "saber sábio" (estes conceitos são efetivamente denominados assim na noosfera específica), aquele que é originalmente produzidos pelos pesquisadores, e um "saber a ensinar", que é o resultado de uma reformulação daquele para fins didáditos. Neste processo, é absolutamente inevitável, em maior ou menor grau, uma descaracterização do contexto da descoberta, ficando em um contexto de justificativas que, infelizmente, muitas vezes é bastante distinto do saber sábio. Isto gera muitos anacronismos e improcedências narrativas e, o que é pior, e muito comum, forja um conteúdo muitas vezes ERRADO do ponto de vista mais formal da disciplina específica, mas que por motivos de inércia gerencial perduram por muito tempo no currículo.
Não fiquemos (muito) espantados, então, com um grande número de equívocos na escola. Naturalmente, pode-se sugerir que, de um modo ou de outro, algo de relevante e adequado sempre ficará, mas ninguém que tem um mínimo de curiosidade para com as formas de obtenção de conhecimento e os problemas intrínsecos à sua trasmissão em níveis escolares deveria se espantar com estas inadequações. Naturalmente, isto pode ser minimizado com uma boa formação de professores e sua índole minimamente investigadora. Como se fosse fácil.