O ateísmo não é uma doutrina ou o que quer que seja. Aquele que não acredita em deus pode ser chamado de ateu, e só. Se algum grupo de ateus quiser lançar um livro falando de uma moral baseada na racionalidade, que faça, mas nem por isso quem se diz ateu necessariamente faz parte desse grupo… Pense assim: o ateu é como o não-fumante.
A moral é um conjunto de regras de convivência baseadas em tentativa e erro. Funciona conosco e funciona com os animais. A diferença é que eles seguem essas regras mas não se dão conta disto. Lobo não devora lobo, gralhas dão o alarme quando uma delas, mais preguiçosa, tenta roubar material do ninho das outras para fazer o seu.
Espécies que não desenvolveram essas regras provavelmente se extinguiram.
Regras de moral acabam sendo incorporadas às religiões e atribuídas a algum deus, mas elas vêm de nós, ateus ou teístas. A diferença é que, em sociedades menos controladas pela religião, a moral evolui mais depressa. Quando a religião é que manda, a moral fossilizada de séculos ou até de milhares de anos atrás continua sendo seguida, cegamente.
Esta é, por exemplo, a diferença entre a civilização ocidental, que se livrou do poder temporal das igrejas há muito tempo, e as sociedades islâmicas, onde religião e lei dos homens ainda se confundem.