E como você explica pessoas que não abandonam sua fé em diversas religiões?
Da forma que eu explico porque certos céticos não abandonam a sua fé no ceticismo, ou certos ateus sua fé no ateísmo: Misteeeério!!!
Como assim "irracional"? Matar quem trabalha aos sábados é "fé irracional"? Preconceito com homossexuais é "fé irracional"? Acreditar em uma religião é "fé irracional"? Deus é "fé irracional"? Qual o pretexto para diferenciar fé de fé?
Fé é uma certeza. Racional é todo conjunto de ensinamentos que não contradiz fatos e não se contradiz entre si. Afirmar que Deus é bom e que manda matar quem não observa ritos dispensáveis é colocar Deus em contradição clara com si mesmo. Então essa fé é irracional.
Quem tem fé racional diz: "creio porque entendo e aceito", ainda que possa estar errado. Pelo menos é capaz de construir um sistema que convença ele mesmo. Já quem tem fé irracional diz: "creio, ainda que me demonstrem estar errado."
Isso não faz sentido. Em uma guerra geralmente um lado vence. É como atirar uma moeda, geralmente cai de um lado. Se não houver Deus as guerras sempre darão em empate? É impossível um país ter mais poder que outro?
Você é inteligente e entendeu o que eu quis dizer. Eu quis dizer que quando um acontecimento é muito importante, há sempre uma preferência divina pelo lado que deve ganhar em uma guerra. E eu não disse que houve intervenção divina na questão (embora eu particularmente creia nisso). Eu disse que ninguém pode afirmar que não houve. É bem diferente.
Além do mais, com ou sem intervenção divina o nazismo jamais venceria a guerra. Era um poder dividido contra si mesmo, e estes não conseguem subsistir muito tempo. A derrota nazista era uma questão determinística.
Que luz? Faz quanto tempo que os fiéis tentam convencer os cientistas mas parece que estão é na escuridão?
A luz dos fatos e dos dados. Mas infelizmente só consegue enxergá-la quem é capaz de ler nas entrelinhas.
Eu não posso responder por todos, mas o Espiritismo não incentiva o proselitismo. Quem o faz, age em desacordo com a doutrina. No meu caso particular, apenas exponho opiniões, para quem delas quiser se aproveitar. Quem não gostar, é livre para virar o rosto. Contamos com muitos homens de ciência no nosso meio. Não sei porque pensam que as opiniões deles não pesam na balança. Não temos culpa que alguns cientistas não conseguem enxergar algo mais além de suas próprias áreas de especialização.
Você pode provar que o universo é inteligente e não só resultado de processos?
Bem, eu estou escrevendo em um computador, que faz parte do universo, e que é resultado de um processo inteligente. Esse computador opera obedecendo exclusivamente a princípios físicos. Mas o modo pelo qual ele apareceu, não. Uma origem metafísica atuou sobre os meios físicos, e o meu computador apareceu. Assim como aconteceu com o meu computador, pode ter acontecido com outra coisas no universo, ainda que não vejamos.
Para que? Se ele tem um senso perfeito de bem e mal, não há porque dar liberdade.
Depois desse sopro de sabedoria, o melhor que tenho a fazer é me calar.
Acho que Deus poderia demonstrar isso. As pessoas tentavam entender coisas como o apocalipse, que é cheio de contradições e dúvidas, me parece bem mais fácil a relatividade.
Talvez por isso ela já tenha sido plenamente entendida desde os primórdios do aparecimento do homem na Terra, ou seja, há um pouco mais de 100 anos.
Quer ver um exemplo interessante: imagine-se em 1860 lendo essa dissertação espírita:
P. Dizeis: a eletricidade, essa sutileza entre o tempo e o que não é mais o tempo, entre o finito e o infinito; esta frase não nos parece muito clara. Teríeis a bondade de expô-la mais detalhadamente?
Resp. - Explico-me assim, damaneira mais simples que posso. Para vós o tempo existe, não é mesmo? Mas não existe para nós. Assim defini a eletricidade: essa sutileza entre o tempo e o que não é mais o tempo, porque esta parte do tempo de que outrora vos devíeis servir para vos comunicardes de um a outro extremo do mundo, esta porção do tempo, digo eu, não existe mais. Mais tarde virá a eletricidade, que não será outra coisa senão o pensamento do homem, transpondo o espaço. Com efeito, não é a imagem mais compreensível entre o finito e o infinito, o pequeno meio e o grande meio? Quero dizer, em síntese, que a eletricidade suprime o tempo.
3. Mais adiante dizeis: Não conheceis ainda senão a eletricidade material; mais tarde conhecereis também a eletricidade espiritual. Por isto entendeis os meios de comunicação de homem a homem, por via mediúnica?
Resp. - Sim, como progressos médios; outra coisa virá mais tarde. Dai aspirações ao homem: a princípio ele adivinha; depois vê.
Fonte: Revista Espírita de agosto de 1860 - Eletricidade Espiritual
Nessa época o homem sequer supunha que a eletricidade pudesse varar o espaço, através das ondas eletromagnéticas, que só foram modeladas por Maxwell após 1865. Você não atribuiria um ar de mistério e misticismo nessa comunicação?
Que eletricidade seria essa, que transporia o espaço e representaria o pensamento humano, tornando possível a comunicação homem a homem, como se fosse por via mediúnica? Apesar de dizer que essa eletricidade encurtaria distâncias, economizando tempo, ele ainda disse: "a eletricidade, a sutileza entre o tempo e o que não é mais tempo... mais compreensível entre o finito e o infinito...". Com os conhecimento atuais podemos fazer ainda um esforço de interpretação e constatar. A eletricidade é oriunda do movimento dos elétrons; os elétrons se movem à velocidade da luz; na velocidade da luz, teoricamente o tempo pára; e além disso, a quantidade teórica de energia para fazer qualquer coisa se mover à velocidade da luz é infinita.
Apesar do tom místico da comunicação de Lammenais, a comunicação não tem mais nada de misterioso hoje em dia. Naqueles tempos, poderia ser interpretada como misticismo barato. Quem sabe talvez tenha sido somente coincidência?
Primeiro, qual a sua base para dizer que ateus se suicidam?
Em primeiro lugar, eu não disse que ateus se suicidam. Eu disse que normalmente quem se suicida é ateu (aniquilacionista é a melhor palavra). Os teístas convictos temem o fogo do inferno ou algum tipo de punição futura para a covardia. É claro que me refiro aqui ao suicídio lúcido e premeditado, em face de uma dificuldade qualquer. Já a insanidade produz suicídios em qualquer religião.
Um abraço.