É tão difícil para o Zé imaginar que por levar uma discussão ao tapa ele pode levar um tijolo na cara outro dia? Aliás, da mesma forma que não havia escrito em papel exatamente o que iria acontecer, o mesmo não vale para um tribunal onde se discute a pena?
Então quer dizer que é justo olho-por-olho, já que algumas sociedades tem essa regra escrita?
Foxes, tente entender o teor dos conceitos. A justiça é uma característica da civilização. Na formação das sociedades humanas estabelecidas é preciso haver regras que se apliquem a todos, mas como não há garantias que todos as cumprirão, estipula-se a pena para os infratores. Sem a justiça, desde a mais rudimentar, o homem vive em estado natural - o que vigora é a vingança e a violência.
A partir da justiça o raciocínio passa a imperar, porque o homem conhece as regras e as consequências de suas infrações e pensa antes de agir ou arca com as consequências de seus atos, levando todos os outros a pensar.
Como falei a justiça não é perfeita, mas ela é maleável, evoluindo conforme evolui as sociedades ou conforme as suas necessidades. Quanto menos o raciocínio impera sobre a compulsividade em uma sociedade, mas falha costuma ser sua justiça, porque ela reflete o que é a própria sociedade.
O raciocínio leva o homem a pensar sobre si mesmo, leva a construção da moral e da ética, leva a filosofia, a política, a ciência. Quanto mais o raciocínio predomina em um homem, menos a compulsividade que leva a vingança e a violência encontram espaço.
O raciocínio leva o homem a descobrir quais são os melhores sentimentos, e consequentemente as melhores atitudes, fazendo o que é nocivo perder espaço. O homem não pode dar contra dos atos dos outros contra ele, mas não vê sentido em ser igual aos outros, por isso recorre a justiça. Se os outros agem por compulsividade, esse homem pensa e por isso não age como os outros. É a evolução do raciocínio mesmo, da inteligência, que diferencia o homem bárbaro do civilizado.
Enquanto a vingança pretende prejudicar, causar dano e violência, movida por um sentimento compulsivo a justiça pretende resolver o problema através do raciocínio.