Citação de Luis Dantas
Crer em Deus não tem nada de torpe em si; aliás, a principal característica da crença em Deus é, em última análise, a sua redundância - na verdade praticamente nenhuma diferença faz se ele existe ou não, ou se acreditamos ou não nele, exceto em um nível estrito de motivação individual.
O que muitas vezes se torna torpe são as atitudes que se tenta justificar com base nessa crença. Mas até aí, nossas atitudes sempre são responsabilidade nossa, independentemente de metafísicas, teologias e superstições.
Acho que não estou me expressando bem... Eu não quis dizer que crer em Deus é torpe. Torpe são algumas explicações simplistas e vazia dadas aos fiéis pelas diferentes igrejas. Elas "recrutam" as mentes as pessoas através de seus dogmas e depois as idéias já se encontram enraizadas no entendimento das pessoas, desde a infância geralmente, estas pessoas passam a não se questionar mais se aquilo tudo faz sentido ou não.
Ontem mesmo, por exemplo, assistia com a minha namorada, que está se formando em medicina, a um programa sobre partos e, consequentemente, sobre abortos. Ela é católica, nada radical, mas católica. Quando mostraram um parto pré-maturo perguntei a ela se achava que, a despeito do conceito da perfeição divina e do design inteligente (expliquei do que se tratava), o fato de a natureza se esforçar tanto para sobreviver, com sucesso no todo, mas com muitas falhas em parte, não daria margem à imperfeição de um deus ou mesmo à sua inexistência. Finalizei perguntando se ela acreditava cegamente na existência de um deus, ou se tinha dúvidas.
Não quero aqui entrar no mérito desta questão... Apenas da resposta, que foi:
- Por que vocêestá perguntando isso? Eu sempre acreditei em Deus, nunca parei pra pensar se ele existe ou não. Pra mim Deus existe, pra que eu tenho que ficar me preocupando com isso? Só você mesmo pra ficar pensando essas coisas, maluco...
Enfim... Depois da resposta nem demos continuidade... Ela não se interessa mesmo por essas questões e eu não acho mesmo de bom gosto tentar (des)doutrinar ou convencer alguém. Deixo este papel para a igreja.
O que me chama a atenção é algo que está bem retratado em um dos livro que citei àcima, os Diálogos, de Hume. Às crianças os dógmas são transmitidos como fábulas, revestidas de mágica e moral. Elas crescem e aprendem aquilo tudo e têm os fatos narrados na Bíblia como realidade, como História. Algumas delas crescem e passam a se questionar, seguem ou não a religião, de acordo com as respostas que obtêm. Outras não chegam a se questionar, mas deixam o caminho religioso. Mas muitas seguem na religião, aceitando as mesmas fábulas infantis como argumentos para aquilo no que acreditam, sem saber bem por que...
Qual delas está certa? Não faz diferença. Não há certo ou errado. Apenas acho uma pena quando me deparo com um amigo ou uma pessoa qualquer, religioso, que me apresenta argumentos infantis e torpes (as vezes, sim, torpes) como base de sua fé... Muitas vezes tentando me converter... E aí, volto à minha primeira participação neste Fórum: Contra a fé, realmente, não há argumentos.
Veja bem, não considero ser o "acreditar em deus" algo torpe. As pessoas o fazem de coração, sem pensar, não pensam nos argumentos para isso. Soam torpes no entanto, principalmente frente aos que se decidiram pelo caminho do questionamento, os argumentos fabulosos. Não foi o caso da minha namorada, mas apenas porque ela de fato não se importa com o fato de eu ser ateu (agnóstico, na verdade).
Atheist,
Vou continuar tentando!
Quanto ao Thor e outros deuses dos politeísmo, você já leu a História Natural da Religião de David Hume? Ele inicia o livro examinando o processo de "evolução" do politeísmo para o monoteísmo, traça os paralelos e conclui com uma oposição entre os dois sistemas. É muito interessante.
Volto mais tarde!
Sds.,
Kaddoum
P.s.: Desculpem a dificuldade no transmitir das minha impressões. Confesso que é a primeira vez que busco me aprofundar de verdade no tema, apesar de sempre ter me interessado e questionado sobre essas questões.