Não, a fé deve ser racional sempre que possível.
Acho que apenas se estiver usando "fé" no sentido de otimismo.
Otimismo está mais para complemento do que para sinônimo de fé.
Não seria bem sinônimo, mas eventualmente usado como.
"Você tem que ter fé que tudo vai dar certo", "você tem que ter fé nas pessoas", "tenha fé na sua capacidade" - para mim o significado disso é mais de otimismo/esperança do que de fé clássica.
Não é algo a que um ateu se refere quando diz que não tem fé ou que não se deve ter fé, na imensa maioria dos casos.
Porque diariamente ouço no rádio os sermões de crentes falando que se deve crer apesar de não ter evidência, de que se tem que ter fé, etc. Sempre colocando fé em oposição à racionalidade convencional, numa coisa que normalmente se acreditaria mais facilmente, por não ser nada extraordinário, e por ser evidente.
Acho que se não for assim perde totalmente o sentido popular de "fé", e fica sendo simplesmente "ter convencimento razoável da verdade de algo".
A definição de fé que certas pessoas usam realmente tem essa arrogância travestida, mas eu a considero uma degeneração. O que eles realmente parecem estar buscando é crença irracional para salvar o orgulho.
Prefiro a que se usa (por exemplo) para certos documentos de cartórios, como na expressão "dou fé por ser verdade". Fé que se baseia na análise dos fatos observáveis, não no desprezo dos mesmos.
Ah sim... nesse caso sim... mas acho que isso é quase um jargão diferente, não é algo comumente usado... é meio como começar a discorrer sobre "amizade" com algo como "bem, o que é amizade? Segundo os antigos maias.... ... no latim... em grego..."
Coloquei crença e certeza como sinônimos.
Por que? São conceitos tão diferentes.
Bem, parte de minha argumentação toda é que os conceitos não estão fortemente atrelados por trás de uma ou outra palavra...
Posso dizer tanto que "eu
acredito que muitas vezes pode-se usar as mesmas palavras, mas significando coisas diferentes, ou palavras diferentes, para significar a mesma coisa", quanto "eu
tenho certeza que muitas vezes pode-se usar as mesmas palavras mas significando coisas diferentes, ou palavras diferentes, para significar a mesma coisa".
Aí por exemplo, o significado é exatamente o mesmo. "Acreditar", inclusive diferentemente do que se poderia defender para o termo, me parece até conotar um pouco mais de possível admissão de possibilidade de erro do que "certeza".
seria que um religioso poderia dizer algo similar a frase da Druyan: "eu não acredito em deus, eu sei que ele existe".
Um verdadeiro religioso dificilmente diria algo tão tolo, sinceramente. Ou pelo menos não acharia algo particularmente importante para ser dito. Um religioso lúcido tem coisa mais importante para pensar, sentir e dizer do que essa insignificância que é "saber" que Deus existe.
Esse é o problema da discussão toda... um monte de "verdadeiros escoceses". Por isso mantenho que não existe "verdadeira fé", "verdadeiro religioso" nem sentido exato de praticamente nada. Existem os usos populares dos termos, variações também comuns, e sentidos mais restritos à outras épocas, ou a situações, etc... mas nenhum é "o verdadeiro".
Se numa discussão, uma pessoa A diz "fé é ruim porque só leva a X", e B discorda, porque para o conceito pessoal de fé, nunca levaria a X, então o melhor talvez fosse, em vez de discordar, "não, fé não leva a X", perguntar "o que é fé para você?". O A diz "fé é uma crença irracional". E "crença irracional" seria algo que o B acredita que poderia levar mesmo a X; resumindo, não há discordância efetiva entre A e B, exceto nos termos que usam para rotular as coisas.
Poderiam discutir qual o termo mais apropriado, mas é uma fuga do assunto, algo que acho que normalmente não interessa muito a ambos, a menos que tenham algum tipo de apreço maior pelos rótulos do que pelos significados.