Hidrelétricas - Como todos sabem, os impactos das usinas hidréletricas se resumem principalmente em relação a área alagada, tanto em relação a perda de habitat quanto a emissão de gases estufa. Neste sentido, Luiz Pinguelli Rosa defendeu que a COPPE está estudando várias possibilidades para diminuir a área alagada por estas represas o que diminuiria o impacto ao ambiente. Neste sentido, a energia hidrlétrica passaria a fazer juz ao título de "energia limpa". Estes projetos de diminuição de área alagada já estão bem avançados (segundo ele) e poderão ser implementados em breve.
O problema nem é esse, Luiz. Pelo menos não o maior problema. O problema maior é que não tem rio no mundo que dê conta da energia que precisamos. Olha a China que construiu com enorme esforço e dinheiro uma super-mega-hidroelétrica e no fim o monstro vai dar conta de 3% da necessidade energética do país...
Energia nuclear - Várias palestras mostraram gráficos que modelavam a "matriz energética" em um futuro próximo do mundo. A energia nuclear é responsável por apenas uma pequena parcela deste bolo atualmente e as previsões para a sua utilização no futuro não são muito diferentes. Estas previsões pessimistas em relação a energia nuclear devem-se, segundo os palestrantes, ao alto custo para implementação das usinas e a falta de tecnologia para se lidar com o resíduo gerado. A utilização de combustíveis fósseis ainda será muito importante para nós, sem dúvidas. Tenham certeza que a não proliferação da energia nuclear não se deve aos eco-chatos, mas sim a existência de outras fontes de energia mais viáveis.
Hoje em dia a energia nuclear é responsável por 16% da energia que consumimos. Poderá chegar a 18% em breve. Ela não avança mais nem é capaz de avançar mais por dificuldades técnicas ou pesadelos logísticos, mas porque não é politicamente correto defender energia nuclear. Usinas são caras, certo, porque a tecnologia envolvida na produção e segurança são mais complexas do que numa barragem hidroelétrica, mas o retorno é maior e mais estável. E muito mais eficiente.
Não há falta de tecnologia para lidar com o resíduo gerado. Há falta de tecnologia para elimina-lo, mas há tecnologia suficiente e madura para guarda-lo em segurança. Mas então pouca gente olha para a energia nuclear por fissão como uma solução permanente.
Combustíveis fósseis - Todos os gráficos apresentados que mostravam a utilização de energia em um futuro próximo (até 2050) mostravam um aumento da utilização de combustíveis fósseis para geração de energia, principalmente carvão e petróleo. A palestra do presidente da associação brasileira do carvão mineral foi muito interessante e mostrou dados inéditos para mim. Ele colocou a culpa da péssima imagem da indústria do carvão em economias como a china. Esses países utilizam baixa tecnologia para a produção de energia através do carvão, com uma eficiência muito baixa no processo. Novas usinas (construídas principlamente na alemanha) tem uma eficiência muito maior e uma emissão de dióxido de carbono muito mais baixa, o que torna esta tecnologia muito mais viável. Além disso, o futuro dessa via seria a utilização de usinas "neutras em carbono", onde a queima de combustíveis fósseis é associada ao sequestro de carbono. Vias para sequestro de carbono são inúmeras e estão em pleno desenvolvimento.
Pois é, aí entramos no campo da "justiça". Durante décadas o Ocidente tem se aproveitado da produção de energia via carvão e petróleo sem se preocupar com tecnolias caras que diminuíssem a emissão de gases do efeito-estufa. Agora que entramos na moda de sermos ambientalmente corretos, exigimos dos países emergentes que sejam responsáveis numa prática num momento de suas histórias semelhantes à momentos de nossas histórias quando não éramos responsáveis sobre o assunto. E não era por falta de informação, porque os clamores ambientalistas sobre a nocividade do CO2 são antigos...
Eu acho que a gente não tem "cara" prá chegar pra China e dizer que ela tem de controlar suas emissões de CO2, quando foram emissões descontroladas de CO2 que levaram os países do dito primeiro-mundo ao... primeiro-mundo.
Sequestro de carbono - além das vias clássicas prevista pelo protocolo de kyoto (sequestro biológico através de biomassa vegetal), vias alternativas (muitas vezes mais eficientes) foram discutidas no seminário. Uma das vias mais interessantes e com um futuro bem promissor é o sequestro geológico de carbono. Esta via ocorre através da injeção de dióxido de carbono em áreas onde o petróleo é retirado ou em outras onde há viabilidade para injeção do mesmo. Este processo já vem sendo utilizado por países como a Rússia e a sua capacidade de sequestro é muito grande. Segundo os pesquisadores da COPPE o risco de "vazamento" destes reservatórios é muito baixo e por isso seria uma ótima alternativa para mitigas o aquecimento global.
Algumas observações sobre essa quimera:
- Transporte do CO2 da usina para o local onde será sequestrado.
- Disponibilidade de áreas apropriadas para armazenamento.
- Bomba-relógio: se algo ocorre na crosta da área de armazenamento...
- Encarrecimento da energia.
- Eficiência do processo.
Hidrogênio - energia completamente limpa pós aquisição do hidrogênio que para ser gerado apresenta um penalti abusurdamente grande. Este problema torna a utilização deste tipo de tecnologia em larga escala inviável em um futuro próximo.
Não se a energia nuclear for utilizada para fornecer grande parte dessa energia requerida...
Certamente precisamos usar um coquetel de energias para substituir a queima de carvão e petróleo como principais fontes, mas acho que a energia nuclear deveria ser encarregada do grosso, devido ao alto nível de eficiência-limpeza-custo que apresenta. Todas as outras possuem fortes pontos nalgum desses três aspectos, mas geralmente falham nos outros e em comparação com a energia nuclear certamente falham em eficiência.