Off Topic:
Uma pergunta meio off-topic para você: sei que nos EUA é relativamente fácil, sendo um físico, de se conseguir uma bolsa para um doutorado, por exemplo. Ouvi várias vezes pessoas dizendo coisas como "se preocupe em ser aceito, o resto se ajusta sem muitos problemas depois". A imagem que tenho é de que eles incentivam muito a ida de cientistas estrageiros para as suas universidades. Na Europa acontece o mesmo?
Que eu saiba, existem mais estrangeiros que americanos fazendo pós-graduação em ciência nos EUA. Existem muitos na Europa também.
Se é fácil ou não vai depender do seu currículo e dos contatos que você tem no Brasil.
A grande vantagem dos EUA é que lá existe um número enorme de universidades, e por isso mesmo um número grande entre elas
é de qualidade. Daí, por uma questão puramente estatística, fica realmente mais fácil ser aceito por algum orientador. Veja
que isso é diferente de se conseguir uma bolsa. Está ficando cada vez mais difícil se conseguir bolsa do Brasil para um doutorado completo
no exterior em física. Por bons motivos: porque o governo vai gastar uma fortuna com um aluno no exterior, quando existem bons cursos
de pós-graduação em física no Brasil?[1] Uma opção é a bolsa sanduíche, que permite que o aluno passe um ano no exterior durante o seu
doutorado. Na minha opinião, essa é a melhor opção: estudar no exterior
não é fácil. Exige muita determinação e muito investimento
emocional, e muita gente por aí desiste no meio do caminho. Com a bolsa sanduíche você pode ter as vantagens de estar no exterior, sem
as desvantagens.
Outra opção é ir sem bolsa do Brasil. Isso tanto é possível na Europa como nos EUA. Mas antes é preciso se informar se o
valor da bolsa de lá é suficiente para se viver. Em muitos casos, a bolsa só lhe permite viver "da mão pra boca". Como eu disse no começo,
para conseguir uma bolsa dessas é ter um bom currículo e conhecer professores que tenham contato com o seu futuro orientador[2].
Aqui na Bélgica tenho um colega de Recife que está com bolsa local (uns 1500 euros - dá pra viver tranquilamente).
Por outro lado, se você tiver certeza de conseguir uma bolsa do Brasil, você pode ir para qualquer lugar. Quem não gostaria de ter
escravos?
[1] Para não parecer hipócrita: eu quis fazer doutorado completo no exterior. Fui aceito por um professor da Universidade do Arizona, que
no entanto exigiu que eu tivesse bolsa do Brasil. Não deu. Fui então ao Canadá - sem bolsa, mas recebendo como Teacher Assistant (ou
seja, vivendo na pobreza mesmo). Depois de 2 anos e meio disso, apliquei e consegui uma bolsa da CAPES (quando já estava raspando
o fundo da minha conta).
[2] Ponha-se no lugar de um pesquisador famoso: você recebe dezenas de cartas de estudantes e pós-docs. Fica mais fácil decidir se
algum conhecido seu o indicar.