Depende com qual atividade você está comparando… Existem outras degradantes também. Mas a prostituição coisifica a pessoa, esta deixa de ser uma pessoa e passa a ser o objeto do prazer alheio, retirando-lhe a dignidade. Procedure, a indignidade tem muito de um postulado moral, como você mesmo diz. E, como falei antes, não é por ser moral que é irracional.
Ser objeto do prazer alheio é o objetivo da prostituição. Mas como você disse tem o postulado moral, pois o ato de dar prazer pode ser visto como altruísmo. Penso que a moral evolutiva é falha, é muita ênfase nos genes no comportamento da espécie humana.
Não há degradação do corpo e há organizações diversas, inclusives ongs de garotas de programas, sempre no incentivo ao sexo seguro.
A dignidade da pessoa não está relaciona a uma atividade sexual mediada por um valor financeiro. Veja que no tópico, alguns disseram que se gasta do mesmo jeito com as mulheres e inclusive se abriu uma discussão sobre quem deve pagar ou se deve ser dividido as despesas.
Eu não estou falando do dinheiro em sí. Não vejo como o ponto central da indignidade, mas sim a violação da mente e corpo da pessoa. Como já falaram, é um postulado moral, é evidente que tem quem ache diferente, afinal é subjetivo.
O que caracteriza a prostituição é o fator dinheiro, a negociação do prazer. A garota de programa oferece prazer sexual ao cliente em troca de um valor monetário. Se não está falando em dinheiro não está falando em prostituição.
Oferece prazer em detrimento de seu corpo e sua dignidade. Algo que não deveria ser valorado monetariamente. Melhor assim?
Faço minha as palavras do Procedure e acrescendo a questão: Onde está o detrimento da dignidade?
Daí voltamos ao ponto de antes: onde está exatamente a violação do corpo? Onde está a violação da consciência? Qual o problema em se auto coisificar? Tudo isso se baseia no postulado. Mas deixemos assim então…
E outra questão, qual é o valor que devemos dar a sexualidade? Ao mérito da transmissão de nossos genes para a contribuição da evolução da espécie humana? Ao prazer proporcionados as pessoas que transam sem o valor monetário envolvido e apenas por isso?. Embora seja passível de questionamento se não há valor monetário envolvido, ainda mais se for pela lógica da evolução, em que as mulheres procuram os homens com as melhores condições para a construção da família. E também no ritual humano de acasalamento, se é assim que podemos chamar em termos evolutivos a paquera e a aproximação com interesses sexuais e afetivos, que sempre implicam em gastos financeiros. E a manutenção de uma relação monogâmica que tem por objetivo em termos evolutivos o repasse dos genes, e assim permite generosamente a prática sexual entre o casal, estes sim, estão enquadrados no que se considera natural, e muitas vezes uma tendência genética.
O texto Os frágeis alicerces da monogamia me deu embasamento para o que escrevi, pois considero uma intelectualidade hipócrita fazer acusações como a de imoralidade e de falta de carater, com aquilo no qual não queremos para nós e apenas para nós, portanto é uma escolha pessoal e não passível de ofensas a quem quer agir de outra maneira. Acredito a tolerância ser importante para nossa convivência.
Respondendo a primeira pergunta: o detrimento da dignidade é algo eminentemente moral, é subjetivo. São regras, costumes, e respeito ao corpo e mente criados como padrão moral. Eu tenho, você não tem. Eu não estou simplesmente repetindo por que algumas pessoas dizem que é imoral que é imoral. A simples idéia da prática me causa repulsa interna e consciente, é uma resposta natural. Não é simplesmente imoral, pecado etc, é algo que em mim, ao menos, é naturalmente equivocado. É subjetivo e não obedece a regras como as da evolução. É neste ponto que eu acho que Skinner está completamente enganado ao simplesmente desconsiderar o aspecto interno do indivíduo que não responde de forma mecânica ao ambiente, mas sim de foram inconstante e não sujeita a regras. A natureza humana não é sempre vinculada, mas também discricionária.
Você retorna a questão da traição para argumentar aqui, fatos diversos, mas tudo bem. Vejamos.
Com uma visão bem crítica a respeito dessa posição, Regina Lins diz que “a única coisa que importa numa relação é a própria relação, os dois estarem juntos porque gostam da companhia um do outro e fazerem sexo porque sentem prazer. Todas as restrições impostas e aceitas com naturalidade ameaçam muito mais a relação do que a infidelidade”. Já Mazzini contesta a posição monogâmica alegando que “podemos ter vários amigos, mas não nos permitimos ter vários amantes. Um pai e uma mãe podem ter vários filhos e amar a todos, não igualmente, mas a cada um de forma diferente, ou seja, há espaço para todos. Portanto, o fato de se desejar ter uma relação com outra pessoa, e eventualmente realizar este desejo, não significa que se tenha deixado de amar ou se esteja insatisfeito com o parceiro, significa apenas que uma pessoa só, por melhor companheira que seja, pode não ser capaz de preencher todas as necessidades afetivas. Um relacionamento eventual com outra pessoa não prejudica [necessariamente] a relação principal, pelo contrário, pode até ajudar na manutenção e melhoria da mesma, uma vez que cada um deixa de sentir o outro como um carcereiro. E não há nada de errado (a não ser devido a um tabu) em ter outros relacionamentos eventuais, sem que isto afete a relação estável com um parceiro com o qual se escolheu partilhar os demais aspectos da vida, inclusive a maternidade/paternidade”.
A questão da traição gravita em torno do compromisso, da palavra que você deu para o parceiro. A opinião acima demonstra uma pessoa que pleiteia um casamento aberto, em que o outro possa fazer ter relações com terceiros. Eu não vejo proplema nenhum nisso desde que ambos estejam de acordo. Agora se no momento do casamento ou união ambos fixam como base da relação a monogamia, se esta cláusula nunca for rediscutida e um deles violá-la, me parece flagrante a existência de uma imoralidade e mau caratismo, representado pela quebra da confiança e compromisso assumido. Isso é um erro no seu sentido objetivo e universal.
Com uma visão bem crítica a respeito dessa posição, Regina Lins diz que “a única coisa que importa numa relação é a própria relação, os dois estarem juntos porque gostam da companhia um do outro e fazerem sexo porque sentem prazer. Todas as restrições impostas e aceitas com naturalidade ameaçam muito mais a relação do que a infidelidade”. Já Mazzini contesta a posição monogâmica alegando que “podemos ter vários amigos, mas não nos permitimos ter vários amantes. Um pai e uma mãe podem ter vários filhos e amar a todos, não igualmente, mas a cada um de forma diferente, ou seja, há espaço para todos. Portanto, o fato de se desejar ter uma relação com outra pessoa, e eventualmente realizar este desejo, não significa que se tenha deixado de amar ou se esteja insatisfeito com o parceiro, significa apenas que uma pessoa só, por melhor companheira que seja, pode não ser capaz de preencher todas as necessidades afetivas. Um relacionamento eventual com outra pessoa não prejudica [necessariamente] a relação principal, pelo contrário, pode até ajudar na manutenção e melhoria da mesma, uma vez que cada um deixa de sentir o outro como um carcereiro. E não há nada de errado (a não ser devido a um tabu) em ter outros relacionamentos eventuais, sem que isto afete a relação estável com um parceiro com o qual se escolheu partilhar os demais aspectos da vida, inclusive a maternidade/paternidade”.
Eu não concordo com a opinião acima, que é puramente subjetiva e totalmente inaplicável unilateralmente. Primeiro, relação sempre envolve duas ou mais pessoas, logo tem de existir convergência de regras da relação. A opinião acima somente pode ser aplicada se o outro que for se relacionar com ela concordar com estas normas, caso ele não concorde, não haverá relação.
Agora, se eles se unem e prometem fidelidade, se um dos parceiros resolver aplicar a teoria acima, sem informar o companheiro, nem rediscutir as normas da relação, há uma quebra de compromisso e isso é imoral e falta de caráter e vejo isso como uma verdade objetiva.
O problema não está na monogamia, mas sim na quebra de compromisso. O texto traz muitos argumentos de como a monogamia é frágil e como o seu fim é vantajoso. Pode até ser verdade, mas o que importa é questão da palavra dada, de honrar o fio do bigode. Dizer que quem defende a monogamia é uma impostura intelectual, além de arrogante, é uma tremenda falácia. Primeiro relação exige acordo mútuo, logo, as regras são privadas, cada casal ou mais pessoas criam as normas, ingerir-se no casamento dos outros é que um absurdo. Mas em todas as relações, a quebra do compromisso é algo errado, isso é uma verdade universal.
Eu estou de pleno acordo que é um grande abuso alguém imprimir aos outros uma moral específica, como dizer que todos deveriam ser monogâmicos e que o contrário é imoral. Estou de pleno acordo.
Mas a quebra do compromisso, é imoral e errado, sinônimo de falha no caráter. Isso vale para qualquer relação, é um conceito objetivo.
Adriano, se você ler acima que disse que a moral é minha e não se imprime aos outros. Ela serve para mim definir a minha conduta e não a de outrem. Impor uma moral subjetiva a coletividade é sim um abuso.
Mas existem regras que representam uma moral coletiva, como a quebra do compromisso, como disse acima e como a probição da conduta matar alguém, violá-las é atentar contra esta moral coletiva, independentemente de quem for.