Nessa proposição, eu acho que a palavra julgar deve ser mais pesquisada, o que é julgar ? É possível julgar imparcialmente ? Se é possível, então o julgamente foi oriúndo de onde? Se não tiver origem o julgamento, eu não posso dizer que ele veio do acaso ? Ou que veio de um ser capaz de criar que reside dentro de nós ?
Agora, se não somos capaz de julgar, se isso é um mecanismo de pensamentos, então como é que funciona esse mecanismo ?
julgar é emitir um juízo. é aprovar, desaprovar, gostar, não gostar. não se julga sem parâmetros. e de onde eles vêm?
no direito, consideramos um juiz imparcial quando ele não tem nenhuma relação prévia com as partes. se tem com alguma delas comunhão ideológica, se não, se tem preconceito contra a condição social de uma delas, se não.. bom, isso não se controla e se admite. não é possível julgar imparcialmente.
mas esta é uma questão um tanto complicada, rapaz. minhas escolhas e julgamentos sou eu quem faço, mas, de fato, o que exatamente sou eu? talvez mesmo esse ente imaterial que julga sabe-se lá com quais critérios? talvez pura decorrência lógica da cadeia de eventos que me trouxeram até aqui, talvez uma mistura dos dois? não se sabe ainda.
Isso sugere que o julgamento é aleatório, como pode existir um julgamento aleatório, como uma roleta, quem é o "ponteiro" da roleta que escolhe - e julga - os valores ?
não sei. vai ver tem algo a ver com a incerteza quântica. também, a atividade espiritual não se faz sem a carne. há emoções e vontades envolvidas. posso de repente me colocar contra o aborto pelo fato de o contato com uma criança me ter enchido de afeto pela vida, posso virar comunista pelo fato de o amor da minha vida também o ser, enfim...
É esse o objeto da minha investigação, quais são os pilares ? Esses pilares existem ?
Dizer que os pilares não existem, por sí só não é uma afirmação e uma proposição ? Não seria então um pilar também ? Como é que é possível não-existir e existir pilar ?
não pode não existir, não no nosso atual estágio de desenvolvimento. creio ser inevitável não fazer juízos sobre as coisas e depois levá-los em consideração ao fazer juízos sobre as mesmas ou sobre coisas parecidas. não tivéssemos valores ou axiomas não teríamos por que agir. agir, quando não é instintivo, implica fazer valer um dever ser, um valor.
Porque se fixar então no ceticísmo, se o conhecimento é tão vasto assim ? E dogmátizalar a lógico ou a linguística, não é errado pra esses céticos porque ? Porque parar a investigação nesses pontos ?
falamos aqui do ceticismo científico, que admite assumir vários axiomas. é mais uma imposição da ordem prática, e não (acredito) o melhor método para que se busque a verdade. você já deve ter ouvido falar de ceticismo pirrônico, não? aquele radical, em que se duvida até da própria existência.
Como você pode sustentar essa proposição também ?
Você diz que não ha um ponto de vista melhor, mas então como se explica a diferença entre o ponto de vista de um cético e a de um crente ? Por sí só ja são diferentes.
O que impede de descobrir-mos que um ponto de vista pode ser melhor do que o outro ?
são diferentes, mas você acredita poder dizer qual é o melhor ou o mais correto? não sabemos nem do que é a verdade objetiva, e nosso estado natural vai-nos deixar nessa condição, ouso-me a chutar, pra sempre, já que mesmo que tenhamos um método perfeito de chegar à Verdade, nunca poderemos saber se o próprio método é o ideal.
Pra mim… O que deve ir além do debate lógico é a vontade de cada um se superar, e não o estagnar-se, não vivo em função de acreditar que o conhecimento é inalcançavel e por isso digo que isso deve ser do além, eu simplismente tento encontralo.
admitimos que seja inalcançável mas nem por isso deixamos de tentar chegar o mais próximo quanto possível.