Autor Tópico: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham  (Lida 18343 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #100 Online: 21 de Outubro de 2007, 19:34:09 »
Essencialmente, duas pessoas (fictícias): um é um cara extrovertido, trabalha com marketing, confiante e mulherengo, tem problemas de fidelidade no terceiro casamento. O outro é contador, introvertido, bom trabalhador, ético, e até acaba sendo explorado pelos colegas de trabalho em função disso. Vive sozinho e passa a noite construindo modelos de miniatura.

Visita-se os mesmos mais tarde, e o primeiro passou a ficar mais tempo sozinho; começou a pintar do nada, e nas conversas, cria silêncios enormes que começarão a atrapalhar no seu trabalho. O outro, começou a "se soltar", começa a contar piadas "sujas", o que é inicialmente engraçado, mas vai ficando sério, quando ele passa das piadas para outros tipos de coisas, como enfiar a língua na orelha de um sobrinho pequeno. Andando pelas ruas, sai atrás de mulheres que vê no caminho, e "se mostra", o que leva a alguns problemas com a polícia.

Em alguns anos, ambos estarão internados, eles tem uma mesma mutação, em um só gene, causadora de demência frontotemporal.




Não sou "contra" genes ditando as coisas básicas da espécie, ou mesmo particularidades individuais; mas há uma ampla gama de possibilidades de como o cérebro se modifica durante a vida em resposta ao ambiente.

A explicação é bem simples. A mutação não está localizada no gene que confere algum comportamento específico, mas causa distúrbio do comportamento que seria o padrão da pessoa.

Mas esse é o ponto... não há genes para comportamentos específicos, na maior parte do tempo, mas genes que determinam coisas, que em certos ambientes/situações, poderão desecadear diferentes comportamentos. Essa coisa de demência frontotemporal é essencialmente o lobo frontal "murchar".

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #101 Online: 21 de Outubro de 2007, 20:10:47 »
Quanto à evolução dos olhos azuis, citada pelo Pena... realmente acho meio estapafúrdia essa idéia de instinto para "teste de paternidade insconsciente". Isso só parece fazer sentido em situações onde hajam pessoas com outras cores de olhos na população, ou seja, antes da origem dos olhos azuis, e depois, num reencontro com outras cores de olhos.

Nem tanto. Sendo olhos azuis duplamente recessivo (são dois genes), certamente surgiu em heterozigose (como a maioria das características) e não apareceu repentinamente em uma população inteira. Não há necessidade de reencontro das características.

Sei lá... acho estranho.... tenho a impressão que serve mais para ter certeza que o filho que teve com a prima é dele mesmo, se for assim. Não parece nada que proporcione aptidão significativa.


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Se o instinto é uma proposta para explicar a evolução/fixação dos olhos, não teria que ser uma velocidade consideravelmente absurda para fixação, ainda mais considerando que seriam os homens fazendo essa seleção? Qual a possível vantagem reprodutiva que homens que preferissem mulheres com olhos igualmente azuis poderia ter com relação aos que pegassem mulheres de todas as cores de olhos? Para mim parece que o segundo tem maior vantagem reprodutiva.

Conforme explicado, a única vantagem é não criar o filho do padeiro...
O que só funciona se o cara tiver uma tara apenas por primas ou irmãs de olhos igualmente azuis; e depois que todo mundo já tiver olhos azuis, podem ser corneados o tempo todo que nunca iriam saber... a suposta vantagem seletiva só existe num período relativamente curto, e é bastante questionável.


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Agora, alguém já leu o artigo? Há outra explicação?

Eu não li ainda, mas me parecem explicações mais prováveis: os mesmos genes, que também devem estar relacionados a (menor) pigmentação, e conforme as populações vão se afastando do equador, os genes podem se perder por não causar desvantagem, podendo ser eventualmente popularizados por deriva, além de até ter possível vantagem mais significativa como na síntese de vitamina D auxiliada por maior entrada dos raios do sol na pele.

Offline NadaSei

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #102 Online: 21 de Outubro de 2007, 20:27:40 »
Mais uma vez, leia o artigo dos olhos azuis na íntegra e formule uma hipótese melhor. Eu tentei e não encontrei. Dizer simplesmente "é cultural", é o mesmo que dizer "foi deus"...
Dizer que é genético idem.

Quanto aos olhos azuis, foi apenas um dos exemplos citados no artigo original, quanto a esse exemplo, não tenho o que comentar, já em relação ao ciúmes, expliquei bem isso.
O ciúmes depende da identificação de que uma terceira pessoa é um risco a relação valorizada, ou cujo o rival afeta nosso "ego", devido a um sentimento de "posse".
Para ele aparecer, precisa encontrar na percepção das pessoas esses fatores, o que significa que isso está ligado a forma como a pessoa percebe a situação.

Os genes criaram um cérebro dotado de capacidade para criar conceitos abstratos, questionar, sentir, perceber ameaças, etc...
Essas coisas todas fazem parte de um cérebro que cria uma mente, o cérebro por si só é maleável, pois tem uma quimica que pode ser alterada pela própria mente e que altera nossa percepção.
Essa maquina complexa por si só, conforme funciona, cria coisas inesperadas que não estão ligadas diretamente aos genes. O ciúmes é uma dessas coisas.
Os genes podem ser responsáveis por nos permitir detectar ameaças, mas não por nos fazer entender um parceiro amoroso de outra pessoa como sendo ameaça a nós.
Isso é efeito colateral de como a nossa mente funciona, de como ela percebe o mundo, percepção essa  que é influencia pela cultura.

Dizer que os genes criam o ciúmes e dar explicações sobre o "motivo" do ciúmes ter evoluído e se espalhado, apontando os "benefícios" dele para a "procriação" do ciumento, é tão ridículo quanto tentar explicar o motivo genético para gostarmos de dinheiro, dizendo que os genes que nos fazem gostar de dinheiro, permitiram aqueles que tinham esse gosto por dinheiro, formar familias maiores e espalhar mais os seus genes, assim esse gene se espalhou e agora todos gostam de dinheiro...

Não existe um gene que nos faz gostar de dinheiro, assim como não existe um gene que nos faz sentir ciúmes, pois essas coisas estão ligadas a outras que independem disso.
Gostar de dinheiro é mero efeito colateral de gostar de coisas, que em nossa sociedade são conseguidas através dele.
A pessoa não gosta do dinheiro em si, gosta do status, do conforto, das coisas que a permitem levar uma vida mais plena, da segurança, etc...
A pessoa também não sente "ciúmes", ela identifica o outro como ameça a sua "posse", em uma sociedade individualista onde o outro é nossa propriedade, ela sente "vergonha" do julgamento alheio em uma sociedade onde a monogamia é a relação bem vista, onde um ideal romântico de amor a dois é ensinado.
Ela sente ciúmes quando não tem auto-estima o suficiente, e entende como ameaça a seu próprio carinho, ver o outro dando carinho a uma terceira pessoa, como se aquilo fosse a impedir de ela própria receber o carinho de que gosta.
São vários os tipos de ciúmes e cada pessoa vai ser afetada por uma dessas coisas ou por outras.
Uns por "acreditar" no ideal de amor romântico, outros por baixa auto-estima, etc...
Ou seja, são efeitos colaterais de como nossa mente funciona, de como percebemos a realidade, do que acreditamos, etc...
Se você acredita que religião não passa de fantasia, está confundindo a religião, com o que na verdade, são suas próprias fantasias sobre o tema.
Religião é ciência. (Conhecimento).

Temma

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #103 Online: 21 de Outubro de 2007, 21:49:56 »
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Dizer que os genes criam o ciúmes e dar explicações sobre o "motivo" do ciúmes ter evoluído e se espalhado, apontando os "benefícios" dele para a "procriação" do ciumento, é tão ridículo quanto tentar explicar o motivo genético para gostarmos de dinheiro, dizendo que os genes que nos fazem gostar de dinheiro, permitiram aqueles que tinham esse gosto por dinheiro, formar familias maiores e espalhar mais os seus genes, assim esse gene se espalhou e agora todos gostam de dinheiro...


não houve tempo para desenvolver em nós uma adaptação ao dinheiro. essa comparação é sim ridícula. já seleção sexual é presente em  qualquer espécie sexuada.



e você em sua defesa ao ciúmes "criado", convenientemente se esquece que há diferenças significativas nos ciúmes (e no comportamento sexual em si)  de homem e mulher, nas mais variadas culturas..



Temma

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #104 Online: 21 de Outubro de 2007, 22:29:43 »
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entre raças eu concordo, mas não sei entre sexos.um dos cernes da PE seriam as diferenças de investimento na prole. machos seriam mais promíscuos porque efetivamente pra eles vale a pena ser

Na verdade, é mais ou menos o inverso. As mulheres é que tem vantagem na promiscuidade em espécies com maior investimento parental por parte do pai, que formam casais.

disse bem, com maior investimento parental por parte do pai. a questão é que eu falei do "geral", e em geral há maior investimento das fêmeas, em especial nos mamíferos. o que eu quis dizer é que essa tendência a promiscuidade/monogamia varia conforme o grau de investimento da prole. daí cada caso é um caso. acho que dawkins dá alguns exemplos onde o macho quando investe mais, acaba sendo também seletivo


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Estamos mais para espécies que formam casais do que para as que formam haréns.

entre bonobos e orangotangos estaríamos bem mais pra esses últimos, mas ainda assim não exatamente iguais a eles. as relação no tamanho dos corpos entre macho e fêmea e o tamanho dos testículos seriam evidências

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Não que a vantagem duma ocasional pulada de cerca dos homens seja totalmente eliminada e não devesse haver qualquer impulso para traição; como eu disse antes, isso teria que ser extremamente deletério, o que é impensável, ao mesmo tempo que deveria haver um instinto de fidelidade concorrente contra o "default" que é algo mais "infiel".

não me parece ser tão deletério assim. bom, no ponto de vista genético, ainda que seja pequena a tendência a escapadas seria vantajosa aos homens em relação a uma fidelidade pura.


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Esse ponto do impulso do homem de pular a cerca na espécie humana está mais para "psicologia evolutiva" do que "Psicologia Evolutiva".

o que evidenciaria isso seriam por exemplo, a excitação totalmente visual do homem, a qual os colocaria "reféns" do sexo e mais inclinados a 'ceder' a tentações, uma postura mais tímida das mulheres (a fim de detectar puladores de cerca que poderão abandoná-la). e devem ter outras também, não me recordo. o simples fato da poligamia não ser exatamente algo tão incomum nas mais diversas sociedades (diferente da poliandria)


talvez você pense que estou dizendo que somos inevitavelmente promíscuos, o que, aí sim, eu discordaria.


Atheist

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #105 Online: 21 de Outubro de 2007, 23:49:20 »
Eu não li ainda, mas me parecem explicações mais prováveis: os mesmos genes, que também devem estar relacionados a (menor) pigmentação, e conforme as populações vão se afastando do equador, os genes podem se perder por não causar desvantagem, podendo ser eventualmente popularizados por deriva, além de até ter possível vantagem mais significativa como na síntese de vitamina D auxiliada por maior entrada dos raios do sol na pele.

Buckaroo, você precisa ler para ver o delineamento do experimento e os resultados. Não é bem como o Pena descreveu...

Atheist

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #106 Online: 21 de Outubro de 2007, 23:51:16 »
Mais uma vez, leia o artigo dos olhos azuis na íntegra e formule uma hipótese melhor. Eu tentei e não encontrei. Dizer simplesmente "é cultural", é o mesmo que dizer "foi deus"...
Dizer que é genético idem.

Como escrevi antes, se a cultura fosse a resposta, não haveria mais homossexuais, não haveria mais prostitutas, não haveria corrupção, seria tudo um arco-íris, pois é assim que a tradição e a cultura prega.

Por outro lado, há inúmeras evidências a favor da genética...

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Quanto aos olhos azuis, foi apenas um dos exemplos citados no artigo original, quanto a esse exemplo, não tenho o que comentar, já em relação ao ciúmes, expliquei bem isso.
O ciúmes depende da identificação de que uma terceira pessoa é um risco a relação valorizada, ou cujo o rival afeta nosso "ego", devido a um sentimento de "posse".
Para ele aparecer, precisa encontrar na percepção das pessoas esses fatores, o que significa que isso está ligado a forma como a pessoa percebe a situação.

Os genes criaram um cérebro dotado de capacidade para criar conceitos abstratos, questionar, sentir, perceber ameaças, etc...
Essas coisas todas fazem parte de um cérebro que cria uma mente, o cérebro por si só é maleável, pois tem uma quimica que pode ser alterada pela própria mente e que altera nossa percepção.
Essa maquina complexa por si só, conforme funciona, cria coisas inesperadas que não estão ligadas diretamente aos genes. O ciúmes é uma dessas coisas.
Os genes podem ser responsáveis por nos permitir detectar ameaças, mas não por nos fazer entender um parceiro amoroso de outra pessoa como sendo ameaça a nós.
Isso é efeito colateral de como a nossa mente funciona, de como ela percebe o mundo, percepção essa  que é influencia pela cultura.

Dizer que os genes criam o ciúmes e dar explicações sobre o "motivo" do ciúmes ter evoluído e se espalhado, apontando os "benefícios" dele para a "procriação" do ciumento, é tão ridículo quanto tentar explicar o motivo genético para gostarmos de dinheiro, dizendo que os genes que nos fazem gostar de dinheiro, permitiram aqueles que tinham esse gosto por dinheiro, formar familias maiores e espalhar mais os seus genes, assim esse gene se espalhou e agora todos gostam de dinheiro...

Não existe um gene que nos faz gostar de dinheiro, assim como não existe um gene que nos faz sentir ciúmes, pois essas coisas estão ligadas a outras que independem disso.
Gostar de dinheiro é mero efeito colateral de gostar de coisas, que em nossa sociedade são conseguidas através dele.
A pessoa não gosta do dinheiro em si, gosta do status, do conforto, das coisas que a permitem levar uma vida mais plena, da segurança, etc...
A pessoa também não sente "ciúmes", ela identifica o outro como ameça a sua "posse", em uma sociedade individualista onde o outro é nossa propriedade, ela sente "vergonha" do julgamento alheio em uma sociedade onde a monogamia é a relação bem vista, onde um ideal romântico de amor a dois é ensinado.
Ela sente ciúmes quando não tem auto-estima o suficiente, e entende como ameaça a seu próprio carinho, ver o outro dando carinho a uma terceira pessoa, como se aquilo fosse a impedir de ela própria receber o carinho de que gosta.
São vários os tipos de ciúmes e cada pessoa vai ser afetada por uma dessas coisas ou por outras.
Uns por "acreditar" no ideal de amor romântico, outros por baixa auto-estima, etc...
Ou seja, são efeitos colaterais de como nossa mente funciona, de como percebemos a realidade, do que acreditamos, etc...

O problema é que as coisas não são tão maleáveis quanto se pinta. O desenvolvimento é bastante direcionado. Há alterações por aprendizado, claro, sem dúvidas, mas não é uma panacéia sem limites.

De qualquer forma, o dinheiro é só uma forma de manifestação de poder atual, mas ontem a manifestação de poder era outra, era conseguir comida, por exemplo. É óbvio que não há um gene que faça gostar de dinheiro, mas há certamente genes que fazem com que as pessoas, especialmente homens, busquem poder para atrair mulheres. Hoje poder é dinheiro.
« Última modificação: 21 de Outubro de 2007, 23:58:56 por Atheist »

Atheist

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #107 Online: 21 de Outubro de 2007, 23:51:41 »
Insisto: leiam "o que nos faz humanos" de Matt Ridley.

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #108 Online: 21 de Outubro de 2007, 23:52:36 »
Citação de: Buckaroo
Diferenças como essas não são necessariamente inatas, mas podem existir a partir do desenvolvimento. O hipocampo das mulheres cresce e diminui mensalmente com as variações no estrógeno, esteróide relacionado ao aprendizado

E isso não é inato, sendo que o estrógeno é endógeno e secretado de acordo com as determinações genéticas femininas?

Ao natural... não sei como é considerando alterações hormonais de contraceptivos, e nem sei se, mesmo ao natural, não é suscetível a alterações não simplesmente "pré-programadas", definidas, mas variáveis. E também só estou dando um exemplo, não é necessariamente nem esse o caso.

De qualquer forma, depende de um receptor, que é uma proteína, que é produzida pela atividade de um gene. Não há como escapar. Se tiver um problema no receptor, ou não houver um aumento do número destes de acordo com a demanda de hormônio, não importa se injeta litros na veia, não muda.

Atheist

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #109 Online: 21 de Outubro de 2007, 23:55:33 »

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Isso não significa que os genes não tenham influência no comportamento humano, apenas que é um tanto trabalhoso e muito complicado fazer a delimitação dos comportamntos genéticos (popularmente tidos como "naturais") e dos culturais (por alguma razão vistos como algo não-natural). O problema com os genes para especificidades é que, por exemplo, uma mesma mutação que afete o comportamento, pode ter efeitos drásticamente diferentes em indivíduos diferentes:

Não é quando se compreende de que forma um neurônio avança seu axônio até completar sua sinapse com outro neurônio.

Sugiro fortemente a leitura de "o que nos faz humanos" de Matt Ridley. O título é uma tradução infeliz do que deveria ser "natureza versus cultura".

Tenho que ler mesmo esse livro ainda. Não entendi bem a relação do que você disse com o que eu disse... bem, o que eu disse não foi algo que eu tirei do nada, mas é a opinião do Robert Sapolsky, acho que autor dum livro sobre as origens neurológicas da individualidade.

Também acho complicado ficar elocubrando sobre um gene que me faz rir da piada tal, ou coisa parecida. Teríamos que ter bilhões de genes desta forma. Por isso uma mutação pode afetar não apenas um comportamento x, mas um conjunto deles, de modo pleiotrópico.


Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #111 Online: 22 de Outubro de 2007, 01:12:12 »
Citação de: Buckaroo
Diferenças como essas não são necessariamente inatas, mas podem existir a partir do desenvolvimento. O hipocampo das mulheres cresce e diminui mensalmente com as variações no estrógeno, esteróide relacionado ao aprendizado

E isso não é inato, sendo que o estrógeno é endógeno e secretado de acordo com as determinações genéticas femininas?

Ao natural... não sei como é considerando alterações hormonais de contraceptivos, e nem sei se, mesmo ao natural, não é suscetível a alterações não simplesmente "pré-programadas", definidas, mas variáveis. E também só estou dando um exemplo, não é necessariamente nem esse o caso.

De qualquer forma, depende de um receptor, que é uma proteína, que é produzida pela atividade de um gene. Não há como escapar. Se tiver um problema no receptor, ou não houver um aumento do número destes de acordo com a demanda de hormônio, não importa se injeta litros na veia, não muda.

O meu ponto todo é que o cérebro também se desenvolve... ele é tanto produto de genes e hormônios como regulador deles (ainda que em menor grau)... ao se colocar diferenças na anatomia cerebral entre grupos, pode-se estar falando de algo que custuma ser desenvolvido, em vez de algo geneticamente hereditário. Pode até haver hereditariedade, mas não é nem necessariamente genética. Li coisas recentemente sobre como estresse na gravidez pode afetar o tamanho do cérebro ao nascimento, coisas como estresse pós-traumático, que, durante a vida, causam modificações no cérebro, podem causar modificações análogas nos bebês das mulheres que passaram por isso; nos casos de uma gestação na qual a gestante se alimente não tão bem quanto deveria, o bebê vai nascer meio como que seu organismo "achasse" que está num ambiente onde a alimentação é escassa, será menor e terá metabolismo mais lento (retendo nutrientes ao máximo).

(Além disso, também já li umas coisas que me sugeriram que, em muitos casos, a estimativa de quantidade de neurônios é baseada em volume, e não em contagem mesmo (como também pode ser feito) - daí a diferença pode ser menor do que a que se estimou. Além disso, me parece que neurônios maiores são até menos eficientes)

É quase como um tipo de inversão parcial do "dogma" da genética, mas em vez disso é uma rede mais complexa (e põe complexa nisso; praticamente tudo que é órgão tem algum tipo de função endócrina) de interações do que se poderia esperar por aquela simplificação fenótipo = genótipo + ambiente. Isso seria meio como descrever uma partida de futebol como sendo "bola na rede é gol", enquanto tem toda a estratégia complexa, aquela rabisqueira toda na lousa do técnico de cada time, e o acaso todo na partida de fato.

Temma

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #112 Online: 22 de Outubro de 2007, 01:21:31 »
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Li coisas recentemente sobre como estresse na gravidez pode afetar o tamanho do cérebro ao nascimento, coisas como estresse pós-traumático, que, durante a vida, causam modificações no cérebro, podem causar modificações análogas nos bebês das mulheres que passaram por isso; nos casos de uma gestação na qual a gestante se alimente não tão bem quanto deveria, o bebê vai nascer meio como que seu organismo "achasse" que está num ambiente onde a alimentação é escassa, será menor e terá metabolismo mais lento (retendo nutrientes ao máximo).

não dá pra negar que esse tipo de coisas afete o desenvolvimento do cérebro. mas se fossem esses (e somente esses, ou melhor, principalmente esses) os responsáveis pelas diferenças nos cérebros  de homens e mulheres, fica sempre a dúvida de porque as diferenças são 'distribuídas' entre os gêneros.

Temma

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #113 Online: 22 de Outubro de 2007, 01:26:47 »
aqui duas entrevistas, uma com quem 'apóia' as diferenças sexuais, e outra que é mais cética quanto a isso.


http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=24958


Gafe de reitor reabre debate sobre diferença entre sexos
   
Neurocientista da UFRJ e psicóloga da Escola de Economia de Londres têm visões distintas sobre tema

Salvador Nogueira e Reinaldo José Lopes escrevem para a ‘Folha de SP’:

O reitor da Universidade Harvard, Lawrence Summers, causou polêmica na semana passada ao atribuir a relativa falta de sucesso de mulheres em ciências exatas a diferenças inatas com relação aos homens. Que essas diferenças existem, a maioria dos especialistas parece concordar. Sobre o quanto elas realmente fazem a diferença, não há consenso.

Para o popstar da psicologia evolutiva, o canadense Steven Pinker, professor da mesma Harvard, e autor do best-seller ‘Tábula Rasa’, ‘as observações dele até que não foram tão absurdas’.

É de esperar que um defensor das diferenças inatas entre os seres humanos, baseadas em variações genéticas, devidas à seleção natural, tomasse essa posição.

Mais moderada é a postura da neurocientista Suzana Herculano-Houzel, 32, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ (Universidade Federal do RJ). Ela argumenta que as variações entre homens e mulheres só aparecem em grandes médias estatísticas e, mesmo assim, são tão sutis a ponto de quase não fazerem diferença no dia-a-dia.

‘Você não pode falar disso sem colocar todos os qualificativos’, disse em entrevista à Folha.

Na outra ponta do espectro, está a psicóloga evolutiva Helena Cronin, da Escola de Economia de Londres. Autora do livro ‘A Formiga e o Pavão’ (Ed. Papirus), sobre como a seleção sexual moldou a biologia das espécies, a pesquisadora, que qualifica a si mesma como feminista, argumenta que as diferenças entre homens e mulheres -fruto da evolução- são inegáveis e significativas.

‘Nós não temos essas diferenças enormes, não somos muito dimórficos comparados a outros mamíferos’, afirmou a pesquisadora. ‘Mas na vida moderna, diferenças que podem ter sido pequenas agora são enormes.’

Ela considera irrefutáveis as evidências que mostram habilidade superior dos homens para percepção espacial, importante nas tarefas matemáticas, e julga que as verdadeiras feministas, em vez de dar as costas a Summers, deveriam ter tentado ‘entender por que [as coisas] são como são e aí então tentar mudá-las’.

O reitor já se desculpou, enquanto pesquisadoras de Harvard profetizaram que sua fala ia atrapalhar a contratação de mulheres talentosas pela universidade.

Para Suzana, a ‘gafe’ de Summers teve, pelo menos, o mérito de trazer a discussão para o público. São as diferenças entre homens e mulheres relevantes para a vida e a dinâmica social? Conheça duas opiniões divergentes de cientistas sobre o tema nas entrevistas abaixo.

‘Diferenças cognitivas são sutis e não determinam o que você faz’

Conhecida por seu trabalho como pesquisadora e divulgadora da ciência, Suzana Herculano-Houzel argumenta que as diferenças entre homens e mulheres são muito menores do que a psicologia popular sugere. De Saquarema (RJ), por telefone, a neurocientista conversou com a Folha.

Reinaldo José Lopes escreve para a ‘Folha de SP’:

Folha - Parece que a psicologia popular já criou uma imagem de que há uma diferença essencial entre os sexos: as mulheres são melhores com as palavras, os homens no raciocínio matemático e espacial. Isso se sustenta?

Suzana - A idéia se sustenta estatisticamente. Se você tirar a média, comparar a média, mulheres, em geral, são ligeiramente melhores do que homens em raciocínio verbal. Assim como os homens se saem ligeiramente melhor, em média, em testes de habilidade espacial. Essa diferença é detectada na média. O que quer dizer que há muita gente, homens e mulheres, que tem habilidades verbais e espaciais semelhantes. E a segunda coisa, importantíssima, é que a diferença é muito sutil. Você não pode falar disso sem colocar todos os qualificativos.

Folha - Portanto, o grande problemas é confundir médias estatísticas com o que vai ser encontrado em cada pessoa.

Suzana - Esse é o primeiro problema. O segundo é que você não tem como saber se essa é uma diferença de fato determinada biologicamente por ser homem ou ser mulher. A outra possibilidade é você ter uma predisposição, o que é diferente de determinação genética, e uma terceira possibilidade é haver uma determinação cultural. Em grande parte, o cérebro é o que a gente faz. Se você nunca teve aprendizado com piano, nunca vai ser um pianista. Se passa horas na frente do piano, mas forçado, você também não vai ser um pianista. Então, se há uma série de fatores culturais que afastam, por exemplo, as mulheres de carreiras nas exatas, é claro que o resultado vai ser que, na média, você vai encontrar homens com uma facilidade maior de lidar com números.

Folha - Mais do que uma aptidão inata, isso pode refletir diferenças de gostos e tendências?

Suzana - Também pode refletir uma questão de preferência. Mas aí todas as mesmas perguntas valem -se há determinismo biológico, digamos, ou se você simplesmente tem uma propensão, uma facilidade para fazer uma coisa, e a gente toma mais gosto por aquilo que é fácil. São fatores demais misturados. Há duas diferenças conhecidas que talvez sejam mais fortes. Uma é a orientação espacial, como é que você vai de um ponto a outro. Homens e mulheres fazem isso de maneira diferente, usando até estruturas diferentes do cérebro.

De que maneira?

Suzana - Os homens tendem a usar marcos absolutos, referências espaciais absolutas. Trezentos metros nessa direção, depois tanto na outra. As mulheres costumam dar preferência a marcos físicos, então ela anda até o jornaleiro, depois até o terceiro sinal, vira na farmácia e tudo o mais. E são regiões diferentes do cérebro: uma é hipocampo e outra é o parahipocampo [duas áreas ligadas à memória]. Agora, a grande diferença entre os cérebros masculino e feminino diz respeito ao comportamento sexual, e isso todo mundo esquece. A maior diferença entre possuir um cérebro feminino e um cérebro masculino é que cérebros masculinos, por exemplo, na sua grande maioria, têm uma preferência por se aproximar de mulheres, e vice-versa. Isso é uma diferença cerebral de fato, e é fundamental -um interesse básico da gente. E na verdade nem é tão genético assim, porque pode ser influenciado por hormônios durante a gestação, tanto que não é 100%, mas em torno de 90% a 95% dos casos. Essas são as duas diferenças cerebrais realmente importantes, realmente significativas, entre os sexos. As cognitivas não determinam o que você faz.

Folha - E a questão da lateralização dos hemisférios cerebrais, que muita gente associa ao predomínio da emoção no lado direito do cérebro e ao da razão no esquerdo?

Suzana - Isso é um exagero. As diferenças maiores dizem respeito ao processamento emocional, mas todo mundo usa isso, não tem essa de homem só faz assim e mulher só faz assado. O que há de mais recente aparecendo sobre isso mostra justamente o contrário do que a psicologia popular sempre pregou. As várias pesquisas que estão saindo agora estudam casos específicos com tarefas nas quais o objetivo é ganhar dinheiro, mas tanto o prêmio que você ganha quanto o risco são proporcionais. Quanto mais você espera antes de dizer ‘basta’, maior fica o risco de perder tudo se demorar demais. Nos EUA, eles fizeram isso com homens e mulheres. Os homens se saem melhor, e a diferença é que eles, e não as mulheres, recrutam regiões do sistema límbico, que representam o estado emocional do corpo na hora de tomar essa decisão. Quanto mais arriscado o negócio fica, mais os homens, e não as mulheres, usam essas regiões do cérebro para dizer ‘agora chega’.

Folha - Quanto à menção feita às diferenças inatas pelo reitor da Universidade Harvard? As reações exaltadas se justificam?

Suzana - Eu acho que é um comentário infeliz, mas altamente compreensível, dada a entrada que essas idéias da psicologia popular têm no público.

Folha - Como cientista no Brasil, de que maneira a sra. vê o fato de que em muitas áreas as mulheres ainda sejam minoria?

Suzana - No meu ramo, que é o de ciências biomédicas, as mulheres são muito bem representadas e muito respeitadas. Nunca passei por nenhuma experiência, no Brasil, de ser discriminada. [Mas] na Alemanha, onde me formei, a gente não é considerada tão importante porque há uma idéia pré-concebida de que não vale a pena investirem na nossa formação porque um dia a gente vai ter filhos e largar a ciência. É um pacto não-escrito.

‘Há mais Prêmios Nobel entre os homens, e mais idiotas também’

Ao atender o telefone de sua casa, em Londres, a psicóloga e feminista Helena Cronin perguntou ao marido se ela podia conceder meia hora ao jornalista -ele estava terminando de fazer o jantar. Leia a entrevista.

Salvado Nogueira escreve para a ‘Folha de SP’:

Folha - Logo de cara, a sra. foi categórica ao dizer que Lawrence Summers tinha razão no que disse. Por que acha isso?

Helena Cronin - Isso não tem nada a ver com a minha opinião, com a minha visão, é a visão da ciência. O entendimento evolutivo moderno é o de que, como na maioria das espécies que se reproduzem sexualmente, os homens são diferentes das mulheres de uma maneira muito típica. É o que se chama de dimorfismo.

Folha - Mas uma coisa é dizer que homens e mulheres são diferentes e outra é dizer que isso implica diferenças na capacidade de fazer ciência e matemática.

Cronin - Você está absolutamente certo. Há duas coisas diferentes que entram quando se fala em ser um cientista, e ele toca em ambas. Uma é uma habilidade particular, cognitiva, de fazer matemática, engenharia, o que seja. Outra é a disposição social e emocional, que é se você quer competir para ser o melhor professor, ganhador do Nobel e por aí vai. E há uma terceira, que é a distribuição geral de habilidades e inabilidades em machos e fêmeas. Vivemos num mundo em que essas coisas estão começando a aparecer. Deveríamos levá-las a sério. O que não se deveria fazer é sair da sala quando alguém está falando a verdade, como fizeram com o reitor.

Folha - Que diferenças marcantes já foram identificadas pela ciência entre homens e mulheres?

Cronin - Para começar, em qualquer diferença produzida entre homens e mulheres pela seleção natural há mais variação nos homens. Há uma diferença muito maior entre o ‘menos’ e o ‘mais’ nos homens do que nas mulheres. As mulheres tendem a ficar mais perto de sua própria média. Então, por exemplo, não há uma grande diferença entre quantos filhos cada mulher pode ter. A que teve mais filhos não é muito diferente da que teve menos. Mas em homens há uma diferença maior.

Folha - Mas uma coisa é a habilidade deixar descendentes, outra a de ter aptidão para matemática...

Cronin - Mas isso tende a ser igual em muitas coisas. Não é só sorte, não é só preconceito que fazem com que os ganhadores do Prêmio Nobel em ciência tendam a ser homens em vez de mulheres, porque os homens têm maior variação em habilidades do que as mulheres. Então há mais ganhadores do Prêmio Nobel entre os homens, mas também há mais idiotas. As mulheres tendem mais a ser medianamente boas.

Folha - Há alguma explicação para que isso ocorra?

Cronin - Eu não vou dar uma resposta realmente boa, mas parece ter a ver com o fato de que vale mais a pena para os machos correr riscos. Os machos competem um com o outro para acasalar, e as mulheres apenas ficam lá e qualquer macho vai querer acasalar com elas. As fêmeas não precisam investir a longo prazo, qualquer macho está geralmente disposto a acasalar, então elas não precisam se arriscar. Para um macho, quanto mais competição, mais risco, mais ele se exibe e maior é a chance de ele ter sucesso [reprodutivo]. Então acho que tem a ver com isso.

Folha - Sobre habilidades matemáticas, existe informação suficiente para apoiar a noção de diferenças entre homens e mulheres?

Cronin - Há uma diferença bem particular. Se você tentar imaginar um objeto tridimensional e tentar rotacioná-lo em sua mente, e então for exposto a um conjunto de representações bidimensionais de objetos e questionado sobre quais representam o mesmo objeto, rotacionado no espaço, a maioria dos homens é muito boa em responder. A maioria das mulheres não. Em testes cognitivos como esse, essa é a diferença mais robusta que você pode encontrar. As mulheres que vão melhor neles tendem a avançar muito pouco, comparadas aos homens. Parece que essa habilidade é uma das coisas que se encaixam na habilidade matemática.

Folha - Aparentemente há barreiras ideológicas para reconhecer essas diferenças de gênero. Quão importante a sra. acha que é reconhecer essas diferenças, por exemplo, para fazer escolhas de carreira?

Cronin - Outra pergunta excelente. Os homens competem. Eles querem ganhar o Prêmio Nobel, querem ser editores-chefes do jornal. E as mulheres não têm esse senso de competitividade, porque elas não tiveram de competir como os homens tiveram. Toda a psicologia dos homens é muito competitiva. Sempre foi assim, em todas as espécies sexuadas.

Folha - No caso humano, no entanto, as diferenças são mais sutis.

Cronin - Na nossa espécie bem menos, é verdade. Eu odeio imaginar um elefante marinho lutando pelo Prêmio Nobel. Ele mataria seus competidores! Eu não daria a ele uma carteira de motorista! Ele seria perigoso! Nós não temos essas diferenças enormes, não somos muito dimórficos comparados a outros mamíferos. Mas na vida moderna diferenças que podem ter sido pequenas agora são enormes, sobre quem está disposto a pegar um trabalho que irá tirá-lo de sua vida, de seus filhos, de seu parceiro. Há essa diferença entre homens e mulheres também. E isso não tem só a ver com ser um cientista, tem a ver com ser qualquer coisa, e, acima disso, tem a ver com você ser mediano ou ser o melhor em alguma coisa. Essa é uma das razões pelas quais fiquei muito irritada com as mulheres em Harvard que deram as costas ao reitor. Porque, como feminista, você realmente tem de entender o mundo para mudá-lo.

Folha - Há algum exemplo disso posto em prática?

Cronin - Por que não tentar mudar o modo pelo qual ensinamos matemática? Houve um pequeno experimento nisso, que não foi apoiado por feministas, e foi mostrado que você pode aumentar a habilidade das garotas de ir bem na escola em matemática se você ensiná-las de um modo mais amigável às mulheres.
(Folha de SP, 24/1)
   

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #114 Online: 22 de Outubro de 2007, 01:33:59 »
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Li coisas recentemente sobre como estresse na gravidez pode afetar o tamanho do cérebro ao nascimento, coisas como estresse pós-traumático, que, durante a vida, causam modificações no cérebro, podem causar modificações análogas nos bebês das mulheres que passaram por isso; nos casos de uma gestação na qual a gestante se alimente não tão bem quanto deveria, o bebê vai nascer meio como que seu organismo "achasse" que está num ambiente onde a alimentação é escassa, será menor e terá metabolismo mais lento (retendo nutrientes ao máximo).

não dá pra negar que esse tipo de coisas afete o desenvolvimento do cérebro. mas se fossem esses (e somente esses, ou melhor, principalmente esses) os responsáveis pelas diferenças nos cérebros  de homens e mulheres, fica sempre a dúvida de porque as diferenças são 'distribuídas' entre os gêneros.


Bem, eu não estou propondo que, por exemplo, mulheres ou homens sofram mais de EPT (e se for o caso, também não acho que seja necessariamente causa, podendo ser conseqüência até). Acho que pequenas coisas bem sutis de desenvolvimento/criação podem levar para mais longe as diferenças que seriam "puramente" biológicas. Mencionei anteriormente, por exemplo, que li em qualquer lugar que os pais (e/ou as pessoas em geral), conforme o bebê é menino ou menina, começam a agir diferentemente de modo inconsciente, antes mesmo dessas coisas de "rosa ou azul".

Então essas pequenas diferenças, desde o começo, o tempo todo, talvez acabem tendo um efeito meio "teoria do caos" no cérebro, pequenas alterações em condições iniciais, afetando mais do que poderia se julgar possível. Claro que o mesmo também vale para as diferenças hormonais puramente biológicas, decorrente do sexo mesmo, de qualquer forma.

Naquele texto que o Cogitans postou há pouco tempo, há um pequeno exemplo de como coisas aparentemente insignificantes podem ter um efeito mensurável e instantâneo (então há que se imaginar o poder de algo mais recorrente na sociedade). Naquela parte em que as pessoas passam por um "priming", para se sentirem velhas, de forma inconsciente, parece coisa de "mensagem subliminar", até. Não lembro exatamente no que consistia, mas era como usar palavras que remetiam a idade avançada, sem ser direto, explícito (se não me engano). Uma das palavras era "Flórida", para se ter uma idéia.

Também há coisas interessantes como, idiomas além do primeiro ficarem numa outra área, diferente da do primeiro idioma; ao mesmo tempo, uma lesão cerebral pode afetar algo tão específico como a capacidade de conjugações de algum tempo verbal de um idioma (li em "os dragões do Éden", do Sagan). E olhe que, evidentemente, há idiomas que nem tem todos tempos verbais...



Enfim, o meu ponto não é algo como que homens e mulheres não devem ter diferença inata alguma.... só acho que essas atribuições fáceis, óbvias, de "rosa para menina e azul para menino", "mulheres gostam de astrologia e não de ciência", ainda que estatisticamente verdadeiras no nosso contexto social, não representam necessariamente tendências inatas. Me parecem aquelas coisas do século XIX, de achar que um nariz e outros tipos de feições dariam um tipo tal de personalidade e etc.

Temma

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #115 Online: 22 de Outubro de 2007, 02:24:58 »
pra por mais lenha na fogueira.


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As crianças com síndrome de Turner são geneticamente neutras. Possuem um único cromossomo X, herdado da mãe ou do pai, em vez dos dois cromossomos X normais nas meninas ou o X e o Y dos meninos. Como o plano corporal da fêmea é o default nos mamíferos, essas crianças têm aparência de meninas e agem como meninas. Os geneticistas descobriram que o corpo dos pais pode imprimir molecularmente genes no cromossomo X para que eles se tornem mais ou menos ativos nos corpos e cérebros em desenvolvimento dos seus filhos. Uma menina com síndrome de Turner que recebe o cromossomo X de seu pai pode ter genes que são evolutivamente otimizados para meninas (pois um X paterno sempre resulta em uma filha). Uma menina com síndrome de Turner que recebe o X da mãe pode ter genes que são evolutivamente otimizados para meninos (pois um X materno, embora possa resultar em qualquer um dos sexos, atuará sem oposição somente em um filho, que não tem uma contrapartida aos genes X em seu insignificante gene Y). E, de fato, as meninas com síndrome de Turner diferem psicologicamente dependendo de qual de seus pais lhe deu o X. As que receberam o X do pai (que é destinadoa uma menina) eram melhores na interpretação da linguagem corporal e de emoções, no reconhecimento de rostos, no manejo das palavras e no relacionamento com as pessoas em comparação com as que receberam o X da mãe (que é só totalmente ativo em um menino)



Tábula Rasa,  pg 473





essa questão da mulher preferir astrologia à ciência, são notadamente estereótipos grosseiros, algo como misóginia/machismo puros, e provavelmente vem dos tempos onde se considerava que a mulher deveria "ficar no seu lugar". acho que simplesmente há algum inatismo que permita que homens se saiam melhores em algumas áreas e mulheres em outras.

quanto a essa diferenças de tratamento para meninos e meninas, eu não consigo fazer idéia exatamente do que seria isso, a meu ver bebês são simplesmente bebês, mas se há mesmo essas diferenças imperceptíveis e subliminares, seria interessante identificá-las. ainda assim é complicado, Judith Harris escreveu um livro onde fala da quase nula influência dos pais na personalidade das crianças, observada principalmente pelas diferenças na personalidade de gêmeos idênticos criados no mesmo lar e em lares separados, e que na verdade essas seriam socializadas mesmo pelo grupo social, amiguinhos do pré, a turminha da rua/do condomínio, e por aí vai. Confesso que não consigo realmente ver como hoje em dia com a mesma educação compulsória para meninos e meninas, essas diferenças no tratamento possam levar às disparidades sexuais nos cursos de matemáticas e letras.


acho que o melhor caminho pra tirar essas dúvidas seria fazer testes em homens e mulheres de outras culturas, não tão ocidentais, ou onde meninas estudam separadas de meninos, ou em crianças oriundas de reformatórios, não sei se isso já foi feito.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #116 Online: 22 de Outubro de 2007, 16:51:30 »
Quanto as degladiações do Nadassei com alguém mais, acho que mais freqüentemente o Temma, sobre diferenças que aparentemente seriam biológicas no comportamento de gays e lésbicas, sobre aquilo dos gays transarem mais que lésbicas em vez de igualmente, e quanto isso poderia ser biológico/inato/característica do sexo em vez de desenvolvido....

Acho que muito da disparidade pode ser explicada por aquilo de que normalmente os homens são/devem ser atirados/pegadores e as mulheres, seletivas/passivas/sutis. Aí se você simplesmente imaginar um tipo de modelo, considerando apenas isso, no qual um monte de pessoas atiradas interage, comparando com as interações entre pessoas mais seletivas/passivas/sutis, é óbvio que no segundo grupo haverá substancialmente menos pegação.

Essas diferenças podem se dar tanto entre sexos simplesmente, quanto em outros grupos cujas diferenças mais provavelmente seriam aceitas como culturais, como "nerds"/tímidos/anti-sociais (versus pessoas mais... "socialmente habilidosas", soltas, extrovertidas), e eventuais outras culturas nos quais os sexo e etc seja mais tabu/lento do que no "mundo ocidental".

Por outro lado, pode-se dizer que essas tendências são inatas (inclusive nerds versus não-nerds), e que a cultura que reforça isso é apenas um produto da biologia, esses reforços culturais sendo um comportamento biológico (o que ao mesmo tempo é um tanto correto, no sentido que a cultura não é criada "ex nihilo", mas tende a ser meio falacioso, se interpretado como algo muito "determinado"; por exemplo, argumentação similar é feita sobre taxas reprodutivas entre grupos raciais e sociais, que seriam reflexo cultural de diferenças biológicas em taxas de reprodução/cuidados parentais. Mas ao mesmo tempo se tem variações em taxas de reprodução discrepantes com isso, como o baby boom e etc).

Ao mesmo tempo, acho que teria que se supor que de uns anos para cá vem ocorrendo algum tipo de evolução biológica tornando as mulheres mais sexualmente ativas do que há algum tempo (e mesmo os homens, provavelmente).

Atheist

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #117 Online: 22 de Outubro de 2007, 19:55:17 »
Citação de: Buckaroo
Diferenças como essas não são necessariamente inatas, mas podem existir a partir do desenvolvimento. O hipocampo das mulheres cresce e diminui mensalmente com as variações no estrógeno, esteróide relacionado ao aprendizado

E isso não é inato, sendo que o estrógeno é endógeno e secretado de acordo com as determinações genéticas femininas?

Ao natural... não sei como é considerando alterações hormonais de contraceptivos, e nem sei se, mesmo ao natural, não é suscetível a alterações não simplesmente "pré-programadas", definidas, mas variáveis. E também só estou dando um exemplo, não é necessariamente nem esse o caso.

De qualquer forma, depende de um receptor, que é uma proteína, que é produzida pela atividade de um gene. Não há como escapar. Se tiver um problema no receptor, ou não houver um aumento do número destes de acordo com a demanda de hormônio, não importa se injeta litros na veia, não muda.

O meu ponto todo é que o cérebro também se desenvolve... ele é tanto produto de genes e hormônios como regulador deles (ainda que em menor grau)... ao se colocar diferenças na anatomia cerebral entre grupos, pode-se estar falando de algo que custuma ser desenvolvido, em vez de algo geneticamente hereditário. Pode até haver hereditariedade, mas não é nem necessariamente genética. Li coisas recentemente sobre como estresse na gravidez pode afetar o tamanho do cérebro ao nascimento, coisas como estresse pós-traumático, que, durante a vida, causam modificações no cérebro, podem causar modificações análogas nos bebês das mulheres que passaram por isso; nos casos de uma gestação na qual a gestante se alimente não tão bem quanto deveria, o bebê vai nascer meio como que seu organismo "achasse" que está num ambiente onde a alimentação é escassa, será menor e terá metabolismo mais lento (retendo nutrientes ao máximo).

(Além disso, também já li umas coisas que me sugeriram que, em muitos casos, a estimativa de quantidade de neurônios é baseada em volume, e não em contagem mesmo (como também pode ser feito) - daí a diferença pode ser menor do que a que se estimou. Além disso, me parece que neurônios maiores são até menos eficientes)

É quase como um tipo de inversão parcial do "dogma" da genética, mas em vez disso é uma rede mais complexa (e põe complexa nisso; praticamente tudo que é órgão tem algum tipo de função endócrina) de interações do que se poderia esperar por aquela simplificação fenótipo = genótipo + ambiente. Isso seria meio como descrever uma partida de futebol como sendo "bola na rede é gol", enquanto tem toda a estratégia complexa, aquela rabisqueira toda na lousa do técnico de cada time, e o acaso todo na partida de fato.

Se fosse ambiental, haveria tanta variação que não seria possível qualquer hipótese de que há diferença genética, e esse não é o caso.

Certamente existem condições tais que podem afetar o desenvolvimento do cérebro, mas isso acontece em relação a outras características também, nem por isso elas deixam de ser determinadas geneticamente. Uma alteração causada pelo ambiente em uma geração não tem nenhuma garantia de continuidade, pois o ambiente muda mais do que o genótipo.

Offline NadaSei

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #118 Online: 22 de Outubro de 2007, 20:17:12 »
não houve tempo para desenvolver em nós uma adaptação ao dinheiro. essa comparação é sim ridícula. já seleção sexual é presente em  qualquer espécie sexuada.
Claro, então só porque houve tempo, então tem que ser genético...
Então daqui a 1 milhão de anos o dinheiro vai ser genético?
Um dia teremos genes adoradores de dinheiro...

O dinheiro é apenas um sistema de troca, um sistema criado pelo uso de outras habilidades nossas, sendo um sistema desnecessário cuja mesma habilidade pode ser usada futuramente no uso de um sistema mais eficiente, assim como no passado as mesmas habilidades eram usadas em um outro tipo de sistema de troca e em outros sistemas econômicos.

Minha comparação foi com o que representa o ciúmes, o resultado de outras capacidades cerebrais trabalhando em conjunto, e sendo influenciada pela cultura. É como o gosto pelo dinheiro, uma criação mental e não genética.
e você em sua defesa ao ciúmes "criado", convenientemente se esquece que há diferenças significativas nos ciúmes (e no comportamento sexual em si)  de homem e mulher, nas mais variadas culturas..
Como esqueço?
Essas diferenças nada dizem contra o que eu falei.
Eu aceito tanto as diferenças biológicas quanto as culturais e ambas influenciam no funcionamento do cérebro feminino e masculino, e, por consequência, na forma como cada um experimenta o ciumes.
Já reparou que também existem diferenças na forma como homens e mulheres lidam com o dinheiro?

Não sei de onde tiraram que o ciúmes é genético e nunca vi defesa mais apaixonada a um "explicação" tão boba.
Acho que é uma opção, uma possibilidade que, a meu ver, dado o conhecimento que tenho da questão, é remota... normal que alguém tenha idéia contraria com base no conhecimento que tem... mas dai ficar apelando a "cientificidade" e acusando o interlocutor de não ter "base" para falar da coisa já é fanatismo.
É não usar de ceticismo na ciência e não saber separar Ciência e ciência, Teoria de hipótese, é confundir o imaginado com o demonstrado.
Se você acredita que religião não passa de fantasia, está confundindo a religião, com o que na verdade, são suas próprias fantasias sobre o tema.
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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #119 Online: 22 de Outubro de 2007, 20:26:39 »
Acho que muito da disparidade pode ser explicada por aquilo de que normalmente os homens são/devem ser atirados/pegadores e as mulheres, seletivas/passivas/sutis. Aí se você simplesmente imaginar um tipo de modelo, considerando apenas isso, no qual um monte de pessoas atiradas interage, comparando com as interações entre pessoas mais seletivas/passivas/sutis, é óbvio que no segundo grupo haverá substancialmente menos pegação.
Sim, isso é justamente o que eu disse.
Quanto a diferenças inatas, elas certamente existem, mas não acho que escolhem sexo, variam de individuo para individuo e não são deterministas.

A mulher só tende a naturalmente ter um pezinho mais atrás que o homem, por se preocupar com a gravidez, um problema que o homem não tem, mas não vejo a menor necessidade dessa preocupação extra ser influenciada por genes.
Ao mesmo tempo, acho que teria que se supor que de uns anos para cá vem ocorrendo algum tipo de evolução biológica tornando as mulheres mais sexualmente ativas do que há algum tempo (e mesmo os homens, provavelmente).
Não acho que isso esteja ocorrendo.
A mudança tem sido social, sendo que o desafloramento da sexualidade feminina facilmente se explica com o feminismo e com os métodos anti concepcionais eficazes que dão a mulher maior controle e autonomia.
Se você acredita que religião não passa de fantasia, está confundindo a religião, com o que na verdade, são suas próprias fantasias sobre o tema.
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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #120 Online: 22 de Outubro de 2007, 20:45:34 »
quanto a essa diferenças de tratamento para meninos e meninas, eu não consigo fazer idéia exatamente do que seria isso, a meu ver bebês são simplesmente bebês, mas se há mesmo essas diferenças imperceptíveis e subliminares, seria interessante identificá-las. ainda assim é complicado, Judith Harris escreveu um livro onde fala da quase nula influência dos pais na personalidade das crianças, observada principalmente pelas diferenças na personalidade de gêmeos idênticos criados no mesmo lar e em lares separados, e que na verdade essas seriam socializadas mesmo pelo grupo social, amiguinhos do pré, a turminha da rua/do condomínio, e por aí vai. Confesso que não consigo realmente ver como hoje em dia com a mesma educação compulsória para meninos e meninas, essas diferenças no tratamento possam levar às disparidades sexuais nos cursos de matemáticas e letras.
Certamente tudo conta, pais, amigos, TV, etc... O ambiente não são apenas os pais.
Agora, quanto as diferenças, já foi evidenciado que o trato dos adultos com meninos e meninas é diferente.
As meninas são mais agradadas e lidam com elas de forma mais delicada, já os meninos são pegos de forma mais brusca e as brincadeiras são mais agressivas.

Foi feito um testo onde primeiro vestiam um bebe de 2 anos de idade de azul, depois vestiam o mesmo bebe de rosa e colocavam um lacinho seu cabelo. Adultos estranhos, que não eram os pais da criança, tinham uma atitude diferente com o bebe, de acordo com o sexo que pensavam que ele pertencia.
As brincadeira e a forma de falar com o bebe vestido de rosa ou azul, eram diferentes.
Existia variação no tom de voz, nas brincadeiras e na agressividade com que tratavam o bebe.

Até mesmo o socorro que os pais prestam aos filhos em relação a seus choros e manhas é diferente, os meninos são deixados mais de lado, enquanto as meninas, tendem a receber um pouco mais de mimo em resposta a seu choros e manhas.

As brincadeiras feitas com meninos e meninas, também podem influenciar o desenvolvimento e treino de certas áreas cerebrais.
Ao dar bonecas todos arrumadinhas, vestir as meninas com lacinhos, dar tiaras, brincos, etc... está reforçando a capacidade visual nas meninas, enquanto as brincadeiras e presentes para os meninos, tendem a influenciar a agressividade e competitividade.
Não que ambos não recebam brinquedos iguais, mas certamente muitos dos estímulos são diferentes.

Agora, isso resultar em um mais propício para a matemática e outro para astrologia... já é preconceito.
Mas certamente vai facilitar certos campos para homens e outros para mulheres, pelo simples estimulo de  capacidades diferentes do cérebro.
Se você acredita que religião não passa de fantasia, está confundindo a religião, com o que na verdade, são suas próprias fantasias sobre o tema.
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Temma

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #121 Online: 22 de Outubro de 2007, 21:17:05 »

Foi feito um testo onde primeiro vestiam um bebe de 2 anos de idade de azul, depois vestiam o mesmo bebe de rosa e colocavam um lacinho seu cabelo. Adultos estranhos, que não eram os pais da criança, tinham uma atitude diferente com o bebe, de acordo com o sexo que pensavam que ele pertencia.
As brincadeira e a forma de falar com o bebe vestido de rosa ou azul, eram diferentes.
Existia variação no tom de voz, nas brincadeiras e na agressividade com que tratavam o bebe.


você achou alguma coisa a respeito disso na internet? se tiver em link e puder passar


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Até mesmo o socorro que os pais prestam aos filhos em relação a seus choros e manhas é diferente, os meninos são deixados mais de lado, enquanto as meninas, tendem a receber um pouco mais de mimo em resposta a seu choros e manhas.

acho que aqui você já está passando para o lado das suas impressões pessoais, mas vamos lá. essa questão do mimo também se evidencia em filhos entre mais velhos e caçulas, e, até onde eu saiba, há teorias acerca das diferenças entre o modo como os pais tratam o primogênito e os outros, principalmente na visão política. essa só poderia ser a explicação se nascessem mais primogênitos homens e mais caçulas mulheres.


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As brincadeiras feitas com meninos e meninas, também podem influenciar o desenvolvimento e treino de certas áreas cerebrais.
Ao dar bonecas todos arrumadinhas, vestir as meninas com lacinhos, dar tiaras, brincos, etc... está reforçando a capacidade visual nas meninas,


não me consta que 'capacidade visual' seria maior em mulheres. mas você tem alguma hipótese para o caso da síndrome de turner?

Offline NadaSei

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #122 Online: 24 de Outubro de 2007, 10:22:36 »
você achou alguma coisa a respeito disso na internet? se tiver em link e puder passar
Não, ou foi uma serie de documentários apresentada pelo Netgeo tempos atrás ou em um documentário do discovery, não sei ao certo porque vi as duas coisas.
Tem até um documentário interessante sendo apresentado recentemente que trata das capacidades infantis, como a de perceber determinados sons até certa idade, como sons tipo o "lá" que não existe no Japão e um som que só existe em um pais asiático e que no ocidente não diferenciamos do "dá". Se tiver TV a cabo recomendo que assista, é bem interessante.
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Até mesmo o socorro que os pais prestam aos filhos em relação a seus choros e manhas é diferente, os meninos são deixados mais de lado, enquanto as meninas, tendem a receber um pouco mais de mimo em resposta a seu choros e manhas.
acho que aqui você já está passando para o lado das suas impressões pessoais, mas vamos lá. essa questão do mimo também se evidencia em filhos entre mais velhos e caçulas, e, até onde eu saiba, há teorias acerca das diferenças entre o modo como os pais tratam o primogênito e os outros, principalmente na visão política. essa só poderia ser a explicação se nascessem mais primogênitos homens e mais caçulas mulheres.
Na verdade não, essa é outra informação passada na mesma serie de documentários do Netgeo, ou no documentário do discovery.
O mesmo que falou sobre o trato mais "bruto" com bebes machos e o trato mais "delicado" com bebes fêmeas.
Mas mesmo que fossem observações pessoais, continuariam tendo a mesma relevância, apenas seria necessário o uso de maior ceticismo e questionamento.

Quanto aos caçulas e primogênitos, a diferença entre o trato de filhos diferentes é óbvia para qualquer um que tem irmãos, mas não saberia dizer se esse tratamento segue um padrão.
Essas diferenças a que você se refere, é a diferenças no trato entre os dois pelos mesmos pais, ou se refere a um padrão meio universal, que se repete em outras familias?
Por exemplo, existe um padrão, como todos os caçulas (ou grande parte deles) sendo mais mimados, e todos os primogênitos mais influenciados politicamente ou coisa do tipo?
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As brincadeiras feitas com meninos e meninas, também podem influenciar o desenvolvimento e treino de certas áreas cerebrais.
Ao dar bonecas todos arrumadinhas, vestir as meninas com lacinhos, dar tiaras, brincos, etc... está reforçando a capacidade visual nas meninas,

não me consta que 'capacidade visual' seria maior em mulheres. mas você tem alguma hipótese para o caso da síndrome de turner?
O problema é que eu falei de forma muito genérica mesmo, mas as mulheres são mais atentas a detalhes visuais, como as roupas, cor do cabelo, maquilagem, decoração de um ambiente, etc...
É aquela velha questão da mulher que corta o cabelo, o marido nem ao menos percebe e a deixa puta.

Uma coisa que se sabe é que existem diferenças entre homens e mulheres em questões como a linguagem e o raciocínio matemático, por exemplo.
Eu puxei a mesma questão pra um assunto estético.

Quanto a síndrome de turner, eu nem sabia que isso existia, mas pelo que eu li é genético, só ocorre com meninas... ou talvez possa estar ligado a gestação, não sei, só dei um pulo rapido na wiki pra saber o que era isso.
Se você acredita que religião não passa de fantasia, está confundindo a religião, com o que na verdade, são suas próprias fantasias sobre o tema.
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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #123 Online: 24 de Outubro de 2007, 10:32:54 »
Citação de: Buckaroo

O meu ponto todo é que o cérebro também se desenvolve... ele é tanto produto de genes e hormônios como regulador deles (ainda que em menor grau)... ao se colocar diferenças na anatomia cerebral entre grupos, pode-se estar falando de algo que custuma ser desenvolvido, em vez de algo geneticamente hereditário. Pode até haver hereditariedade, mas não é nem necessariamente genética. Li coisas recentemente sobre como estresse na gravidez pode afetar o tamanho do cérebro ao nascimento, coisas como estresse pós-traumático, que, durante a vida, causam modificações no cérebro, podem causar modificações análogas nos bebês das mulheres que passaram por isso; nos casos de uma gestação na qual a gestante se alimente não tão bem quanto deveria, o bebê vai nascer meio como que seu organismo "achasse" que está num ambiente onde a alimentação é escassa, será menor e terá metabolismo mais lento (retendo nutrientes ao máximo).

(Além disso, também já li umas coisas que me sugeriram que, em muitos casos, a estimativa de quantidade de neurônios é baseada em volume, e não em contagem mesmo (como também pode ser feito) - daí a diferença pode ser menor do que a que se estimou. Além disso, me parece que neurônios maiores são até menos eficientes)

É quase como um tipo de inversão parcial do "dogma" da genética, mas em vez disso é uma rede mais complexa (e põe complexa nisso; praticamente tudo que é órgão tem algum tipo de função endócrina) de interações do que se poderia esperar por aquela simplificação fenótipo = genótipo + ambiente. Isso seria meio como descrever uma partida de futebol como sendo "bola na rede é gol", enquanto tem toda a estratégia complexa, aquela rabisqueira toda na lousa do técnico de cada time, e o acaso todo na partida de fato.

Se fosse ambiental, haveria tanta variação que não seria possível qualquer hipótese de que há diferença genética, e esse não é o caso.

Quando foi que calcularam quanta variação deveria haver, se fosse ambiental, e como foi que constataram que não há essa variação?


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Certamente existem condições tais que podem afetar o desenvolvimento do cérebro, mas isso acontece em relação a outras características também, nem por isso elas deixam de ser determinadas geneticamente. Uma alteração causada pelo ambiente em uma geração não tem nenhuma garantia de continuidade, pois o ambiente muda mais do que o genótipo.
Acho que foi em "genes, povos e línguas", que o autor disse que em alguns casos, fatores culturais são mais persistentes que genéticos (citando o trabalho de outros que não vou conseguir lembrar de forma alguma). Acho que um exemplo poderia ser a expansção dum idioma para outras populações além da original, talvez, mas ao mesmo tempo acho que falavam de outras coisas também.

Offline NadaSei

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Re: Bobagens que os darwinistas fundamentalistas espalham
« Resposta #124 Online: 24 de Outubro de 2007, 10:40:03 »
Podemos ter uma predisposição, uma facilidade maior para uma coisa ou para outra, o que é diferente de determinação genética, podemos ter determinantes biológicos genéticos e não geneticos e podemos ter um condicionamento cultural mutável e talvez até um determinante cultural que depois de instalado, não pode ser removido.

O difícil e que gera tanta discussão é saber o que é o que.
Se você acredita que religião não passa de fantasia, está confundindo a religião, com o que na verdade, são suas próprias fantasias sobre o tema.
Religião é ciência. (Conhecimento).

 

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