Hum??? Uma questão peculiar ao âmbito da Variação Diastrástica...
Por estarmos aspirando um diploma universitário, subentende-se que temos um domínio considerável das regras que um indivíduo precisa conhecer, para falar e escrever corretamente uma língua. No entanto, em determinados contextos (ambientes informais), nos enquadramos sim (de alguma forma), nos demais tipos de registros linguísticos, no processo de interação constitutiva do património linguístico brasileiro, como por exemplo: Quando nos deparamos com uma expressão desconhecida ou pouco usada e, então, fazemos uso da "gramática interna" (o que é uma caricterística bastante acentuada no caso das crianças. E penso que seja o caso da moça aqui em questão), ou no caso de pura economia, a exemplo de: "Vambora" ou "Destar" (Como de costume dos falantes vindos da zona rural), ou no caso do uso de gírias em ambientes mais "relaxados", "festivos" e "despretensiosos".
O importante, a se ressaltar, é que não há língua boa ou língua ruim. Isso é um pensamento muito ignóbil, está muito a quem da ciência. Não se pode fechar os olhos para a diversidade e a pluralidade que o fenômeno linguístico nos apresenta. Comungo da ideia de que seja imprescindível pensar numa política direcionada para o gerenciamento do conhecimento produzido nessas línguas, garantindo a efetivação do processo da Variação Diastrástica.
O preconceito e a discriminação para com as línguas informais - de hoje - são semelhantes aos que as línguas indígenas há muito sofreram e ainda sofrem. No Brasil são faladas cerca de 210 línguas por cerca de um milhão de cidadãos brasileiros que não têm o português como língua materna, e que nem por isso são menos brasileiros. Cerca de 190 línguas são línguas indígenas de vários troncos linguísticos, como o Apurinã, o Xokléng, o Iate, etc e tal... E cerca de 20 são línguas de imigração, que compartilham nosso "devir" nacional ao lado das línguas indígenas e da língua oficial há 200 anos, como é o caso do alemão, do italiano e do japonês. A diversidade não é só racial, étnica, de género e regional. A diversidade também é, antes de tudo, linguística.
As línguas são um património nacional e precisamos dar-lhes o devido valor. Infelizmente, países estrangeiros parecem valorizar as nossas especificidades linguísticas bem mais que a fazemos. Lamento e espero, sinceramente, que essa postura político-discriminatória mude.