Outra tradição infeliz, se eu não estiver enganado, se refere ao uso do termo "doutor" por parte dos que concluem o curso de Direito, Engenharia e Medicina, mesmo sem fazer pós-graduação. Este costume proviria de um decreto imperial de meados do século XIX.
Por isto que Doutores, de fato e de direito, existem relativamente poucos neste país, mas "dotô" tem bastante!
E Dentistas!
Na verdade, mesmo em inglês, médicos e dentistas são tratados como "doctor". Aliás, acaba gerando uma piada recorrente em sitcoms. Como o Ross em Friends que era doutor em paleontologia e a Rachel arrumou um namorado que era periodontista, o Russ. No episódio ela jogava na cara do Ross que o Russ era um "real doctor", ao que ele dizia: "a gum doctor"!
Essa história gerou um problema a um tempo atrás, quando os enfermeiros reivindicavam a designação de doutor e doutorando (último ano do curso de graduação), mas o CRM era contra, havendo um bate-boca com o COREN. No fim, foi decidido que os enfermeros poderiam ser tratados como doutores também e mais: qualquer um que tivesse um curso superior fazia direito ao título.
Acho que isso é um problema do início da universidade (e não propriamente do Brasil). No início não havia cursos de doutorado (algo recente no mundo) e quem se formava nos cursos da época eram doutores do saber: médicos, advogados, filósofos e teólogos. Assim o título persistiu nessas áreas tradicionais.