Confesso que essas questões que envolvem preconceito me dividem. Eu, particularmente, acho que não é por aí o caminho, mas não sei – não deve ser nada fácil conviver com o preconceito estampado na cara dos outros.
Uma única vez, que eu saiba, fui recusada para um cargo, para o qual estava muito bem preparada, porque o dono da empresa achava que os homens são mais competentes que as mulheres sempre. Na semana seguinte já estava melhor empregada e só fiquei sabendo disso meses depois, por acaso. Para mim, foi uma felicidade, pois com isso tive uma melhor oportunidade, mas mesmo assim, bateu uma revolta naquele momento.
Porra, eu me esforcei e não tive nem a oportunidade de mostrar o meu trabalho, simplesmente porque era mulher. Aconteceu uma única vez e não trouxe qualquer implicação para minha vida prática, mas imagina isso acontecendo todos os dias na sua vida?
Porque eu sou branca, mas sei que o racismo acontece todos os dias na vida dos negros – no trânsito, no trabalho, na faculdade, na academia, no restaurante... não é como ser gay ou ateu, por exemplo, que você pode ocultar, se quiser, para evitar as reações negativas dos outros – é como se todos os gays fossem rosas e todos os ateus fossem verdes. As pessoas não te perdoam por isso e elas são muitas.
Mas assim como não compactuo das reações virulentas dos ateus contra os crédulos, dos gays contra a sociedade, das feministas contra os homens, por serem generalistas, também não compactuo da reação dos negros contra os brancos – mas posso compreender. Não quero acreditar que a violência é o único caminho, mas, às vezes, questiono até mesmo isso. Se as minorias não incomodam, elas são ignoradas.
Eu sou muito da paz, da concórdia, politicamente correta, mas já há algum tempo que desconfio que gente como eu não muda o mundo.