Veja que comete uma falácia, a chamada generalização apressada, falsa indução. Pegou uma regra específica e aplicou num caso geral. A existência do racismo não implica que todos os negros sofrerão o racismo, e isso é apontado nas pesquisas, pois o que acontece é uma desproporção racial muito grande. Isso significa que existem sim muitas pessoas negras bem sucedidas mas em um número muito menor em relação as pessoas brancas.
Se o problema é racismo, o correto seria fiscalização e combate ao racismo. E não "vestibular para negros". Daqui a pouco, só falta em nome da "igualdade" racial, quererem que hajam dias ou ao menos salas diferentes para as provas vestibulares de acordo com raças... cada raça tem a prova agendada para um dado dia para não se sentir oprimida/minoria em meio a outros concorrentes de outras raças, talvez uma maioria, e para as maiorias não se sentirem superiores numericamente que as minorias...
Se o problema é desigualdade SOCIAL, não interessa a cor da pele da pessoa, e cotas teriam que ser sócio-econômicas apenas. Mas ainda acho incorreto que a avaliação dê desconto para pessoas de acordo com a classe social. Descontos deveriam ser bolsas, cursinhos gratuitos, etc, como paliativos enquanto não se tem um sistema público de ensino básico e médio que preste.
Para o problema da desigualdade social (ou pobreza e miséria, mais especificamente, já que apenas desigualdade sócio econômica não tem nada demais, contanto que não seja por diferenças de direitos, como essas cotas racistas pretendem), é absolutamente irrelevante a cor da pele dos indivíduos.
Tanto faz, se digamos, há apenas uma fração consideravelmente pequena de pessoas "ricas", e dessas, uma fração ainda menor que tenha uma cor de pele, cabelo ou quaquer compleição física, enquanto que para a parcela maior, mais pobre, é o contrário; são todos GENTE da mesma forma.
Fazer com que nas duas parcelas da população, de ricos e pobres, haja homogeneidade estética, pessoas de toda cor e tipo físico na mesma proporção nas duas ou mais camadas sócio-econômicas,, seria meramente uma questão estética.
Teria o efeito prático de mandar michael-jacksonizar um monte de negros pobres para que houvessem mais brancos pobres e super-bronzear uma porção de brancos para que houvessem mais negros ricos, crianco a proporção estética em cada camada social.
Paradoxalmente, imaginam que seria "resolvido" com critérios racistas, mas esses critérios, por serem racistas, teriam grande chance de prolongar ou mesmo ampliar o racismo que, felizes, imaginam estar combatendo, uma vez que os racistas (os outros, digamos, os "de verdade" ou "clássicos") terão argumentações no sentido de que o que os negros ou outras raças conquistaram não teve mérito - e não estarão tão desprovidos de razão se as conquistas tiverem sido proporcionadas por não ter havido avaliação pelos mesmos critérios.
E quanto ao precedente legal que isso pode significar? Se o governo pode colocar pessoas nas escolas por critérios racistas, quem não vai poder fazer contratações ou qualquer tipo de admissão por critério racista também? Bem, teoricamente isso tudo seria proibido por lei, mas aparentemente a lei não vale muito para o governo, ainda mais se dá para posar de politicamente correto. Ora, é interessante lembrar que no Brasil, tecnicamente, minorias são pessoas loiras de olhos azuis...
Se uma coisa tem que ser aprendida por esse movimento das cotas racistas e etc, é que racismo gera racismo. Assim não é nem um pouco inesperado que depois minorias brancas venham também exigir direitos (não totalmente sem razão, uma vez que os negros e outras raças estariam em vantagem embasada legalmente), aí me dá até um frio na barriga de imaginar possíveis ONGs nazistóides clássicas, ou mesmo, quem sabe pertidos... acho que foi o rapper MV Bill que até teve a idéia de um partido negro.... ninguém falou nada.... é interessante (e perigoso) como que, normalmente só fariam a ligação de nazismo se fossem "arianos" falando algo do tipo.
Até hoje me assombra a lembrança de um garoto de uma faculdade para negros no Brasil, comparando os negros com pessoas deficientes ou gestantes, que por exemplo, tem acento preferencial nos ônibus... difícil não lembrar de Rosa Parks... falando que o negro precisa ver "um semelhante" tendo sucesso para se espelhar...
Não se está questionando o mérito pessoal das pessoas bem sucedidas e sim o mérito da igualdade social na sociedade da qual vivemos. O racismo provoca a desigualdade social, e mesmo que a culpa não seja nossa não podemos ser coniventes com a discriminação.
E combate-se a discriminação com discriminação contrária?
Discriminando inclusive "inocentes", pessoas que não tem nada a ver com o fato de negros (que apenas por acaso eram negros) foram escravizados no passado, ou que sofram discriminação até hoje?
No Oscar, podiam ter, além de melhor ator e melhor atriz, melhor ator afro-americano e melhor atriz afro-americana...
Os argumentos são baseados geralmente na "injustiça" de um parente que vai ter sua vaga "roubada" por um negro que vai estudar menos. Não é levado em conta a desigualdade racial
Claro que é levada em conta, está se dizendo que desigualdade racial não se combate com desigualdade racial estatal.
apenas a idéia de não ter culpa e preocupado apenas com a vaga que vai se "perder".
E não há nada de errado nisso. As pessoas só estão defendendo seus direitos, direitos iguais, a base para a igualdade.
Poderia, em vez disso, ser assim: as pessoas que não importam em perder a vaga para uma pessoa que pontuasse menos, se candidatariam a tal. Assinariam que aceitam perder a vaga para alguém que pontuasse menos, contanto que tivesse a pigmentação X e/ou Y.
E se você ainda assim continuasse insatisfeito com isso, achando que as pessoas todas poderiam abdicar mais de seus direitos por um Brasil melhor para todos, poderia agir
dentro do seu direito, afetando somente a você e outros voluntários, fazendo por exemplo, uma ONG, que oferecesse talvez cursinhos pré-vestibulares para negros ou para a raça de sua preferência.
É como se um negro que tivesse ocupando a sua vaga democraticamente através das cotas não fosse aproveitar e usufruir da sua vaga e trazer o retorno social desse investimento do estado em sua educação.
Esse "democraticamente" foi enfiado aí só para dar um tom melhor na frase, não? Porque o correto seria "por racismo".
O branco, índio ou asiático que fosse mais legitimamente ocupar a vaga por melhro resultado,
também iria aproveitar e usufriuir sua vaga e trazer "retorno social".
Não são os negros que precisam de uma ajuda extra e sim a democracia, a sociedade como um todo ao combater o racismo através de medidas políticas e sociais, e não pensando apenas no parente, o que demonstra uma miopia social.
Combater o racismo através de medidas políticas e sociais
racistas?
Como eu disse antes, se o problema é racismo, deve-se combatê-lo, e não criar um racismo inverso para tentar anular, +1, -1. Não funciona assim na realidade.
Poderia se combater com fiscalização, ver se há em algum lugar, práticas racistas de admissão para empregos, ou qualquer tipo de vaga, e enfiando essas pessoas na cadeia. Não presumindo que as distribuições raciais de pessoas ao longo dos estratos sociais tem como origem o racismo, e promover práticas "inversamente" racistas. É ridículo, simplesmente ridículo.