Autor Tópico: Conteúdos da escola  (Lida 13006 vezes)

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Narkus

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Conteúdos da escola
« Online: 17 de Novembro de 2007, 13:01:57 »
Tipo...

"Ensinam" por aí nas escolas a evolução, literatura etc...

Eu pergunto... Será que tudo isso é realmente útil quando a maior parte das crianças/adolescentes não se interessam?

Eu só comecei a me interessar por alguns conteúdos científicos motivado por questões de credo, valores morais e dúvidas básicas como origem da vida, da matéria etc.

Lembro que quando criança eu já me perguntava como teria surgido tudo, gostava muito de astronomia, montar lego, videogame, brincar etc.
Mas na escola 90% do que eu "aprendia" não era do meu interesse, eram coisas chatas, que pra mim não tinham qualquer ligação com a utilidade.

Eu só gostava de matemática e um pouco de física.

Será que é possível montar um conteúdo agradável, complexo, que convença os jovens da sua importância em conhecer?

Se muito do que é relatado nos livros de Dawkins fossem devidamente ensinados aposto que muitas crianças se interessariam um pouco mais por biologia. É triste ver alguns CDFs que sabem quase tudo sobre fotossíntese mas não fazem a mínima idéia de alguns exemplos de processo de evolução, ou que acreditam em Deus, paranormalidade etc.

Será que é útil ficar estudando literatura brasileira? Ficar se dando ao sacrifício de interpretar aquelas poesias "viagens" do barroco, simbolismo etc?

Se formos analisar é conteúdo pra caramba que é ensinado aos adolescentes, mas na minha opinião apenas alguns poucos realmente são úteis para ensinar os jovens a pensar...

Tipo...
"Ensinar a pensar"... Será que precisamos de fato aprender a pensar? Até hoje mantenho a convicção de que sabemos pensar instintivamente desde que tenhamos motivações para tal. É claro que é difícil mostrar que a matemática é interessante sabendo que para as crianças brincar é mais atraente... Mas mesmo assim... Trata-se de raciocínio lógico... Sempre gostei de matemática, nunca precisei de qualquer incentivo pra gostar. Gostava de uma boa aula de história, sem a necessidade de ficar lendo livros com linguagem difícil e cheio de datas para decorar.

Luz

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #1 Online: 17 de Novembro de 2007, 14:42:10 »

Mas até para que os adolescentes descubram uma área (matéria) que gostem e queiram atuar, eles precisam ver todas elas.

Acho que a idéia é dar um ensino básico sobre cada uma para que cada qual, depois, vá se especializar na sua própria área de maior interesse.

É preferível ensinar de tudo um pouco para dar aos adolescentes a opção de escolha, que escolher por eles - tem gente para tudo que é gosto, inclusive - barroco, simbolismo e tal, oras.  :P

Offline PedroAC

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #2 Online: 17 de Novembro de 2007, 14:54:50 »
Fizeste-me lembrar um professor de Matemática português chamado Nuno Crato, com: "É claro que é difícil mostrar que a matemática é interessante sabendo que para as crianças brincar é mais atraente...". Ele faz várias críticas ao Ensino Português.

Acho que em todas as disciplinas devia-se incentivar muito a capacidade de raciocínio e o espírito crítico. Nas disciplinas científicas deveriam começar sempre com a aprendizagem do método científico, e com a apresentação de diversos exemplos esclarecedores da própria disciplina.
Também acho que é importante que os alunos conheçam as origens e razões para as ideias - nem que estejam apenas nos livros escolares, e com referências para saberem mais, para os curiosos -, e que se indique se são hipóteses, teorias, etc., mostrando até hipóteses alternativas que não passaram o crivo da dúvida.
Pedro Amaral Couto
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rizk

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #3 Online: 18 de Novembro de 2007, 03:32:07 »
Parece-me que o ensino é deficiente também por isso. Tentaram mudar com o construtivismo e cada coisa a seu tempo, mas geralmente os professores acham que é deixar as crianças brincando e não avaliar nem porra nenhuma.

Porque, convenhamos, tem coisas FANTÁSTICAS com as quais a gente não tem contato quotidiano, e se não fizer as "aulas chatas" nunca vai ser seduzido.

Offline Dbohr

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #4 Online: 18 de Novembro de 2007, 09:09:11 »
Para não dizer, tem aluno que não quer nada com porra nenhuma, e esses são a maioria :roll:

A escola - principalmente o Ensino Fundamental - não pode ser utilitarista a esse ponto. É preciso dar uma visão bem geral do que são as ciências e as artes, para que as crianças consigam mais tarde escolher o seu caminho. O que é meio utópico, eu sei, mas é pra isso que existem pedagogos debatendo o modelo de ensino :-)

Offline Herf

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #5 Online: 18 de Novembro de 2007, 09:46:46 »
Putz, eu ia começar a escrever, mas não sei nem por onde começar. O ensino brasileiro é TÃO deficiente em tantos aspectos...

Para começar, matérias como literatura, filosofia, sociologia e educação artística poderiam simplesmente ser eliminadas. Essas são áreas que o aluno, se interessado, deve correr atrás, por interesse próprio. Já tive até uma cadeira de psicologia no primeiro ano do ensino médio (em uma escola pública estadual, aqui no RS). O currículo obrigatório, e conseqüentemente o currículo das escolas públicas, deveria se restringir ao básico.

E falo por experiência própria: são matérias que só aborrecem o aluno, preocupado com matérias mais importantes. Ou, quando não aborrecem, as aulas não rendem absolutamente nada.

Mas aqueles que gerem a educação no Brasil pensam poder melhorar a qualidade do ensino por meio de decretos. Se a coisa está ruim basta colocar mais uma ou duas disciplinas novas e tudo se resolve. Ou então, distribui diploma para qualquer um e se vangloria de ter muitos diplomados.

O resultado é isso:

../forum/topic=12772.0.html

Offline Dbohr

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #6 Online: 18 de Novembro de 2007, 10:19:23 »
O triste é ver o atual governo encher o ensino de Ideologias depois do governo passado ter se lixado para o ensino. Estamos lascados, mesmo...

Os meus filhos terão instrução complementar em casa  :x

Offline Quereu

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #7 Online: 18 de Novembro de 2007, 10:47:07 »
Para não dizer, tem aluno que não quer nada com porra nenhuma, e esses são a maioria :roll:

A escola - principalmente o Ensino Fundamental - não pode ser utilitarista a esse ponto. É preciso dar uma visão bem geral do que são as ciências e as artes, para que as crianças consigam mais tarde escolher o seu caminho. O que é meio utópico, eu sei, mas é pra isso que existem pedagogos debatendo o modelo de ensino :-)

Concordo. O mundo oferece muitas opções para o aluno desinteressado.
A Irlanda é uma porca gorda que come toda a sua cria - James Joyce em O Retrato do Artista Quando Jovem

Offline Nightstalker

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #8 Online: 18 de Novembro de 2007, 10:53:01 »
O que eu farei com Estequiometria se pretendo cursar Direito?
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Offline Dbohr

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #9 Online: 18 de Novembro de 2007, 10:58:29 »
Será um advogado com alguma noção do mundo fora da esterilidade dos códigos legais, meu filho. O papel da escola não deve ser colocar você numa fast track para sua carreira. É para dar uma formação ampla e universalista, algo que, em tese, te faça ver a diversidade da herança cultural e científica da humanidade.

Se a escola consegue fazer isso em vez de ser um moedor de carne é outro papo :-|

Offline Luiz Souto

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #10 Online: 18 de Novembro de 2007, 12:59:58 »
Será um advogado com alguma noção do mundo fora da esterilidade dos códigos legais, meu filho. O papel da escola não deve ser colocar você numa fast track para sua carreira. É para dar uma formação ampla e universalista, algo que, em tese, te faça ver a diversidade da herança cultural e científica da humanidade.

Se a escola consegue fazer isso em vez de ser um moedor de carne é outro papo :-|

Acho que o Dbohr falou o essencial. Se no ensino fundamental e médio não for dada uma formação básica e ampla como esperar que depois essa pessoa possa continuar por seus própios pés a buscar informação de forma crítica ? Por que o perigo maior é formarmos especialistas e técnicos em suas áreas e completos tapados para o restante ,daí surgem as pseudociências , fanatismos religiosos e demais...
Discordo do Procedure no sentido que esta formação ampla tem que incluir necessariamente literatura, filosofia , bem como biologia , matemática , física... Ensinar estas matérias de forma ampla , não dogmática ( em se tratando principalmente de história e filosofia) , centrando no método de construção do pensamento racional e científico é para mim a principal tarefa da pedagogia para a escola brasileira.
Até hoje meu interesse por história vem das aulas que tive no 2 º Grau  , onde o que menos se fazia era decorar datas mas entender o porque tais e tais fatos ocorreram e os seus desdobramentos. Já há profissionais tentando criar algo novo para mudar a forma de ensino decoreba e chato e fazer os alunos trilharem o caminho da metodologia ( um artigo interessante da Revista de História da Biblioteca Nacional (Setembro 2007) , p.ex. , relata a experiência de usar técnicas de RPG no ensino de história para turmas de ensino médio do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa)http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1121
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Lorentz

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #11 Online: 18 de Novembro de 2007, 14:13:49 »
Juntem o útil ao agradável. Os religiosos saíram na frente:

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Offline Thufir Hawat

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #12 Online: 18 de Novembro de 2007, 14:15:14 »
Para não dizer, tem aluno que não quer nada com porra nenhuma, e esses são a maioria :roll:

A escola - principalmente o Ensino Fundamental - não pode ser utilitarista a esse ponto. É preciso dar uma visão bem geral do que são as ciências e as artes, para que as crianças consigam mais tarde escolher o seu caminho. O que é meio utópico, eu sei, mas é pra isso que existem pedagogos debatendo o modelo de ensino :-)
É a mais pura verdade. Mas o pior não é isso. Na esteira dessas mudanças no ensino, o professor perdeu a autoridade, principalmente nas escolsa particulares.
Até a metade do ano, estava dando aula de física num colégio particular, mas me demiti, não por que boa parte dos alunos me tratasse como empregado, mas por que outros professores, os pais e a própria direção eram coniventes.
Me fez repensar seriamente se vou terminar a licenciatura depois do bacharel.
Archimedes will be remembered when Aeschylus is forgotten, because languages die and mathematical ideas do not. "Immortality" may be a silly word, but probably a mathematician has the best chance of whatever it may mean.
G. H. Hardy, in "A Mathematician's Apology"

Offline PedroAC

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #13 Online: 18 de Novembro de 2007, 15:13:25 »
Juntem o útil ao agradável. Os religiosos saíram na frente:


Procura por vídeos do Angry Nintendo Nerd, que fez uns "reviews" de jogos bíblicos.  :hihi:
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Offline PedroAC

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #14 Online: 18 de Novembro de 2007, 15:15:17 »
Até a metade do ano, estava dando aula de física num colégio particular, mas me demiti, não por que boa parte dos alunos me tratasse como empregado, mas por que outros professores, os pais e a própria direção eram coniventes.
Me fez repensar seriamente se vou terminar a licenciatura depois do bacharel.
O meu pai é professor, e por isso acho que te compreendo. Há cada caso que me conta...
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Offline Dbohr

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #15 Online: 18 de Novembro de 2007, 15:24:30 »
É a mais pura verdade. Mas o pior não é isso. Na esteira dessas mudanças no ensino, o professor perdeu a autoridade, principalmente nas escolsa particulares.
Até a metade do ano, estava dando aula de física num colégio particular, mas me demiti, não por que boa parte dos alunos me tratasse como empregado, mas por que outros professores, os pais e a própria direção eram coniventes.
Me fez repensar seriamente se vou terminar a licenciatura depois do bacharel.

Pois é. E eu escuto as mesmas histórias vindas de professores de universidades particulares - as Estácios da vida. E não apenas nos cursos de Direito, não! Conheci um camarada que dava aula de Engenharia de Petróleo (!!!) numa particular caça-níqueis dessas e a ordem era aprovar a qualquer custo.

Sabe o título daquele filme, Cronicamente Inviável? Por aí...

Offline Thufir Hawat

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #16 Online: 18 de Novembro de 2007, 15:54:27 »
Conheci um camarada que dava aula de Engenharia de Petróleo (!!!) numa particular caça-níqueis dessas e a ordem era aprovar a qualquer custo.
O pior é que, pelo menos no colégio do qual me demiti, a ordem não era só aprovar de qualquer jeito. Era, além disso, aturar falta de educação e desaforos de alunos, na frente da turma toda, por que a direção concordava com a idéia de que o aluno é "patrão". Decidi não me sujeitar a esse tipo de coisa.
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Offline Herf

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #17 Online: 18 de Novembro de 2007, 16:23:56 »
Alguém sabe se já está em vigor o ensino fundamental de nove anos?

Offline Raphael

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #18 Online: 18 de Novembro de 2007, 20:54:00 »
Alguém sabe se já está em vigor o ensino fundamental de nove anos?

Sim, LDB de 1996.
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Offline FxF

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #19 Online: 18 de Novembro de 2007, 22:00:21 »
Ah, tem muita coisa para falar.

1º de tudo: nosso método de estudo não demonstra a real capacidade, não demonstra o gênio.
Julgamos se alguém é capaz ou não de exercer a medicina por conseguir acertar questões decoradas de uma prova?
Simplesmente, se não fosse assim, não seria "democratização" (como alguns, de esquerda na maioria dos casos, gostam de chamar dar emprego para qualquer um). Se alguém quer ser médico, é um direito irremediável que o faça, segundo o que nossa sociedade considera, por isso ela não discrimina por capacidade, o que é bastante irônico ao apresentar um diploma.

2º: não aprendemos muita coisa útil. Em literatura, ficamos sabendo da história do barroco. Quer dizer, temos que decorar pelo menos até a prova. Ora, isso faz alguém escrever um bom livro?
Então, na verdade, um livro, que seria o que a literatura deveria focar pelo nome, tem mais relação com clareza, argumentação e filosofia. E escrever com clareza ou argumentação não tem nada a ver com a aula de português, onde se aprende é a classificar oração coordenada substantiva causal não-lembro-mais-o-que.

Aliás, dá para ir um pouco mais além:

- Português não é necessário, e sim um aprendizado a argumentar bem, não a escrever com o acento correto. Principalmente que na era da informática, o computador corrige (eu escrevi "corriJe" e o Firefox corrigiu agora).
Religião, educação física, artística, perda de tempo, poucos colégios levam a sério.

- História é necessário, mas não nesse enfoque: aprendemos a decorar datas. Existe um motivo realmente sério para aprender história, "aprender com os erros do passado para não repeti-los no futuro", o que nenhuma relação tem com o que se dá em aula. Ao invés de uma prova que pergunte qual a data da primeira guerra mundial, que tal perguntar se uma guerra é algo realmente correto no mundo? Na verdade, mistura muito com filosofia.

- Podíamos ter livre escolha de línguas, como francês, latim, etc... o problema nem é a sobrecarga de especialização dos funcionários da escola, e sim é político. Aprendemos espanhol porque o Brasil está no Mercosul ,e inglês porque todos os brasileiros com quem falo realmente acreditam em "é preciso porque os EUA são a 1ª potência", realmente acreditam.

3º: Qualquer coisa que se aprende por absorção, como matemática, física, química... não sei se o problema é que não se é porque essas matérias são ensinadas erradas ou deveriam ser opcionais devido ao seu conteúdo brusco... veja, a maioria das pessoas saem podendo calcular energia cinética (desde que haja um desenho e os termos especificados, pois na verdade decoraram as formulas, nem sabem qual a relação com a realidade) e acreditando que espiritismo é uma ciência e é do que se trata a mecânica quântica.
Não dá pra chamar de "aula de ciência"... talvez "aula de fórmulas"?
No 2º grau eu não entendia absolutamente nada de química. Eu só via fórmulas, com títulos como "entropia" ou coisas que eu não sabia o que era. Quer dizer, se você colocar uma ligação covalente ou uma entropia na minha frente, eu não vou saber dizer se é ou não, mas eu sabia fazer as formulas nas provas finais...

Eu aprendi bastante de biologia, o professor era um gênio e relacionava as coisas com a realidade, não ficava ensinando por absorção.
Física eu aprendi a teoria, não lembro as fórmulas.
Deixa eu listar exatamente tudo que eu aprendi em química: terminei a lista.
Português aprendi algo, sim... mas não foi grande coisa. Mas português também não é lá algo que as pessoas põem fé como útil. Já nem me preocupo tanto com o português do Lula, me preocupa mais quando ele diz que o derretimento das geleiras é causado pela Tsunami ou-sei-lá-o-que...

4º: Em matemática deveríamos fazer algo em cima de imaginação, visão espacial, lógica. Fórmulas não torna ninguém um bom matemático. Aliás, quem descobriu as grandes fórmulas, tinha grandes capacidades de lógica, não de decorar.
Talvez seja algo que "exclua" certas pessoas, mas é como música: não tem esse dom, não dá certo...
« Última modificação: 18 de Novembro de 2007, 22:06:31 por Ilovefoxes »

rizk

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #20 Online: 19 de Novembro de 2007, 00:47:00 »
- História é necessário, mas não nesse enfoque: aprendemos a decorar datas. Existe um motivo realmente sério para aprender história, "aprender com os erros do passado para não repeti-los no futuro", o que nenhuma relação tem com o que se dá em aula. Ao invés de uma prova que pergunte qual a data da primeira guerra mundial, que tal perguntar se uma guerra é algo realmente correto no mundo? Na verdade, mistura muito com filosofia.
É absolutamente imprescindível saber a data da primeira guerra e, a propósito, de todas as coisas. Datas, nomes de gente e de lugares e de tratados são ferramentas, meu filho. Você reclama de ter que saber fórmula de física e os números atômicos dos elementos? Pois então. "Mistura muito com filosofia" só se for aí na sua terra, porque se professor meu algum dia me viesse perguntar se a guerra é correta, eu mandava tomar no CU porque é doutrinação ideológica ("se eu disser que é, tomo zero?").

E também não penso que história sirva pra aprender com os erros. História não é misturada com filosofia nem é a História da Criação pra ter uma moral e discernir o certo do errado: é basicamente o estudo e a análise dos feitos dos homens. Pode ser aproveitada, sim, pra esses fins, mas cada um faz com ela o que BEM ENTENDER e aí que está a beleza da coisa toda. O meu barato paticular com o estudo de história não tem nada a ver com os "erros do passado", é um amor per se. Amor esse que muitos compatilham com até mais intensidade. Ninguém diria que "o motivo realmente sério para aprender biologia" é aquilo de aprender a matar bicho, ou o de física ser aquilo de aprender a fazer ponte. Pelo amor de deus. Tem que parar com essa mania de instrumentalização....

Penso que tudo tem que ser apresentado à juventude. Se não for na escola, a elas vai sobrar o que ensina o Fantástico. Me preocupa menos o currículo do ensino fundamental e médio (a aplicação é outra coisa) do que a estrturua do ensino universitário: acho que o esquema dos "majors" e "minors" é muito mais sensato e prepara melhor o estudante, tanto para a carreira acadêmica e quanto para o mercado de trabalho.

Offline Südenbauer

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #21 Online: 19 de Novembro de 2007, 01:27:17 »
Legal o tópico.

Eu sou da opinião que a escola deva ensinar a pessoa para a vida. Nisso eu digo que ensine para ela o máximo possível que a humanidade já conseguiu até hoje. Ou seja, mostrar todo o baralho ao aluno para quando ele tiver maturidade souber com clareza porque ele quer uma carta (ou uma combinação de mais) e não outras. Porém, o que o Dbohr disse está correto também, o ensino deve fazer com que tenha a visão mais ampla possível desse todo que é a vida.

Alguns acham inútil literatura, filosofia ou artes, mas pensem, assim como vocês possam ter iniciado seus interesses em ciências pelas aulas, quantos arquitetos ou escritores não foram feitas nessas aulas? Vocês dizem que preferiam ficar calculando coisas que nem sabiam para que serviam e que talvez nunca mais tenham mexido mas não gostavam de interpretas poemas do Gregório. Assim como vocês, tem muita gente que prefere o oposto. São matérias importantes sim, afinal também são tijolo do daquele muro que chamamos de conhecimento, não?

O problema do interesse do aluno realmente é complicado. Acho que a questão está na base: alunos com pouca carga horária, pais que não ligam para o ensino, professores que não se preocupam no interesse do aluno e toda uma falta de cultura em nosso país de que a educação é importante. É fato que os pais estão mais preocupados em encher a bola de futebol do guri e saber se o time dele vai ganhar o campeonato municipal do que se está indo bem na escola. Não estão nem aí, criticam o filho no dia em que pegam o bolotim mas não fazem muita coisa para poder reverter a situação. Às vezes realmente não dá, já que os pais nem possuem formação fundamental para auxiliar o filho (ironicamente são nesses casos que vemos na TV em que os filhos são mais incentivados).

O que precisa é criarmos primeiramente um hábito de que o que a criança aprende na escola, apesar de não parecer, é importante. Depois, quando ela for crescer é que trazer assuntos cotidianos para a aula vão despertar mais interesse m que ele vá a aula e se dedique mais. Quando mais novos não adianta muito, porque por mais interessante que o professor possa estar tentando tornar seu trabalho, o aluno não sabe direito porque está ali e está contando os segundos para a aula acabar e ele jogar futebol na rua, que é bem mais divertido e o que importa.

Offline Südenbauer

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #22 Online: 19 de Novembro de 2007, 01:37:32 »
1º de tudo: nosso método de estudo não demonstra a real capacidade, não demonstra o gênio.
Julgamos se alguém é capaz ou não de exercer a medicina por conseguir acertar questões decoradas de uma prova?
Simplesmente, se não fosse assim, não seria "democratização" (como alguns, de esquerda na maioria dos casos, gostam de chamar dar emprego para qualquer um). Se alguém quer ser médico, é um direito irremediável que o faça, segundo o que nossa sociedade considera, por isso ela não discrimina por capacidade, o que é bastante irônico ao apresentar um diploma.
Cara, me desculpa. Mas por enquanto eu não vejo nenhum método melhor de seleção do que o vestibular.

2º: não aprendemos muita coisa útil. Em literatura, ficamos sabendo da história do barroco. Quer dizer, temos que decorar pelo menos até a prova. Ora, isso faz alguém escrever um bom livro?
Aulas de literatura não são aulas de "como ser Tolstói".

Religião, educação física, artística, perda de tempo, poucos colégios levam a sério.
Se formos pelo argumento de levar a sério, muitas escolas teriam de ser fechadas.

História é necessário, mas não nesse enfoque: aprendemos a decorar datas. Existe um motivo realmente sério para aprender história, "aprender com os erros do passado para não repeti-los no futuro", o que nenhuma relação tem com o que se dá em aula. Ao invés de uma prova que pergunte qual a data da primeira guerra mundial, que tal perguntar se uma guerra é algo realmente correto no mundo? Na verdade, mistura muito com filosofia.
Eu não vejo a coisa como decorar datas, mas sim sabê-las. Existem coisas que são impossíveis de esquecer. Por quê? Porque quanto mais tu estuda, mais informações tu pode associar umas com as outras, daí chega uma hora que tu sabe umas datas bem exóticas e nem sabe como e porquê, mas sabe.

Podíamos ter livre escolha de línguas, como francês, latim, etc... o problema nem é a sobrecarga de especialização dos funcionários da escola, e sim é político. Aprendemos espanhol porque o Brasil está no Mercosul ,e inglês porque todos os brasileiros com quem falo realmente acreditam em "é preciso porque os EUA são a 1ª potência", realmente acreditam.
Se tu acha que aprender latim e francês é mais importante estás no século errado.

Offline Südenbauer

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #23 Online: 19 de Novembro de 2007, 01:43:28 »
E saber datas é muito importante para tu te contextualizar. E quanto mais souber delas, mais fácil vai ficar para saber outras. Assim que funciona o conhecimento.

Offline FxF

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Re: Conteúdos da escola
« Resposta #24 Online: 19 de Novembro de 2007, 02:57:35 »
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É absolutamente imprescindível saber a data da primeira guerra e, a propósito, de todas as coisas. Datas, nomes de gente e de lugares e de tratados são ferramentas, meu filho. Você reclama de ter que saber fórmula de física e os números atômicos dos elementos? Pois então.
Comunistas são os que mais falam datas e nomes, e eu continuo a achar que eles falam bobagem. Não vejo onde servem como ferramentas, serve só como parte do conteúdo...

Muitos da minha aula do 2º grau devem de saber fórmulas melhor que eu, mas não sabem que nossos olhos enxergam por causa da luz, e acham que um planeta a vinte anos luz demora zero para transferir a imagem até um telescópio. Aliás, no segundo grau chegaram a perguntar se planta é ser vivo, mas decoraram o nome de todas as mitocôndrias.
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eu mandava tomar no CU porque é doutrinação ideológica ("se eu disser que é, tomo zero?").
Se você tem medo de conspirações comunistas... professor filho da puta tem em qualquer método, os meus do segundo grau te passavam de ano se você sempre concordasse com eles quando acusassem eles de mentirem nas combinações que fez em aula.
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Tem que parar com essa mania de instrumentalização....
Trocas o colégio por uma lanhouse de CS? Afinal, ser útil não vale nada?
Desde que eu me lembro, se vai para a escola para se preparar para uma profissão, não por paixão.
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Vocês dizem que preferiam ficar calculando coisas que nem sabiam para que serviam e que talvez nunca mais tenham mexido mas não gostavam de interpretas poemas do Gregório. Assim como vocês, tem muita gente que prefere o oposto. São matérias importantes sim, afinal também são tijolo do daquele muro que chamamos de conhecimento, não?
Estamos falando de aprender algo útil ou algo que a gente não ache chato? E eu gosto de matemática.
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alunos com pouca carga horária
Não se trata de quantidade, e sim de qualidade.
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pais que não ligam para o ensino
Esse problema já é outro.
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professores que não se preocupam no interesse do aluno
Talvez o problema seja um sistema, onde 30 coitados ficam sentados copiando o que alguém rabisca com giz em um quadro por 2 horas seguidas?
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O que precisa é criarmos primeiramente um hábito de que o que a criança aprende na escola, apesar de não parecer, é importante
Já se força muito a aprender por absorção, não tem como forçar mais "hábito de aprender". Talvez ensinem mal, ao invéz do aluno não saber aprender.
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Depois, quando ela for crescer é que trazer assuntos cotidianos para a aula vão despertar mais interesse m que ele vá a aula e se dedique mais. Quando mais novos não adianta muito, porque por mais interessante que o professor possa estar tentando tornar seu trabalho, o aluno não sabe direito porque está ali e está contando os segundos para a aula acabar e ele jogar futebol na rua, que é bem mais divertido e o que importa.
O ensino trabalha com alunos, que são pessoas, e vão continuar sendo pessoas. Esperar que eles mudem porque o sistema não trabalha bem com pessoas não me parece um bom ponto.
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Cara, me desculpa. Mas por enquanto eu não vejo nenhum método melhor de seleção do que o vestibular.
Você acha mesmo? Por mim, toda aquela prova não demonstra nada do que eles precisam para a profissão.
Faz tanto sentido quanto uma competição de comer tortas para entrar na faculdade. Avaliar Y para ver se pode fazer X. Que tal, alguém que quer fazer medicina ter seus conhecimentos sobre medicina avaliados? Ah é, a escola não ensina isso? Azar, então problema é da escola, ainda seria melhor que vestibular.
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Se formos pelo argumento de levar a sério, muitas escolas teriam de ser fechadas.
Bom, continua a ser algo inútil.
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Eu não vejo a coisa como decorar datas, mas sim sabê-las.
No método de ensino? Com provas?
Que seja, saber, decorar, a data da segunda guerra de nada serve, quando não sabem que um ditador que ainda esteve vivo e governando nos dias de hoje sugeriu que poderia-se sacrificar sua nação para a destruição de uma das maiores do mundo. No caso, eram Fidel, Cuba e EUA os nomes, mas isso é o de menos.
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Existem coisas que são impossíveis de esquecer. Por quê? Porque quanto mais tu estuda, mais informações tu pode associar umas com as outras, daí chega uma hora que tu sabe umas datas bem exóticas e nem sabe como e porquê, mas sabe.
Método de absorção. Parece aqueles professores que dizem que "criança copiando a matéria aprende". Achava idiotice quando estava na primeira série, e acho mais idiota ainda nos dias de hoje.
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Se tu acha que aprender latim e francês é mais importante estás no século errado.
Eu falei sobre ser opcional.
Se você acha que aprender inglês é o certo, estás usando a fonte de informação mais errada...
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E saber datas é muito importante para tu te contextualizar
O que é o de menos.

 

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