Olá,
O Rodrisou já até saiu, mas gostaria de amarrar umas pontas.
você, que não conseguiu engendrar um contra-argumento positivo que seja ao debate arqueológico
1) não tratava de arqueologia, apenas apontava falhas metodológicas na leitura das fontes históricas pelos apologistas cristão que, à priori, estabelecem o texto bíblico como verdade histórica;
2) o que seria “argumento positivo ao debate arqueológico”? Curiosamente, é a
ausência de fontes arqueológicas indicativas de uma migração em massa pelo deserto do Sinai que ajudam a caracterizar o relato do êxodo como mitológico (além dos elementos de fantasia, como as pragas e a abertura do Mar Vermelho).
Muito mais do que medievalsita, ele [Le Goff] apresenta através do manuseio braudeliano da longa duração, e do manuseio de modelos sociais da "vida material", um bom exemplod e buscar construir um panorama para estudar história, quando somente investigar questões pontuais sobre tempos que por natureza não se tem fontes borbulhando como pesquisar uma gaveta de um arquivo de uma prefeitura, construir um cenário.
Nesse trecho ele mostra que até sabe algo sobre Le Goff, mas o que isso tem a ver com o debate? Jacques Le Goff é um medievalista, que até tem trabalhos sobre a história da Igreja (podemos citar uma biografia de São Francisco [na verdade coletânea de artigos sobre Fancisco] e um interessante livro sobre a origem e consolidação da crença no Purgatório), mas ele nunca trabalhou com História Antiga ou o Êxodo.
Em termos teóricos, ele (Le Goff) fundou a terceira geração da Escola dos Anais, da qual Braudel fundou a segunda geração. E esta geração foi a que começou a dar maior ênfase a estudos de caso, ao invés de amplos estudos estruturais, como fazia Braudel.
Curiosamente, Le Goff tem um artigo intitulado “Documento/Monumento” no qual ele afirma exatamente que o historiador não deve ler o documento pelo seu valor de face, mas deve entendê-lo como um monumento – e todo monumento é construído para exaltar alguma coisa. Assim, foi Le Goff que me ensinou a ler os documentos históricos com muito cuidado, pois seus produtores, mais do que a verdade, pretende registrar
sua versão da verdade.
E era isso que eu dizia e repetia pra ver se Rodrisou entendia: O texto do êxodo é um monumento hebreu/judeu. Deve ser lido como tal, ainda mais que não há outras fontes que corroborem seu relato e o texto foi escrito muito tempo depois dos eventos que pretensamente narra.
Você realmente não tem a mínima noção do que é História Antiga, e nem te apresentando Vidal-Naquet
Me apresentando?
Li artigos de Pierre Vidal-Naquet em minha graduação (fui professor de História por 10 anos) e ele foi um grande historiador da Grécia Antiga e ativista dos direitos humanos.
A questão é, o texto que Rodrisou postou aqui tem uma série enorme de falhas metodológicas. Os historiadores que ele cita são comprometidos ideologicamente, pois são apologistas cristãos, e ele os lê acriticamente – o que é problemático.
Mas realmente, seu interesse parece ser só o da afirmação gratuita.
Apontei as falhas metodológicas e ele só repetia que eu nada sabia sobre História Antiga e que a “plausabilidade” é algo que alguém pode se aferrar.
Como deixei claro citando Carlo Ginzburg (que não tem nada de positivista, apesar de Rodrisou sempre falar de positivismo quando eu citava Ginzburg, um dos fundadores da micro-história) a pesquisa em História precisa de provas documentais, mesmo extraída de evidências escassas. “Plausabilidade” não passa de outro nome para “fé”. Se não há fontes para determinado tema, não se pode falar nada sobre o mesmo.
No caso de José, Rodrisou dizia que como não há uma lista completa de vizires egípcios, José bem que poderia ter sido um. Isso é “fé” não é História.
você não teve a capacidade, mínima que seja, de adentrar no debate histórico-arqueológico-exegético propriamente dito.
Não tive capacidade mínima?
Apontei falhas metodológicas na interpretação histórica do relato do êxodo. Um documento, como diz Le Goff, tão citado por Rodrisou, é um monumento produzido por quem lhe escreveu. Ele deve ser interpretado assim por historiadores.
Apologistas fazem outra coisa, mas não fazem história, mesmo que tenham diploma da faculdade de História.