Autor Tópico: History Channel - O Exodo decifrado.  (Lida 21975 vezes)

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Offline pablito

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #150 Online: 06 de Agosto de 2009, 13:27:53 »
Olá,

O Rodrisou já até saiu, mas gostaria de amarrar umas pontas.
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você, que não conseguiu engendrar um contra-argumento positivo que seja ao debate arqueológico
1)   não tratava de arqueologia, apenas apontava falhas metodológicas na leitura das fontes históricas pelos apologistas cristão que, à priori, estabelecem o texto bíblico como verdade histórica;
2)   o que seria “argumento positivo ao debate arqueológico”? Curiosamente, é a ausência de fontes arqueológicas indicativas de uma migração em massa pelo deserto do Sinai que ajudam a caracterizar o relato do êxodo como mitológico (além dos elementos de fantasia, como as pragas e a abertura do Mar Vermelho).

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Muito mais do que medievalsita, ele [Le Goff] apresenta através do manuseio braudeliano da longa duração, e do manuseio de modelos sociais da "vida material", um bom exemplod e buscar construir um panorama para estudar história, quando somente investigar questões pontuais sobre tempos que por natureza não se tem fontes borbulhando como pesquisar uma gaveta de um arquivo de uma prefeitura, construir um cenário.
Nesse trecho ele mostra que até sabe algo sobre Le Goff, mas o que isso tem a ver com o debate? Jacques Le Goff é um medievalista, que até tem trabalhos sobre a história da Igreja (podemos citar uma biografia de São Francisco [na verdade coletânea de artigos sobre Fancisco] e um interessante livro sobre a origem e consolidação da crença no Purgatório), mas ele nunca trabalhou com História Antiga ou o Êxodo.
Em termos teóricos, ele (Le Goff) fundou a terceira geração da Escola dos Anais, da qual Braudel fundou a segunda geração. E esta geração foi a que começou a dar maior ênfase a estudos de caso, ao invés de amplos estudos estruturais, como fazia Braudel.

Curiosamente, Le Goff tem um artigo intitulado “Documento/Monumento” no qual ele afirma exatamente que o historiador não deve ler o documento pelo seu valor de face, mas deve entendê-lo como um monumento – e todo monumento é construído para exaltar alguma coisa. Assim, foi Le Goff que me ensinou a ler os documentos históricos com muito cuidado, pois seus produtores, mais do que a verdade, pretende registrar sua versão da verdade.

E era isso que eu dizia e repetia pra ver se Rodrisou entendia: O texto do êxodo é um monumento hebreu/judeu. Deve ser lido como tal, ainda mais que não há outras fontes que corroborem seu relato e o texto foi escrito muito tempo depois dos eventos que pretensamente narra.

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Você realmente não tem a mínima noção do que é História Antiga, e nem te apresentando Vidal-Naquet
Me apresentando?
Li artigos de Pierre Vidal-Naquet em minha graduação (fui professor de História por 10 anos) e ele foi um grande historiador da Grécia Antiga e ativista dos direitos humanos.
A questão é, o texto que Rodrisou postou aqui tem uma série enorme de falhas metodológicas. Os historiadores que ele cita são comprometidos ideologicamente, pois são apologistas cristãos, e ele os lê acriticamente – o que é problemático.

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Mas realmente, seu interesse parece ser só o da afirmação gratuita.
Apontei as falhas metodológicas e ele só repetia que eu nada sabia sobre História Antiga e que a “plausabilidade” é algo que alguém pode se aferrar.
Como deixei claro citando Carlo Ginzburg (que não tem nada de positivista, apesar de Rodrisou sempre falar de positivismo quando eu citava Ginzburg, um dos fundadores da micro-história) a pesquisa em História precisa de provas documentais, mesmo extraída de evidências escassas. “Plausabilidade” não passa de outro nome para “fé”. Se não há fontes para determinado tema, não se pode falar nada sobre o mesmo.

No caso de José, Rodrisou dizia que como não há uma lista completa de vizires egípcios, José bem que poderia ter sido um. Isso é “fé” não é História.

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você não teve a capacidade, mínima que seja, de adentrar no debate histórico-arqueológico-exegético propriamente dito.
Não tive capacidade mínima?
Apontei falhas metodológicas na interpretação histórica do relato do êxodo. Um documento, como diz Le Goff, tão citado por Rodrisou, é um monumento produzido por quem lhe escreveu. Ele deve ser interpretado assim por historiadores.

Apologistas fazem outra coisa, mas não fazem história, mesmo que tenham diploma da faculdade de História.

Offline Contini

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #151 Online: 06 de Agosto de 2009, 14:53:05 »
Esquenta não pablito!

Ele veio com pose e proselitista montado em uma arrogancia gigantesca e quando se deparou com voce, que sabia o que falava, ele saiu de fininho, mas mantendo a pose!  :twisted:

Pelo menos é isso que ficou claro para mim e para quem mais acompanhou o debate.  :ok:

Parabéns pela "surra" bem dada sem perder a classe e o respeito! Ainda vou ter esse auto-controle!  :)
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Offline pablito

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #152 Online: 06 de Agosto de 2009, 15:08:49 »
 :ok:

Offline Derfel

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #153 Online: 06 de Agosto de 2009, 16:49:38 »
Há algum tempo, não me lembro se foi no History Channel ou no Discovery, assisti a um programa em que dizia que havia um povo que foi identificado como o hebreu que trabalhou na construção da cidade, se não me engano, de Pi-Ramsés. Havia também uma tumba de um funcionário importante que não era egípcio, mas deste povo, inclusive era ruivo. Alguém sabe alguma coisa a respeito?
Considerando a hipótese de que houve um grupo hebreu que viveu no Egito e depois migrou para Canaã, esse grupo pode ter levado a ideia de monoteísmo a partir do monoteísmo de Akenathon, adaptando-a aos deuses cananeus, como El?
A história do bezerro de ouro poderia ser uma lembrança do politeísmo hebreu, sendo a imagem uma representação de El? :saco:

Offline pablito

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #154 Online: 06 de Agosto de 2009, 17:18:34 »
Olá,

Não vi o documentário, mas ele sugere que os hebreus (ou hicsos, ou habiru) do século XVI a.C. eram brancos caucasianos - e ruivos?  :o

Offline Derfel

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #155 Online: 06 de Agosto de 2009, 17:24:13 »
Brancos caucasianos não, mas ruivo eu me lembro que falava sim. Se algum dia passar de novo eu vou gravar.

Offline Contini

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #156 Online: 06 de Agosto de 2009, 17:57:16 »
Se eram ruivos, pode ser que eram europeus? Mas tem vários fatores aí, tem que se saber se ruivo tem o mesmo contexto para os antigos egípcios que tem para nós, se não houve alguma má interpretação, etc...

De qualquer forma, comprovadamente os hebreus se apropriavam e modificavam de mitos de outros povos, poderiam se apropriar da história deles tambem.

Haveria que bater isso com indícios arqueológicos.
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Offline Derfel

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #157 Online: 06 de Agosto de 2009, 18:26:22 »
Eu ACHO, mas não me lembro direito, que havia um busto do dito cujo. Estou dando uma googada para ver se acho o documentário em questão. :saco:

Offline Derfel

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #158 Online: 06 de Agosto de 2009, 18:40:58 »
Acabei topando com esse trabalho: http://www.unicamp.br/~aulas/Conjunto%20I/4_1.pdf
Interessante é que é de uma graduanda de bacharelado de teologia da Universidade Católica de Goiás. É off-topic, mas interessante. Já tinha notado que parecia haver uma "evolução" da figura de Deus no texto bíblico: Ele anda e fala como qualquer um, Ele só é uma voz, mas que conversa diretamente com as pessoas, Ele conversa apenas com os escolhidos e não tem forma, Ele não fala diretamente, mas usa mensageiros, Ele tem um representante e se afasta completamente da intervenção direta. O texto em questão trata de Asherah e mostra a evolução do culto a Yahweh, até se tornar dominante. :saco:

Offline West

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #159 Online: 06 de Agosto de 2009, 19:55:35 »
Para a boa ciência provas negativas são tão, ou até mais, importantes quanto as positivas porque nos permitem identificar as más idéias. Assim não perdemos tempo com elas. As abandonamos e partimos para outra.

O que a Arqueologia Bíblica faz é tomar a bíblia, a priori, como verdade absoluta e buscar evidências que a corroborem. Se tais evidências não aparecem ou se até mesmo aparecem mas de forma negativa, parte-se para explicações ad hoc non senses, como, por exemplo, mudar a interpretação.

A Arqueologia Bíblica não tem compromisso com a verdade, mas somente busca reforçar uma fé que, por tão tênue e cambaleante que é, não consegue se sustentar por si só.
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
Agora não se acham nem no céu."
__________
Provérbio Iídiche.

"Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles existem nem se eles não
existem, nem qual sua aparência. Muitas coisas impedem meu conhecimento.
Entres elas, o fato de que eles nunca aparecem."
__________
Protágoras.Ensaio sobre os deuses. Séc. V a.C.

Offline Contini

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #160 Online: 06 de Agosto de 2009, 21:05:09 »
Resumiu perfeitamente a questão!  :ok:
"A idade não diminui a decepção que a gente sente quando o sorvete cai da casquinha"  - anonimo

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Offline Fernando Silva

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #161 Online: 07 de Agosto de 2009, 07:05:59 »
Acabei topando com esse trabalho: http://www.unicamp.br/~aulas/Conjunto%20I/4_1.pdf
Já tinha notado que parecia haver uma "evolução" da figura de Deus no texto bíblico: Ele anda e fala como qualquer um, Ele só é uma voz, mas que conversa diretamente com as pessoas, Ele conversa apenas com os escolhidos e não tem forma, Ele não fala diretamente, mas usa mensageiros, Ele tem um representante e se afasta completamente da intervenção direta. O texto em questão trata de Asherah e mostra a evolução do culto a Yahweh, até se tornar dominante. :saco:
A Bíblia começou a ser escrita por volta de 1 Reis. Tudo o que aconteceu antes chegou por via oral, sem comprovação, e cheio de lendas, mitos e acontecimentos fantásticos, que só aumentam com o tempo.
À medida em que se vai chegando à época do escritor, as coisas fantásticas vão diminuindo até que nada de espantoso acontece mais, já que a pessoa que registra os fatos está próxima deles ou das testemunhas diretas.

No Êxodo, bastava alguém oferecer um incenso errado que imediatamente era morto por Javé. A partir de 1 Reis, os governantes constroem ídolos variados e nada lhes acontece.

Offline pablito

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #162 Online: 07 de Agosto de 2009, 12:21:02 »
Eu ACHO, mas não me lembro direito, que havia um busto do dito cujo. Estou dando uma googada para ver se acho o documentário em questão. :saco:

Olá,

Dei uma “googgada” e achei a seguinte referência:

Houve um documentário do “Channel 4” inglês em 1994 intitulado "Pharaohs and Kings: A Biblical Quest". Este documentário foi baseado num livro de mesmo título escrito por David M. Rohl.
Na capa do referido livro há a reconstituição de uma estátua que é descrita no próprio livro como “smashed almost beyond recognition”. A estátua teria um “cabelo encaracolado semítico” e esse cabelo (na estátua) seria vermelho (pintado em cor vermelha) - não há referência a nenhum corpo ou vestígios de cabelo ruivo.

Fui ao site do David Rohl (http://www.davidrohl.com/) e verifiquei que ele tem teorias interessantes.
Por exemplo, ele propõe que o Jardim do Éden ficava no Irã, a montanha onde aportou a arca de Noé no Curdistão, a torre de Babel no Sul do Iraque e que os relatos do Gênesis são históricos, apenas mal interpretados. Na verdade eles descreveriam o périplo de um povo do Irã até a Palestina, contornando a península arábica e chegando ao Egito pelo território da atual Etiópia.
Note-se que esses migrantes semitas vindos do Irã teriam sido os verdadeiros fundadores da civilização egípcia.

Bem, o documentário que você viu pode ter sido outro, mas se a referência te a ver com esse cara... bem... :umm:

Offline Fernando Silva

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #163 Online: 07 de Agosto de 2009, 12:36:43 »
O que a Arqueologia Bíblica faz é tomar a bíblia, a priori, como verdade absoluta e buscar evidências que a corroborem. Se tais evidências não aparecem ou se até mesmo aparecem mas de forma negativa, parte-se para explicações ad hoc non senses, como, por exemplo, mudar a interpretação.
Um exemplo nas páginas anteriores:
"Uma inscrição fala no rei XYZ e a arqueologia provou que ele era um rei poderoso. Uma outra inscrição diz que David também era rei. A mesma palavra foi usada nos dois casos, portanto David era um rei poderoso".

1. Não necessariamente a palavra foi usada no mesmo sentido.
2. Não necessariamente o autor disse a verdade.

Offline André Luiz

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #164 Online: 07 de Agosto de 2009, 13:49:56 »
Se eram ruivos, pode ser que eram europeus? Mas tem vários fatores aí, tem que se saber se ruivo tem o mesmo contexto para os antigos egípcios que tem para nós, se não houve alguma má interpretação, etc...

De qualquer forma, comprovadamente os hebreus se apropriavam e modificavam de mitos de outros povos, poderiam se apropriar da história deles tambem.

Haveria que bater isso com indícios arqueológicos.

Os hicsos nao eram indo-europeus?

Pode parecer estranho hoje em dia, mas loiros e ruivos dividindo o oriente medio e o planalto do Iã com os semitas era algo muito comum na epoca

Offline Derfel

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #165 Online: 07 de Agosto de 2009, 14:19:11 »
Eu ACHO, mas não me lembro direito, que havia um busto do dito cujo. Estou dando uma googada para ver se acho o documentário em questão. :saco:

Olá,

Dei uma “googgada” e achei a seguinte referência:

Houve um documentário do “Channel 4” inglês em 1994 intitulado "Pharaohs and Kings: A Biblical Quest". Este documentário foi baseado num livro de mesmo título escrito por David M. Rohl.
Na capa do referido livro há a reconstituição de uma estátua que é descrita no próprio livro como “smashed almost beyond recognition”. A estátua teria um “cabelo encaracolado semítico” e esse cabelo (na estátua) seria vermelho (pintado em cor vermelha) - não há referência a nenhum corpo ou vestígios de cabelo ruivo.

Fui ao site do David Rohl (http://www.davidrohl.com/) e verifiquei que ele tem teorias interessantes.
Por exemplo, ele propõe que o Jardim do Éden ficava no Irã, a montanha onde aportou a arca de Noé no Curdistão, a torre de Babel no Sul do Iraque e que os relatos do Gênesis são históricos, apenas mal interpretados. Na verdade eles descreveriam o périplo de um povo do Irã até a Palestina, contornando a península arábica e chegando ao Egito pelo território da atual Etiópia.
Note-se que esses migrantes semitas vindos do Irã teriam sido os verdadeiros fundadores da civilização egípcia.

Bem, o documentário que você viu pode ter sido outro, mas se a referência te a ver com esse cara... bem... :umm:


Pode ter sido esse documentário mesmo. Eu vi há muito tempo e não me lembro dos  detalhes. :)
Quando passar de novo eu gravo e depois posto alguma coisa mais concreta. :saco:

Se eram ruivos, pode ser que eram europeus? Mas tem vários fatores aí, tem que se saber se ruivo tem o mesmo contexto para os antigos egípcios que tem para nós, se não houve alguma má interpretação, etc...

De qualquer forma, comprovadamente os hebreus se apropriavam e modificavam de mitos de outros povos, poderiam se apropriar da história deles tambem.

Haveria que bater isso com indícios arqueológicos.

Os hicsos nao eram indo-europeus?

Pode parecer estranho hoje em dia, mas loiros e ruivos dividindo o oriente medio e o planalto do Iã com os semitas era algo muito comum na epoca

Os iranianos também são indo-europeus e os curdos parece que são também... :saco:

Offline pablito

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #166 Online: 07 de Agosto de 2009, 14:22:57 »
Olá,

Os hicsos compunham-se de diversos grupos de migrantes. Certamente havia diversas etnias que foram amalgamadas sob o termo ‘hicsos’.

Além disso, apesar disso ainda ser tema de debates, de modo geral entende-se que “indo-europeu” refere-se a uma estrutura lingüística compartilhada por diversos povos e não a uma “raça” muito menos a um tipo específico de cor de pele.

Offline André Luiz

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #167 Online: 07 de Agosto de 2009, 15:20:46 »
De acordo, mas como eu disse, nao seria nada estranho


Offline Fernando Silva

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #168 Online: 08 de Agosto de 2009, 09:53:08 »
Olá,

Os hicsos compunham-se de diversos grupos de migrantes. Certamente havia diversas etnias que foram amalgamadas sob o termo ‘hicsos’.
Da mesma forma, "apiru", "hapiru" ou "hepiru", que deram origem a "hebreu", não são a mesma coisa que israelita ou judeu:
http://www.ebonmusings.org/atheism/otarch2.html
Citar
he Apiru, then, cannot be one and the same as the Israelites. What seems more likely is that the term referred to a socioeconomic group rather than a specific race of people: outlaws, refugees, the poor and dispossessed of every country, living on the edge of Ancient Near East society and making their living however they could, from hiring themselves out as mercenaries and laborers to raiding settled communities.
Além disso, apesar disso ainda ser tema de debates, de modo geral entende-se que “indo-europeu” refere-se a uma estrutura lingüística compartilhada por diversos povos e não a uma “raça” muito menos a um tipo específico de cor de pele.
Da mesma forma que latinos étnicos são apenas os que nascem no Latium, na Itália.
Todos os demais povos latinos têm este nome apenas porque falam uma língua latina.

Offline Derfel

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #169 Online: 08 de Agosto de 2009, 19:14:13 »
Mas o estudo da língua mostra como um grupo étnico se expandiu a partir de sua origem e sofreu influências de outros povos pelo caminho, inclusive com a incorporação desses no mesmo grupo. No processo marcas são deixadas no idioma que ajudam a traçar essa história. Os latinos deram origem aos romanos que levaram sua língua, cultura e povo por onde passaram. Chegaram à Ibéria, se mesclaram e dominaram os Celtíberos e, durante muito tempo, foram romanos, mesmo que não se possa dizer que fossem "romanos puros". Vieram os germânicos (principalmente suevos e visigodos) e dominaram aquela península. deixaram sua marca na língua e cultura e se misturaram à população local (que era em muito maior número que os invasores). Vieram árabes, deixaram sua marca, e também se misturaram em algum grau com a população local. Foram expulsos e por fim criou-se o povo português e sua língua. Os portugueses são uma mistura de latinos, celtas, germânicos e árabes que formam um novo grupo étnico, mas tem sua origem nos povos que o formou. Quanto ao "indo-europeu", realmente não é um grupo étnico e nem mesmo uma língua real, mas provável, já que foi reconstruída. Supõe-se que os "indo-europeus" sejam os kurganos, que vieram das estepes russas, e que datam de 5000 aC. Através da sua cultura, como as sepulturas utilizadas por eles, pode-se recriar suas migrações do V milênio aC até o III milênio aC. Era uma sociedade patriarcal, hierarquizada, que substituiu a cultura agrícola, igualitária, matriarcal dos megálitos que ocupavam a Europa antes de sua chegada. Pode-se ver também que além da língua os povos do grupo indo-europeu compartilham a cultura deste grupo original (inclusive as crenças religiosas são muito parecidas). Tem um livro interessante sobre a formação das línguas europeias de Henriette Walter: A Aventura das Línguas no Ocidente.
:saco:

Offline Fernando Silva

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #170 Online: 09 de Agosto de 2009, 10:18:45 »
Os latinos deram origem aos romanos que levaram sua língua, cultura e povo por onde passaram. Chegaram à Ibéria, se mesclaram e dominaram os Celtíberos e, durante muito tempo, foram romanos, mesmo que não se possa dizer que fossem "romanos puros".
Havia poucos latinos e ficaram, em sua maioria, em Roma. Apenas os soldados foram enviados para expandir o império e, depois, os burocratas. O povo, em si, ficou onde estava. Na verdade, foram os povos conquistados que, aos poucos, substituíram os romanos no exército e na máquina de governo.

Não havia uma pressão para que os romanos migrassem para novas terras. Não estavam passando fome, não havia superpopulação, não estavam fugindo de um inimigo.
Vieram os germânicos (principalmente suevos e visigodos) e dominaram aquela península. Deixaram sua marca na língua e cultura e se misturaram à população local (que era em muito maior número que os invasores).
Mas vieram de mala e cuia, com sogra, cachorro e papagaio. Abandonaram suas terras, fugindo dos hunos. Vieram para morar e não para conquistar. Submeteram-se sem grandes problemas aos romanos, apesar de conflitos localizados.
Quanto ao "indo-europeu", realmente não é um grupo étnico e nem mesmo uma língua real, mas provável, já que foi reconstruída. Supõe-se que os "indo-europeus" sejam os kurganos, que vieram das estepes russas, e que datam de 5000 aC.
Os primeiros indo-europeus já identificados foram os hititas, no norte da Turquia. Os kurganos já são o resultado das migrações desses primeiros povos.

Offline André Luiz

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #171 Online: 10 de Agosto de 2009, 10:04:23 »
Os armênios juram que sao eles os verdadeiros indo-europeus

E a hipotese Kurgan diz que os indo-europeus foram uma imensa tribo-naçao que migrou em diversas direções diferentes ( os que foram pra anatolia se tornaram os hititas e lidios, no Irã persas e medos,  árias na India, na europa ocidental, dorios, aqueus, latinos, germanos e por ai vai)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_Kurgan

E por mitologia comparada sao todos muito parecidos

http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o_protoindo-europeia

Offline pablito

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Re: History Channel - O Exodo decifrado.
« Resposta #172 Online: 10 de Agosto de 2009, 13:59:50 »
A hipótese de uma "imensa tribo-nação" é que é problemática.

O 'indo-europeu' é uma informação linguística, que pode ser utilizada ou transmitida por distintos suportes humanos (digamos assim).
Como lembrou o Fernando, uma das línguas indo-européias de maior sucesso, o latim, foi transmitido sem uma migração em massa dos latinos.

Infelizmente este é ainda um campo onde as especulações têm grande espaço devido à escassez das evidências materiais. Talvez a análise genética de populações possa, nos próximos anos, ajudar a esclarecer o assunto.

Mas, por enquanto, eu não apostaria minhas fichas na identificação de 'uma' tribo-nação que criou um proto-indo-europeu e o espalhou pelo mundo enquanto o civilizava dividindo a sociedade em três grupos e garantindo um domínio patriarcal.
Infelizmente a discussão sobre o tema é confusa pois envolve explosivas questões raciais.

Há algum tempo ouvi falar de um livro intitulado "o mito dos indo-europeus" (ou algo assim), mas a resenha que li na época chamava atenção para a leitura psicanalítica do autor, que concluía mais ou menos que todo mundo queria voltar pro útero materno ou algo assim. Mas o resenhista considerava que o livro era muito competente em demonstrar a apropriação racial (e muitas vezes racista) do termo indo-europeu.

 

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