Errado; esse raciocínio não leva a isso. Vede também o que mencionei sobre Vidal-Naquet e História Antiga. Outrossim, essa perspectiva positivista em história está superada, que busca examinar as estruturas, os modelos sociais, longas-durações, etc.
Peraí, eu cito Ginzburg e você vem falar de positivismo?
[ironia]Cara, você entende mesmo de história, né?[/ironia]
E como assim a necessidade de provas está superada em História?
Não confunda História com estória. Nem os foucaultianos mais desvairados fazem isso.
Ela [o mantra da “plausabilidade histórica”] não é direcionada para provar. É direcionada para fazer entender de forma madura.
Forma madura?
Esse mantra da “plausabilidade histórica” a que você se aferra tanto só serve para encantar desavisados.
É claro que pesquisa em História permite o levantamento de hipóteses, desde que verificáveis e, como diz Ginzburg (que não tem nada de positivista, só pra lembrar), resistam ao teste da prova pelas evidências levantadas.
No caso do êxodo, não há evidências que corroborem o relato mítico.
E é melhor do que repetir o mantra "mitologia" só para querer ser ácido e agitar a torcida, sem trazer relevância alguma.
Um mito não deixa de sê-lo só porque algum grupo tem fé nesse mito. Se fosse assim, os relatos de mesmo tipo do Bhagavad Gita ou do Corão teriam de ser reputados como realistas – só pra dar um exemplo, no Alcorão é claramente indicado que Jesus não foi crucificado, assim, por sua perspectiva de “plausabilidade”, esse relato teria de ser levado ao pé da letra, não é mesmo?
Sim, mas é menos ambientada geograficamente, com menor vividez narrativa, realismo e atenção a detalhes narrativos do que o material bíblico específico (com excessões). É como comparar novelas cavaleirescas com modernas narrações naturalistas.
Perái, a Odisséia é “menos ambientada geograficamente” e “tem menos vividez” que relatos bíblicos? E os relatos bíblicos comparam-se a “modernas narrações naturalistas”? (a abertura do Mar Vermelho é um exemplo naturalistas da narração do êxodo, né? Assim como as pragas... sei...)
É, Rodrisou, agora você ultrapassou o nível em que o diálogo se torna impossível.
Suas confissões de fé no texto bíblico ultrapassam qualquer possibilidade de racionalização e análise historiograficamente acurada do texto.
Esse é o problema da fé – ela dá razão
ex ante aos relatos que historiadores sérios analisam de modo muito mais cuidadoso.
Não se pode tirar, com acuracidade, essa conclusão [de que o relato do Êxodo é mítico], a não ser numa perspectiva de militância sectária teleológica.
Ao contrário, meu caro.
Apenas a militância religiosa em
sua perspectiva sectária (e teleológica, pois a religião é o lar doce lar da teleologia e das formas ad hoc de interpretação) é que dão veracidade à priori ao relato bíblico.
Um historiador sério sempre se aproxima de suas fontes de modo muito mais cuidadoso e sem militância.
Só pra lembrar, a militância aqui é dos que têm fé no relato bíblico como fonte histórica precisa – coisa que não se comprova – como já disse, a bíblia é fonte histórica importante para ritos, costumes e crenças, mas isso não significa que suas narrações sejam acuradas como pretende o Rodrisou em sua fé e militância.
Isso é fruto apenas do desejo, não da sobriedade, amigo.
Exatamente o que digo. Seu desejo de que o relato bíblico seja preciso o impede de vê-lo com a sobriedade como ele realmente deve ser visto – um texto mitológico de construção identitária.
Sugiro que você busque algum guia metodológico para o estudo da História Antiga. O que você falou está errado, goste disso ou não.