"A Bíblia tem que ser levada em conta por historiadores. A Bíblia, o Alcorão, os Vedas, a mitologia grega, o Livro dos Mortos egípcio, o Zend Avesta etc.Todos têm o mesmo valor."
Errado. Totalmente errado. E teria entendido isso se tivesse realmente lido o artigo. NEla, há maior ambientação, vividez narrativa e a arqueologia, como mostrei, aponta a maior pluasibilidade contextual. Apenas quem tem uma visão estremamente sectária pode negar o valor dela para história antiga, no mínimo a nível de Heródoto. Não lera escrito lá "='uito pelo contrário, juntamente com aglutinações de elementos simbólicos, seus relatos incluem elementos de vividez incomparáveis com outras cenas lendárias como as da Odisséia - como profere o eminente filólogo e crítico literário Eric Auerbach, com seus estudos em literatura comparada na clássica obra "Mimesis: The Representation of Reality in Western Literature" - por exemplo, sem contar elementos internos de constrangimento (inexplicavelmente ignoradas pelos estudiosos que enfatizam unilateralmente as idealizações) e detalhes realistas de ambientação.' ??
"Certo, mas deve-se usar o texto religioso apenas como uma pista para se chegar à verdadeira história, eliminando-se tudo o que for apenas superstição e todos os exageros e distorções."
Mas para definir tais, primeiramente precisa-se lançar à pesquisa, a não ser que a definição seja por mero capricho indisiocrático. O estudo estrito da história é uma coisa, a visão pessoal da pessoa é outra, que pode ser verdadeira ou não, só não pode pregá-la em nome da história.
"Por exemplo: os judeus ocuparam Jericó? Talvez, mas não houve uma guerra nem muralhas derrubadas ou trombetas. Os judeus apenas entraram num vilarejo que tinha sido abandonado pelos cananeus"
Primeiramente você usa o "talvez", para depois jogá-lo para escanteio. Isso é uma retórica inválida. Talvez, eles apenas entraram num vilarejo. Você não tem elementos para dizer que não houveram guerras nem muralhas.
"David foi o rei de uma nação poderosa? Provavelmente não. O que os indícios mostram é que não passou de um pequeno chefe tribal de um povinho cercado de civilizações antigas e poderosas."
Errado. Não se pode afirmar tal com propriedade. Datada no século IX a.C., 150 anos depois dos dias de Davi, narra uma vitória de Ben-Hadade ( reino muito poderoso para a época)no reinado de Hazael de Damasco, se vangloriando de ter matado rei Jorão, de Israel, filho de Acabe, e Acazias, de Judá, colocando Jeú como rei em Israel, próximo a 840. A reconstrução da estela seria : “Eu matei Jorão, filho de Acabe, rei de Israel e matei Acaziau, filho de Jeorão, rei da Casa de Davi”. No Primeiro Testamento, “Casa de Davi” usada para significar a dinastia, aparece mais de 20 vezes (ex. 1 Reis 12.19, 14.8; Isaías 7.2).
Contém também referência à “filho de Acabe”. A estela é um monumento comemorativo à subjugação de Israel, Judá e Filistía. Se fosse tribos sem importância, não mereceria tal referência.
Mesmo Finkelstein e Silberman, notórios minimalistas, reconhecem que a referência é à “Casa de Davi”, embora não admitam nisso que se refira a um reinado. Se “filho de Acabe” seria, porque “casa de Davi” seria exceção?
Contudo, naquele contexto, o termo “Casa de tal rei” se referiria também à sua dinastia no trono, a seus descendentes, como se vê em (II Samuel 3:19; I Reis 12: 19, 20).
Alguns rejeitam que se refere a Davi, por não haver divisor de palavras. Contudo, tal polêmica não fora feito para com outros exemplos de nomes compostos sem divisão, tais como no óstroco de Tel Qasile, onde bythrn significa “Bethe-Horom”.
Pela Estela de Merneptah , do séc. XIII, vemos testemunhas egípcias de uma ocupação anterior de Israel em Canaã: “Os príncipes estão prostrados dizendo: Paz. Entre os Nove Arcos nenhum levanta a cabeça. Tehenu [=Líbia] está devastado; o Hatti está em paz. Canaã está privada de toda a sua maldade; Ascalon está deportada; Gazer foi tomada; Yanoam está como se não existisse mais; Israel está aniquilado e não tem mais semente; O Haru [=Canaã] está em viuvez diante do Egito.”
Pra desconsiderar que “Casa de Davi” se referiria a um chefe de reinado, ter-se-ia que desconsiderar também que “Casa de Onri” seria equivalente, como é encontrada na estela do rei Mesa, na Pedra Moabita, do século IX. Só que isso não ocorre. Inscrições assírias também identificam “casa de Onri” em termos dinásticos.
Se o sr. tivesse lido também o outro artigo, teria lido:
"Há também agora um fragmento de inscrição de monumento de Jerusalém ("A Fragment of a Monumental Inscription from the City of David," Israel Exploration Journal 51/1 (2001) 44-47), embora a sua parte sobrevivente parece lidar apenas com questões financeiras (tributos do templo?). Kitchen localiza o nome pessoal de Davi nas referências dinásticas a "a casa de Davi", como encontrado nas inscrições do nono século “Tel Dan” e “Mesha”. Ele também considera o nome no local denominado "as alturas de dwt" sobre o itinerário egípcio de Shoshenq I, de 925 a.C. Citando exemplos onde um egípcio "t" transcrevera um semítico "d" em vários nomes próprios, bem como outros asiáticos "Davis" (por exemplo, Twti e TT-w't), juntamente com uma versão etíope do sexto século reproduzindo “Rei David” da mesma maneira (DWT), Kitchen argumenta convincentemente para o nome situado no décimo século do sul judaico, "as alturas de Davi", como a mais precoce referência extrabíblica ao fundador da dinastia de Judá (p. 93)."