Adriano, como você concilia seu lema de conhecimento objetivo popperiano com a alegação de que conscieciologia é uma ciência válida?
Através do entendimento que é uma ciência da consciência, dos simbolismos e estruturas mentais que geram esses simbolismos.
Algo relacionado a idéia da Psicologia Integral do Ken Wilber e da Psicologia Integral.
Sim, tem a ver com a divisão de hemisférios que ele propôs a certa altura. Conscienciologia é uma disciplina (eu prefiro reservar a palavra ciência para o uso popperiano da palavra) ligada aos valores subjetivos, à expressão do individual e do social, enquanto que a ciência (no sentido popperiano, que é o úinico que justifica a existência da palavra) trata do outro hemisfério, o das entidades objetivamente existentes.
Se você me disser que está usando um sentido não-popperiano de ciência então perfeito, nem questiono mais. Mas em caso contrário continuo sem entender.
A falseabilidade, que é base da chamada primeira fase de Popper, de três, serve apenas para as ciências com experimentação laboratorial, que tem mais prestígio pelos cientistas das chamadas ciências "naturais".
Na sua segunda fase ele aborda a economia política, com ótimas contribuições. E filosofia da ciência não se restringe a falseabilidade, que aliás é um conceito muito pobre quando se toma somente ele. Tem todos os avanços subsequente que já foram muito discutidos aqui, as abordagens sociológicas e históricas, que dão uma visão institucionalista da ciência, enquanto instituições dinâmicas e com os melhores processos de aquisição de conhecimento.
Na verdade tudo isso se configura com o que chama de quebra do paragma cartesiano-newtoniano. Envolve a área da física, tem tudo a ver depois de uma abordagem da biologia. Só não me aprofundo numa área séria por ser medo dos físicos daqui (brincadeira). Ainda estou estabelecendo essa relação, mas o meu entendimento é de que não são conflitantes, algo como lógica paraconsistente, em que o princípio da não-contradição não é necessário. Como no caso de crença na inexistência ser diferente de descrença na existencia.
Não são conflitantes porque não tem intersecção. São áreas distintas. E por isso não vejo com bons olhos extrapolações que cruzam a fronteira do objetivo para o subjetivo ou vice-versa. Que é o que a psicanálise e o Direito fazem quando tentam se apresentar como ciências.
O chamado paradigma mecanicista é justamente ver as coisas como uma máquina. Mas não é correto dividir o cérebro entre dois hemisférios e não considerar os efeitos sistêmicos das interrelações dos dois hemistérios. Assim, numa abordagem integral, o que se faz é entender que ocorre uma sinergia entre os dois lados do cérebro, que conferem um resultado muito maior do que a análise isolada de cada um, que não demontra a realidade do cérebro como um todo, já que os hemisférios são interligados fisicamente.