No fim das contas o resultado é que poucas pessoas terão contato com estes cálculos, como hoje é, e só uns poucos, formados nas áreas específicas para isso terão esse conhecimento. O problema é que deixar de ensinar cálculo pode significar deixar de revelar eventuais dons e gente interessada na área. Daí os cursos de física serão ainda mais vazios.
Na minha opinião o problema é bem maior; a matemática superior, a Física e outras ciências exatas não são tanto fins em si mesmas quanto meios de aprimorar o conhecimento e a tecnologia.
Como nossa cultura está cada vez mais sedenta de avanços tecnológicos, mas ao mesmo tempo descuida sistematicamente da formação educacional básica, algum tipo de sustentação vai ruir, e logo. Eu já vejo isso acontecer na informática, onde usuários que pela lógica deveriam estar arregaçando as mangas e se aprimorando para seu próprio benefício acabam pelo contrário tratando a informática mais e mais como uma caixa-preta, um desafio a terceirizar.
Se fosse só isso... Física, química, qualquer ciência natural, ao tratar do método científico, bem ou mal, são as disciplinas que propõe usar o senso crítico, mais do que qualquer das uma humanidades[1].
A matematização das ciências naturais, além de condensar e facilitar a compreensão dos conceitos abordados, serve de fiel da balança: os números, enquanto resultados de experimentos, são o critério de desempate das opniões, estão na base do método científico e do pensamento crítico.
Se tirarmos isso das crianças, que esperar delas? Que confundam opniões com fatos? Me assusta que pareça que ser a intenção.
[1]Sem desmerecer as humanidades