Não sei o que você pensou que eu quis dizer, mas não foi o que você entendeu.
Esse pensamento de que "mendigos não fazem diferença" está superado, se não me engano, desde a queda do Feudalismo na Europa; mas como eu costumo mesmo dizer que o Brasil é feudal, suponho que não devo me surpreender de vê-lo vivo neste país.
Ainda assim, fico surpreso de ver esse tipo de alegação: mendigos fazem tanta diferença que houve denúncias de chacinas dos mesmos para fins políticos nas campanhas eleitorais aí do Rio. Obviamente ALGUÉM se sentia de alguma forma tocado por eles o bastante para querer matá-los, ou pelo menos para usá-los politicamente. O que por sua vez sugere que os cidadãos não eram exatamente indiferentes à presença dos mesmos, para dizer o mínimo.
Passando para o seu segundo parágrafo, você está olhando para o lado errado: o que você chama de "seguir a vida" é basicamente o processo de fazer diferença uns para os outros. Obviamente, isso acontece enquanto se está vivo, e em um grau menor enquanto os que nos conheceram diretamente também estão.
Que se esqueça rapidamente das mortes é um fenômeno distinto e quase sem relação: é CLARO que quem morreu não faz tanta diferença, mas o que eu disse foi que quem VIVE faz diferença...
Como aliás você se lembra no terceiro parágrafo. Conheço pessoas que eu gostaria muito que fossem tão insignificantes quanto você descreve; trabalhei com algumas que tornariam o mundo bem melhor se conseguissem causar tão pouco dano a ele. Por outro lado, muitas outras, eu diria mesmo que a imensa maioria, contribuem de alguma forma positiva, mesmo que nem sempre isso fique claro. "Irrelevantes" mesmo eu chego a achar improvável que EXISTAM; não faz muito sentido de um ponto de vista sociológico.
Por fim, é claro que a vida continua no "rumo de sempre". Eu não disse em momento algum que todos são o Che Guevara da vez (todo mundo supervaloriza a figura, por que eu seria exceção?

), nem penso que seja esse o caso: o que acontece é que "seguir o rumo de sempre da vida" é um processo que acontece por obra e graça das diferenças que as pessoas fazem nas vidas uns dos outros. Por menos revolucionário que esse processo seja, ele é algo central à nossa existência.