A idéia de cérebro-antena preveria que o tamanho do cérebro e dispêndio energético ou seria praticamente constante em todos os animais, ou se daria na razão inversa da sua "alma"/"espírito"/"fantasma".
Pois seriam simplesmente antenas, que servem para levar as decisões motoras ocorridas na "alma" ao corpo. Os corpos dos vertebrados seguem o mesmo plano básico: tronco, membros, cabeça e dedos. Humanos e saguis não precisariam de "antenas" fundamentalmente diferentes e de tamanho tão discrepante para receber sinais essencialmente iguais.
Fora isso, lesões ou interferências químicas no cérebro não resultam apenas em problemas motores, mas em diferenças de personalidade. É meio como se em vez de transmitir apenas os movimentos corporais de acordo com uma mente que tivesse uma personalidade ou um humor X, o cérebro recebesse em diversas partes o sinal do humor, o sinal da linguagem (incluindo o sinal da conjugação verbal no pretérito perfeito, o sinal da conjugação verbal no pretérito mais-que-perfeito, etc), o sinal do raciocínio matemático, e etc. Tudo compartimentado.
Isso não faz sentido. Aparelhos de controle remoto não tem essa "representação", esse "espelhamento" de todo esse tipo de coisa na recepção em setores específicos do seu sistema. Simplesmente passam comandos motores, e o processamento mental se dá a distância, sem "reflexos" a não ser na ação resultante. Você pode pegar um carrinho de controle-remoto ou um avião e usar para mandar uma mensagem para a namorada, e isso não exige que o sistema de recepção do sinal do controle-remoto tenha uma área dedicada ao amor ou paixão.
Por tudo que se conhece do cérebro, ele não é uma "antena", e para que possa continuar sendo considerado assim, tem que se inventar essa "redundância" de "sinal" extremamente segmentado e "pseudo-processamento" local que no mínimo, é muito distante de ser parcimoniosa porque uma vez que sabemos que há uma área X no cérebro que se lesada, interfere na capacidade Y, a conclusão mais sensata é que ela e o restante do cérebro são suficientes para essa capacidade X, e é totalmente desnecessário se postular uma outra coisa cuja natureza se desconhece completamente para a mesma função que "poderia" estar sendo realizada no cérebro.
A mesma argumentação poderia ser feita em favor de uma "alma" para computadores, por exemplo. Que na verdade todos os circuitos que os engenheiros inventam são na verdade antenas para captar um processamento que vém do além, que não ocorre de verdade no que se "imagina" serem os processadores.
Ao mesmo tempo, se aparece algum caso de microcefalia ou lperda de uma hemisfério com menos comprometimento de capacidades, logo vem eles correndo para dizer que o cérebro não é tão útil assim.