Marcus Valério é uma espécie de "Daniel Denett tupiniquim".Um filósofo que gosta de debates sobre evolucionismo.Aqui o trecho com as respostas sobre a ancestralidade comum universal(Marcus em negrito) :
"...grupos fósseis raramente unem-se em ancestralidade comum no registro fóssil, com exceção, talvez, de uns poucos exemplos nos níveis taxonômicos inferiores, tais como espécies e raças..."
Não é evidente que união de ancestralidade para uma linhagem de milhares de anos de indivíduos deveria se unir justamente nos níveis inferiores? Se eu for rastrear o parentesco entre um ariano e uma negro é claro que só o encontrarei num passado muito remoto, ou seja, num nível inferior, e essas bifurcações evidentemente serão raras. Numa população isolada de um milhão de pessoas só encontraremos a bifuração fundamental cerca de 18 gerações antes, e mesmo assim seria muito difícil localizá-la com exatidão.
"Os grupos maiores, como Filos e Classes, mantêm suas identidades separadas em toda a coluna geológica. Isto apóia a teoria das múltiplas ancestralidades separadas."
Isso só teria sentido se as linhagens filológicas diferentes remontassem todas até a mesma época, o que é completamente falso! Jamais encontraremos uma linhagem de mamíferos se econtrando com uma linhagem de peixes, pois os mamíferos são muito mais recentes. Nos os encontraremos se encontrando como uma linhagem de répteis, para ser mais exato os Sinapsídeos, que por sua vez se econtrarão com uma linhagem de peixes, dos quais o Ichityostega é um exemplo de espécie transicional.
"As lacunas sistemáticas na taxonomia implicam em múltiplas ancestralidades separadas."
Isso seria o mesmo que achar que o fato dos ramos mais novos de uma árvore estarem separados indicam que eles derivam de árvores difentes. Como ele próprio sugere a seguir.
"Lacunas relativamente pequenas, mas significantes, aparecem entre quase todas as espécies fósseis. Lacunas muito maiores aparecem entre as categorias superiores, tais como Ordens, Classes e Filos."
É óbvio! Assim como os ramos de uma árvore divergem cada vez mais entre si.
"Quando visualizadas com o tempo, as lacunas no registro fóssil poderiam ser casuais. Entretanto, elas são sistemáticas. Isto é o contrário do esperado.
Não sei se entendi bem mas há uma progressão bastante sistemática entre os crescentes galhos de uma árvore. Isso é exatamente o esperado.
"Apesar de se explicar este fato como sendo devido a um registro fóssil incompleto, parece estranho que as maiores lacunas no registro fóssil devam ocorrer onde se propõe as maiores quantidades de mudança. Por exemplo, existem muitos fósseis de moluscos e muitos fósseis de artrópodes, mas nenhum fóssil que seja um elo razoável entre estes dois grupos."
Aqui acho que o sofisma atinge seu ápice. Pensemos bem. As maiores lacunas deveriam surgir nos níveis mais elevados da evolução, assim como o espaço entre o final dos galhos da árvore é maior do que no início. Sendo assim, como pode o autor afirmar que deveria se esperar essa grande quantidade de mudança justamente num nível taxônimico inferior como o entre Artrópodos e Moluscos?! Nesses níveis as diferenças deveriam ser cada vez menores! E consequentemente mais difíceis de se detectar.
Para ilustrar melhor meu raciocínio, continuemos a pensar numa árvore. Sabemos que seus frutos, folhas e flores apesar de individualmente diferentes entre si são parte de um mesmo organismo, cujos ramos vão se encontrando cada vez mais para baixo. Mas suponhamos que esta árvore esteja cerca de metade soterrada, de modo que alguns troncos principais parecem brotar separadamente do chão.
Assim tem acontecido com o Evolucionismo, as areias do Tempo e das Catástrofes soterraram muitas das evidências da ancestralidade, nos obrigando a cavá-las, porém mesmo que o façamos seguindo uma direção esperada, os galhos da árvore frequentemente mudam de rumo, dificultando nosso trabalho, além do que a violência do soterramento pode ter simplesmente rompido alguns galhos.
No entanto, apesar de todas as características em comum dos galhos superiores, os Criacionistas, em especial James Gibson, preferem crer que esses galhos são na verdade derivados de árvores distintas, para sustentar sua teoria das Múltiplas Ancestralidades Separadas.
Seria como se ao escavarmos uma eminente ramificação principal, acabássemos por encontrar os galhos rompidos e espalhados, e diante dessa dificuldade o Evolucionista espera apenas que a união tenha se perdido em um outro ponto ou mesmo sido destruída, mas que pela similaridade dos galhos pode-se deduzir que derivam de um tronco comum. Já o Criacionista prefere crer que os galhos são na verdade derivados de árvores distintas, ainda que estejam próximos uns dos outros, ainda que convergindo para o mesmo ponto e sejam muito similares, e ainda que seja óbvio que naquele espaço simplesmente não haveria espaço suficiente para diversas raízes sustentarem diversas árvores.
Por que os criacionistas preferem essa opção?! Por que preferem crer que estamos lidando com Ancestralidades Separadas?
O próprio James Gibson responde em outro trecho deste mesmo texto, nos itens, 8, 9 e 10 imediatamente subsequentes aos itens citados pela doutora Márcia:
Obs: TUCA (Teoria da Ancestralidade Comum Universal)
TMSA (Teoria das Multíplas Ancestralidade Separada)
A siglas seguem o Inglês evidentemente.
"As Escrituras descrevem grupos criados separadamente. Gênesis 1 faz menção separada dos seguintes grupos: ervas que produzem sementes; árvores frutíferas (verso 11); monstros marinhos (baleias?); criaturas aquáticas; aves (verso 21); animais domésticos, criaturas rastejantes; animais selvagens (verso 25); homens (verso 27). Os grupos criados são geralmente identificados mais pelo seu habitat do que pelo nome do grupo. Parece claro no relato que cada grupo, por exemplo, "criaturas rastejantes" consiste de muitos tipos distintos, todos criados ao mesmo tempo.
A teoria da ancestralidade comum universal requer que tenha ocorrido morte antes do pecado de Adão. De acordo com a TUCA, bilhões de organismos viveram e morreram muito antes da evolução do homem. Isto desfaz a relação causal entre a morte e o pecado. Já foram feitas tentativas de distinguir entre as implicações morais da morte humana e da morte animal, mas a TUCA não fornece base plausível para tal distinção. A história do Gênesis da TMSA explica a diferença moral entre homens e animais.
A teoria da ancestralidade comum universal implica em que Deus é mau. A evolução depende da eliminação das espécies devido a escassez de recursos, competição, predação e outros fatores que consideramos malignos. Se estes não são os resultados naturais do pecado humano, então eles pareceriam ser os resultados da livre escolha de Deus. Tal deus seria menos moral do que nós. A TMSA explica as origens dos grupos separados sem invocar um deus mau."
Pronto! Temos aí a base da TMSA. A Bíblia!!! Essa é a "Ciência" Criacionista! Em nome desse compromisso religioso, James Gibson comete erros ainda mais grotescos, como: "
...parece claro que algumas espécies possuem genes que não estão presentes em outras espécies. Por exemplo, os mamíferos têm hormônios placentários que aparentemente não estão presentes em outros grupos. Existem provavelmente milhares de outros exemplos de genes que pertencem a apenas um grupo particular."
Com o perdão da palavra, isso é, ou uma mentira deslavada, ou uma total confusão sobre elementos primários da bioquímica, e gostaria muito que a doutora Márcia me explicasse como deixou um deslize destes passar.
De que maneira hormônios específicos, que são substâncias químicas mais complexas, implicam numa estrutura genética diferente!?!? Seria o mesmo que afirmar que dois átomos de elementos distintos implicam em estruturas subatômicas diferentes!
A estrutura genética dos seres vivos é invariavelmente a mesma, só variando em seu modo de contrução e complexidade. É ACGT em mil e uma combinaçãoes específicas.
Recomendo a quem esteja porventura acompanhando este debate que leia o texto original de James Gibson traduzido pela Dra Márcia, repito o link:
PROBLEMAS BIOLÓGICOS NA EVOLUÇÃO
Se quiser pode procurar a ajuda de um biólogo e verificar a consistência das informações, mas adianto que não há como esse festival de disparates ser aceito pela Ciência Acadêmica. Aliás, nem se deveria esperar outra coisa de quem conclui o texto com:
"Para aqueles que não desejam excluir a atividade intencional de Deus na natureza, é bastante razoável concluir que a origem da biodiversidade envolveu atos separados de criação, realizados por um ser inteligente."
Ótimo! Para aqueles que não quiserem excluir Deus!
E agora voltando aos trechos que selecionei da Entrevista com a Doutora Márcia, fica claro então que não há possibilidade de se chegar ao Criacionismo através de outro caminho que não a Religião. Isso porque a natureza não dá nenhum suporte às hipóteses criacionistas, e necessário primeiro o filtro psicológico da doutrina para que o cientista comece a ver evidências do Criacionismo.
Acho que isso LIQUIDA DEFINITIVAMENTE a discussão sobre se há evidências científicas da Criação. NÃO HÁ! Se houvesse, não seria necessário se converter para localizá-las.