Autor Tópico: Técnica Criacionista  (Lida 13568 vezes)

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Offline Pedro Reis

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #100 Online: 06 de Dezembro de 2008, 13:01:59 »
Ainda acho que estão faltando cientistas em defesa da ciência. Acho que o Dawkins está errado em sua opinião de que os cientistas não deveriam discutir com os criacionistas. Acho que o movimento criacionista tem se expandido entre o público leigo e está fazendo muitas baixas entre as pessoas que não tem conhecimento para avaliar o que lhes está sendo jogado, além de já terem por suas crenças    uma receptividade grande à idéia de que seus mitos são reais e que "verdadeiros cientistas" estão mostrando isso ao mundo.

É claro que não acho que pesquisadores sérios deveriam largar seu trabalho para discutir com qualquer um que apareça com histórias de contos-de-fada mas alguns assuntos deveriam ser esclarecidos em debates pontuais em cada uma das áreas relacionadas (física, química, biologia, geologia, paleontologia). Nada de colecionadores de "argumentos" despejando toneladas de alegações em cima de um especialista só. Vamos discutir datação? Ótimo, só datação e, obviamente, qualquer tema diretamente relacionado. Termodinâmica? Vamos lá. Paleontologia? Tudo bem... Ficaria mais claro e elucidativo se fosse assim.

Concordo com você.

Os debates até acontecem. Muitas pessoas estão tomando a iniciativa de levar informação para
substituir a desinformação que eles disseminam, muitos também procuram desmontar os falsos
argumentos que eles utilizam. Mas é preciso levar em consideração que o trabalho deles é feito
principalmente nas igrejas, nos templos, em um ambiente e em condições propícias para a doutrinação.

Sei por experiência própria que uma vez que a pessoa é levada a um certo grau de fanatismo se torna
muito difícil argumentar com ela. Basicamente é impossível demonstrar qualquer coisa a alguém que
não queira ser convencido. Por exemplo: existem vídeos na internet ( e que a tv já exibiu ), mostrando
o Bispo Macedo instruindo seus pastores a lesar os fiéis, pastores da IURD rolando em "montes" de
dinheiro, falando sobre caixa 2, e todo tipo de patifaria e mesmo assim os templos da Universal continuam
lotados e os trouxas continuam  tirando até do leite das crianças pra dar pro pastor vigarista. O
próprio Kaká, o jogador de futebol, foi no templo da Renascer e doou o troféu mais importante que ele
ganhou na carreira uma semana depois dos líderes desta seita terem sido presos nos EUA com dólares
não declarados escondidos no fundo falso de uma bíblia (logo uma bíblia!), tentando entrar no país
para fugir dos 51 processos por fraude que respondem no Brasil.

Uma pessoa que age dessa forma está completamente cega.

Por isso acredito que para combater o criacionismo é preciso:

1 - Leva-lo a sério. O grau de influência que eles já alcançaram em vários setores da sociedade
     norte-americana mostram que esse é um movimento potencialmente poderoso.

2 - Compreender as técnicas que eles utilizam para enganar as pessoas e desenvolver contra-técnicas
     eficientes. ( Porque simplesmente argumentar não parece adiantar muito. Ainda não vi uma pessoa
     religiosa mudar de opinião depois de um debate. Debates e informação ajudam apenas a evitar que        quem ainda não foi
     doutrinado o seja. )

3 - Entender que criacionismo não é religião e muito menos Ciência, que é um projeto político com objetivos bem definidos.

 Só compreendendo quem são, aonde pretendem chegar e os meios de que se utilizam é que se pode
 ter uma estratégia eficaz contra essa bizarra onda de obscurantismo que vem crescendo de forma
 avassaladora em pleno século 21.
   

Offline Hold the Door

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #101 Online: 06 de Dezembro de 2008, 18:47:28 »
Não sou criacionista, mas o que você chama de evolução (algumas modificações em bactérias) é chamada de microevolução pelos  criacionistas, e isso não causa quase nenhum impacto.

Ao que eu saiba, ainda não foi conseguida nenhuma especiação, de um ser pluricelular, em laboratório.

Esta é uma séria fraqueza experimental da teoria, a qual ainda não foi superada.


E mesmo no caso das mudanças das bactéria, pode-se falar  que alguma foi especiada ?? É correto falar em espécies de bactérias ??
Você está muito mal informado.

Primeiro o termo micro/macro evolução não foi criado pelos criacionistas. É um termo cunhado inicialmente pelo entomologista russo Yuri Filipchenko e que foi simplesmente apropriado indebitamente pelos criacionistas. Embora os termos originais apenas façam uma distinção didática na evolução, os criacionistas os usam como se fossem dois processos distintos, com dois mecanismos de atuação separados. E a definição do que seria micro/macro evolução é elástica ao ponto de nunca terem que admitir que a evolução ocorre. Assim, quando são mostrados exemplos de especiação sua exigência para o que seria macroevolução aumenta sucessivamente de mudanças no nível de espécie para mudanças no nível de gênero, família, ordem, classe.

Dito isso, existem inúmeros exemplos observados de especiação em campo e em laboratório com seres multicelulares. A coisa nunca se restringiu a bactérias. Aqui mesmo já foram postadas notícias a respeito:

../forum/topic=17828.0.html#msg367146

../forum/topic=6554.0.html

http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/1358

Outro caso flagrante e inegável de observação de especiação em tempo real é o das espécies em anel.
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Offline Hold the Door

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #102 Online: 06 de Dezembro de 2008, 18:52:24 »
Já viram a técnica da dúvida?

Crentes com formação científica ou técnica em algum nível, com conhecimento da Teoria da Evolução e dos fundamentos do método científico. Estes “criacionistas” reconhecem o embasamento da Teoria da Evolução e concentram-se na tentativa de demonstrar que para cada evidência da evolução existiria uma explicação alternativa que favorecia a doutrina da criação ou, pelo menos, estabeleceria uma dúvida razoável.


Já vi, inclusive aqui no CC, um forista  chamado Famado  fez isso várias vezes. O que aliás esta perfeitamente de acordo com o nome e a proposta do fórum.    :P

.
O Famado deixou claro que não tinha evidências para suas afirmações e que elas eram baseadas unicamente na fé.
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Offline JJ

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #103 Online: 07 de Dezembro de 2008, 08:35:24 »
Já viram a técnica da dúvida?
Já vi, inclusive aqui no CC, um forista  chamado Famado  fez isso várias vezes. O que aliás esta perfeitamente de acordo com o nome e a proposta do fórum.    :P
O Famado deixou claro que não tinha evidências para suas afirmações e que elas eram baseadas unicamente na fé.


Nem todas as afirmações do Famado eram baseadas na fé.  Cito duas :

- O programa da Discovery que mostrou Tyranossauros  separados por três milhões de anos e que não tinham diferenças  entre si ;

-A estranha variação no número de costelas dos supostos ascendentes dos cavalos.



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Offline JJ

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #104 Online: 07 de Dezembro de 2008, 09:11:43 »

Você está muito mal informado.

Primeiro o termo micro/macro evolução não foi criado pelos criacionistas. É um termo cunhado inicialmente pelo entomologista russo Yuri Filipchenko e que foi simplesmente apropriado indebitamente pelos criacionistas. Embora os termos originais apenas façam uma distinção didática na evolução, os criacionistas os usam como se fossem dois processos distintos, com dois mecanismos de atuação separados. E a definição do que seria micro/macro evolução é elástica ao ponto de nunca terem que admitir que a evolução ocorre. Assim, quando são mostrados exemplos de especiação sua exigência para o que seria macroevolução aumenta sucessivamente de mudanças no nível de espécie para mudanças no nível de gênero, família, ordem, classe.

Dito isso, existem inúmeros exemplos observados de especiação em campo e em laboratório com seres multicelulares. A coisa nunca se restringiu a bactérias. Aqui mesmo já foram postadas notícias a respeito:

../forum/topic=17828.0.html#msg367146

../forum/topic=6554.0.html

http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/1358

Outro caso flagrante e inegável de observação de especiação em tempo real é o das espécies em anel.


Estas notícias são interessantes, mas acho que criacionistas ainda classificariam de microevolução, e também fica a dúvida, no caso dos peixes e da borboleta de que são realmente tipos que não podem biologicamente se cruzar entre si e gerar descendentes,  mas  que numa inseminação em laboratório tal cruzamento seria viável ?

Quanto as espécies em anel  fica a mesma dúvida que numa inseminação em laboratório tal cruzamento seria viável ?
Ou são realmente espécies, no sentido de que o cruzamento entre eles (mesmo que artificial) não geraria descendentes férteis ?

Um acontecimento que eu consideraria mais impactante seria a obtenção de novas espécies de cães e não apenas novas raças.

E aí tenho uma dúvida: todos os tipos de cães existentes no mundo são apenas variações raciais? Já li que  cães  podem cruzar com lobos  e gerar descendentes (férteis?). Qualquer raça de cão pode cruzar com lobo ? Ou só algumas raças ?



 :?:   :?:    :?:    :?:    :?: 



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Offline JJ

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #105 Online: 07 de Dezembro de 2008, 09:15:20 »
Afinal de contas, não é atoa que nós podemos fazer a qualquer momento uma gigantesca lista com todas as mentiras e falcatruas criacionistas.

Mas, e eles? Sera que eles podem fazer algo no modelo daquele artigo publicado na Sciam: Resposta a 15 Absurdos Criacionistas?
É óbvio que não.


Qual o mês , ano e número dessa Sciam ?  Na internet tem essa matéria ?

Offline Luis Dantas

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #106 Online: 07 de Dezembro de 2008, 09:39:30 »
A STR publicou uma tradução em http://str.com.br/Scientia/absurdos.htm

Uma versão em inglês está em http://www.angelfire.com/ok5/pearly/htmls/gop-evolution.html e me forneceu a data de 17 de junho de 2002, graças à qual consegui este link "oficial": http://www.sciam.com/article.cfm?id=15-answers-to-creationist

Foi portanto a SciAm de julho de 2002, que está disponível para download por US$ 7.95

Um excelente PDF de oito páginas pode ser encontrado em http://www.swarthmore.edu/NatSci/cpurrin1/textbookdisclaimers/wackononsense.pdf
« Última modificação: 07 de Dezembro de 2008, 10:01:50 por Luis Dantas »
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline JJ

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #107 Online: 07 de Dezembro de 2008, 10:05:06 »
Valeu,  pelos links !  :ok:


Me veio a mente uma questão:

Cientistas já conseguiram especiar pelo menos a mosca das frutas ??   


 :?:    :?: 


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Offline Luis Dantas

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« Última modificação: 07 de Dezembro de 2008, 10:44:18 por Luis Dantas »
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline JJ

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #109 Online: 07 de Dezembro de 2008, 17:00:23 »
Legal !  :ok:

Offline Wolfischer

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #110 Online: 07 de Dezembro de 2008, 23:22:15 »



E aí tenho uma dúvida: todos os tipos de cães existentes no mundo são apenas variações raciais? Já li que  cães  podem cruzar com lobos  e gerar descendentes (férteis?). Qualquer raça de cão pode cruzar com lobo ? Ou só algumas raças ?



 :?:   :?:    :?:    :?:    :?: 


Qualquer raça de cão com tamanho compatível com o de um lobo.
Atualmente aceita-se que o nome mais correto para o cão seria Canis lupus var.familiaris.

Offline Dr. Jekyll

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #111 Online: 08 de Dezembro de 2008, 18:55:05 »
Dr. Jekyll, eu discordo. A evolução não tem mecanismos desconhecidos dessa forma que você coloca. Mesmo que não tenhamos observação empírica da evolução de todas as espécies hoje em dia, já podemos comprovar tais mecanismos através de evolução em organismos simples em laboratório, ou então a aplicação da genética que se fundamenta em Darwin no final das contas.


Não sou criacionista, mas o que você chama de evolução (algumas modificações em bactérias) é chamada de microevolução pelos  criacionistas, e isso não causa quase nenhum impacto.

Ao que eu saiba, ainda não foi conseguida nenhuma especiação, de um ser pluricelular, em laboratório.

Esta é uma séria fraqueza experimental da teoria, a qual ainda não foi superada.


E mesmo no caso das mudanças das bactéria, pode-se falar  que alguma foi especiada ?? É correto falar em espécies de bactérias ??



.

Certo vamos por parte.

1º - Especiação tem a ver com espécie, mas me parece que foi ouvidado por meus nobres colegas de fórum que as definições de espécies que temos hoje são apenas classificações da biologia e para cada ser vivo que é encontrado é dada uma nova classificação, por exemplo temos o Ornitorrinco que é um monotremado, afinal de contas o que é um monotremado? Não é um réptil, não é um mamifero não é uma ave ou seja não é nada é um monotremado e afinal de contas qual o outro monotremado além do Ornitorrinco que tenha exatamente as mesmas caracteristicas que ele? Os biólogos fazem uma aplicação de que os monotrematas são colocados entre os mamíferos, mas diferem na sua aparencia no nicho ecológico e diferem por colocarem ovo, afinal de contas o que é uma espécie?

2º - Quais as condições necessárias para definir espécie? Ou seja não existem em essência uma defnição de espécie, nós classificamos para facilitar a compreensão, portanto especiação em bactérias ou em qualquer ser vivo no futuro é algo arbitrário e não possui qualquer sentido perguntar se foi encontrada uma nova espécie de bactérias visto que a macro/micro evolução das bactérias se resume nas modificações do código apenas e não apresenta em geral diferenças muito visíveis no formato anatômico das mesmas visto que são unicelulares.

Um Abraço e vamos continuar na guerra dos argumentos.
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Offline Nina

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #112 Online: 08 de Dezembro de 2008, 20:12:41 »
Existem cerca de 30 conceitos de espécie que são aplicados em diferentes situações nos estudos biológicos. Mas o dominante acaba sendo o de Mayr, o conceito biológico de espécie ou reprodutivo. Todos os conceitos tem limitações, todos tem algumas vantagens para determinado grupo.

É muito complexo discutir isso e dificilmente chega-se a consenso.

Em suma, se pools gênicos e características morfológicas são muito diferentes entre os organismos, considera-se que não consituem a mesma espécie.

Mas o ponto é que o processo de divergência entre grupos já foi identificado na natureza e reproduzido em laboratório. Que a espécies mudam não há qualquer dúvida.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Dr. Jekyll

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #113 Online: 08 de Dezembro de 2008, 21:56:24 »
Existem cerca de 30 conceitos de espécie que são aplicados em diferentes situações nos estudos biológicos. Mas o dominante acaba sendo o de Mayr, o conceito biológico de espécie ou reprodutivo. Todos os conceitos tem limitações, todos tem algumas vantagens para determinado grupo.

É muito complexo discutir isso e dificilmente chega-se a consenso.


Em suma, se pools gênicos e características morfológicas são muito diferentes entre os organismos, considera-se que não consituem a mesma espécie.

Mas o ponto é que o processo de divergência entre grupos já foi identificado na natureza e reproduzido em laboratório. Que a espécies mudam não há qualquer dúvida.

Concordo e acrescentaria que a mudança de espécies apresenta maior clareza quando vislumbradas do ponto de vista da genética e da reprodução haja vista que o urso-pardo e o urso-polar divergiram de um ancestral comum há cerca de 2 milhões de anos e o cruzamento entre as duas espécies gera descendentes férteis. A perda de dentes molares típicos do urso-pardo se deu há 10 ou 20 mil anos. O fato de gerar híbridos férteis pode levar à conclusão que o urso-polar é uma subespécie do urso-pardo.

A maioria dos cientistas não reconhece subespécies de urso-polar. O IUCN/SSC Polar Bear Specialist Group (PBSG) contabiliza 20 grupos populacionais, enquanto outros cientistas apontam cerca de seis grupos mais ou menos estes:

1. Mar de Chukchi, Ilha de Wrangel Island e Alaska ocidental.
2. Mar de Beaufort
3. Arquipélago Ártico Canadense
4. Groenlândia
5. Terra de Spitzbergen-Franz Josef
6. Sibéria

Algumas fontes citam estas duas subespécies (mas depende do livro de biogeografia que você lê):

A. Ursus maritimus maritimus
B. Ursus maritimus marinus

Crei que a Nina se refere ao conceito criado por Dobzhansky e Mayr: “Espécies são grupos de populações naturais que estão ou tem o potencial de estar se intercruzando, e que estão reprodutivamente isolados de outros grupos” com certeza esse é o conceito prevalecente na biologia, entretanto o conceito de espécie desde que foi criado vem sendo alterado sempre que se melhoram os conhecimentos e surge alguma inconsistência em relação ao conceito anterior.

O primeiro conceito dizia que espécie é o conjunto de indivíduos semelhantes. No entanto este conceito caiu, pois verificava-se que existiam muitas espécies em que os indivíduos eram semelhantes mas não pertenciam à mesma espécie (Ex.: gorila e orangotango; burro e cavalo; chimpanzé e bonobo, etc.).

Foi então acrescentado à definição de espécie, que para além ser o conjunto de indivíduos semelhantes, eles se conseguiam cruzar (reproduzir) entre si. Mas mais uma vez esta definição acabou por ser considerada insuficiente quando se verificava que indivíduos de algumas espécies diferentes se conseguiam cruzar entre si dando origem a descendentes (Ex.: burro e cavalo —> mula/macho; tigre e leão —> Ligre/Tigão, etc.).

Acrescentou-se então que para além ser o conjunto de indivíduos semelhantes que se cruzam (reproduzem) entre si, têm que dar origem a descendentes férteis. Mas de novo apareceram algumas excepções a esta definição, pois algumas espécies diferentes, não só se cruzavam como davam origem a descendentes férteis (tigre e leão —> Ligre/Tigão (tigon) embora machos sejam estéreis as fêmeas são férteis; urso polar e urso pardo dão origem a descendentes férteis, etc.).

Entretanto nobres colegas, apesar de algumas espécies diferentes se poderem cruzar entre si e darem origem a descendentes férteis, logicamente não vivem naturalmente na mesma região geográfica e por isso nunca se encontrariam em condições naturais, logo esta premissa foi acrescentada à definição de espécie, chegando-se à seguinte definição final:

Espécie é o grupo de indivíduos semelhantes que se cruzam (reproduzem) entre si, dando origem a descendentes férteis e vivem na mesma região geográfica.

No entanto existem algumas espécies (muito poucas) que não respeitam esta última premissa pois são cosmopolitas, como por exemplo o ser humano (embora em grande parte das regiões geográficas em que vive o faça graças a adaptações artificiais), pardal, rato, etc..

Ufa, espécie é uma coisa complicada, então creio que a questão vai se dissipando quando percebemos que o conceito de espécie é adaptativo e a medida que a taxonomia avança em seu sistema de classificação.

Um Cordial Abraço a todos.
« Última modificação: 08 de Dezembro de 2008, 21:58:45 por Dr. Jekyll »
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Offline Nina

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #114 Online: 08 de Dezembro de 2008, 23:26:29 »
O problema é que é totalmenta arbitrário, muito embora vários conceitos definam bastante bem o grupo específico.

Eu dei uma aula sobre isso na USP em 2006 e o que posso dizer é que independente do conceito utilizado, a regra de "se cruzar e gerar descendentes férteis é a mesma espécie" é obsoleta. Hoje aceita-se que o hibridismo seja parte da natureza e é até esperado pelo passado evolutivo das espécies. É preciso mais que alguns descendentes esporádicos para afirmar que duas populações pertencem à mesma espécie.

Conceitos que levem em consideração a totalidade dos aspectos biológicos do grupo (como o conceito coesivo - by Templeton) são mais atuais e tendem a ser utilizado à medida em que conhecemos mais dos grupos. Estas informações seriam com relação à constituição morfológica, à etologia, à ecologia, à filogenia dos grupos, etc.

 :ok:
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Offline Dr. Jekyll

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #115 Online: 11 de Dezembro de 2008, 12:40:08 »
O problema é que é totalmenta arbitrário, muito embora vários conceitos definam bastante bem o grupo específico.

Eu dei uma aula sobre isso na USP em 2006 e o que posso dizer é que independente do conceito utilizado, a regra de "se cruzar e gerar descendentes férteis é a mesma espécie" é obsoleta. Hoje aceita-se que o hibridismo seja parte da natureza e é até esperado pelo passado evolutivo das espécies. É preciso mais que alguns descendentes esporádicos para afirmar que duas populações pertencem à mesma espécie.

Conceitos que levem em consideração a totalidade dos aspectos biológicos do grupo (como o conceito coesivo - by Templeton) são mais atuais e tendem a ser utilizado à medida em que conhecemos mais dos grupos. Estas informações seriam com relação à constituição morfológica, à etologia, à ecologia, à filogenia dos grupos, etc.

 :ok:

Eu gostei muito da afirmação "Hoje aceita-se que o hibridismo seja parte da natureza e é até esperado pelo passado evolutivo das espécies" isso porque esta seria a explicação para não se encontrar alguns fósseis de transição em determinados animais que possivelmente seriam híbridos e por lógica não teriam gerado descendentes.

Cordialmente, Dr. Jekyll
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Offline Nina

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #116 Online: 14 de Dezembro de 2008, 00:38:45 »
Pois é, e olha que uma das limitações dos conceitos de espécies diz respeito aos grupos fósseis, muito embora o conceito filogenético dê conta de 90% deles. :D
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Técnica Criacionista
« Resposta #117 Online: 14 de Dezembro de 2008, 15:09:56 »

Eu gostei muito da afirmação "Hoje aceita-se que o hibridismo seja parte da natureza e é até esperado pelo passado evolutivo das espécies" isso porque esta seria a explicação para não se encontrar alguns fósseis de transição em determinados animais que possivelmente seriam híbridos e por lógica não teriam gerado descendentes.

Cordialmente, Dr. Jekyll

Até podoeria ser, o raciocínio não é desprovido de lógica, uma vez que híbridos podem ter características que aparecem mais "subitamente" do que a evolução em uma linhagem, mas não é uma "resposta" significativa para isso.

Os principais "problemas" das formas e fósseis intermediários são uma expectativa ultra-otimista irrealista do registro fóssil e uma certa confusão sobre o que significa a evolução ser gradual.

A fossilização deveria ocorrer em taxas absurdamente altas para capturar um número ideal de "frames" das modificação evolutiva entre espécies ou grupos mais aparentados, ao passo que na realidade ela mal pode nos dar uma sólida perspectiva empírica sobre um nível bem mais grosseiro de biodiversidade,como quantas espécies existiram, em qualquer dado "slide" no tempo. De vez em quando encontra-se espécies novas, e só um ou outro exemplar de cada espécie. Como esperar que algo que uma amostra tão ínfima de indivíduos-por-população fosse sempre (ou ao menos uma vez!) proporcionar uma visão fiel da variação populacional gradualmente se transformando ao longo do tempo?

O que se pode ter não é exatamente como um filme, mas mais como uma sessão de slides incontestavelmente incriminadores quando se leva em consideração o que se sabe sobre a modificação na descendência dos seres vivos. Não é como se pedissem para acreditar que de uma laranjeira nasceram tatus, ou algo assim. São principalmente exemplares de espécies com formas intermediárias entre espécies de grupos hoje mais diferenciados, mas que ainda estão classificados em um mesmo ranking taxonômico. 

A própria taxonomia dos seres ainda viventes já é é uma sugestão gritante da evolução, mesmo se não tivéssemos qualquer fóssil intermediário ou conhecimento muito profundo sobre biologia. Os fósseis meramente vão aproximando os grupos taxonômicos mais distantes, fornecendo intermediários mais ou menos como espécies de um mesmo gênero ou gêneros de uma mesma família são intermediários.

Levando em consideração o que se sabe sobre a evolução observada no presente, como em raças de cães e gado, essa limitação não é nem de longe um problema, porque o necessário para preencher as "lacunas" entre espécies e até grupos maiores não é de natureza fundamentalmente diferente do que se observa entre  diferentes linhagens duma mesma espécie, é uma diferença de grau, mais alguns pormenores fisiológicos gradual ou subitamente diminuindo a viabilidade dos cruzamentos entre membros de duas linhagens separadas.

Essas mudanças em variações de animais domésticos não são tão graduais como muitos parecem esperar que seja a mudança entre espécies no registro fóssil. Mesmo com humanos algumas vezes documentando a evolução desses seres se tem pequenos "saltos" em espaços de tempo consideravelmente curtos. Raças de porcos e pombos tem diferentes números de costelas e vértebras, por exemplo. A variação nos cães São Bernardo, desde o século dezenove:



No século dezenove o padrão era ombros a 60cm de altura, e pesar menos de 50kg. Hoje, os ombros devem estar a 70-90cm e eles devem pesar entre 65 e 85 quilos.

Sem contar as outras raças, que de tão diversas já foram supostas como sendo resultado de domesticações de múltiplas espécies individuais de canídeos mais díspares, na época de Darwin.

 

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