Existem cerca de 30 conceitos de espécie que são aplicados em diferentes situações nos estudos biológicos. Mas o dominante acaba sendo o de Mayr, o conceito biológico de espécie ou reprodutivo. Todos os conceitos tem limitações, todos tem algumas vantagens para determinado grupo.
É muito complexo discutir isso e dificilmente chega-se a consenso.
Em suma, se pools gênicos e características morfológicas são muito diferentes entre os organismos, considera-se que não consituem a mesma espécie.
Mas o ponto é que o processo de divergência entre grupos já foi identificado na natureza e reproduzido em laboratório. Que a espécies mudam não há qualquer dúvida.
Concordo e acrescentaria que a mudança de espécies apresenta maior clareza quando vislumbradas do ponto de vista da genética e da reprodução haja vista que o urso-pardo e o urso-polar divergiram de um ancestral comum há cerca de 2 milhões de anos e o cruzamento entre as duas espécies gera descendentes férteis. A perda de dentes molares típicos do urso-pardo se deu há 10 ou 20 mil anos. O fato de gerar híbridos férteis pode levar à conclusão que o urso-polar é uma subespécie do urso-pardo.
A maioria dos cientistas não reconhece subespécies de urso-polar. O IUCN/SSC Polar Bear Specialist Group (PBSG) contabiliza 20 grupos populacionais, enquanto outros cientistas apontam cerca de seis grupos mais ou menos estes:
1. Mar de Chukchi, Ilha de Wrangel Island e Alaska ocidental.
2. Mar de Beaufort
3. Arquipélago Ártico Canadense
4. Groenlândia
5. Terra de Spitzbergen-Franz Josef
6. Sibéria
Algumas fontes citam estas duas subespécies (mas depende do livro de biogeografia que você lê):
A. Ursus maritimus maritimus
B. Ursus maritimus marinus
Crei que a Nina se refere ao conceito criado por Dobzhansky e Mayr: “Espécies são grupos de populações naturais que estão ou tem o potencial de estar se intercruzando, e que estão reprodutivamente isolados de outros grupos” com certeza esse é o conceito prevalecente na biologia, entretanto o conceito de espécie desde que foi criado vem sendo alterado sempre que se melhoram os conhecimentos e surge alguma inconsistência em relação ao conceito anterior.
O primeiro conceito dizia que espécie é o conjunto de indivíduos semelhantes. No entanto este conceito caiu, pois verificava-se que existiam muitas espécies em que os indivíduos eram semelhantes mas não pertenciam à mesma espécie (Ex.: gorila e orangotango; burro e cavalo; chimpanzé e bonobo, etc.).
Foi então acrescentado à definição de espécie, que para além ser o conjunto de indivíduos semelhantes, eles se conseguiam cruzar (reproduzir) entre si. Mas mais uma vez esta definição acabou por ser considerada insuficiente quando se verificava que indivíduos de algumas espécies diferentes se conseguiam cruzar entre si dando origem a descendentes (Ex.: burro e cavalo —> mula/macho; tigre e leão —> Ligre/Tigão, etc.).
Acrescentou-se então que para além ser o conjunto de indivíduos semelhantes que se cruzam (reproduzem) entre si, têm que dar origem a descendentes férteis. Mas de novo apareceram algumas excepções a esta definição, pois algumas espécies diferentes, não só se cruzavam como davam origem a descendentes férteis (tigre e leão —> Ligre/Tigão (tigon) embora machos sejam estéreis as fêmeas são férteis; urso polar e urso pardo dão origem a descendentes férteis, etc.).
Entretanto nobres colegas, apesar de algumas espécies diferentes se poderem cruzar entre si e darem origem a descendentes férteis, logicamente não vivem naturalmente na mesma região geográfica e por isso nunca se encontrariam em condições naturais, logo esta premissa foi acrescentada à definição de espécie, chegando-se à seguinte definição final:
Espécie é o grupo de indivíduos semelhantes que se cruzam (reproduzem) entre si, dando origem a descendentes férteis e vivem na mesma região geográfica.
No entanto existem algumas espécies (muito poucas) que não respeitam esta última premissa pois são cosmopolitas, como por exemplo o ser humano (embora em grande parte das regiões geográficas em que vive o faça graças a adaptações artificiais), pardal, rato, etc..
Ufa, espécie é uma coisa complicada, então creio que a questão vai se dissipando quando percebemos que o conceito de espécie é adaptativo e a medida que a taxonomia avança em seu sistema de classificação.
Um Cordial Abraço a todos.