Sabia do "gatilho" da coisa. Imaginei que fosse um tipo de manifestação que dificultaria a "traçarem a linha" entre Femen e os demais participantes/apoiadores dessa manifestação. Parece que cada um que dava uma opinião sobre a coisa tinha uma opinião meio diferente e bem mais abrangente, meio como em entrevistas dos "occupy wall street" ou "tea partiers". Lembro de ter lido ou ouvido até algo como que as mulheres deveriam "resgatar" o termo "slut", meio como negros fazem com "nigger"... 
Muitas das manifestantes não faziam a menor ideia do que estavam realmente fazendo ao participar da marcha. Ficaram sabendo pelo facebook e twitter e foram lá, desfilar de meia arrastão. O Femen não tem um número muito expressivo de integrantes; no Brasil são cerca de 20 mulheres que protestam de topless e são oficialmente ligadas, além de mais algumas pessoas que as ajudam mas não participam das manifestações.
O topless gera publicidade ao Femen e em mais de uma entrevista as próprias integrantes disseram que o grupo iniciou os protestos com as participantes vestidas, mas sem nenhuma atenção da mídia e foi apenas para atrair a atenção que resolveram protestar com os seios à mostra. Logo, parece óbvio que se a repercussão depende exclusivamente desse recurso, não é a causa que desperta o interesse.
Não sei, sem considerar todos os pormenores que desconheço, até acho válido considerar isso como estratégia para chamar atenção, partindo da suposição de que isso serviria à finalidade de provocar/aquecer algum debate importante na sociedade. Apenas tenho sérias dúvidas se isso realmente ocorre, acho que na maior parte do tempo ninguém dá a mínima, não sabe nem sobre o que é a manifestação, etc. Não dá em nada, não desencadeia algum "debate" que já não existisse, nem o impulsiona, ou mesmo adiciona algo novo.
Mas ao mesmo tempo há o risco de estratégias desse tipo para a chamar a atenção terem um impacto negativo na "imagem" dos ativistas/"causa". Eu tenho a impressão que ativistas em geral bolam sozinhos alguma idéia de "marketing" para alguma coisa em acreditam, e vão "implementando" sem nunca "testar" antes ou mesmo se importar muito com a recepção ou efeito que têm (ou mesmo questionar mais cuidadosamente as próprias idéias)...
Depois esbarram com rejeição e enxergam isso como mais uma prova da "sociedade contra eles". O que acho que talvez até seja interesse de alguns (para os quais o ativismo talvez seja mais uma coisa profissional/pessoal do que "social"), ainda que provavelmente a maioria apenas não se dê conta do erro estratégico.
Aliás, só as mulheres bonitas são fotografadas e estampam jornais. O Femen sabe disso e, de fato, passou a rejeitar garotas fora dos padrões de beleza, apenas porque elas não geram publicidade. Não tem como levar a sério um grupo que pretende combater, entre outras coisas, a exploração da imagem da mulher como objeto sexual, fazendo exatamente isso.
Eu acho que talvez até mesmo isso fosse válido se considerar como estratégia,
se desse certo no fim das contas. Por exemplo, talvez ajudasse a mudar a imagem de feministas como feias e/ou lésbicas butch, que, apesar de não ser algo relevante mesmo que fosse o caso, ainda contribui para o feminismo não ser levado sério por parte das pessoas*. Algo não muito diferente da estratégia "Lula light". Mas também acho que me lembro vagamente da no. 1 do Femen no Brasil ter negado isso na entrevista dela, de qualquer forma. Pelo menos lendo por cima passava uma impressão geral de algo mais sério/não tão babaca do que a dissidente deixou na própria entrevista.
* nesse sentido acho que é melhor uma estratégia que vi há algum tempo, uma camisa "↑ this is what a feminist looks like", e acho que deram um jeito de uns famosos posarem com essas camisas, para outdoors e coisas do tipo.
(parece que a composição da palavra tem alguma similaridade com vegetariano →vegano)
Acho que isso deve vir das pessoas terem normalmente alguma resistência a generalizações, especialmente se se virem incluídas nela. Um pouco como cristãos vão tentar se dissociar de cruzadas, inquisição, e até de fundamentalistas ou radicais anti-aborto, ou ateus vão querer se distanciar de comunismo ou da ATEA .
Exagerei ao misturar, por impaciência, feministas e femistas (resultado de uma implicância pessoal). Sobre os termos, entendo a diferença e concordo que sejam necessárias para separar grupos que defendam conceitos diferentes. Minha crítica é, basicamente, ao fato de que femistas não costumam se identificar dessa forma, usando o feminismo (com toda a carga que essa expressão possui) para mascarar seu sexismo. Não raro as auto proclamadas feministas defendem ideias femistas que são tão deploráveis quanto a ideias machistas.
Sim, entendo. Eu nem sei se acho necessários termos diferentes, só acho que é uma "reação natural de defesa," de quase qualquer "grupo". Tanto quem é contra as besteiras/extremismos pode rejeitar o rótulo/status de coisa legítima do grupo (assim "livrando a cara" de algo que é embaraçoso mas que não realmente acredita), como os defensores dessas coisas vão tentar protegê-las sob o rótulo "bom". Meio como, criacionistas vão se colocar como "religiosos" e a evolução/ciências discordantes com o gênesis como "ataque à religião", e mais raramente vão se auto-denominar fundamentalistas, literalistas, radicais, anti-ciência, etc. E os religosos não-fundamentalistas vão rejeitar essa posição mas também não parecem fazer muita questão de contestá-los tanto quanto poderiam...