Autor Tópico: Deus no budismo  (Lida 18794 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Deus no budismo
« Online: 07 de Julho de 2008, 11:56:11 »
Esse texto foi retirado desse blog: http://www.samsara.blog.br que tem muitas postagens interessantissimas e valem a pena ser foco de reflexão, então começo com essa dica.

O texto a seguir dá uma idéia de outras formas de pensar sobre o que é deus, eu vejo aqui no forum esse eterno combate entre teistas e ateistas, todos com suas convicções e achismos, e muitas vezes esquecemos que essas idéias não representam nada, são vazias, são apenas pensamentos. Além disso esse combate muitas vezes converge para discussões a respeito de um certo conceito de deus, deus cristão, deus islamico, deus sei lá o que, óbviamente todos frutos da mesma ignorância, pensamentos vazios de realidade intriseca. Então proponho repensarmos esses conceitos e refletirmos sobre a verdade das nossas crenças, sejam elas teistas ou ateistas, que dão na mesma.

Achei esse texto bastante interessante porque expõe a forma de pensar dos verdadeiros sábios e mostra que é possivel sim que nós consigamos atingir essa realidade que está além de todos os conceitos, mas isso não acontece pelo pensamento, ou pela reflexão ou somente pela vontade, e enquanto estivermos apegados as nossas ilusões pessoais, será impossivel que essa Realidade se manifeste.

Um abraço  :)

"O Buda, muito longe de negar que havia um Absoluto, garantiu que aqueles que alcançassem a iluminação deveriam se fundir com Isso e assim perceber a Realidade em oposição ao mundo das ilusões e dos fenômenos. O que ele realmente disse, contudo, que tem levado pessoas a acusarem-no de ateísmo, é que não temos nenhum meio de expressar qualquer coisa sobre Isso. Palavras pertencem ao universo dos fenômenos e são aplicáveis apenas à ele. Quando alguém vai além dos fenômenos, em direção à Realidade, palavras precisam obrigatoriamente ser deixadas para trás. Nenhum ensinamento, nenhuma descrição, nenhum pensamento podem expressar o Absoluto -- mas podemos experimentá-lo, se suficientemente evoluídos.

O que Buda combateu foram as numerosas tentativas que foram feitas, estão sendo feitas e continuarão a ser feitas, de dizer que o Absoluto é isso ou aquilo, um Deus pessoal, um Criador, um Deus-Pai. Ele insistentemente recusou responder qualquer pergunta sobre o assunto porque isso era inexprimível em palavras. Ele não iria permitir a seus discípulos imaginar um Absoluto a semelhança deles, como é a tendência do homem em todo lugar. Ele assinalou sutilmente que é melhor se ajustar para tentar alcançar a iluminação e, assim, experimentar o Absoluto por si próprio, em vez de perder tempo tentando ineficazmente falar sobre isso, já que nada que possa ser dito sobre Isso pode ser verdade em absoluto. Palavras iriam inevitavelmente modificá-Lo e moldá-Lo, resultando no máximo em uma aproximação grosseira. Palavras podem ser verdadeiras apenas em certo nível, mas apenas nesse nível, portanto serão apenas verdades relativas. Assim, como um entendimento que só funciona por meio de palavras pode conter o que não pode ser colocado em palavras? Apenas pela experiência direta.

Se esse fato tivesse sido assimilado, às custas do orgulho humano, teria havido muito menos intolerância, violência e sofrimento cometidos em nome da religião, entre os vários adeptos de seus seus próprios credos; todos afirmando de maneira confiante e dogmática que somente eles receberam a Verdade e que todos os outros estão errados e devem ser salvos de sua ignorância voluntária.

...

Então, se não há nenhum Deus no sentido de um Deus pessoal -- ou se for compreendido que conceitos de um Deus pessoal, um Criador ou um Deus-Pai, são apenas relativamente verdadeiros e adequados apenas a alguns estágios do desenvolvimento humano -- porque há tantas referências aos "deuses" [no budismo tibetano], sugerindo toda uma hierarquia?

A palavra páli "deva" é traduzida como "deus", mas na verdade significa "espírito", um ser de um reino superior que, no budismo, pode influenciar seres humanos, ajudar e protegê-los. A Terra não é o único mundo de seres da cosmologia budista. Há incontáveis universos em diferentes planos de existência, isto é, em diferentes estágios de desenvolvimento (espiritual). Alguns são mais elevados que nós (que somos a maioria). Alguns são inferiores. Há muitas referências a seres humanos renascendo em reinos superiores ou inferiores.

Mas, no budismo, não há lugar para a hierarquia massiva da religião Hindu, que acrescentou o próprio Buda a essa hierarquia (até os cristãos fizeram Dele um dos seus santos), nem para a Trindade de Criador, Preservador e Destruidor, nada exceto um Absoluto inexprimível. Em Sua direção as pessoas estão evoluindo ou involuindo, alguns se tornando espíritos de planos superiores, outros afundando em mundos inferiores. E todos pertencem ao mundo dos fenômenos, não à Realidade. Apenas o Absoluto é Real. E nem podemos realmente dizer isso sem declarar algo menor que a Verdade. Mas Ela está lá para ser realizada por alguém com o desejo e determinação como os de Milarepa.

...

Todo ser humano, todo ser, é um Buda em potencial. Depende de cada um realizar sua própria Natureza Búdica."
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Tash

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.191
  • Sexo: Masculino
    • http://about.me/alganet
Re: Deus no budismo
« Resposta #1 Online: 07 de Julho de 2008, 12:32:03 »
Apenas uma dúvida: qual a sua opinião pessoal e o que você entende por renascimento e o conceito dos seis reinos?

Offline bylex

  • Nível 04
  • *
  • Mensagens: 44
Re: Deus no budismo
« Resposta #2 Online: 07 de Julho de 2008, 15:20:47 »
Citar
Quando alguém vai além dos fenômenos, em direção à Realidade, palavras precisam obrigatoriamente ser deixadas para trás. Nenhum ensinamento, nenhuma descrição, nenhum pensamento podem expressar o Absoluto -- mas podemos experimentá-lo, se suficientemente evoluídos.

Como diria meu professor de matemática peruano: prôbe. (prove)

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Deus no budismo
« Resposta #3 Online: 09 de Julho de 2008, 10:33:02 »
Apenas uma dúvida: qual a sua opinião pessoal e o que você entende por renascimento e o conceito dos seis reinos?

Bom, minha opnião pessoal não quer dizer nada, até mesmo porque só considero o que já vi por mim mesmo, sabendo entretanto que minha visão do mundo é limitada.

Sobre os seis reinos, meu conhecimento é apenas teórico, podemos ver que existem alguns fenomenos no mundo que entram em consenso com a cosmologia budista, como por exemplo essas manifestações de "espiritos" em centros de umbanda etc. Podemos ver que em estados ampliados de consciência no xamanismo por exemplo, existem percepções de "devas". Entretanto, por mim mesmo, só consigo ver que existem humanos e animais.

Sobre o renascimento, até onde posso ver, vejo que sua existencia é verdadeira em um nível impessoal, visto que o SER nunca deixa de existir, os seres estão sempre mudando, e nossas ações de hoje é que ditarão a vida dos seres que nascerem no futuro. Isso é um fato perfeitamente observável. Também é observavel que nossas ações influênciam nossas próprias vidas em um nível muito pessoal, porém diversas religiões, incluindo o budismo, dizem que as ações pessoais continuam atuando mesmo após a morte e influênciam no próximo nascimento em um nível pessoal, isso eu também não posso afirmar que é verdadeiro ou falso, porque não vi por mim mesmo, mas podemos observar por exemplo que nós humanos temos tendencias bem especificas, e que embora o mundo externo seja sempre o mesmo, é o resultado desses impulsos externos interpretados pelos impulsos internos que determina como agimos.

Entretanto não nego a possibilidade de todas essas coisas, porque não são poucos os relatos de sábios e outras pessoas que obtiveram esse tipo de percepção do mundo, só me recuso a acreditar cegamente em alguma coisa, então sabendo da possibilidade da realidade dessas coisas, prefiro fazer o possivel para que eu mesmo veja como é o funcionamentos desses mecanismos mais sutis da realidade, e ai não precisar me basear em crenças, aonde por certo impera a dúvida.

Abraços.
« Última modificação: 09 de Julho de 2008, 10:37:19 por Mauricio Rubio »
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Deus no budismo
« Resposta #4 Online: 09 de Julho de 2008, 20:42:29 »
Ok, vamos mais uma vez...

Buda falou que é possível alcançar uma coisa que não dá para explicar. E se perguntarmos o que ganho com isso, é a iluminação (que não é explicável) e a proximidade com Isso.

Resumindo: troca-se deus por Isso e ficamos assim mesmo. Os seres superiores protegem, nós estamos vivendo em trevas, espíritos superiores, inferiores, alcance a iluminação...

Mesmo de sempre, mudou um nomezinho ou outro, mesmas promessa e mesmo tipo de evidencias.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Tash

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.191
  • Sexo: Masculino
    • http://about.me/alganet
Re: Deus no budismo
« Resposta #5 Online: 09 de Julho de 2008, 20:59:45 »
Buda falou que é possível alcançar uma coisa que não dá para explicar. E se perguntarmos o que ganho com isso, é a iluminação (que não é explicável) e a proximidade com Isso.

Bom, a iluminação é a eliminação de todo o sofrimento de uma pessoa. Não sei se é possível, mas não há nada de sobrenatural no conceito.

Resumindo: troca-se deus por Isso e ficamos assim mesmo. Os seres superiores protegem, nós estamos vivendo em trevas, espíritos superiores, inferiores, alcance a iluminação...

Sei lá. Eu enxergo os seis reinos como abstrações. São conceitos que criaram pra explicar vários estados psicológicos das pessoas, mas não "lugares" nos quais espíritos vivem.

Há muita coisa no budismo que eu admiro bastante, principalmente o conceito deles de desapego, o que inclui desapego a escrituras e tradições que perderam sentido (não confundir desapego com rejeição). É uma religião com possível mecanismo de reajuste...

E o mais interessante do budismo é que não há promessa, não há castigos.

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Deus no budismo
« Resposta #6 Online: 09 de Julho de 2008, 22:08:17 »
Não é apenas isso, pelos textos que já lí do Maurício.

Existem os mesmos estágios de desenvolvimento, um processo de renúncia, uma promessa de ver "Isso" que não pode ser expresso em palavras. Existem os espíritos evoluidos que ajudam, e aí vamos.
Então, há sim promessas (iluminação que vem de não ter sofrimento que vem do processo proposto) e o castigo (de não alcançar, de viver em sofrimento)

Concordo que tem fatores agradáveis no Budismo que não vemos na maioria das outras religiões. Mas no fim, apenas mais uma religião.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Tash

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.191
  • Sexo: Masculino
    • http://about.me/alganet
Re: Deus no budismo
« Resposta #7 Online: 09 de Julho de 2008, 22:50:57 »
Existem os mesmos estágios de desenvolvimento, um processo de renúncia, uma promessa de ver "Isso" que não pode ser expresso em palavras. Existem os espíritos evoluidos que ajudam, e aí vamos.

Ninguém precisa renunciar a nada pra ser budista e não há promessa de iluminação pra ninguém. Primeiro porque o despertar, a iluminação, não é um presente.. é uma conquista. E é perfeitamente descrita por palavras: a anulação do sofrimento.

Nenhum espírito evoluído sussurra dicas no ouvido dos budistas. O que existe é o óbvio: alguém que atingiu a iluminação no passado, ou alguém que conseguiu se aproximar bastante do despertar, pode transmitir seu conhecimento para no futuro isso servir de ajuda para quem queira seguir o mesmo caminho. Essa é a ajuda.

Então, há sim promessas (iluminação que vem de não ter sofrimento que vem do processo proposto) e o castigo (de não alcançar, de viver em sofrimento)

Segundo o budismo, desde que nascemos, estamos sujeitos à diversas formas de sofrimento. Todo mundo sofre ou já sofreu algo, é inevitável. Se todo mundo está sujeito a isso, não pode ser considerado um castigo. E além do mais, esse sofrimento não é "aplicado", é uma característica da existência..

Enquanto em algumas religiões basta crer para ser salvo, ou basta arrepender-se para ser poupado, o budismo é um caminho difícil em que nada é garantido além do sofrimento.

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Deus no budismo
« Resposta #8 Online: 09 de Julho de 2008, 23:16:54 »
Pode ser visto como uma punição sim. E o que vc acabou de dizer para mim é exatamente o roteiro religioso.

Quanto à renuncia, depende do que você chama de renuncia. Não preciso renunciar a minha familia, mas me diga o que preciso fazer para encontrar esses benefícios? (texto de Mauríocio) Ou o Nirvana, Samadhi, Iluminação?

Kayagatasati Sutta

32. “Bhikkhus, quando a atenção plena no corpo tiver sido praticada repetidas vezes, desenvolvida, cultivada, feito um veículo, uma base, estabilizada, exercitada e aperfeiçoada, estes dez benefícios podem ser esperados. Quais dez?

33. (i) “Ele se torna um conquistador do descontentamento e do deleite, e o descontentamento não o conquista, ele permanece subjugando o descontentamento sempre que este surgir.

34. (ii) “Ele se torna um conquistador do medo e do terror, e o medo e o terror não o conquistam, ele permanece subjugando o medo e o terror sempre que estes surgirem.

35. (iii) “Ele suporta o frio e o calor, fome e sede e o contato com moscas, mosquitos, vento, sol e coisas rastejantes; ele suporta palavras hostis e indesejáveis e sensações corporais que são dolorosas, torturantes, penetrantes, cortantes, desagradáveis, agonizantes e que ameaçam a vida.

36. (iv) “Ele obtém de acordo com a sua vontade, sem problemas ou dificuldades, os quatro jhanas que constituem a mente superior e proporcionam um estado prazeroso aqui e agora.

37. (v) “Ele exerce os vários tipos de poderes supra-humanos... (igual ao MN108, verso 18) ... ele exerce poderes corporais até mesmo nos distantes mundos de Brahma.

38. (vi) “Com o elemento do ouvido divino, que é purificado e ultrapassa o humano, ele ouve ambos os tipos de sons, os divinos e os humanos, aqueles distantes bem como os próximos.

39. (vii) "Ele compreende as mentes de outros seres, de outras pessoas, abarcando-as com a sua própria mente. Ele compreende uma mente afetada pelo desejo como afetada pelo desejo ... (igual ao MN108, verso 20) ... uma mente não libertada como não libertada.

40. (viii) “Ele se recorda das suas muitas vidas passadas, isto é, um nascimento, dois nascimentos ... (igual ao MN 51, verso 24) ... Assim ele se recorda das suas muitas vidas passadas nos seus modos e detalhes.

41. (ix) “Por meio do olho divino, que é purificado e ultrapassa o humano, ele vê seres falecendo e renascendo, inferiores e superiores, bonitos e feios, afortunados e desafortunados. Ele compreende como os seres prosseguem de acordo com as suas ações.

42. (x) “Compreendendo por si mesmo com conhecimento direto, ele, aqui e agora, entra e permanece na libertação da mente e na libertação através da sabedoria que são imaculadas, com a destruição de todas as impurezas.

43. “Bhikkhus, quando a atenção plena no corpo tiver sido praticada repetidas vezes, desenvolvida, cultivada, feito um veículo, uma base, estabilizada, exercitada e aperfeiçoada, esses dez benefícios podem ser esperados.”

Mas não devemos acreditar, nem desacreditar nisso, devemos desenvolver as qualidades e virtudes que trarão beneficios no aqui e agora e com a libertação da mente poderemos colher outros frutos que agora desconhecemos.

Para mim, isso é mais do mesmo.

Dos textos que li do Mauricio, o que entendi de prático foi isso:


1- Vc está condicionado pela sua cultura, aprendizado, informações que vc nem percebe na hora de fazer julgamentos. Obs: todos nós sabemos disso
2- Então, vc medita, poe sua cabeça no nada, e ucas.
3- Aí vc entra em um estado mental, que não foi explicado até agora, e que vc consegue entender coisas que não explicaram até agora. É tipo assim... uma coisa legal.
4- Aí, vc pergunta: O que ganho com isso? Conhecer as coisas, o que É, esse tipo de coisa.
5- Aí vc pergunta, me diz o que É então, o que alguem encontrou com isso?
6- Volte para 1.


Já tivemos algumas discussões sobre isso:

../forum/topic=16023.75.html#msg324708

“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Tash

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.191
  • Sexo: Masculino
    • http://about.me/alganet
Re: Deus no budismo
« Resposta #9 Online: 09 de Julho de 2008, 23:37:02 »
Pode ser visto como uma punição sim.

Por que?

E o que vc acabou de dizer para mim é exatamente o roteiro religioso.

Budismo é uma religião. Considero uma religião extremamente sensata, mas ainda é uma religião.

Quanto à renuncia, depende do que você chama de renuncia. Não preciso renunciar a minha familia, mas me diga o que preciso fazer para encontrar esses benefícios?

Sinceramente, estou longe de poder interpretar esse texto. Ele pode ser de uma escola budista diferente das que eu estudei, ou conter metáforas específicas para pessoas que já praticam o budismo há muito tempo (por tratar-se de um diálogo com um Bhikkhus, subentende-se isso). Prefiro não comentá-lo para não haverem compreensões erradas.

Segundo o meu conhecimento, budistas devem praticar o desapego a tudo. Desapego a família, ao dinheiro, aos bens materiais, a vaidade... qualquer coisa. O apego é uma das maiores fontes de sofrimento. No entanto, desapego não significa rejeição ou renúncia. Podemos utilizar o dinheiro como uma ferramenta, querer o bem da nossa família e manter a higiene e boa aparência para uma melhor integração com a sociedade...

O Luis Dantas, aqui do fórum, tem uns textos muito bons sobre o budismo. Eu recomendo. http://www.dantas.com

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Deus no budismo
« Resposta #10 Online: 10 de Julho de 2008, 08:05:22 »
O sofrimento nasce da ignorancia, da interpretação erronea da realidade, de não ver as coisas como na verdade elas são e então se apegar ao que é condicionado e impermanente. Então para cortar o sofrimento pela raiz, temos que colocar um fim na ignorância.

O budismo é uma religião extremamente sensata, onde o caminho é percorrido pelo próprio individuo.
A renuncia não vem do querer renunciar ao mundo, ela vem de ver as coisas na verdade como elas são.

Se nós pensamos no mundo em termos pessoais, com o ego, MINHA familia, MEU carro, MEU emprego, estamos vendo as coisas erroneamente, sem sabedoria, porque nada neste mundo é MEU realmente, nem permamente. Então a separação com a sua familia inevitavelmente vai ocorrer muito em breve no momento da morte. Então a renuncia nasce da compreensão.

Sobre "ganhar com isso" também é outro ponto. Quem ganha alguma coisa é o ego, nós acreditamos que "ganhamos" algo, mas isso também é ilusão, na realidade não ganhamos nada, só o que acontece é que nos apegamos a cercas coisas, que por sua condição impermanente causarão sofrimento quando se transformarem.

Eu particularmente entre outras coisas, pratico não exatamente o budismo, mas utilizo-o como base para reflexão, e dessas reflexões e meditações já surgiram inumeros insights que me causaram transformações na visão de mundo. E acredito que sigo uma direção guiado pela minha curiosidade natural, então o que eu ganharia com isso seria exatamente ver as coisas como elas são, isso já não é mais do que o suficiente?

Abraços.
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Týr

  • Nível 36
  • *
  • Mensagens: 3.126
  • Sexo: Masculino
  • ?
    • »Costa Advocacia«
Re: Deus no budismo
« Resposta #11 Online: 10 de Julho de 2008, 08:35:20 »
Sem entrar no mérito.

Acho absolutamente normal o Brasil ser um país de cristãos, porque nossos pais eram e os pais deles também.

Agora, a pessoa que tem a capacidade de se livrar dessa doutrina e busca outra, no meu entender é um imbecil, para que sujeitar-se a uma cultuara alienígena, ou qualquer outra que seja se podemos guiar sozinhos nossas vidas?

Quem busca doutrina para seguir é porque gosta de submissão.

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Deus no budismo
« Resposta #12 Online: 10 de Julho de 2008, 09:48:11 »
Sobre esse sutta que vc postou Agnóstico, acho que é dificil para nós, compreendermos e penetrarmos profundamento no significado dessas palavras. O entendimento varia de pessoa para pessoa, por isso é importante ir além das palavras e tentar penetrar o significado.

Podemos pegar um outro exemplo que fala do olho divino por exemplo:

Citar
Em certa ocasião, o Venerável Anuruddha estava em Savatthi à margem do Sutanu. Então, um grande número de bhikkhus foram até o Venerável Anuruddha e eles se cumprimentaram. Quando a conversa cortês e amigável havia terminado, eles sentaram a um lado e disseram para o Venerável Anuruddha:

“Por ter desenvolvido e cultivado quais coisas é que o Venerável Anuruddha alcançou a supremacia do conhecimento direto?”

“Amigos, é porque eu desenvolvi e cultivei os quatro fundamentos da atenção plena que alcancei a supremacia do conhecimento direto. Quais quatro? Aqui, amigos, eu permaneci contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.

“Eu permaneci contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ... objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.

“Amigos, é porque eu desenvolvi e cultivei os quatro fundamentos da atenção plena que alcancei a supremacia do conhecimento direto. Além disso, amigos, é porque eu desenvolvi e cultivei os quatro fundamentos da atenção plena que por meio do olho divino, que é purificado e ultrapassa o humano, vejo seres falecendo e renascendo, inferiores e superiores, bonitos e feios, afortunados e desafortunados. Compreendo como os seres prosseguem de acordo com as suas ações desta forma: ‘Esses seres – dotados de má conduta com o corpo, linguagem e mente, que insultam os nobres, com o entendimento incorreto e realizando ações sob a influência do entendimento incorreto – com a dissolução do corpo, após a morte, renasceram no plano de privação, um destino ruim, os planos inferiores, no inferno. Porém estes seres - dotados de boa conduta com o corpo, linguagem e mente, que não insultam os nobres, com o entendimento correto e realizando ações sob a influência do entendimento correto – com a dissolução do corpo, após a morte, renasceram num bom destino, no paraíso.’ Dessa forma - por meio do olho divino, que é purificado e ultrapassa o humano, eu vejo seres falecendo e renascendo, inferiores e superiores, bonitos e feios, e compreendo como os seres continuam de acordo com as suas ações.”

Nós podemos dizer, isso é falso, ou isso é verdadeiro. Mas o que vai mudar realmente essa interpretação de verdadeiro e falso? Será uma interpretação superficial, baseada no nosso condicionamento, que não necessariamente corresponde a realidade dos fatos.

Agora existe uma diferença em permanecer aberto, e investigar e penetrar profundamente nesse conhecimento, se conseguirmos obter a visão pela experiência direta, ai já não se trata mais de negar ou de afirmar entende? Não se trata de achar isso ou aquilo, ter uma opnião pessoal, se trata de ver as coisas como na verdade elas são.

Ps: Se você quiser pode dar uma olhada aqui também: http://www.acessoaoinsight.net/sutta/ANIII.100.php
« Última modificação: 10 de Julho de 2008, 10:39:42 por Mauricio Rubio »
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Deus no budismo
« Resposta #13 Online: 10 de Julho de 2008, 11:12:43 »
Agora, a pessoa que tem a capacidade de se livrar dessa doutrina e busca outra, no meu entender é um imbecil, para que sujeitar-se a uma cultuara alienígena, ou qualquer outra que seja se podemos guiar sozinhos nossas vidas?

Quem busca doutrina para seguir é porque gosta de submissão.

Mas nós guiamos sozinhos as nossas vidas? Estamos realmente SÓS?
Não é só a religião que condiciona nossas ações, as ações são condicionadas pelo apego.

Tomando como exemplo o seu avatar, você é são paulino, então você diz:

Eu sou São Paulino, eu não sou palmeirense.
Sou Brasileiro, eu não sou Americano.
Eu sou isso, eu não sou aquilo.
Eu gosto disso, eu não gosto daquilo.
Eu sou assim, eu não sou assado.
Isso é meu, isso não é meu.
Isso sou eu, isso não sou eu.

Essas idéias relativas criam separação e conflito, interior e exteriormente criam sofrimento, e ditam nosso comportamento a todo instante, todas essas formações são condicionadas, nada disso é o Eu, e o apego cria a ilusão e distorce a realidade dos fatos.

Portanto eu não acredito que as pessoas saibam como viver, se soubessem o mundo não estaria imerso em conflito, ignorância e sofrimento.
« Última modificação: 10 de Julho de 2008, 11:36:42 por Mauricio Rubio »
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Týr

  • Nível 36
  • *
  • Mensagens: 3.126
  • Sexo: Masculino
  • ?
    • »Costa Advocacia«
Re: Deus no budismo
« Resposta #14 Online: 10 de Julho de 2008, 11:19:48 »
Então o que você busca no budismo encontra também no cristianismo, ou seja, um deus que toma as decisões por você. Entendi errado?

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Deus no budismo
« Resposta #15 Online: 10 de Julho de 2008, 11:21:18 »
Então o que você busca no budismo encontra também no cristianismo, ou seja, um deus que toma as decisões por você. Entendi errado?

Sim
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Tash

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.191
  • Sexo: Masculino
    • http://about.me/alganet
Re: Deus no budismo
« Resposta #16 Online: 10 de Julho de 2008, 11:48:28 »
O sofrimento nasce da ignorancia, da interpretação erronea da realidade, de não ver as coisas como na verdade elas são e então se apegar ao que é condicionado e impermanente. Então para cortar o sofrimento pela raiz, temos que colocar um fim na ignorância.

O budismo é uma religião extremamente sensata, onde o caminho é percorrido pelo próprio individuo.
A renuncia não vem do querer renunciar ao mundo, ela vem de ver as coisas na verdade como elas são.

Se nós pensamos no mundo em termos pessoais, com o ego, MINHA familia, MEU carro, MEU emprego, estamos vendo as coisas erroneamente, sem sabedoria, porque nada neste mundo é MEU realmente, nem permamente. Então a separação com a sua familia inevitavelmente vai ocorrer muito em breve no momento da morte. Então a renuncia nasce da compreensão.

Sobre "ganhar com isso" também é outro ponto. Quem ganha alguma coisa é o ego, nós acreditamos que "ganhamos" algo, mas isso também é ilusão, na realidade não ganhamos nada, só o que acontece é que nos apegamos a cercas coisas, que por sua condição impermanente causarão sofrimento quando se transformarem.

Eu particularmente entre outras coisas, pratico não exatamente o budismo, mas utilizo-o como base para reflexão, e dessas reflexões e meditações já surgiram inumeros insights que me causaram transformações na visão de mundo. E acredito que sigo uma direção guiado pela minha curiosidade natural, então o que eu ganharia com isso seria exatamente ver as coisas como elas são, isso já não é mais do que o suficiente?

Abraços.

Eu poucas vezes concordo contigo, essa é uma delas.

Agora, a pessoa que tem a capacidade de se livrar dessa doutrina e busca outra, no meu entender é um imbecil, para que sujeitar-se a uma cultuara alienígena, ou qualquer outra que seja se podemos guiar sozinhos nossas vidas?

Você não precisa sujeitar-se a uma cultura completamente diferente para concordar com aspectos de uma religião. Não preciso entoar mantras, raspar a cabeça e vestir laranja pra compreender que o budismo tem excelentes linhas de raciocínio.

Quem busca doutrina para seguir é porque gosta de submissão.

Se eu encontro uma doutrina que possui muita semelhança com o que eu já pratico, por que não estudar mais sobre ela?

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Deus no budismo
« Resposta #17 Online: 10 de Julho de 2008, 12:10:42 »
Você não precisa sujeitar-se a uma cultura completamente diferente para concordar com aspectos de uma religião. Não preciso entoar mantras, raspar a cabeça e vestir laranja pra compreender que o budismo tem excelentes linhas de raciocínio.

Acho que o caso de "ser budista" pode se aplicar também ao que eu estava falando de "eu sou". Se compreendermos corretamente as coisas, podemos utilizar diversos ensinamentos em todos os tipos de coisas para conseguirmos ter uma visão de mundo de uma maneira mais ampla, então não deveriamos estar fechados a nada.

Por exemplo, eu não digo: Eu sou budista.

Porque nesse caso, muitos que dizem: eu sou budista, negam outras fontes de conhecimento, como hinduismo, taoismo e etc por exemplo. Se eu digo, sou catolico, nego e crio conflito com quem não é catolico. Eu sou ateu, eu sou teista. Afirmando ser alguma coisa eu me fecho para as outras.

E realmente, quem é a entidade que diz: eu sou isso, eu sou aquilo, não sou isso, não sou aquilo? Não é a entidade que surgiu do condicionamento? Se estamos tratando do incondicionado, não podemos afirmar que o incondicionado seja nenhuma dessas coisas.

Na realidade, o Eu não é budista, o Eu não é hinduista, O Eu não é isso nem aquilo. o Eu contem todas as coisas mas não É nenhuma delas, então cabe a nós mesmos compreendermos aquilo que É pela experiência direta, mas podemos chegar a essa compreensão se estamos limitados a ser isso ou aquilo? Acho que é disso que se trata a Libertação.
« Última modificação: 10 de Julho de 2008, 12:20:54 por Mauricio Rubio »
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Týr

  • Nível 36
  • *
  • Mensagens: 3.126
  • Sexo: Masculino
  • ?
    • »Costa Advocacia«
Re: Deus no budismo
« Resposta #18 Online: 10 de Julho de 2008, 12:48:53 »
Quem busca doutrina para seguir é porque gosta de submissão.

Se eu encontro uma doutrina que possui muita semelhança com o que eu já pratico, por que não estudar mais sobre ela?
A partir do momento que se sujeita a uma doutrina, fecha-se os olhos para a liberdade, por mais liberal que seja a doutrina.

O simples fato de viver naquele estilo, não significa obrigatoriamente que concorda com tudo, nem mesmo a necessidade.

No entanto, estudar mais sobre ela é sim muito interessante, aliás, não só sobre ela, mas sobre outras também. :ok:

Offline Gigaview

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.604
Re: Deus no budismo
« Resposta #19 Online: 10 de Julho de 2008, 14:09:50 »
Citar
Na realidade, o Eu não é budista, o Eu não é hinduista, O Eu não é isso nem aquilo. o Eu contem todas as coisas mas não É nenhuma delas, então cabe a nós mesmos compreendermos aquilo que É pela experiência direta, mas podemos chegar a essa compreensão se estamos limitados a ser isso ou aquilo? Acho que é disso que se trata a Libertação.]Na realidade, o Eu não é budista, o Eu não é hinduista, O Eu não é isso nem aquilo. o Eu contem todas as coisas mas não É nenhuma delas, então cabe a nós mesmos compreendermos aquilo que É pela experiência direta, mas podemos chegar a essa compreensão se estamos limitados a ser isso ou aquilo? Acho que é disso que se trata a Libertação.

Resumo, essa conversinha de EU é puro bullshit. Aquilo que É pode ser qualquer coisa e portanto não é coisa alguma. Agora, como ter uma experiência direta com Aquilo que não É? Se estamos limitados a aquilo que não É, a Libertação só deve servir para parar de pensar que o Eu é, mas se o EU não é coisa alguma, a Libertação só serve para nos libertarmos dessa bullshit toda. QED

Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Deus no budismo
« Resposta #20 Online: 10 de Julho de 2008, 14:12:50 »
A Libertação só serve para nos libertarmos dessa bullshit toda.

Isso ;)
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Deus no budismo
« Resposta #21 Online: 10 de Julho de 2008, 17:57:11 »
Citar
Tash
Segundo o meu conhecimento, budistas devem praticar o desapego a tudo. Desapego a família, ao dinheiro, aos bens materiais, a vaidade... qualquer coisa. O apego é uma das maiores fontes de sofrimento. No entanto, desapego não significa rejeição ou renúncia. Podemos utilizar o dinheiro como uma ferramenta, querer o bem da nossa família e manter a higiene e boa aparência para uma melhor integração com a sociedade...

Então tou fora. Gosto de ter apego a familia,gosto de poder comprar meus bens materiais e não estou preocupado com isso, nem quando era duro, nem hoje. E sou/era feliz PACAS. Não entendo essa coisa de sofrer sofrer sofrer. Quem fica sofrendo o tempo todo é o cara que esta querendo uma religião, e ele vai continuar a sofrer lá, mas vai dar um racional todo especial a isso.

Todas as demais citações de Maurício

Citar
O sofrimento nasce da ignorancia, da interpretação erronea da realidade

Então vamos: QUAL É a interpretação correta de realidade? O budismo não tem. PONTO. Já li os textos que vc falou, fica falando groselhas como todos os outros.
Se não por favor me mostre a interpretação correta da realidade.

Citar
O budismo é uma religião extremamente sensata, onde o caminho é percorrido pelo próprio individuo.
A renuncia não vem do querer renunciar ao mundo, ela vem de ver as coisas na verdade como elas são.

Todas dizem isso, pelamordedeus, é difícil perceber isso? Que é só mais a mesma coisa de sempre??
Poxa vida, juro, incrível como todo o religioso acha essa afirmação diferente das demais...


Citar
Se nós pensamos no mundo em termos pessoais, com o ego, MINHA familia, MEU carro, MEU emprego, estamos vendo as coisas erroneamente, sem sabedoria, porque nada neste mundo é MEU realmente, nem permamente. Então a separação com a sua familia inevitavelmente vai ocorrer muito em breve no momento da morte. Então a renuncia nasce da compreensão.

Obvio, sei desdo dos 4 anos de idade. Já ensinei para minha filha também...

Citar
Sobre "ganhar com isso" também é outro ponto. Quem ganha alguma coisa é o ego, nós acreditamos que "ganhamos" algo, mas isso também é ilusão, na realidade não ganhamos nada, só o que acontece é que nos apegamos a cercas coisas, que por sua condição impermanente causarão sofrimento quando se transformarem.

Não causa sofrimento algum. E de novo, igual a tudo o resto.

Bom, deixa para la.

“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Deus no budismo
« Resposta #22 Online: 10 de Julho de 2008, 18:01:17 »
Citar
Na realidade, o Eu não é budista, o Eu não é hinduista, O Eu não é isso nem aquilo. o Eu contem todas as coisas mas não É nenhuma delas, então cabe a nós mesmos compreendermos aquilo que É pela experiência direta, mas podemos chegar a essa compreensão se estamos limitados a ser isso ou aquilo? Acho que é disso que se trata a Libertação.]Na realidade, o Eu não é budista, o Eu não é hinduista, O Eu não é isso nem aquilo. o Eu contem todas as coisas mas não É nenhuma delas, então cabe a nós mesmos compreendermos aquilo que É pela experiência direta, mas podemos chegar a essa compreensão se estamos limitados a ser isso ou aquilo? Acho que é disso que se trata a Libertação.

Resumo, essa conversinha de EU é puro bullshit. Aquilo que É pode ser qualquer coisa e portanto não é coisa alguma. Agora, como ter uma experiência direta com Aquilo que não É? Se estamos limitados a aquilo que não É, a Libertação só deve servir para parar de pensar que o Eu é, mas se o EU não é coisa alguma, a Libertação só serve para nos libertarmos dessa bullshit toda. QED

Vocês são mais novos, mas na minha época tinha "os sobrinhos do Athaide". Tinha um personagem Sheila, que falava e não dizia nada. Fiz o dialogo da Sheila com a Pat conhecendo o Budismo:

S- Tipo Assim, Amiga..  Aqui é a Sheila
P- Tipo assim Sheila??? Aqui é a Pat
S- Ai Amiga... to num lance super.. tipo assim... legal
P- Ai Amiga.. me conta
S- Tipo Assim.. não da... sei la.. não sabemos nada e não temos capacidade... tipo assim... é 10
P- Ai amiga, que legal
S- Meu, ce nem acredita... Depois que agente treina... tipo assim.. eu vejo algo que nem consigo contar...
P- Ai Amiga, me conta
S- Meu é algo assim,.... sem palavras...
P- Ai Amiga. que bom
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Deus no budismo
« Resposta #23 Online: 10 de Julho de 2008, 18:16:06 »
É a mesma história de sempre, sou feliz ( ou eu acho que sou feliz ), tenho tudo, tenho familia, casa, amigos, bens e admiro tudo que conquistei, amo minhas conquistas e não sofro, bla bla bla.

Não sei o que você entende por sofrimento, mas minha vida também é em um nivel relativo, ótima, tenho uma ótima familia, amigos, casa, roupa lavada, faculdade, dinheiro e etc etc. Mas eu entendo o que quer dizer SOFRIMENTO, não a palavra sofrimento, mas a coisa em si, o sofrimento se manifesta de infinitas maneiras meu amigo. Sofrimento não é sinonimo de depressão, de estar de mal com o mundo, de estar triste. Todos nós sofremos e você sabe muito bem disso, ninguem está satisfeito, estamos sempre lutando para vir-a-ser, para alterar aquilo que é para um sonho projetado pela nossa mente, entre outras milhares de formas de delusão que podemos citar.

Você está feliz agora, mas se sua filha morrer, ficar doente, ficar depressiva, perder um braço, o que vai acontecer? O que vai acontecer se vc perder sua familia? Se você se separar da sua mulher? Perder seu emprego? Perder seus bens? Você tem que lutar dia após dia para a manutenção de tudo isso, ISSO É SOFRIMENTO.

Nós achamos que somos felizes, sim, mas somos felizes num nivel extremamente limitado, uma felicidade que depende de condições para surgir.
As pessoas dizem estarem satisfeitas e dizem não querer vislumbrar o que é a REALIDADE, elas tem medo de muitas coisas, medo de perder o que conquistaram, tem medo de não conquistar o que sonharam, tem medo de ficar COMPLETAMENTE SÓS, MEDO É SOFRIMENTO.

Você não tem a menor noção do que é experimentar esse estado incondicionado, você NÃO TEVE a experiência direta disso meu amigo, então é muito fácil negar se fechando em si mesmo e dizendo "não quero isso" sem nem saber o que isso representa.

Mas as vezes é inutil tentar discutir com quem vê somente aquilo que deseja ver.

Abraços e passe bem.
« Última modificação: 10 de Julho de 2008, 18:19:23 por Mauricio Rubio »
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Mauricio Rubio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.019
  • Sexo: Masculino
  • Beyond Good and Evil
Re: Deus no budismo
« Resposta #24 Online: 10 de Julho de 2008, 18:23:10 »
As pessoas são tão egoistas que se fecham em si mesmas e tem a coragem de dizer que são felizes sem ter o vislumbre do que é a verdadeira FELICIDADE.
ESTAR COMPLETAMENTE EM PAZ, SEM CONFLITO DE ESPÉCIE ALGUMA.

É muito fácil "ser feliz" no seu apartamentinho no condominio fechado, enquanto bilhões de pessoas sofrem e morrem a todos os instantes mundo a fora. É mundo fácil se fechar em si mesmo e se ver como separado do mundo, achando que é diferente das pobres pessoas que não tem a menor noção de engrandecer suas existencias mediocres.

É muito fácil culpar as drogas, ou sei lá o que for pelo problema da violencia, e não ter a coragem de olhar e ver que o verdadeiro e óbvio problema é a desigualdade, é a raiva, é o apego, é a cobiça e todas as demais delusões que infestam a mente de todos os seres humanos desse planeta.

Mas é isso ai amigo, o sofrimento não existe, é apenas "groselha" da religião.

....
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!