Vamos por partes. Primeiro, o Budismo se coloca sim como uma religião. Muitos comentaristas ocidentais preferem chamá-lo de filosofia, mas não porque o Budismo o encoraje.
Quanto a apresentar uma questão religiosa sem evidências, eu precisaria entender o que você entende por questão religiosa, e onde cabem evidências nelas. O exemplo que você citou é o conceito de renascimento, mas essa não é uma questão religiosa, é um conceito da doutrina. Questão religiosa, no meu entender, teria de ser algo com valor prático.
Bom, se é da doutrina ou da religião, e se A está em B ou B está em A, quem afirmou tem que provar.
E tem que provar porque isso faz parte do mecanismo da religião, e sem dúvida há muitas pessoas que acreditam nisso, e não é bom acreditar em uma mentira.
Propor uma iluminação, da forma como você contruiu a frase, parece uma paráfrase de "prometer a salvação" - uma meta exaltada, muito distante e que nunca é devidamente esclarecida, muito menos atingida. Há o risco de se compreender as coisas dessa forma, mas não é essa a meta. Você não deve porém esperar que o Budismo, ou qualquer outra religião, chegue e diga que "estamos todos ferrados e pronto". Não é por aí, porque não precisa ser.
As religiões criam problemas para vender soluções.
No link que vc enviou, afirma que a aplicação do conhecimento científico é "dirigida exclusivamente para satisfazer interesses egoistas", que "o mundo parece estar repleto de conflito e sofrimento"..., isso nos três primeiros parágrafos.
Depois fala um monte de coisas óbvias. E esse é um primeiro ponto:
Quando algum ser iluminado vai falar algo que preste ou que não seja extremamente evidente???Depois fala que para "Criar a verdadeira felicidade é da maior importância que não somente reflitamos sobre a inter-relação de todas as coisas na natureza, mas que também nos vejamos com clareza como um sistema de relações causais, como parte da natureza, tornando-nos conscientes primeiro dos fatores mentais internos, em seguida dos fatores das nossas experiências de vida, da sociedade e por fim do mundo à nossa volta."
E advinha quem vai a condição de refletir sobre a inter-relação para criar A VERDADEIRA FELICIDADE? Os capítulos posteriores falam que os iluminados podem alcançar isso, que é uma "verdade fundamental, que existe independente do surgimento de seres iluminados". Ou de qualquer ser, presumo...
Se isso não é uma proposta de salvação, não sei o que é.
E esses capítulos falam falam e não falam nada do tal mecanismo. Fica apenas falando de quem consegue ver, o entendimento perfeito, mas não dá nenhuma afirmação inteligível que seja usado para alguém mais do que quem acredita nisso.
Aqui no Ocidente isso acontece, mas não é a regra geral nem mesmo aqui. Que dirá na Ásia, que tem uma relação com a religião bem diferente da nossa.
Bom, por Ásia vou entender os lugares onde o budismo é majoritário. Nesses lugares, por não ter um componente alternativo, os seguidores hajam de maneira mais direta, ou não.
Mas não importa muito. Aqui, o budismo pega as pessoas que querem uma religião e não querem ser do main stream religioso.
O Espiritismo é o oposto do Budismo em tantos sentidos diferentes! A começar porque ELE, sim, tem essa crise de identidade de não querer ser religião, não querer admitir que tem sacerdotes e escrituras.
Na verdade, prefiro algo que fale exatamente o que está propondo, mesmo que seja uma tremenda groselha, como o caso do espirtismo. Esse negócio de
"Verdadeiramente, bhikkhu, um nobre discípulo que é hábil e que compreendeu por ele mesmo, independente da fé em outros, que ‘Quando existe isso, aquilo existe; com o surgimento disso, aquilo surge..."
ou
"Quem vê a origem dependente vê o Dhamma; quem vê o Dhamma vê a origem dependente"
ou
"Vejam, da ignorância como requisito necessário surgem as fabricações"
ou
"Porém, esta geração se delicia com a adesão, está excitada com a adesão, desfruta da adesão. Para uma geração que se delicia com a adesão, excitada pela adesão, desfrutando da adesão, esta verdade, isto é, a condicionalidade isto/aquilo e a origem dependente são difíceis de serem vistas. E também, é difícil de ver esta verdade, isto é, o silenciar de todas as formações, o abandono de todos apegos, o fim do desejo, desapego, cessação, Nibbana. Se eu fosse ensinar o Dhamma, os outros não me entenderiam e isso seria fatigante, enervante"
São frases de cunho reflexivo, cada um tira o que quer, e ninguém diz nada.
Essa sua amostragem não reflete muito bem os testemunhos budistas, Agnóstico. Fica parecendo que estão se fixando em alguma promessa futura, o que realmente é bem raro no Budismo, além de explicitamente desaconselhado com frequência. O Budismo se concentra no momento presente. Mas não o faz de uma forma voltada a oferecer "evidências para os incrédulos". Isso seria proselitismo, de utilidade duvidosa, e não nos interessa.
Bom, só ví promessas. O que conseguiram no presente? Porque estão no Budismo?
Não sei vocês, mas pessoas são movidas por alguma finalidade. Não vou a um lugar apenas por ir sem esperar nada. Posso até achar isso...
Provada... por que? É um princípio filosófico e religioso. Pode-se aceitá-lo ou rejeitá-lo, mas não é um princípio científico para que seja possível ou necessário prová-lo.
Pode me mostrar onde está definida?
E se falou algo tão relevante, tem que provar. Se não deveria ser tirado da religião, para não iludir ninguém.
alterado para terminar um parágrafo do texto citado.