Saudações a todos,
Esse fórum é o clube cético, e não o clube ateu. Creio que não violo qualquer regra, e privilegio a finalidade do site, portanto, ao duvidar de um tipo de ateus.
O tema é recorrentemente polêmico quando em discussão aqui. Ressalto que quero discutir só no campo das idéias; não dirijo nenhuma crítica pessoal a ninguém.
Há os ateus que não acreditam que Deus existe, e há os que têm certeza de que Ele não existe. Este último é o ateu dogmático.
Um ateu que tem certeza de que Deus não existe, baseado na ciência, é tão fundamentalista quanto um crente que aceita determinada religião como única verdadeira. Ambos são dogmáticos, ridicularizam quem não compartilha de seu entendimento e têm certeza de que sabem a verdade.
A ciência não está acabada. Ela não explica todos os fenômenos que acontecem em nosso planeta; e não explica quase nenhum fenômeno que acontece fora de nosso planeta. É unanimidade que nosso conhecimento científico acerca do que nos rodeia é ridiculamente limitado e que infinitamente distantes estamos de uma compreensão que poderia ser considerada plena ou ideal. Desta forma, é falacioso dizer que Deus não existe, já que inverificável cientificamente. O instrumento de verificação ainda não está completo.
É verdade que o ônus de prova de que Deus existe é de quem faz a alegação. Mas é também verdade que se você existe, algo o causou. Ao dizer que a ciência explica o universo sem Deus, surge a necessidade de uma explicação. A essência de ser cético é questionar, e não assumir posições como dogmas desprovidos de provas. É uma coisa dizer que não há prova científica de Deus. Outra coisa é ser dogmático e a partir disso dizer que Ele não existe.
O ônus do prova é o problema do ateu dogmático, que baseia suas conclusões unicamente no que a ciência pode oferecer no momento; o ônus da prova se aplica a tudo, menos à sua visão de ateu dogmático. O método utilizado para a afirmar que Deus não existe - a ciência - está ainda em estágio embrionário quando se avalia o tamanho do universo e o que se conhece cientificamente dele. Os mecanismos de verificação podem comprovar a inexistência de Deus futuramente; mas isso é conjectura, é uma aposta. Não se pode ser dogmático utilizando um instrumento de aferição não terminado. É tão errado adotar esta postura quanto medir um terreno com uma trena quebrada.
A ciência provou que o Deus bíblico, e de qualquer outra religião, tal como concebido nos ditos livros sagrados, não existem. Mas não provou que não existe algum Deus; não algo que é a imagem e semelhança do homem, mas alguma entidade que seja superior. É isso que quero dizer com Deus - não o bíblico, ou do corão ou de qualquer livro dito sagrado, mas algo que seja superior ao ser humano.
A ciência nunca provou que Deus não existe. Só não provou que Ele existe.
Abraços,