Sobre o assunto em si, não acho que se possa dizer que a evolução tenha chegado a um ápice.
A coisa sobre futuramente serem todos fenotípicamente "mestiços" também não corresponde exatamente ao previsível por genética mendeliana. Há uns anos atrás, um casal de mestiços/mulatos teve duas filhas gêmeas, uma loirinha de olhos azuis até, e uma mais pretinha que eles até. Não há "diluição" dos genes como num líquido.
Ao mesmo tempo, mesmo sem seleção natural, pode haver especiação. Em um podcast da ciência hoje, por exemplo, uma cientista postulou a possibilidade de especiação simpátrica (sem separação geográfica) no futuro da espécie humana, com base em diferenças de fertilidade relativa entre casais. Ou seja, casos onde nenhuma das pessoas do casal é estéril, mas que são incompatíveis entre si, meio como se fossem espécies diferentes.
Digamos hipoteticamente que isso seja determinado por um gene ou conjunto de genes "A" e outro "B". O simples diferencial reprodutivo de pessoas tendo maior facilidade de terem filhos em casos de A com A ou B com B do que A com B produz uma espécie de "seleção natural", ou de isolamento reprodutivo entre A e B. Isso pode ser retardado por um tipo de efeito de "espécies em anel", ou seja, em vez de haver apenas A e B, haja maior gradação de incompatibilidade, como A, B e C, onde A e C são mutuamente incompatíveis, tendo maior compatibilidade entre si, mas ambos tendo alguma compatibilidade com B, que faz uma espécie de ponte para fluxo genético. Pode ser, de qualquer forma, que por aleatoriedade ou condições mais ou menos paralelas, eventualmente B desaparecesse, praticamente dividindo a espécie humana em duas.
Isso não parece contestar muito o ponto do "ápice" mas acho o termo um pouco inapropriado até para o que se quis sugerir, que é mais um beco sem saída, um ponto onde não deve haver mais divisão, do que um ápice, um "máximo". Qualquer das duas possibilidades não é uma garantida, de qualquer forma. Nem mesmo o "fim da evolução", como ele sugeriu. Na verdade, pelo que ele sugere inicialmente sobre a tecnologia amenizar os efeitos da seleção natural, se cria o potencial para tendências "disgênicas", de aumentar o número de pessoas que sofrem por doenças genéticas propriamente ditas, ou que tenham características geneticamente determinadas que possam ser consideradas "inferiores", como menor inteligência, e outras características diversas, desde que haja variação genética para isso, tal como houve para chegarmos até aqui.
Esse tipo de cenário também favorece outro cenário possível de especiação, que foi proposto por um economista há alguns anos, mas sumariamente rechaçado na blogosfera científica, onde ele sugeria algo como uma divisão entre pessoas altas, bonitas e inteligentes (geralmente ricas), e baixinhos, feios e de menor inteligência (pobres). Ainda que essas características em si não sejam necessariamente as únicas previsíveis, não é uma impossibilidade que algo do tipo ocorra. Poderia ser até "ao contrário" em alguns aspectos; uma vez que são os ricos que tem maiores condições financeiras e podem lidar através da tecnologia com a disgenia, enquanto os pobres tenderiam a sofrer mais seleção natural, poderia ser que os pobres é que tivessem melhores fenótipos geneticamente determinados, enquanto os ricos precisassem quase que regularmente de um uso massivo de cosméticos, cirurgias plásticas, e drogas de aumento da performance mental, além de assistência médica para suporte à saúde de modo geral, por menor longevidade por causas diversas.