A evolução vai fazer todos entenderem seus princípios.
Voce sabe quem somos nós?
Qual o conceito da vida?
Princípios? Não é esse o papel de uma teoria científica, Erivelton.
O papel de uma teoria científica, como no caso a evolução biológica, é conseguir explicar com sucesso um recorte da realidade, um conjunto de fenômenos. Nisto, a síntese evolutive é excelente, ela explica com sucesso a biodiversidade, a similaridade e as diferenças entre duas espécies quaisquer.
Quem somos nós? O que a evolução nos informou até agora é que somos seres vivos, neomuras, animais, tetrápodas, terapsidas, mamíferos, primatas, catarrinos, da espécie Homo sapiens, subespécie H. sapiens sapiens. E só.
Se você quiser explicações além, como por exemplo quem somos nós politicamente, socialmente, etc., você vai ter que procurar em outros campos.
A ciência não lhe dará um sentido para a vida.
O culpado nunca tem resposta para todas as perguntas. Se não existe tem uma contradição.
A ciência tem?
Qual a relevância de "culpa", "culpado"? Boiei completamente.
Quanto a ciência não te dar um "sentido para a vida", concordo plenamente com o Foxes... não é essa a utilidade da ciência, ela é uma ferramenta que nos informa sobre o que ocorreu e o que pode ocorrer, e nunca sobre o que "devemos" fazer.
Até agora, o que ela informou mais próximo de um "sentido" para a vida é que somos sistemas auto-replicantes. Se você quiser um sentido para a
sua vida, simplesmente não é escopo dela, mas sim da filosofia (mais especificamente, da ética e da moral).
Pergunte ao mestre de obras porque uma casa fica em pé?
Quando se pesquisa as sapatas dão repostas a tudo. E a evolução tem base para respoder a todas as pergurntas?
Muito provavelmente, o mestre-de-obras não irá lhe responder tudo. Nem sobre por que a casa fica em pé. Ele não vai saber p.ex. qual o coeficiente de resistência dos materiais que ele utiliza, e é algo indispensável a uma construção civil. Tampouco irá lhe dizer muita coisa sobre o processo de produção de uma telha, ou da polimerização das tintas. Isso tudo é conhecimento que os engenheiros devem se preocupar, e não o mestre-de-obras.
E tampouco vai saber por que a cozinha deve ficar perto da lavanderia - isso é coisa de arquiteto.
Ele só vai saber quais os materiais utilizar, como comandar a equipe do serviço, quais as ferramentas necessárias para colocar os materiais no lugar...
Da mesma forma, uma teoria sempre recorrerá a outras para explicar o que foge do escopo dela. Não é função da evolução explicar sobre a origem da vida, ou a deriva de placas tectônicas, mas sim, explicar sobre a diversidade da vida e como a espécie X obteve asas enquanto a Y membros prênseis.
Mas evolução não é guiada pelo que os genes e as espécies querem ou deixam de querer; mas sim, mortalidade e descendência diferenciada.
Existe uma força ativa na própria célula que faz ela respirar e sentir fome. Muitas células se organizaram para cumprir determinadas funções.
Entretanto, essa "força ativa" não é uma vontade por trás da célula; são reações diferenciadas que a célula tem, de acordo com as concentrações de alimento no interior dela.
É mais ou menos como o programa de computador que age de uma forma se o arquivo X existe, e de outra caso não exista.
Saindo das bactéria vamos evoluir para algo mais complexo: Chegou num determinado momento em que uma espécie começou a criar células sexuais. O macho e fêmea individualmente.
Como estes seres vivos conseguiram criar células especiais para deixar prole?
Esse pedaço da história evolutiva é realmente bastante complexo; tudo o que temos,
por enquanto, são hipóteses referentes a como isso ocorreu. E pode muito bem ter ocorrido de formas diferente em diversos surgimentos da reprodução sexuada.
Se você estiver com um inglês bom, sugiro que leia
http://en.wikipedia.org/wiki/Evolution_of_sex ; resumidamente, as hipóteses atuais dizem que surgiu como uma forma de troca de genes entre membros da mesma espécie.
Mais tarde, evoluindo para um sistema um pouco mais complexo, aonde cada um dos "pais" fornece metade do genoma para o terceiro indivíduo: meiose e posterior fusão.
Depois, há uma especialização de parte da população em cultivar o terceiro indivíduo até certo ponto - a partir desse ponto, sim, podemos chamar de macho e fêmea.
Voce teria como decifrar a estrutura química deste primeiro ancestral já com todo conhecimento científico que a ciência já tem em mãos?
Até agora, sabemos relativamente pouca coisa sobre ele. Mas já há uma metodologia para ir obtendo estas informações... é meio que uma engenharia reversa, pois você trabalha a partir dos DNAs das espécies atuais para ir progressivamente "voltando" no tempo.
Você descobre, por exemplo, qual o DNA mais provável do ancestral comum a todos os mamíferos, comparando os DNAs dos mamíferos atuais. Então, você faz a mesma coisa com sauropsidas (aves+répteis). Agora você compara o DNA do proto-mamífero* e o do proto-sauropsida, e obtém o DNA provável do ancestral comum a ambos, o proto-amniota. Compara o do proto-amniota com o de anfíbios, depois com o dos vertebrados que sobraram, depois de todos os cordados... e assim vai.
É um processo trabalhoso, e uma pequena descoberta pode alterar muita coisa. Quando você compara o DNA de duas espécies, qual gene é a forma primitiva, e qual a mutante? Neste caso, a gente usa o mesmo esquema que citei acima pra descobrir se o ancestral comum a gorilas, humanos, chimpanzés e orangotangos tinha 23 ou 24 pares de cromossomos.
Este primeiro ancestral não poderia ser uma bactéria?
E porque não várias bactérias?
Em cada uma não poderiam ter se desenvolvido nucleos com DNA e supostamente evolução dos organelos citoplasmáticos?
Depende do que você chama de bactéria. Rigorosamente falando, a primeira bactéria e o primeiro neomura (neomura: clado que compreende eucariotas e árqueas) eram
descendentes do LUCA. Mas isso, se você chama de "bactéria" um clado de espécies.
Entretanto, se para você "bactéria" é um estilo de vida, e você chamar qualquer ser unicelular sem núcleo com apenas uma fita de DNA de "bactéria", o LUCA seria algo parecido, sim.
Mas, note por favor: existem substanciais diferenças entre o LUCA e as bactérias atuais: estas têm uma bioquímica muitíssimo mais complexa que o LUCA tinha, assim como DNA circular (o LUCA, provavelmente, tinha DNA linear como o nosso).
Em cada uma não poderiam ter se desenvolvido nucleos com DNA e supostamente evolução dos organelos citoplasmáticos?
Quando você estuda um grupo de espécies relacionadas, normalmente assume-se que um caractere que todas elas tenham, o ancestral comum a elas também tem.
Veja, por exemplo, a característica de informação genética sob a forma de DNA. Não precisava ser assim com todas as espécies, o RNA por exemplo também pode acumular informação genética. E existem diversas outras possibilidades, como a concentração de substâncias em si já ser uma forma de informação genética.
Era plausível que o DNA tivesse surgido independente em todas? OK, embora improvável, é possível.
Mas, nesse caso, seria possível que as bases nitrogenadas fossem completamente diferentes, e não apenas C T A G. E mais; uma determinada seqüência de três bases sempre codifica o mesmo aminoácido em todas as espécies conhecidas.
Portanto, a explicação mais provável, e mais aceita, é que um ancestral comum a todas as espécies da Terra já utilizava DNA, codificação de aminoácidos igual à nossa, membrana celular, entre outras coisas.
Somente um LUCA ou um grupo de LUCAS?
Como este único LUCA iria se dividir em duas espécieis?
Respondendo às duas de uma vez só...
O LUCA foi se replicando, replicando e replicando... dando origem a diversos indivíduos da mesma espécie. Até aí, OK?
Então, um dos descendentes do LUCA tem uma mutação, por exemplo, DNA circular e não linear. O que já seria suficiente para considerar este descendente como uma nova espécie, digamos que ele foi a primeira bactéria. Esta bactéria (agora sim, bactéria no sentido estrito) também foi se duplicando, e passou a competir com o LUCA p.ex. por recursos como alimento.
Do outro lado, das cópias do LUCA que sobraram, surgiu outra mutação em outra cópia, que deu origem ao primeiro neomura. Assim como a primeira bactéria, ele também passou a competir com o LUCA por alimento.
Chegou uma hora que ambos, a espécie "bactéria" e a espécie "neomura" começaram a ter tanto sucesso reprodutivo, que o LUCA original acabou se extingüindo.
Mais tarde, entre as cópias do primeiro neomura, surgiu uma delas que segregava o DNA em um compartimento separado, dando origem ao primeiro eucariota. E assim o processo se repete, várias e várias e várias vezes...
[Depois termino de responder. Vou almoçar, que daqui a pouco vou pro encontro do CC em Curitiba

]