Chegou um momento X da evolução que uma célula começou a desenvolver um nucleo com DNA. Alí estaria se desenvolvendo o código genético daquela espécie.
Ao que tudo indica, DNA é anterior a células nucleadas. Existem células com DNA e sem núcleo... bactérias.
Como ela ainda não tinha uma outra célula com DNA para fertilizá-la, se desenvolvia através do seu próprio metabolismo como um ser assexuado.
Só uma palavra de cautela...
Aqui, merece um pouco de cuidado quanto às expressões. Usamos expressões corriqueiras do tipo "ela não tinha com quem se reproduzir, por isso era assexuada", "o organismo quer", etc. Mas evolução não é guiada pelo que os genes e as espécies querem ou deixam de querer; mas sim, mortalidade e descendência diferenciada.
Sexo começou de uma forma bastante similar à conjugação de algumas bactérias, aonde uma transfere DNA a outra antes de uma duplicação. Com o tempo, houveram mutações que "especializaram" algumas células em receber material genético, outras em doar. Tais mutações foram especialmente bem-sucedidas, entretanto, em seres multicelulares, como plantas e animais.
Temos vários exemplos na natureza em que o macho cruza com a fêmea e dalí nasce um novo ser.
A coisa complica, e dá uma dimensão nova, se você considerar que macho e fêmea não são excludentes. A maior parte das plantas, assim como caracóis e minhocas, são hermafroditas.
Como num passado tudo era bastante simples onde somente havia seres assexuados, fica a pergunta de como se originou as primeiras células pares para que pudesse ter prole sexuada.
Estes seres sexuados evoluíram de seres bem simples(procariontes) ou as células sexuais(macho e fèmea) evoluíram a parte sem nenhum parente procarionte?
Respondi acima (maldita mania minha de ir lendo aos poucos e respondendo aos poucos...

)
Sexo, asas, vida em terra firme, entre outras coisas, são "invenções" (note as aspas) tão vantajosas que não só apareceram, mas se mantiveram, em diversas ocasiões e espécies indepedentemente.
Uma outra pergunta que eu gostaria de saber: Uma célula animal completa como vemos hoje, ela ficou pronta logo na evolução do primeiro ser sexuado?
Células não estão "completas" ou "incompletas". Sempre pode aparecer algo novo na célula, ou algo velho pode sempre desaparecer. Isso será devido a mutações, que são aleatórias. Se essa mutação vai permanecer ou não, vai depender de seleção natural. E, finalmente, ela será passada por hereditariedade.
Quer dizer: O primeiro casal de espécie sexuada tinha uma célula animal completa ou esta célula ficou totalmente pronta ao longo da evolução de seres mais complexos?
Há animais que ainda se reproduzem assexuadamente, como as esponjas e parte da reprodução dos cnidários (água-viva, hidra, etc.). Então, é sensato assumir que a reprodução sexuada surgiu depois de terem surgido animais.

Explicando o provável surgimento de algumas coisas nessa imagem...
Núcleo = segregração progressiva do DNA em um compartimento, o que diminui a chance dele ser destruído por agentes externos e aumenta a concentração das substâncias químicas que interagem com ele.
Mitocôndria = uma bactéria mal comida

. Falando sério, uma célula eucarionte fagocitou ("comeu") uma bactéria que tem um processo de produção de energia bem legal e eficiente. Entretanto, tal bactéria sobreviveu e estabeleceu simbiose com a célula eucarionte. Evidência disso é que, ao contrário das outras organelas, a mitocôndria tem DNA próprio e circular (igual ao das bactérias).
Vilosidades e retículos = aparentemente, iniciaram como "ranhuras" nas membranas entre a célula e o ambiente e entre o citossol e o núcleo. Qualquer ranhurinha já é vantagem, por aumentar a superfície da célula e, portanto, aumenta as trocas de íons e moléculas entre os compartimentos.
Só sugiro um pouco de cuidado com as ilustrações de células... a maioria delas é feita só pra ficar didática, e não corresponde a uma célula em específico. Essa, por exemplo, tá meio estranha, o formato dela não condiz com vilosidades (p.ex., as células do intestino, que tem vilosidades, são cilíndricas).
Mas, as 3 primeiras possuem uma particularidade. E acho que por daí pra entender de onde surgiu o primeiro ser sexuado. Mas, pense que não há apenas um descendentes nessas etapas, mas muitos, portanto, qualquer característica será passada para gerações seguintes e será espalhada de forma exponencial.
Isto aqui não dá sentido do que tenho falado desde o início?
Mas, pense que não há apenas um descendentes nessas etapas, mas muitos
Se existem várias espécies cada um teve seu ancestral comum. Então cai por terra a teoria de um único ancestral mãe para todas as espécies.
Hora das figurinhas


Isso, acima, é uma árvore cladística, também chamada de cladograma. Um cladograma representa diversas espécies, com sua história evolutiva. Por ele, dá pra ver quem é "primo em primeiro, segundo, quinto grau", etc. - ou seja, que espécies estão mais próximas de que espécies. Alguns cladogramas ainda por cima apresentam as datas aproximadas da divisão das espécies, mas esse não.
(No caso, esse é parte de um cladograma gigantesco que eu tô fazendo com a árvore da vida. Esse pedaço aí representa
parte dos primatas, mas serve - o raciocínio é o mesmo para 3, 300 ou 300 milhões de espécies.)
Dê uma olhada no ponto que eu coloquei um F, e tudo que está à direita do ponto. Ele diz que babuínos e mandris são parentes mais próximos entre si do que com qualquer outro primata do cladograma. Até aqui, OK?
Se eles são parentes próximos, eles vieram de um ancestral comum. Em algum ponto do passado, não existiam babuínos e mandris, mas somente
a espécie que deu origem a ambos. Essa espécie (que por falta de nome, vou chamar só de F) é o ancestral comum deles, a espécie "mãe".
Agora, analise a linha acima de ambos, que leva à espécie rhesus. Rhesi também são parentes de babuínos e mandris, só que um pouco mais distante (pense em babuínos e mandris como sendo irmãos entre si, e os rhesi como tios deles). Isso quer dizer que babuínos, e mandris, tem um ancestral comum com rhesus - a espécie G. Esta espécie é ancestral comum
não somente a babuínos, mandris e rhesi, mas também da espécie F. É ancestral de um ancestral, a espécie "avó".
E assim vai. Se você for seguindo o raciocínio, a espécie J é tatara-tataravó não somente dos nomes que eu coloquei no cladograma, mas também das espécies A, B, C, [...] H e I.
E, se você estender o raciocínio a todos os mamíferos, encontrará um ancestral comum não só a todos os mamíferos atuais, mas também a todos os ancestrais entre eles. E por aí vai.
Há diversos ancestrais? Sim, há. E ancestrais desses ancestrais. O LUCA que a Raven falou é o ancestral de todo mundo junto: nós humanos, outros animais cogumelos, plantas, bactérias, e infelizmente, até de pinschers (a.k.a "bolas de futebol com pernas"). É isso! rs
Ou seja: existirem vários ancestrais não só não refuta um ancestral comum, como é uma condição obrigatória a um ancestral comum!
Não precisava ser assim. A vida poderia muito bem ter surgido diversas vezes no mesmo planeta, embora isso fosse um pouco difícil. Bactérias, árqueas e eucariotas poderiam ter sido originados de três ancestrais não relacionados, e portanto não haver um LUCA (mas sim, um LBCA para as bactérias, um LACA para as árqueas e um LECA para nós eucariotas). Mas as evidências que temos até agora sugerem exatamente o contrário, que houve um LUCA que deu origem aos três grupos.
E um em off, que não tem nada a ver com o papo: muita gente confunde o LUCA com a origem da vida. Pode ser - mas provavelmente não é. Para entender isso, vamos ao cladograma acima de novo...
A espécie J é o ancestral comum a todos os primatas da lista, certo? Vamos dizer que ela é o LPCA - Last Primates Common Ancestor, ou seja, último ancestral em comum dos primatas.
Agora suponha que por algum motivo, as espécies descendentes da E fossem extintas. Todas. Antes, o LPCA era a espécie J, agora não é mais - é a espécie I. Porque a espécie I passa a ser o
último ancestral comum entre as espécies existentes. Só que tá bem claro que a espécie I não é a origem dos primatas, oras - ou é a espécie J, ou uma espécie anterior a ela.
A princípio é muito difícil acreditar de que organismos bem simples de acôrdo com a evolução surgiriam seres bem mais complexos.
E, entretanto, ao que tudo indica... foi isto que aconteceu. Cópias mal-feitas de genes, duplicação com posterior diferenciação entre as cópias... isso vai juntando cada vez mais DNA, o genoma de uma espécie vai crescendo... muito provavelmente, o LUCA tinha uma fita só de DNA (não dá nem pra falar em cromossomo, neste caso, que é um "modo" do DNA se organizar).
Creio que este ancestral comum não tinha 22 PARES DE CROMOSSOMAS, mas alguns pares bem menores que com tempo estes pares foram ganhando e perdendo. É muita pancada na cabeça para entender isto.
Para entender como se ganha, ou perde, cromossomos, um caso interessante é a nossa própria espécie.
Dos símios, somos os únicos que tem 23 pares de cromossomos, enquanto os outros tem 24. A questão óbvia é... "aonde o 24º par foi?!?!?"
Agora, olhe isto:

HCGO indicam, respectivamente: humanos, chimpanzés, gorilas e orangotangos.
Considerando origem comum das quatro espécies, duas coisas podem ser supostas:
1. Humanos fundiram dois cromossomos em um só.
2. As outras espécies dividiram um cromossomo em dois.
Aqui entra navalha de Ockham... vide o cladograma das letrinhas. Para as outras espécies terem separado os cromossomos, estas divisões deveriam ser independentes, pois se fosse ao ancestral comum de todas, afetaria humanos também. São três eventos.
Em compensação, assumir que nos humanos os cromossomos se fundiram é um evento só, e é essa a hipótese aceita. Então, essa fusão cromossômica vem de
depois da espécie B ter gerado a A e humanos (há 6 milhões de anos) e
antes de hoje, rsrs.
[Nesse ponto, seria extremamente elucidativo se pudéssemos recuperar DNA de fósseis de outros hominídeos desse meio-tempo... daria pra saber com mais precisão quando isso ocorreu...]
E isso leva a uma outra conclusão interessante: houveram uma espécie de hominídeos, nossos ancestrais, na qual conviveram indivíduos com 46, 47 e 48 cromossomos. Só que número de cromossomos é um dos fatores que mais ajuda em "inviabilidade do híbrido" - indivíduos com pares cromossômicos tendem em a ser mais férteis que indivíduos com números de cromossomos ímpar. O que leva, em última instância e junto com outros fatores, à divisão em uma espécie.
Como tá acontecendo com esse ratinho aqui,
http://www.ambienteemfoco.com.br/?p=1025 .
Bom, é isso. Falei demais, respondi coisas que você não perguntou

, mas espero que meu post tenha sido útil.
Abraços!