Quem pode saber são eles. Ou mais exatamente, a conduta deles nessa situação contribuiu para moldar a moral pessoal de cada um deles.
Dantas, você está dizendo que cada um tenha consciência e se julgue seus próprios atos. Errados ou certos, não importa, a moral é íntima.
É formada a partir dos julgamentos íntimos, sim. Mas a matéria-prima são os atos concretos.
O mesmo pode ser dito dos políticos envolvidos, bem como de nós expectadores distantes. E, claro, da moça que sobreviveu.
Se, como você afirma, cada um que julgue sua própria moral, e se o Direito também é algo maléfico, e que não deveria existir,
O Direito não é em si ruim, Jus. O que é ruim é aumentar a importância dele para além de sua competência. Direito é "controle de danos", é o que se usa
depois que a moral falhou. É a equipe de remoção de escombros, não a de construção de prédios.
Quanto mais espaço tem a moral, menos tem o Direito, e vice-versa. O Direito é necessário quando a moral não está bem formada ou bem cuidada (aliás, o Tao Te Ching diz isso quase com essas mesmas palavras) e a Moral atuante e madura tira naturalmente o espaço do Direito, reservando-o, como deveria, para situações bizarras ou particularmente raras.
Do meu ponto de vista, porque o Direito tenta substituir a cidadania, centralizando em algumas poucas pessoas o que deveria ser cultivado por todas... lamento, mas é o que eu penso.
Então nem moral nem Direito são coisas úteis.
Como assim? Claro que são úteis e necessários, ambos.
Qualquer conduta deve ser julgada por quem a realizou, usando da consciência. Errados ou certos, não importa, o erro é sempre relativo, eis íntimo. Pode-se fazer qualquer coisa, eis que a única pessoa que deve julgar é quem praticou o ato.
Não, nope, necas, negativo, de jeito maneira.
O motivo por que tanto Moral quanto Direito são necessários é porque as consequências de um ato transcendem ao escopo puramente individual.
As duas disciplinas lidam com essa constatação de formas diferentes (preventivamente e intimamente no caso da Moral, reativamente e normativamente no caso do Direito) mas nenhuma das duas tem razão de ser em situações que não envolvam consequências extra-individuais.
A Moral
aje no indivíduo e
é construída individualmente, mas é motivada pela constatação da realidade dos efeitos em outros.
Vamos dizer isso para o Fernandinho Beira-Mar.
Seria mesmo interessante conhecer as idéias dele sobre o assunto. Como será a capacidade de discernimento dele? Eu adoraria ter a oportunidade de conhecer a cabeça dele, bem como a do ACM e a do Gabeira, para citar três nomes.