Autor Tópico: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx  (Lida 18782 vezes)

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Offline JUS EST ARS

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #100 Online: 05 de Novembro de 2008, 00:12:29 »


"Fidelidade" é um princípio também abstrato.

Só que há um complemento específico, aplicável ao casamento, que também é algo concreto. Honestidade no casamento também seria uma regra.



Offline JJ

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #101 Online: 05 de Novembro de 2008, 08:38:51 »



O que Marx propos que funcionou Luis? O método histórico? Um sistema econômico? Uma crítica ultrapassada do capitalismo?
Pode me explicar? 



E qual seria uma crítica  atual do capitalismo ?    :?:

Ou não existe crítica possível ?   :?:

É um sistema perfeito ?   :?:

Tudo é mil maravilhas nos  capitalismos existentes no mundo ?    :?:

Você vê algum defeito no sistema capitalista ?    :?:

« Última modificação: 05 de Novembro de 2008, 12:32:36 por Helder »

Offline Moro

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #102 Online: 05 de Novembro de 2008, 13:52:34 »
Helder, você tá brincando né...

Não é perfeito, está cheio de problemas, não é a mil maravilhas, óbvio.

Mas possui muito mais casos de sucesso relativo do que o socialismo, óbvio também (que na verdade não possui nenhum)

Nem sequer entendi sua pergunta, Helder.
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Offline JJ

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #103 Online: 05 de Novembro de 2008, 14:05:50 »
Helder, você tá brincando né...

Não.


Não é perfeito, está cheio de problemas, não é a mil maravilhas, óbvio.

Concordo.


Mas possui muito mais casos de sucesso relativo do que o socialismo, 

Concordo.



Nem sequer entendi sua pergunta, Helder. 


Entendeu sim, pois você respondeu !


Só faltou responder uma pergunta:   qual é a  crítica atual  (não ultrapassada)  do capitalismo  ?


Pois se a crítica de Marx é ultrapassada, ela deve ter sido  ultrapassada por alguma crítica mais moderna. Qual ??


.
« Última modificação: 05 de Novembro de 2008, 14:12:52 por Helder »

Offline Moro

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #104 Online: 05 de Novembro de 2008, 18:19:38 »
Helder, leia o tópico

Apesar de tentar, ainda não consigo ver como o marxismo pode trazer alguma coisa que seja útil e atual para o entendimento da economia ou mesmo história.


Se esforçando, só consigo ver uma coisa potencialmente esclarecedora que o marxismo enfatiza mais do que qualquer outra teoria econômica: a separação entre os que detém os meios de produção e os que não tem.


Obviamente, para o marxismo isso implica necessariamente em exploração dos últimos pelos primeiros, mas esse jogo de soma zero é errado (a idéia de que se alguém ganha outro necessariamente terá que perder). Porém, uma coisa importante deriva disso: mesmo que os que não possuem o capital não sejam necessariamente explorados pelos que possuem, eles continuam sendo dependentes de alguma forma dos que possuem.

Ou seja, a única forma das pessoas que não possuem capital terem renda é sendo empregado ou contratado pelas que possuem.

Se os que possuem capital decidem, por uma razão ou outra, paralisar seus bens de capital ou pôr seu dinheiro debaixo de colchão (como em épocas recessivas), os demais ficarão em delicada situação.

Concluindo: para que a economia funcione, é imprescindível que os que possuem capital consumam e/ou invistam. Sem isso, tudo vem abaixo.


Daí, a importância de medidas keynesianas em épocas recessivas, quando o hipo-consumo e hipo-investimento privado é complementado por consumo e investimento estatal.


e...



Citação de: Luis Souto
O diagnóstico feito sobre as características do sistema capitalista continuam atuais : a necessidade permanente de transformação técnica ,

Quer dizer que se parar de haver inovações tecnológicas, a economia pára. Nada a ver!

As inovações técnicas ocorrem de forma imprevisível na maioria das vezes, muito dinheiro é investido com o objetivo de se descobrir meios de aumentar o lucro ou diminuir custos, mas isso não significa que o lucro atual diminuirá ou cessará se as inovações não vierem.

Na verdade, o maior problema trazido pelas inovações técnicas é a mão-de-obra humana tornando-se dispensável de forma crescente. E isso é o oposto das previsões de Marx: ele dizia que quanto mais mecanizada for uma indústria, menos lucro terão e conseqüentemente mais a mão-de-obra humana seria "explorada". Por sua teoria econômica, sóa mão-se-obra humana produz "valor novo", e portanto, era de se esperar que os capitalistas disputassem a tapas cada trabalhador.

Citação de: Luis Souto
expansão contínua de produção e mercados ,

Idem ao anterior. As necessidades humanas são sempre crescentes, é natural que a produção aumente para atender essas crescentes necessidades. Entretanto, não ocorrerá uma catástrofe econômica porque a produção e os mercados não se expandiram. As maiores crises recessivas já ocorridas na verdade tiveram como característica pré-crise maior produção, e não menor.

Citação de: Luis Souto
ocorrência de crises econômicas...

Crises econômicas é algo tão velho quanto a humanidade. Qualquer sistema totalmente desregulamentado tende a ter altos e baixos, desde a população de predadores e presas até uma economia de mercado. Os ultraliberais não reconhecem isso, acham que a economia de mercado totalmente desregulamentada nunca teria altos e baixos se não fosse fatores exógenos.


Citação de: Luis Souto
Não confunda análise das características do sistema com proposta de transformação do sistema , embora a esta esteja relacionada àquela não há nexo de necessidade nem o mesmo valor de verdade. A partir da mesma análise marxista propostas políticas diferentes e divergentes podem surgir.

Quanto ao método de análise histórica acho que a brincadeira é de sua parte. Nenhum historiador sério atual segue um método de análise histórica que não se baseie ou parta das bases postuladas por Marx , nem mesmo aqueles que teóricamente mais criticam o  método marxista ( vide a escola dos Annales ou a chamada História das Mentalidades ou os pós-modernos) ,nem retornam às concepções da História pré-marxista , mas avançam a partir da teoria marxista. Não conheço nenhum historiador ( exceto os revisionistas que negam fatos históricos , como o Holocausto) que ainda use a concepção providencialista de Agostinho , ou o apelo a entidades transcendentes ( como o Espírito Nacional , a Raça , etc...) ou os feitos dos "grandes homens" como explicação para os fatos históricos.

Afinal , qual o historiador você que nega a validade desta posição ( mesmo que a considere insuficiente)?


Na verdade, nenhum historiador sério diz que apenas um fator, seja qual for, é o determinante dos acontecimentos históricos. Todos eles contribuem. Há fatores econômicos, culturais, emocionais, pessoais ("grandes homens"), religiosos, geográficos, climáticos, técnológicos, etc etc etc etc.


Citação de: Luis Souto
Citar
O resultado geral a que cheguei e que , uma vez obtido , serviu-me de fio condutor aos meus estudos, pode ser formulado em poucas palavras: na produção social da própia vida , os homens contraem relações determinadas , necessárias e independentes de sua vontade , relações de produção estas que correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento de suas forças materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade , a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política , e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida da vida material condiciona o processo geral da vida social , político e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina seu ser mas , ao contrário ,é o  seu ser social que determina sua consciência

Karl Marx ,prefácio da Critica da Economia Política in Marx coleção Os Pensadores , Nova Cultural , 1991

O texto estaria 100% correto se não fosse um detalhe importante: Marx diz que estas relações sócio-econômicas entre as pessoas "correspondem à uma etapa determinada de desenvolvimento de suas forças materiais". Estaria certo se ele não dissesse que apenas isso é fator determinante.

Por exemplo: não consigo enxergar diferenças significativas nas técnicas produtivas entre a época do Império Romano ("escravismo", segundo Marx) e a feudal. Parece-me que o fator político e exógeno (acontecimentos externos, como a grande onda imigratória germânica, deslocados pelos hunos) teve papel muito maior do que o técnico nessa mudança.

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #105 Online: 05 de Novembro de 2008, 18:20:51 »


Então eu gostaria de perguntar para você especificamente... Qual ideologia é necessária para você progredir, Jus?  Qual ideologia que você tem que, sem ela, você não conseguiria viver?

Para mim somente, especificamente, que eu não conseguiria viver?

No sentido de me sentir bem comigo mesmo, de estar em paz, creio que principalmente a ideologia da moral valorativa.

No sentido de sobreviver, não consigo imaginar nenhuma específica, acho que qualquer uma, inclusive a ideologia do crime organizado ou nazismo.



Jus, é impressão minha, ou você está dizendo que nenhuma ideologia é importante para você... exatamente como estou postulando...
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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #106 Online: 05 de Novembro de 2008, 18:30:18 »


Se você diz no sentido de sobreviver que coloquei, então sim, concordo com você, não faz diferença.



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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #107 Online: 05 de Novembro de 2008, 19:28:59 »
jus

e em qual sentido, de maneira especifica, uma ideologia faz falta para voce?
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Offline JUS EST ARS

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #108 Online: 05 de Novembro de 2008, 23:31:53 »


A conversa é doida, como eu havia dito, portanto, já que perguntou, aguente: :P

Uma ideologia me é necessária no sentido de ser algo que eu possa me agarrar e encontrar algum sentido e norte para minha vida. Mas acontece que eu não quero qualquer sentido, eu quero o sentido certo. E sendo assim, tal sentido deve ser lógico e bom. E deve ser bom não só para mim, deve transcender e ser objetivamente bom também para qualquer um. Não só bom, mas também útil. E além disso tal sentido deve compreender que seres humanos têm limitações de ordem material e contextual, não pode ser utópico e irrealizável na prática. E não posso depender de ato nenhum dos outros além do que normalmente se espera. E tem que ser algo que me faça compreender que há quem dependa de mim, que não sou dono da verdade e que sempre devo estar aberto à possibilidade de estar errado. E tudo isso guiado por não fazer aos outros o que não gostaria que me fizessem. E talvez o principal: a crença inabalável de que tal sentido existe.

Como se vê, é algo altamente complexo. Nunca encontrei algo melhor a se encaixar nisso que a tríade liberdade, igualdade, fraternidade, e a evolução histórica que causou múltiplos sentidos a esses três princípios.

A forma particular que entendo tal tríade é no sentido de que leis não são necessariamente critérios de atos bons; Direito não necessariamente é critério de ato bom; e opiniões de maiorias não são critérios de atos bons.

As únicas coisas absolutamente boas são os princípios, que são valores bons e incontestáveis. Não há como se opor à liberdade como princípio; nem igualdade, nem fraternidade, nem dignidade, honestidade, lealdade etc.

A isso, aplico o método da proporcionalidade em caso de dúvida, que consiste em três passos: adequação, menor ingerência e proporcionalidade em sentido estrito/análise do resultado prático/justa medida/manutenção da essência.

Desta forma, da situação concreta retiro a regra abstrata; dela os valores; e nos valores aplico o método.

É uma viagem, confesso, e você pode estar me achando meio doido agora; mas foi o que encontrei para me deixar feliz e sem peso na consciência. Respondendo então: é nesse sentido específico que uma ideologia me faz falta; compreender que encontrei uma ideologia que me ajuda a lidar com problemas cotidianos me é indispensável.



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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #109 Online: 05 de Novembro de 2008, 23:50:40 »
Pois é Jus...  eu poderia então falar que minha ideologia é tentar fazer coisas boas, ser justos com as pessoas, ser sincero... E não estamos sendo específicos suficientes para termos uma ideologia.
Isto, na verdade, de tão abrangente pode ser colocado em todas as ideologias. Não imagino que fraternidade, igualdade e liberdade não são utilizados por qualquer ideologia, desde uma religiosa até a nazista, passando claro pela socialista. Isto basicamente são as palavras de ordem delas.

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #110 Online: 05 de Novembro de 2008, 23:55:34 »


Sem dúvida, por isso que ninguém pode se opor a elas. Por isso que a única verdade boa está ali.

A única forma de se prever o futuro é olhar o passado, e tentar não repetir os erros. Creio eu que da forma como expus, e me pautando por aquilo eu não repetirei os erros crassos do passado.



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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #111 Online: 06 de Novembro de 2008, 00:09:33 »
Jus

Esses três princípios podem estar em qualquer lugar, não precisam estar na ideologia. Alias, a ideologia nos aponta para repetições de erros do passado. Puxa vida, Jus, você nos ~ultimos posts basicamente negou a necessidade da ideologia

Você concorda que quanto pior o texto pior (como estávamos falando no outro tópico). Eu posso postular igualdade, fraternidade sem as besteiras de qualquer ideologia (incluso a religiosa), que certamente me gerará ruidos.

Sobre sua assinatura... Não fica claro que não há essa questão do meio e dos fins na vida cotidiana? O resultado certamente não é o mesmo...
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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #112 Online: 06 de Novembro de 2008, 00:13:17 »


Não estou entendendo. Você qualifica aquela minha resposta de ideologia?



Offline Moro

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #113 Online: 06 de Novembro de 2008, 00:17:25 »
Não. Aquilo está presente em 99% das ideologias Jus, e cada uma dela cria um racional distinto para alcança-los, mesmo que no final preguem a destruição e a morte.
São simplesmente palavras de ordem (Fraternidade, Igualdade e Liberdade), não é específico o suficiente.

Difícil entender sua posição de que qualquer religião leve a um mesmo fim, por exemplo... só se forem nessas palavras de ordem que no final são alcançadas através de qualquer racional ad hoc.
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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #114 Online: 06 de Novembro de 2008, 00:27:34 »


Citação de: Agnóstico
Difícil entender sua posição de que qualquer religião leve a um mesmo fim, por exemplo... só se forem nessas palavras de ordem que no final são alcançadas através de qualquer racional ad hoc.

Não está escrito que o que importa é a religião, mas sim quem é o adepto. Não é o fato de ser uma ou outra ou nenhuma religião que levará alguém ao mesmo fim.

Você foi adepto do espiritismo e médium. Decerto que naquela época você era um cara bom, como aparenta ser hoje. E decerto que você praticava atos bons, muito embora hoje abomine aquela religião. Você não se contentou com alguma coisa que viu ou deixou de ver lá, e por isso abandonou-a. Mas me diga: na essência, seus bons atos são diferentes daquela época?

Não importa se você é espírita ou agnóstico ou ateu; o que importa é realizar bons atos, o que importa é você.

Portanto, qual a diferença prática entre uma e outra coisa, objetivamente em relação a seus bons atos?



Offline Moro

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #115 Online: 06 de Novembro de 2008, 00:32:33 »
Excelente ponto Jus...

E na realidade, a doutrina espírita me atrapalhava a fazer atos bons, era um ruído para a minha excência, isto que estou desesperado para que você entenda...

A doutrina espírita falava que quem sofre está pagando um mau que fez à outrém em outra encarnação. Portanto, isso era um acerto de contas dela, e de fato é comum ouvir isso dos espíritas. O mesmo ocorre com as testemunhas de Joevá, que aos pobres só dão alimento ao espírito para não atrasar a vida de cristo à terra. Me de uma religião, e eu te mostro como ela nos atrapalha de fazer o bem, Jus.
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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #116 Online: 06 de Novembro de 2008, 00:41:14 »


Citação de: Agnóstico
E na realidade, a doutrina espírita me atrapalhava a fazer atos bons, era um ruído para a minha excência, isto que estou desesperado para que você entenda...
Me diga, você diz isso no sentido de que era ruim para você ou para os outros? Poderia especificar?

Estou certo que durante algum tempo ela lhe foi útil para te fazer pensar sobre várias coisas que não pensava antes, e durante esse tempo foi bom. Acontece que você transcendeu a doutrina, no sentido de que extraiu tudo de bom que ela poderia lhe oferecer, descartou tudo de ruim, e encontrou algo melhor que ela.

Mas muitos não conseguem fazer isso Agnóstico, ficam presos à doutrina dogmaticamente, não conseguem separar a parte boa da ruim, ficam presos à literalidade do texto, e talvez até piores do que se não tivessem seguido tal religião. E o grande paradoxo é que tal coisa lhes parece absolutamente necessária.



Offline Moro

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #117 Online: 06 de Novembro de 2008, 00:50:53 »
Jus,

O espiritismo foi contingente na minha vida. Se eu não o tivesse encontrado, possivelmente eu teria amadurecido muito antes, vencido minha gagueira antes.
A informação que o espirtismo me deu foi algo a ser superado, não algo que me ajudou mais do que eu poderia alcançar com informações melhores, como era de se esperar.

A grande questão não é ficar preso ou não à literalidade do texto Jus. Que tipo de coisa eu preciso descartar para interpretar o trecho bíblico em que uma ursa ataca e mata crianças como punição por uma chacota?

Pense bem... não existe nada aí que não atrapalhe, isto não é ficar preso a literalidade, é simplesmente não duplipensar Jus.

Mais uma vez: Não fosse a religião, eu teria progredido muito mais, minha essência não teria as amarras que me conteram por mais de vinte anos.
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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #118 Online: 06 de Novembro de 2008, 01:04:14 »


Se você sinceramente pesa de um lado o que o espiritismo lhe moldou, e de outro o que ele lhe retirou; se acha que na época já era capaz de entender o que entende hoje; se não acha que desdobramento natural no seu caso de ter passado no espiritismo era ver o que vê; e se acha que entenderia o que entende hoje sem ter que passar pelo espiritismo, então só me resta lhe dar razão, ele só lhe fez mal.



Offline Moro

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #119 Online: 06 de Novembro de 2008, 01:12:27 »
Jus

Nenhuma experiência de nossa vida é somente má. Na nossa vida, as coisas tendem a estabilidade, e portanto estamos programados a encontrar as coisas boas que aprendemos depois da tormenta.
Como toda a situação indesejada, eu posso tirar algo de bom do espirtismo, ele me mostrou como é ruim ser preconceituoso, como é possível se auto-iludir a ponto de negar a própria realidade. Mas veja, ele foi em boa parte um vetor do problema que gerou meu aprendizado.

Eu entendo que temos que analisar comparativamente. O que seria de mim se tivesse a oportunidade de conhecer pessoas deste site antes, 20 anos antes, e debatido por 10 dias igual um demente, defendendo o espiritismo para as pessoas preparadas daqui? Eu teria economizado 20 anos, neste quesito específico.

Quando eu critico a ideologia, eu levo em consideração que existe uma postura muito melhor e que abrange com vantagens tudo o que de bom uma religião possa dar.

Gostaria de te entender sobre esse assunto.
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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #120 Online: 06 de Novembro de 2008, 01:16:23 »


Citação de: Agnóstico
Quando eu critico a ideologia, eu levo em consideração que existe uma postura muito melhor e que abrange com vantagens tudo o que de bom uma religião possa dar.

Que é o quê?



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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #121 Online: 06 de Novembro de 2008, 01:19:39 »
Jesus Cristo, ora  (hehe)

Saber lidar com o desconhecido, não tentar encontrar causas e efeitos em todos os fenômenos, ter certeza da impermanência de seu caráter e de que sua posição provavelmente vai mudar amanha...  ler textos de pensadores importantes, ver visões distintas sobre um mesmo assunto e aprender a critica-las, perceber que você provavelmente está errado quando vê apenas mau em alguém...
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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #122 Online: 06 de Novembro de 2008, 01:29:33 »


Filhão, você basicamente escreveu o que escrevi naquela mensagem de outra maneira.

Mas você precisa entender uma coisa:

Mas querem saber? Ótimo se a ex-globeleza conseguiu encontrar algo que preencha o vazio em sua vida, afinal, mesmo que ela não saiba, essa é a única vida que ela terá, o que torna urgente encontrar paz de espírito, serenidade, e se possível, a felicidade. Há dois caminhos para isso, a fé e a razão. Alguns tentam conciliá-los passando pelo meio, mas quem não quer passar pelo meio do mato, correndo o risco de ficar irremediavelmente perdido, se vê obrigado a fazer uma escolha: há os que são incapazes de acreditar, mesmo que quisessem; há os que não acreditam que o caminho da razão conduza mesmo à felicidade. Vocês acham honestamente que a VV encontraria a opção de ser feliz adotando o estoicismo ou o existencialismo como filosofia de vida? Encontrando André Comte-Sponville, em vez de Jesus?

Eu, por uma série de fatores, não acreditava que o caminho da razão conduzia mesmo à felicidade, tive que passar primeiro pelo da fé.

Talvez tenha sido o mesmo com você.



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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #123 Online: 06 de Novembro de 2008, 10:52:35 »
Cronologicamente sim. Não foi algo como pre-requisitos como "Cálculo II necessito de Cálculo I".

Foi algo como "Gostaria de me formar em matemática, mas vou passar 20 anos estudando astrologia"
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Offline Velho

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Re: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
« Resposta #124 Online: 06 de Novembro de 2008, 12:12:47 »
Não pude participar antes mas, de certa forma, foi até bom porque os últimos posts me mostraram algumas coisas.

Agnóstico, você sempre tenta levar a discussão da ideologia para a análise de uma ideologia em específico. O que parece é, que quando alguém diz que a ideologia é inerente ao homem, você entendesse como se uma, ou várias, ideologias específicas pré-existentes fossem obrigatórias ao ser humano. O que não é o foco da questão.

Você diz que a ideologia é um fruto cultural, mas não inerente ao homem, por certo que, por exemplo, uma ideologia em específico é fruto do seu tempo e das mais diversas influências. Nesse sentido, se referindo a uma ideologia em específico, o entendimento de que ela pode ser superada é lógico, já que as propostas e a forma de se interpretar através dela podem muito bem serem julgadas, analisadas, valoradas e, chegando a uma conclusão, ser descartada, modificada e, finalmente, substituída... Digo substituída não no sentido de que você vai trocar a ideologia X pré-existente pela ideologia Y pré-existente, pode acontecer, mas não é regra. Pode-se muito bem começar a elaborar sua própria ideologia, através do seu trabalho mental de organizar os novos fatores que o fizeram abandonar a antiga. Por isso encaro o fato de se ter ideologia por si só como inerente ao ser humano e, dessa forma, incapaz de alguém não tê-la, mas reforço que não me refiro a uma ideológica em específico.

Quanto ao fato da ideologia por si só, e não uma em específico, ser algo benéfico ou não, bem, não encaro a ideologia a priori como algo positivo nem negativo, só vejo como possível esta valoração ao analisar as propostas, conseqüências, e argumentos de uma ideologia em específico, antes disso não tenho evidências para concluir a respeito.

Já quanto à afirmação de que a ideologia por si só limita a interpretação, eu discordo. Discordo porque o que entendo que limita a interpretação é: o fanatismo, o dogma, ou seja, acreditar que uma ideologia em específico é a representação da verdade. Os quais eu não entendo como características inexoráveis da ideologia por si só, mas como armadilhas possíveis de se cair ao adotar uma ideologia em específico, pode-se muito bem ter uma ideologia que guia suas interpretações e, mesmo assim, não ser um alienado que ignora e não leva em conta as evidências, provas, argumentos, propostas e, até mesmo, outras ideologias, ou seja, matem-se crítico e pensante. Focando mais: com isso quero dizer que a pessoa não martela a realidade dentro do molde da sua ideologia em especifico - há quem caia nessa armadilha e faça isso? Há. Mas é regra para se ter ideologia o fazer? Não –, enquanto pessoa crítica e pensante irá avaliar todas as evidências que dispor para tirar suas conclusões, se chegou a determinado entendimento que condiz, por exemplo, com o postulado por alguma ideologia em específico terá argumentos para sustentar a posição escolhida, são esses argumentos que devem ser sabatinados e não o simples fato de ter-se uma ideologia em específico. Será através desta sabatina que poderá constatar se ele caiu nas armadilhas ou não.

Por isso que digo que é uma questão de se manter vigilante com a ideologia que detém, a fim de evitar cair nessas armadilhas.

 

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